Reforma do Estado: urgente!


Por Ricardo Kohn, Consultor em Gestão.

Ricardo KohnEm passado recente (sobretudo, na década de 1960 e início da de 70), ocorria no Brasil o debate extremo sobre dois processos políticos: reformas ou revolução. Os marxista-leninistas defendiam a revolução armada, a extinção das classes não proletárias e a tomada do poder por líderes revolucionários. Mas sempre a dizer que atuavam em nome do proletariado, muitos deles fantoches da ignorância.

E para dar mais vigor a essa maldita proposta, a “propaganda goebbeliana” dos facínoras alardeava que Cuba era a demonstração cabal de uma revolução bem-sucedida!

Todavia, em contrapartida, também existiam os “reformistas”, com alvos mais claros e definidos: propunham um governo liberal e democrático, a melhoria da economia de livre mercado, baseada em atividades da iniciativa privada. Assim, caberia ao Estado tão-somente regular e fiscalizar os meios de produção privados, com despesas de custeio infinitamente menores.

No entanto, os marxista-leninistas alcunharam-na de capitalismo selvagem. Mais tarde, diga-se, com “rótulo acadêmico e intelectual”, chamaram-no de neoliberalismo conservador, pois se auto titulavam como “progressistas”.

Vale relembrar a frase irônica de Millôr Fernandes, quando afirmou das “relações humanas” entre o passado longínquo, ocorrido a cerca de 200 milênios atrás, e o mais próximo, há apenas 12 milênios. Disse Millôr:

─ “No Paleolítico ninguém acreditava no Neolítico”.

Sem dúvida, os últimos governantes do Brasil pensam como os embrutecidos do Paleolítico. No entanto, até mesmo o “homem da pedra“, que sobreviveu ao Neolítico, foi capaz de evoluir e construir artefatos de bronze e ferro. Porém, fez bem ao contrário da corja do planalto, que criou a era do Cleptolítico.

Afinal, o homem do Cleptolítico é uma forte degradação do homo sapiens. Sua vida resume-se em alcançar cargo público de maior destaque, não importa quanto e a quem vai custar. Ele é um idiota, contudo demente e furioso. Se consegue atingir o alvo sonhado, distribui cargos para “companheiros”, todos iguais a ele: cleptomaníacos, puros por cruza.

Assiste-se hoje no Brasil, não sem riscos de retorno, ao início da decadência da “cleptocracia populista” instalada no governo. O pânico do partido é de tal ordem que desistiu de ser revolucionário e passou a propor reformas disparatadas em seu governo. Mas lembre-se: tudo o que precisa de reformas é prédio prestes a tombar. E o partido quer fazer várias: uma reforma política, um “ajuste fiscal” e, pasmem, um “pacote anticorrupção” que seus próprios sequazes cometem sem parar, há mais de uma década.

No entanto, são as mesmas reformas contra as quais o partido atuou como furioso ruminante, a 30 anos atrás. Tanto é fato que a “soberana” – incluindo seu mentor apedeuta e asseclas de variadas súcias e facções – encontra-se perdida qual “cega num choque frontal de trens”. Em 2015, nas poucas vezes que conseguiu abrir a boca em público, não disse coisa com coisa, foi vaiada e recebeu panelaços.

É urgente apagar da história brasileira o Estado Cleptolítico implantado. Para começar, deve-se passar a borracha em partidos políticos – bastam três, desde que não tenham cometido crimes contra o Estado; borracha verde nos ministérios do executivo – bastam os doze essenciais; borracha inapelável em todos os cargos comissionados federais; borracha grossa na quantidade de parlamentares no Congresso e nas “escabrosas ajudas de custo” que recebem; por fim, borracha privatizante em todos as empresas estatais.

A maioria absoluta da sociedade brasileira exige a completa Reforma do Estado! É quase a Revolução

Propaganda medíocre


Faz tempo, decerto mais de uma década, que a qualidade da publicidade vem decaindo de forma insofismável no Brasil. Isso torna-se mais nítido, sobretudo na televisão. No intervalo dos jornais, por exemplo, ou coloca-se o aparelho mudo ou se é obrigado a ouvir um enxame de barbaridades publicitárias, que não trazem “criação” ou qualquer conexão para a inteligência humana.

Segundo os que conhecem esta matéria, um dos traços da boa campanha publicitária é fazer com que o teor de cada “anúncio” permaneça na mente do potencial comprador por um bom prazo. Para isso, é óbvio, deve causar-lhe prazer, interesse e até admiração. Em sequência, poderá criar nele o desejo de adquirir.

Contudo, não há dúvida de que há empresas difíceis de serem publicitadas de forma mais criativa. Bons exemplos são os “supermercados”. Todavia, a responsável pela publicidade não é obrigada a contratar um “pateta esfuziante”, que anuncia os preços mais baixos para inúmeros produtos dum tal “Armazém S/A”.

Em suma, anúncios com duração de 30 segundos, além da rápida sequência de imagens ser atordoante às pessoas, é natural que quem os assista não fixe coisa alguma. Um minuto após, é muito provável que nem mais recorde do “nome do maldito armazém”, que dirá das informações de venda veiculadas, não raro enganosas.

No meio da primavera o clima da região mais produtiva do país começa a esquentar. É hora de serem lançados produtos como geladeiras, ar-condicionado, ventiladores e vidros de janela que refratam o calor, dentre outros. Basicamente, são destinados a escritórios, apartamentos e residências.

Porém, há outros produtos que são pessoais, talvez supérfluos, mas que vendem bem quando a temperatura do ambiente se eleva. Por exemplo, “cremes especiais de banho”, “xampus-maravilha” e “perfumes sustentáveis”, são alguns de uma infinidade de similares que falam com a alma dos consumistas (bem como, da “elite neocomunista”). São caros, finamente embalados, e oferecidos como “exclusivos para seu corpo”. Constituem novidades, “criadas para resfriar a sua pele” ou coisa que o valha.

Para suprirem à demanda que previram, indústrias e lojas do varejo necessitam de mais publicidade. Aquelas que ainda não fecharam suas portas, contratam empresas que elaboram e produzem suas campanhas. Usam, desde outdoors obtusos, a emporcalhar vias urbanas e prédios, até campanhas televisivas, compradas para serem divulgadas no chamado “horário nobre”.

Retorna-se à premissa dessa análise: a perda de criatividade na publicidade brasileira. É louvável que seja elaborada visando a atingir os segmentos do mercado que estão mais propensos ao consumo. Porém, certos governantes dizem que sua política de inclusão social criou uma classe média emergente e, exageram nos números, a dizer que esta classe possui cerca de “50 milhões de brasileiros que estavam fora do mercado“. Acredita-se que ainda continuam de fora.

Mas parece ser óbvio que, apenas com base na “política de bolsas-mil”, não lhes é possível consumir “cremes especiais de banho”, “xampus-maravilha” e “perfumes sustentáveis”. Suas prioridades ainda são as básicas: ter moradia, alimentarem-se diariamente e vestir roupas ao invés de andrajos. É dolorosa essa conclusão, mas  infelizmente parece ser correta.

Como é possível não auxiliar a quem chega a esse estado?

Como é possível não auxiliar a quem chega a esse estado?!

A mediocridade de campanhas publicitárias não decorre desse triste cenário. Até porque, o segmento de higiene e perfumaria apresenta produções sofisticadas. Apenas são todas iguais, com jovens modelos femininos, cheias da cor dourada, trajando vestidos de seda sobre a pele, realces virtuais em detalhes, a invadir mentes com sugestões de potência e felicidade.

O profissional de marketing encontra-se diante de um impasse. Em síntese, foi formado para “vender serviços e produtos” em um ambiente civilizado. Ocorre, porém, que a educação do Brasil não civiliza, não ensina o cidadão a pensar, a desenvolver seu raciocínio. Não o conduz à reflexão. Isto somente ocorre por iniciativa do próprio educando.

A questão é: ─ “Como desenvolver uma campanha publicitária que não contenha artifícios tidos como falsos se o alvo são pessoas que não foram ensinadas a pensar”?

Na segunda metade do século passado, assistiu-se a publicidades mentirosas, especialmente as dedicadas a vender produtos do tabaco. Mas aos poucos, contando a proibição do governo federal, os cidadãos as negaram de forma democrática e explícita.

No entanto, hoje o uso de certa falsidade acabou por ficar implícito em muitas das publicidades veiculadas. Crê-se que isso se deve à típica “propaganda totalitária do governo”, a qual visa a impor ao povo a obrigação de aceitar medidas e decisões baseadas na doutrina da mentira.

2015: Ano da Guerra


Zik-Sênior, o Ermitão.

Zik Sênior, o eremita

Zik Sênior

Tenho acompanhado a evolução dos candidatos que desejam a Presidência da República. Mas, como tenho 106 anos e não preciso votar, sinto-me à vontade para opinar sobre o que pressinto que pode acontecer em breve.

Até o momento, tudo aponta para, finalmente, a desejada derrota do PT nessa disputa. Um sinal evidente dessa tendência está explícito na fala de petistas boçais, mais extremados. Ameaçam criar sucessivos empecilhos para que o candidato eleito não consiga governar o país, e o povo que se dane! Ameaçam, até mesmo, com o uso da violência.

Um tal de João Stédile, que se diz líder de um “Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra” (o que é um enigma para mim, pois, se não possuem terra, não são trabalhadores rurais), em entrevista concedida a Rodrigo Viana, da Revista Fórum, afirmou a seguinte pérola:

─ “A questão agrária no Brasil só virá num futuro próximo (sic) quando houver a retomada das manifestações de massa, que vão pautar um projeto de país. […] Ganhe quem ganhe (sic) continuará tudo igual. Só espero que não ganhe o Aécio, porque aí seria uma guerra (sic). […]” [1].

Em minha completa ignorância acerca desse tipo de babaca, deduzo que se trata de um gajo agressivo, mal alfabetizado, presunçoso e ainda a querer instalar o comunismo no Brasil. De forma bem pejorativa, trata-se de um estafermo avariado, um terrorista de calcinhas bordadas. Contudo, ainda que tente cumprir o que prometeu, “dará com os burros n’água“. Quer dizer, “vai nadar muito e morrer na praia”.

Que haverá uma grande guerra, não tenho dúvida. Mas será bem outra. Não importa se o novo presidente venha a ser o Aécio ou a Marina, que são as únicas opções que ainda existem. Qualquer um deles terá de higienizar a máquina pública, o que demandará um esforço descomunal de sua equipe de governo.

Sanear ministérios, secretarias, empresas estatais e agências públicas da sujeira humana instalada pelo PT e sua “base ‘de corrupção’ aliada”, não tem preço! Será guerra para durar um mandato inteiro e ainda vai deixar bastante fumaça tóxica na atmosfera do planeta.

A ser assim, o novo governo será acusado pelo IPCC de ser o maior contribuinte de gases para o aquecimento global. Deverá ser severamente punido na ONU, pela queima descontrolada de elementos orgânicos, nocivos e perigosos. Meno male, será sinal que a limpeza obteve algum sucesso!

Grato pela atenção e até a próxima…

……….

[1] Fonte: Folha Política. Na matéria intitulada “Líder do MST promete ‘guerra’ se Aécio ganhar”.

Realmente, um fenômeno


Simão-pescador, Praia das Maçãs.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

Minhas preocupações com os descaminhos do Brasil avolumaram-se neste mês agosto. Estava eu entretido na biblioteca, lendo seriamente livros que narram como se deve tratar o Ambiente, quando, sobressaltado, recebi de chofre a notícia do acidente fatal que tragou a vida do jovem Eduardo Campos.

Pensei em escrever minha análise sobre os possíveis desdobramentos desse facto, dessa fatídica obra do acaso. Se é que assim ocorreu o acidente, ao acaso. Respirei fundo e segui caminhando pela praia até o mar. Precisava desanuviar meus pensamentos. Mas no momento em que molhei os pés na imensidão oceânica, bateu-me uma pergunta:

─ “Serei capaz de explicar o ocorrido através de uma teoria ambiental”? Conclui que sim. Ora pois, segue o texto que dedico a leitores mais críticos.

……….

Dizem certos expertos em Gestão do Ambiente que diversos fenômenos se manifestam e realizam seus impactos em função da ocorrência de pelo menos uma alteração no ambiente. Esta, por sua vez, no mínimo é fruto de uma intervenção direta sobre o ambiente. Da forma inversa, esses eventos são assim ordenados por essa teoria:

  • Uma Intervenção → gera Alterações → das quais decorrem Fenômenos.

Torna-se mais fácil entender essa sequência de eventos através de um exemplo. Têm-se um parque eólico em operação. Dentre suas intervenções, estão as torres, sistemas e pás que geram energia – os aerogeradores. Além da geração de energia limpa, uma alteração que decorre do giro das pás são os ruídos. E um dos fenômenos que é fruto dessa alteração é a evasão das aves silvestres mais sensíveis ao barulho.

Um parque eólico espanhol, erguido no século passado

Um parque eólico espanhol, erguido no século passado

A análise desse cenário conclui que as aves se afastam do parque por força do ruído dos aerogeradores (ou turbinas eólicas) e disso pode resultar a ocorrência de outros fenômenos no ambiente, além da evasão de aves. Exemplos: a variação de habitats preferenciais, a variação da competição entre espécies de aves, a atração de aves mais resistentes a ruídos, a atração de aves predadoras, a variação na cadeia trófica, etc.

Todas essas transformações que ocorrem no ambiente produzem impactos que se manifestam em cadeia, numa espécie de “rede de impactos” negativos e positivos. Resta ao bom analista averiguar, através de cálculos específicos, se é necessário tomar medidas para minorar os impactos negativos. Por exemplo, “eleger um gestor ambiental preparado para a direção colegiada do parque eólico“.

O facto é que esta teoria pode ser aplicada em diversos setores, em vários ambientes, inclusive no “ambiente político”. Em suma, ela possui capacidade para construir explicações sobre como se dá um processo de mudança, em vários assuntos do interesse das pessoas.

Embora no ambiente político os impactos sejam difusos e possam ser intangíveis, é possível identificar as relações de causa e efeito entre seus eventos geradores – intervenções, alterações e fenômenos, todos de natureza política.

Segue minha análise, ainda que superficial, da mudança do ambiente político brasileiro ocasionada pela queda do jato que, ceifou a vida de Eduardo Campos, de forma trágica.

A impactar a política brasileira

A primeira tarefa dessa análise é classificar o evento “queda do jato”: é uma intervenção, uma alteração ou fenômeno?

Parece-me que não constitui uma intervenção, pois nada acrescentou de concreto ao ambiente. Aliás retirou muito da ética e da moral do ambiente político. De outra feita, em meu entender, resulta de precárias e vergonhosas intervenções políticas efetuadas pelo governo central, durante os últimos 12 anos, com destaque para os quatro mais recentes (2010-2014).

Portanto, trata-se de uma alteração. Um manejo dramático do ambiente político do país, que acarretou fenômenos surpreendentes. Tal como se fora a descarga contínua de lodos políticos in natura na cabeça da sociedade civil brasileira, a degradar seu intelecto.

Em analogia aos exemplos relativos às aves, da queda do jato decorreram a atração de políticos predadores e intensas variações de sua cadeia trófica. A fome pelo poder é de tal ordem que o predador que emergiu da sombra não tem limites em seus discursos e sequer coerência com seu recente passado. Vislumbro uma pessoa agressiva, arrogante, inepta e inconsequente em suas “promessas palanqueiras”. E o mais grave, no palanque transfigura-se em vítima, e mesmo com ar de seriedade, a atora quase implora para que todos acreditem ser a única capaz de dirigir o país. É um ato enganoso, hediondo.

É este o quadro patético de sua representação teatral, pois, caso eleita, receberá o país em lastimável estado de recessão; como “nunca antes na história…”, já dizia o irresponsável. Não saberá o que fazer e continuará a discursar engôdos, sem qualquer resultado efetivo para a população e o Estado brasileiro.

Parece-me que o povo brasileiro ainda não se apercebeu que seus partidos políticos foram extintos no século XXI. Faz tempo que perderam sua utilidade imprescindível. Esse povo precisa votar em pessoas preparadas e não em partidos. Mas, acima de tudo, que sejam brasileiros com notória experiência em governança pública e realmente possam tirar o país da vala suja em que se viu atolado nos últimos 4 anos.

Todavia, quando tomei conhecimento das últimas pesquisas de votos fiquei assombrado, a ver fantasmas. Votar em qualquer uma das candidatas que lideram a pesquisa, a meu ver será loucura. Uma delas quer reeleger-se para fazer mais do que sempre fez: tudo errado. A outra nunca realizou algo de produtivo para o país, nem governou qualquer coisa. Votar em uma delas é equivalente a jogar roleta russa e apertar o gatilho do revólver até estourar os próprios miolos.

─ “Do you know how to play russian roulette?”

─ “No, I don’t

Pois este é o maior problema: votar com total ignorância da realidade, por impulso, por um átimo de emoção que desaparecerá no verão de 2015. Depois restará apenas o próprio sentimento de culpa, de ter auxiliado a eleger um enigma da irresponsabilidade pública. Realmente, é o fenômeno da burrice que se manifesta com intenso ardor…

Horário eleitoral gratuito


Recebemos um texto para campanha política de um candidato às eleições de 2014. Ele pede que o publiquemos no blog, função do tal do “horário do político gratuito” ou qualquer coisa que o valha. Seu advogado disse-nos, por sinal de forma um tanto grosseira, que essas publicações são obrigatórias e precisam ser gratuitas. Afirmou ainda que todos os veículos de comunicação do país têm a obrigação de divulgá-las, querendo ou não, pois consta da lei.

Após algumas discussões internas de nossa equipe, decidimos postar a “marquetagem” para nos livrarmos de eventuais vendetas. Nunca se sabe quais podem ser as consequências das ações desses prodígios. Mas, mesmo assim, ainda insistimos em pensamento:

─ “Trata-se de uma coisa muito estranha, uma propaganda política refogada com lixo”.

De toda forma, conforme determina a lei, segue o ‘comício eleitoral’ do político Geisonilsuam da Silva, o Fiofó.

……….

Comício público de Geisonilsuam ‘Fiofó’ da Silva

─ Atenção meu povo, vamos à luta para vencer! Para presidente, vote 00, vote no Fiofó!

─ Tudo o que Fiofó promete, Fiofó faz com exatidão. Afinal, se Fiofó dá tudo por você, então não perca seu Fiofó de graça.

─ Para presidente, crave seu voto no Fiofó! Faça negócios e ganhe muito dinheiro com Fiofó. Realize “relações eleitorais” com o seu Fiofó!

─ Mas saiba de um fato que nos multiplica: nosso Fiofó será todo seu, assim como o seu Fiofó será todo nosso. Vamos, juntos, compartilhar o Fiofó!

─ Meu povo, nestas eleições para presidente, vote em Fiofó! Crave 00 no Fiofó!

O analfabeto político do século 21 - Fiofó da Silva

O analfabeto político do século 21 – Fiofó da Silva

A urna eletrônica brasileira deve auxiliar bastante a eleição de milhares de Fiofós. Vota-se no Tonico Trombeta e um Fiofó, devidamente programado, recebe o voto! Na qualidade de eleitores, temos de nos sujeitar a isso. Não existe escapatória, sobretudo da maneira como essa vergonha está legalizada pelo voto obrigatório. Desculpem, mas desse jeito, obrigatório, trata-se de uma violação grave, não de uma “cantada”.

São milhares, talvez milhões de Fiofós, zanzando pelas ruas e escritórios do país, sobretudo durante as milionárias campanhas políticas que realizam. Nunca se sabe o que pensam, o que planejam, de onde vieram e em que lugar desejam se aboletar no futuro próximo.

Não há qualquer dúvida que querem ser políticos, mas, com certeza, não é pelo salário mais as benesses que percebem. Até porquê, tudo indica que gastam muito mais do que ganham para fazer muito pouco ou fazer nada.

Há quem diga que o Fiofó acima transcrito ficou milionário com “restos de campanha”. Haja restos. É como ser um minguado faquir desde a origem e, num dia, com restos de comida colhidos nas lixeiras, engordar rápido para, logo em seguida, sagrar-se campeão mundial de sumô. Há algo inexplicável nessa trama.

Quem assiste aos programas políticos, televisionados duas vezes por dia, ou procura ocupar o tempo com comicidades ou está prestes a enlouquecer. Confessamos que, por curiosidade de ver se o nível havia melhorado, assistimos ao primeiro programa desse ano. Claro que nem todos os Fiofós estavam presentes, pois não há tempo disponível para tantos. Mas o que vimos e ouvimos foi dantesco. A menos de um único candidato, para todos os cargos eletivos destas eleições só compareceram Fiofós!

Assim, considerando o cenário trágico em que fomos enrolados nestes últimos anos, ficamos a pensar como ficará o país com a nova geração de Fiofó que vai invadir aos coices o Congresso Nacional e as Câmaras estaduais.

E mais lamentável ainda, quais são os riscos que a sociedade brasileira correrá se o Palácio do Planalto for dominado por mais um Fiofó, a comandar sua tropa de “ditadores democráticos”.

Horário político-eleitoral


Ricardo Kohn, Escritor.

Partidos sem um mínimo de conteúdo, apresentam inúmeros políticos “desconteudados”, a fazer promessas aberrantes. Essa é a prática adotada no Brasil desde que dois “horários nobres” diários, do sistema brasileiro de comunicação (rádio e tv aberta), foram “tomados pelo parlamento“, para obrigar a população a assistir ao “digno horário eleitoral[1]. Contudo, aqueles que podem pagar caro por transmissões via canal a cabo, estão livres dessa tortura diária.

No Brasil o tempo de tv é dividido entre os partidos através de numerosas burocracias, com regras estranhas e até draconianas. Dessa maneira pouco democrática, os políticos da situação sempre têm mais tempo para prometer suas patranhas, já conhecidas de longa data por todos.

O povo e o horário político gratuito

O povo e o horário político gratuito

Mas outros países têm modelo similar ao brasileiro. Por exemplo, África do Sul e Namíbia. No entanto, Dinamarca, França e Grã-Bretanha, embora também possuam “horário eleitoral”, o tempo de tv é igualmente dividido entre todos os “presidenciáveis”.

Acrescente-se um detalhe próprio do modelo dinamarquês. Somente falam na tv os partidos que tiveram destaque na eleição anterior. Esse destaque é dado por um número mínimo de votos. Abaixo dele, o partido fica calado, silenciado, e sequer aparece no horário gratuito. Trata-se de um quadro de tortura política moderada para os espectadores.

Salienta-se que nos Estados Unidos sequer existe horário eleitoral, muito menos gratuito. Quem quiser palanquear na tv, haverá de pagar o preço da publicidade, sempre estipulado pelo dono do canal. Os presidenciáveis precisam falar objetivamente para não terem seus próprios bolsos torturados.

Debates televisionados

A televisão a cores tornou-se comercial em 1954, nos EUA. Por isso, é provável que o primeiro debate televisionado entre presidenciáveis haja acontecido em 1960, entre John Fitzgerald Kennedy e Richard Nixon.

No Brasil o primeiro debate ao vivo quase aconteceu também em 1960. A extinta TV Tupi, tentou promover um debate entre Jânio Quadros, Adhemar de Barros e Henrique Teixeira Lott.  Mas Jânio fugiu para fazer um comício em Recife, na mesma data.

Assim, o primeiro debate televisionado brasileiro somente ocorreu em 1974, no Rio Grande do Sul, transmitido pela então TV Gaúcha. Os debatedores foram dois candidatos ao Senado: o jurista Paulo Brossard e o político Nestor Jost, ligado ao agronegócio.

Agora, em 2014, a expectativa do povo brasileiro é grande para ver Dilma, Aécio e Campos travando fortes contendas. Roga-se que sejam capazes de apresentar programas públicos reais e factíveis, dentro de prazos pré-fixados, sem preços sobrefaturados, capazes de atender às tão sonhadas mudanças que a sociedade brasileira, por fim, exigirá do vencedor. Deve-se salientar que o programa de máxima prioridade é colocar o Brasil de pé, novamente.

Porém, uma coisa é certa. Dilma e seu aparelho já tiveram mais de uma década – longos três mandatos sucessivos – para melhorar o país ou, pelo menos, deixa-lo decente e confiável para os jogos enriquecedores do comércio internacional. E o que fez a “mardita” até agora?

……….

[1] A lei que criou essa façanha data de 15 de julho de 1965. Está na hora de extingui-la. É retrógrada, reacionária e canibaliza a mente dos milhões de brasileiros menos informados.

Estou assustado, você não?


Por Zik-Sênior, o eremita.

Cá estou eu trancado na caverna, de volta à origem. Claro que por iniciativa própria, ninguém me trancou aqui. Não, não tem nada a ver com útero materno, porra!

Eu é que, após viver 105 anos com relativa lucidez, vi-me obrigado a trancafiar-me com pavor da gestão do país. Preciso proteger meu couro e os poucos pertences que me restaram.

Não quero mais ver jornais. Já li todos os periódicos do mundo. Foram úteis no passado. Na pobreza, inclusive, dormi com Amália debaixo deles. Mas na riqueza, pouco me importei com seus recados. Com franqueza, hoje de nada me servem!

Tudo o que amedronta é simples questão de ponto de vista. Se você é “sócio da ameaça”, a usufruir de suas sujas benesses, ou se está fora dela, sofrendo com as ignomínias cometidas. Dado que lutei por mais de um século e consegui vencer – afinal, não fui engolido –, por quê agora deveria agir diferente?

O problema não é da economia, mas da ideologia política imposta aos cidadãos brasileiros. Economia é até simples de ser gerida: ─ “Se o dono da quitanda gasta mais do que recebe, a quitanda fecha”. Isso é verdade em qualquer organização ou país.

O Estado interventor faz a miséria do país, que é uma quitanda governada por 39 ministérios. Em sua maioria, ministros incompetentes nos temas de suas pastas. Outros, além de leigos, são apólogos da impossível “igualdade social”. Odeiam profundamente o que chamam de “classe média” e “elite dominante”. Gostam muito de manipular o que denominam “lumpemproletariado“, ou seja, os que levam vida miserável.

Dito isto, gostaria que me respondessem a poucas perguntas:

─ “Quando no Brasil os bancos privados obtiveram lucros iguais aos que têm hoje”?
 ─ “Por que a indústria brasileira está incapacitada de atender à demanda interna de produtos manufaturados”? ─ “Por que existem associações de políticos com facções criminosas, doleiros e lobistas”?

Quando olho os resultados dessas infâmias, vejo os escândalos da Petrobras, da Eletrobras, bem como os programas eternamente inacabados e superfaturados – “Transposição do São Francisco”, “Ferrovia Transnordestina”, “Refinaria Abreu e Lima”, “Minha Casa, Minha Vida”, sem falar no fantasmagórico Trem-Bala, que sequer saiu do papel, tal como a Refinaria de Bacabeira, no Maranhão, que torrou R$ 1,5 bilhão para nada. Sumiu na poeira, nem um tijolo inaugural foi plantado.

Por outro lado, vamos em frente: Saúde zero, Educação zero, Segurança zero, aeroportos, portos e rodovias iguais a zero! Em alta apenas a inflação decorrente e uma dúzia de Arenas para a Copa!

Mas também vejo, às vésperas das eleições presidenciais, farta distribuição de máquinas e equipamentos para municípios, as deslavadas mentiras de palanque e, sobretudo, as vaias que a candidata da situação recebe quando “comete discursos de promessas” em espaços públicos. Pela primeira vez assisti, pasmem, vídeos não manipulados, onde prédios, condomínios e até cidades vaiavam-na. Quero ver o que acontecerá na Copa. Acho que a senhora vai fazer comprinhas em Portugal

O cenário brasileiro, no percurso dos últimos doze anos, é de assustar a qualquer um. Muito assustado, você não?

Pasadena versus Abreu e Lima


O poente da petroleira

Cada barril da nova capacidade de refino da Refinaria do Nordeste custará cerca de US$ 87 mil à Petrobras, sete vezes mais do que em Pasadena“, diz o jornalista Jeb Blount, em artigo sobre o caso. Para ler o artigo, publicado em 11/04/2014 pela Reuters Brasil, clique aqui.

Refinaria de Pasadena

Duas coisas, dentre milhares de outras, assustam a sociedade brasileira neste 2014. No mínimo amedrontam sua parcela de cidadãos mais educados e informados. A primeira é a “demolição sumária da maior empresa brasileira”, executada por um partido político com auxílio das forças do Eixo que lhe dão suporte[1].

A segunda, a atitude descarada da quadrilha de oligarcas, fazendo uma “CPI entre amigos” no Senado, enquanto impedem o início da legítima CPMI, com Câmara e Senado presentes, que é direito constitucional irrevogável da oposição.

Mas a corja está atuando além do limite que lhe foi permitido. Começou a injetar temas discrepantes das finalidades previstas para a comissão parlamentar de inquérito. E, afinal de contas, CPI não é lista de compras na feira!

Num ato de completo desrespeito à determinação da mais Alta Corte do país, que lavrou uma CPMI específica a temas vinculados somente à Petrobras – decisões escabrosas, prevaricação, recebimento de propinas, lavagem de dinheiro, etc. –, passou a fingir que investiga o Porto de SUAPE, que opera há décadas em Pernambuco (desde 1983).

Se a ideia dos corrupmentares é buscar estórias do passado para passar o tempo, sugere-se que investiguem a fundo a criação do cubismo por Pablo Picasso, que ocorreu por volta de 1910. É provável que venham a descobrir seus escândalos, para depois se lambuzarem e babarem sobre o Picasso.

De toda forma, a CPMI da Petrobras será instalada, nem que se tenha de aguardar a Copa e mais o mês para “descanso dos patifes do parlamento”. Assim sendo, prevê-se para agosto o início de uma investigação mais profunda dos graves desvios cometidos por agentes secretos do partido e forças do Eixo.

O que deverá ficar claro à nação brasileira, após concluída a CPMI da Petrobrás, é o fato que salienta Jeb Blount em seu artigo: os custos da “burricede Pasadena devem ser muito inferiores aos da corrupção de Abreu e Lima.

……….

[1] Este é o fundamento do dito “presidencialismo de coalizão”ou, escrito na forma expandida, presidencialismo oligárquico, mensaleiro, mensalista, corrupto e fascista.

Meditações liberais


Após pouco mais de dois anos de existência, nosso blog tem 680 artigos publicados, incluindo este. Estimando a média de duas páginas por artigo, redigiu-se um livro sobre Opinião política e Sustentabilidade de 1.360 páginas.

Não é pouco. Sobretudo num país como o nosso, repleto de analfabetos oficiais e uma horda de imitadores particulares. Portanto, é hora de meditar, especular sobre passado, presente e futuro, mas sem necessidade de ter certezas.

Acerca das turbulências sociais nas ruas de várias cidades brasileiras, que se tornaram mais intensas a partir de 2013, indaga-se: ─ “A quem interessa as manifestações mais violentas?

Em junho de 2013, milhões de brasileiros descontentes foram para as ruas denunciar diversas decadências nacionais. De início, poucos foram casos de conflito com forças de segurança. Porém, logo começou uma espécie de infiltração de elementos estranhos. Isso ocorria ao fim dos manifestos da sociedade civilizada (ou quase).

Apareceu uma entidade que se autodenominava “Mídia Ninja”, a dar publicidade em tempo real da violência conflagrada ao final de todos os manifestos. O povo presente foi-se retraindo e desapareceu em julho, após uma passeata das centrais sindicais, realizada em São Paulo.

Foi uma manifestação patética em vários sentidos: poucos participantes, mas quintuplicados na internet por comandos virtuais de “cópia e cola”; tinham a aparência de “soldadinhos de chumbo” mal remunerados; e permitiram a adesão de pequenos grupos do MST e do MTST. O resultado foi o gradativo silêncio que se instalou na sociedade. A quem interessava esse silêncio?

Agora, neste mês de maio, retornam as manifestações classistas em diversos estados, com greve e passeata de professores, greve de policiais militares, greve de motoristas de ônibus, e até a Polícia Federal fazendo greve nos aeroportos[1].

Simultaneamente, ocorreram protestos do MTST e MST, sempre mais ostensivos com queima de pneus, badernas, bandeiras vermelhas e palavras de ordem.

Novamente surgem os vândalos infiltrados em passeatas de grevistas, a destruir o patrimônio e criar violentos confrontos com forças da segurança pública. Isto ocorreu ontem, ao fim da passeata dos professores municipais paulistas, em greve por melhores salários.

Pode-se especular sobre o confuso contexto atual, que envolve passeatas contra esquemas do governo, movimentos classistas, protestos mais localizados e ação de delinquentes a destruir o patrimônio, sobretudo o privado – queima de ônibus, destruição de agências de bancos privados, quebra de vidraças de lojas e furto de produtos. São exemplos claros de elementos que não acreditam em meritocracia e competência para trabalhar. Quando não as possuem, crêem ter o direito de destruir.

Imagem da farsa

Imagem da farsa

Depois de meditar muito e refletir sobre esses acontecimentos, teve-se o pressentimento de que a sociedade civil brasileira foi induzida a diversos erros de interpretação, a mídia foi manipulada (ou comprada) e é bastante provável que haja um agente financiador do clima de violência instaurado no país. Um clima odiento, que cresce dia-a-dia, alimentado de forma infame pelas eleições presidenciais deste ano.

Especula-se por partes

Foi vendido para a sociedade civil que se havia instalado no Brasil um grupo de anarquistas internacionais, com objetivos desconhecidos. O grupo se autodenominava de Black Bloc, bem estridente.

Em seguida, foi jogado na internet o boato que os Black Bloc eram os causadores de todas as violências cometidas em passeatas e manifestos. O tal do Mídia Ninja era seu principal veículo publicitário, dizendo-se apolítico. No entanto, em 2013, publicou-se um artigo sobre esses indivíduos com título bem sugestivo – Mídia Ninja, o MST do jornalismo.

Neste artigo encontra-se o líder-ninja acompanhando um farsante, que hoje atua na política brasileira, embora na qualidade de presidiário na Papuda.

A mídia comprou essa estória, sobretudo sua parcela de “jornalistas progressistas”, por sinal paga pelo agente financiador. No entanto, jornalistas independentes deixaram-se manipular e engoliram as duas farsas: os Black Bloc e os Mídia Ninja.

A partir de então, estes dois seres antediluvianos, bem como suas ações tresloucadas, tornaram-se verdades absolutas, dogmas da democracia interventora implantada no país.

Novamente, indaga-se: ─ “A quem interessa a violência nas manifestações populares?

Ao agente financiador, é óbvio. Comprou um serviço e exige resultado com qualidade! Mas pouco se sabe acerca desse “financista”. Ele opera com poucos amigos na calada da noite. Para sua segurança, usa salas trancadas com blindagem acústica. Sabe-se que é exageradamente falante, trata somente de si próprio e de suas ditas proezas públicas. Tem-se informação de que é exagerado, mentiroso, não possui mérito ou qualquer capacidade de trabalho produtivo. Todavia, gosta de ver o mundo pegar fogo, pois acredita que assim conseguirá mais poder.

Pensam como Marx, governam como Stalin e vivem como Rockfeller

Pensam como Marx, governam como Stalin e vivem como Rockfeller

Há uma frase de Millôr Fernandes que, acredita-se, encerra o perfil do digno financista: ─ “As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades”.

……….

[1] Clama por atenção a greve de oficiais e auxiliares de chancelaria no exterior, que parou por 24 horas inúmeras representações diplomáticas em cerca de 13 países, segundo notícias da imprensa.

Animália


Ricardo Kohn, Escritor.

A violência na sociedade brasileira apresenta tendência de se generalizar. São tantos casos de agressões brutais e gratuitas, que ocorrem diariamente em cidades e campos, que podem se transformar em “comportamentos normais e aceitos”.

Parece tratar-se de outra demonstração empírica da Lei dos Vasos Comunicantes. Diferencia-se apenas por não usar líquidos ou gases (fluidos), mas atitudes tidas como humanas, porém dignas somente dos antigos povos bárbaros, que destruíam a tudo e todos por onde passavam.

Torna-se necessário relembrar como se comportam os vasos comunicantes, com uma breve revisão da Física. Têm-se vários recipientes interligados, cada um com formato e volume diversos. Coloca-se um líquido homogêneo em qualquer um deles e vai se observar que ele se distribui pelos demais. Uma vez estabelecido o equilíbrio físico entre o líquido e seus recipientes, sua altura final será a mesma em todos os recipientes. Esse experimento, realizado pelo físico belga Simon Stevin em laboratório, data do início do século 17, e demonstrou o que ficou chamado Teorema de Stevin.

Imagem dos vasos comunicantes

Imagem dos vasos comunicantes

Isso ocorre porque a pressão exercida pelo líquido no corpo dos recipientes depende apenas da altura da coluna d’água. Os demais fatores de cálculo da pressão (densidade do líquido, pressão atmosférica e aceleração da gravidade) são constantes para casos dessa natureza.

O experimento empírico na Nação

Os recipientes de uma nação são a sociedade civil, suas empresas (públicas e privadas) e o Estado. Em razoável medida funcionam tal como vasos comunicantes, através dos meios e sistemas de comunicação de que dispuserem. O principal fluido que esses meios distribuem aos recipientes da nação é a informação útil, prática e culta, que visa a ampliar a educação de seus cidadãos, de forma a que continuem livres.

Embora essa tese possa ser considerada utópica, há várias nações que sempre caminharam nessa direção. São consideradas as mais desenvolvidas, pela qualidade dos serviços que oferecem às suas populações.

Como é normal de se prever, podem apresentar eventuais quadros de desvio, mas que logo são devidamente sanados pelas instituições formais do Estado. Justo por isso, seus Índices de Desenvolvimento Humano [1] são os mais elevados do mundo.

Porém, o inverso também ocorre. Ou seja, através do recipiente do Estado, o governo derrama fluidos incontroláveis que são expressivos quadros de desvio, no mais das vezes sistemáticos: atos de corrupção, assassinatos políticos, desvios e lavagem de dinheiro, evasão de divisas, associações criminosas, envolvimento com tráfico de drogas, enfim, tudo de ruim que se possa imaginar. Raras são as vezes que o Estado possui condições de impedir que esse fluido imoral nivele-se nos demais recipientes das nações acometidas pela barbárie política. Até porque ele e suas instituições encontram-se aprisionados, asfixiados.

Quando esse fluido se propaga e nivela-se no recipiente da sociedade, a educação deixa de existir, surgem revoltas, motins, vandalismos, linchamentos, insurreições, guerras civis e até “assassinato com latrinada na cabeça”. Os casos políticos que vêem sendo vivenciados pelo mundo são inúmeros. Constituem a confirmação prática dos vasos comunicantes na sua forma mais desastrosa.

A imposição ferrenha de ideologias fundamentalistas e de dogmas quase feudais, visando a locupletação de “parceiros dentro do Estado“, constituem as mais estúpidas agressões que uma sociedade livre pode receber. O cidadão que pensar de forma diversa será duramente punido. Merecerá a forca ou será linchado em praça pública por “agentes do governo”!

……….

[1] Para quem desejar a visão mais detalhada de como foram classificados os países segundo seu IDH de 2013, segue a lista publicada pela ONU. Clique aqui.

Tática de resposta


Utilizar somente em caso de guerra!

Tem-se o seguinte cenário de conflito bélico: um destacamento de doze soldados possui a missão de entrar e controlar um povoado, perdido no meio nada, num país que está a ser invadido por grupos terroristas. Sem saber de onde e como, o destacamento é atacado pelo inimigo, que usa artilharia pesada. A operação básica e imprescindível é como responder a esta ocorrência no campo de batalha.

Estrategistas de superpotências bélicas afirmam que a resposta a ataques terroristas precisa ser bastante intensa e severa. Algo como, ao receber um tiro, responder com 10 milhões de tiros instantâneos. Essa tática visa a silenciar o inimigo e recuperar o domínio do terreno, de forma a que o destacamento siga com sua missão programada. Assim, o inimigo e seu poder de fogo precisam ser totalmente destruídos, sem que reste pedra sobre pedra, sem sobrar alma viva no lugar.

Terroristas

O quadro urbano da paz

Embora esse cenário ocorra muito e amiúde em pleno século 21, sem entrar no mérito de quem possui a razão, trata-se de brutal agressão ao futuro da humanidade. Ainda que sem guerras conflagradas, algo muito próximo deste cenário repete-se diariamente em várias metrópoles brasileiras.

A mídia (nacional e internacional) se encarrega de narrar e mostrar esses fatos, dia após dia. Mas muitas vezes não deixa claro que são ações de criminosos específicos, os quais ainda constituem parcela menos significativa da sociedade brasileira.

É claro que a motivação das quadrilhas de criminosos é outra, pois baseia-se no tráfico de drogas em escala internacional. No entanto, tal qual os terroristas acima, os alvos finais das quadrilhas são basicamente os mesmos: o poder de comandarem um Estado Terrorista e, em consequência, o dinheiro que arrecadam com o uso da força – venda massiva de drogas, assalto a bancos, execuções sumárias, etc.

As iniciativas de controlar as quadrilhas de criminosos não redundam em benefícios para a sociedade. São incontroláveis. Há quem acredite que a solução seja trata-las tal como aos terroristas: “fuzilaria pesada e incineração do que restar!”Dizem que essa talvez seja a melhor tática de resposta.

O quadro da paz política

O país encontra-se numa situação política muito delicada, sobretudo neste ano de eleições. O comportamento do parlamento é realizado na surdina, dentro de trincheiras camufladas. O alvo da oligarquia instalada é atacar o erário público de surpresa, com artilharia pesada e fogo contínuo. Parecem terroristas radicais, a trajar terno e gravata.

Há mais de 10 anos, a mídia informa os fatos escabrosos que se sucedem. Todavia, poucos são os colunistas que os criticam abertamente e demonstram os estragos que causam na já precária infraestrutura brasileira, por exemplo.

Por sua vez, as três instâncias do executivo atuam de maneira distinta, porém complementar aos interesses da oligarquia. As exceções são raras, raríssimas! Possuem armamentos originais, capazes de enganar a néscios e troianos. Efetuam o fogo cerrado da patranha, uma mistura de doces promessas e infinitas mentiras.

De dentro de trincheiras blindadas, lançam saraivadas de mentiras com equipamentos sofisticados: canhões laser capazes de lançar mentiras em torno do planeta; mísseis a laser, que alojam mentiras concentradas nas áreas de interesse; obuses que explodem mentiras no colo dos opositores (inimigos) e assim por diante.

Para completar esse quadro, como forma de garantir a governança da mentira, o poder executivo infiltra agentes especialistas em todos os órgãos e instituições do Estado Terrorista, que se transformam em aparelhos incompetentes, porém bem dosados na mentira.

Solicita-se que estrategistas das superpotências da patranha sejam contratados para definir qual a melhor tática de resposta. Caso contrário, o povo brasileiro (inimigo) continuará vítima da tática da corrupção instalada.

Dia da Mentira


Simão-pescador, Praia da Maçãs.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

Faltam apenas 9 dias para a chegada de mais um 1º de Abril, dia conhecido pelas mentiras que todos gostam de pregar nos amigos. Nos países de língua inglesa, chamam-no de “Dia de Tolos” – Fools Day. Nós, portugueses, consideramos esse título imbecil. Dia de Idiotas só é perfeito para países do Reino Unido.

Mas, de toda a forma, no mundo ocidental essa data é uma espécie de Interstício da Verdade. A mentira é noticiada seriamente, mas trata-se tão-somente de uma infantil brincadeira. Creio, como é dito no Brasil, que é “só de sacanagem”.

Lembro-me dos tempos de infância quando caía nessas “pegadinhas”. Acreditava em tudo o que me contavam e não passava um Dia da Mentira sem ouvir do coro de vozes dissonantes o estridente refrão:

─ “Caiu no 1º de abril!”.

Era sempre seguido de gargalhadas de colegas e amigos, que me ruborizavam e faziam-me sentir raiva da própria inocência.

Trago na memória estes factos que, decerto associado a fatores genéticos e comportamentais – que sei eu?… –, de alguma forma influenciaram-me a capacidade de crítica. Quase tornei-me desconfiado, não tivesse desde cedo a extrema vontade de ser extrovertido.

Hoje, próximo a completar 98 anos de idade, exatamente em 1º de Abril, saudável e extrovertido, reli os textos que publiquei neste site, com destaque para a “Carta aberta da Estremadura”. Pude verificar coisas curiosas, todas endereçadas “a sua senhoria”. Não vou entrar em detalhes sobre elas, mas, em suma, a longa experiência da vida de um pescador artesanal é suficiente para prever quando “o mar não está para peixes”, ainda que estejam “blindados” por furiosos tubarões de goela larga.

Desta maneira, sua senhoria, continuo a desejar-lhe mais do que extrema sorte, pois é muito provável que “seus tubarões de estimação” estejam a planificar coisas estranhas contra a capacidade do país boiar, levando-a, junto com seu antecessor, à reboque para o fundo de águas escuras. Sua herança política realmente foi maldita, disso não tenho dúvida alguma.

Mas, afinal, a senhora continuou a dar margens a isso durante sua jornada em todos os cargos públicos que ocupou. Sua retórica é desatinada, seus espasmos gramaticais são ininteligíveis. Dão a impressão que, há mais de 11 anos, o calendário anual do Brasil possui 365 dias iguais ao 1º de Abril. Todos dedicados ao exercício da patranha e da corrupção.

Vandalismo nacional


ou Salve-se quem puder!”

Por Zik Sênior, o eremita.

Zik Sênior

Zik Sênior

Visto do espaço, em linhas gerais, o Brasil é um país habitado por beócios de 4ª classe, governados por vândalos de 1ª classe. Esse é o cenário que se descortina ao início do feliz ano novo de 2014: beócios manipulados por vândalos, a troco de nada.

Enquanto isso, os vândalos de 1ª classe têm certeza de que permanecerão no poder por pelo menos mais quatro anos (mas sonham com 4 décadas). Isso se, até lá, o Brasil ainda sobreviver à sua sanha destrutiva, tal hienas esfomeadas diante de um apetitoso bucho apodrecido.

A armadilha montada

Constituem o núcleo duro da 1ª classe ex-dirigentes e alguns dos mensaleiros que cumprem pena em penitenciárias e se auto classificam “consultores”. Para eles basta ter acesso a um telefone para fazer consultorias milionárias.

Membros subalternos, selecionados na caterva, montam a logística que satisfaça à clientela dos consultores. Para isso, possuem gigantescos propinodutos que cortam os subterrâneos do planeta e desaguam com segurança (?) em “instituições financeiras paradisíacas”.

No entanto, os membros da caterva são operacionais, meros cumpridores de ordens. Não têm livre arbítrio e nada decidem. Venderam-se aos consultores em troca de cargos públicos mais elevados e, de vez em quando, percebem benesses em dinheiro e até mesmo a salvação da prisão. Diz a mídia que o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, foi uma maquinação de vários vândalos de 1ª classe, mas coordenado por um caterva especial que foi blindado, função de ter o domínio de informações classificadas sobre objetivos e ações da 1ª classe.

Mas ainda há outra classe de personagens com relativa importância, que nem são consultores ou caterva operacional. Tratam-se dos “espasmos da 1ª classe”. Habitam no seu limbo, na favela moral de sua periferia. São ignorantes, mas responsáveis por realizar as tramas dos consultores.  São sempre temas prontos para criar litígio e dividir as forças que consideram adversárias. Essas tramas visam a gerar discórdia nacional, mas têm forte apelo na mídia. Desta maneira os espasmos dão suporte às ações dos consultores, sempre com posturas populistas, demagógicas e arrogantes.

Em síntese, a atuação dos espasmos se resume em criar conflitos com a opinião pública, com o uso de informação falsa. Todavia, para serem selecionados, precisam possuir traços físicos que convençam aos beócios de 4ª classe que não se tratam de patranheiros, a saber:

  • Cândida expressão facial, próxima a de uma freira;
  • Rosto sem maquiagem quando dão entrevistas;
  • A portar óculos da intelectualidade, que lhes forneça aparência de credibilidade;
  • Olhar fixo no espaço longínquo, a denotar que dominam as complexidades sociais; e
  • E, quando possível, ter corpo bem magro, tal como os milhões de brasileiros que não se alimentam da forma suficiente há pelo menos um mês. Acreditam que isso lhes dá certa empatia com os miseráveis que ganham o bolsa-esmola.

Por tudo isso, no cerimonial da 1ª classe, os espasmos são tratados por “tadinhas”. Embora tenham sonho de crescerem e, algum dia, tornarem-se elementos da caterva, continuam improdutivos. Em algumas situações são promovidos a ministros de estado, mas continuam a “enrolar as massas” e são apenas usados para legitimar as tramas da 1ª classe, nada mais.

Em suma, esse bando organizado – 1ª classe, caterva e espasmos –, acredita piamente que, por longos anos, ainda permanecerá a vandalizar a nação em seu próprio benefício.

Mensaleiros, assessores e mensalistas

Na oportunidade do julgamento da ação penal 470, o juiz relator classificou as quadrilhas envolvidas para facilitar sua argumentação e dar lógica ao raciocínio. Por sua vez, a imprensa brasileira universalizou-as. Chamou a todos os réus simplesmente de “mensaleiros”.

Nesse registro, os réus estão classificadas em três esferas, que são distintas mas complementares, a conformar um único bando de vigaristas:

  • Mensaleiros – aqueles que planejaram e executaram desvios do erário público, por interesses pessoais em obter mais poder para vandalizar o estado;
  • Assessores – “contratados” por mensaleiros, coube-lhes estabelecer a arquitetura dos desvios e os agentes financeiros e publicitários necessários para esconde-los; e
  • Mensalistas – aqueles que se venderam aos desígnios políticos de mensaleiros, porém livres para não aceitar propostas ou denunciá-los, o que, afinal, fez eclodir a maior ação penal da história brasileira.

Se essa classificação estiver correta, os mensaleiros foram a alma de todas as articulações. Porém, assim como os mensalistas, receberam as menores penas de prisão. Coube aos assessores pagarem a maior parte da conta, com penas de até 40 anos em regime fechado. Parece que determinados juízes do Supremo não notaram que eles foram meros acessórios na armadilha montada, algo como mais dois air bags no veículo da corrupção.

Seriam manobras legais?

Chegou-se ao cúmulo de um mensaleiro criar uma página na internet para “recolher doações” visando a pagar a multa determinada pela justiça! A imprensa conta que ele alugou uma casa em Brasília para cumprir sua prisão em regime aberto. E, ao que tudo indica, em dez dias já recebeu de beócios e vândalos menores mais do que o necessário para quitar sua multa (algo em torno de R$ 600 mil). O excedente decerto servirá para pagar as despesas de aluguel e alimentação de sua nova casa. Isso é patético!

Caso a justiça brasileira determinasse que todos os atuais presidiários 1ª classe devolvessem ao Estado o produto do roubo, eles são tão hediondos que é possível que abrissem páginas para captar mais “doações de íntimos beócios brasileiros”.

Mas muito cuidado, senhores beócios! Além de estarem a jogar seu próprio dinheiro na lixeira, o que é uma decisão pessoal, poderão incorrer em crime de cumplicidade, que é uma questão da justiça pública. O prêmio de cadeia em regime fechado do beócio poderá ser o resultado mais óbvio.

Todavia, como uma pronta-resposta da 1ª classe, já há os que pensam em criar “debêntures penitenciários”. Permitirá aos ladrões públicos arrecadarem “fortunas honestas” pela Bolsa de Valores. Afinal, para corruptos políticos, nada melhor do que vender suas cotas de corrupção produtiva, pois não desejam ser os majoritários em uma eventual derrocada nacional.

Mesmo havendo muito mais a narrar, encerro aqui esse registro, sabendo que, desgraçadamente, muita água ainda há de rolar para bolsos escusos.

Todavia, também tenho uma notícia alvissareira: nosso blog vai criar uma página para receber doações de pessoas cultas, honestas, democráticas e politizadas, de forma a continuar com seu trabalho e aumentar a equipe de redatores. Quem sabe se no ano de 3014 já não terá arrecadado a ínfima quantia de SUR$ 1.000,00?  O Surreal, a futura moeda inflacionada a circular em todo Brasil.

Visita inesperada


Estava num bate-papo animado com o engenheiro Lima, em seu apartamento. Falávamos sobre assuntos aleatórios: computador, conexão wireless, política em geral, promessas de santa carochinha, “dis-putas eleitorais” e atos de corrupção, quando o toque da campainha nos interrompeu.

Pelo olho mágico viam-se três senhoras muito bem trajadas, todas com idade mais avançada. Não pareciam ser vendedoras e, caso o fossem, o porteiro não as deixaria entrar.

Lima abriu a porta e as cumprimentou. Como não as conhecia, ficou um pouco confuso em como deveria saudá-las, mas saiu-se bem.

─ “Boa tarde, em que posso ser útil?”, disse ele.

Notei que as três carregavam às mãos um livro grosso, com capa de couro escuro, e escritas gravadas em dourado.

A mais audaz respondeu:

Somos moradoras aqui do prédio e temos uma proposta para fazer ao senhor… Aguardou a resposta.

─ “Pois não, senhora, qual é a proposta?”, indagou Lima gentilmente.

Brandindo seu livro no ar, respondeu a ele com uma atitude grave que lhe franzia o cenho:

Estamos à beira de um novo dilúvio no mundo. Fortes ventos, maremotos, raios e trovões, chuvas e enchentes causarão destruições nas cidades e a maioria das pessoas morrerá afogada no mar da vergonha. Porém, os Adventistas do Sétimo Dia irão sobreviver, sempre com a missão de reconstruir o mundo. Nós contamos com a boa vontade do senhor…, qual é mesmo seu nome? …

O Grande Dilúvio

O Grande Dilúvio

─ “Pode me chamar de Lima, é como todos me conhecem”.

Lima já estava impaciente por dois minutos de conversa com a senhora bem trajada. Decerto, creio eu, pensava o que aconteceria se as três falassem ao mesmo tempo.

A senhora falante, por sua vez, suava na testa, nas axilas e ficou sem ar após proferir o palavrório decorado. Parecia existir um tele-prompt engastado na traseira do livro e ela desembestava a ler o texto.

─ “Não entendi, contam comigo exatamente para o quê?”, indagou Lima assustado.

Nós nunca nos falamos, seu Lima, mas sabemos de sua distinção, de seus interesses, moramos nesse mesmo prédio e

Mas Lima a interrompeu, enquanto ela continuava a brandir o tal livro:

─ “Senhora, por favor, sem rodeios. Eu estava ocupado e fui interrompido para escutar coisas que não fazem nenhum sentido para mim. Ora! Outro dilúvio a afogar a população… É possível ser mais direta? Diga-me o que deseja.”

A senhora ficou nervosa e elevou a voz:

Pois bem, vim lhe convidar para ser mais um Adventista do Sétimo Dia e ajudar-nos a salvar o mundo! Todos vão morrer afogados pelo dilúvio! Mas nós três não vamos! Nos sentiremos infelizes se o senhor se afogar

─ Então Lima as questionou:  “As senhoras moram em que andar do prédio?”.

Moramos no 7º andar, por quê?!, respondeu exaltada.

E Lima encerrou a inesperada visita:

─ “Se não vão morrer afogadas no 7º andar, muito menos eu, que moro no 15º. Passem muito bem!”

Ensaio sobre o direito de esquecer


Simão-pescador, Praia das Maçãs.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

Todas as pessoas têm o direito de esquecer qualquer coisa, embora sempre a considerar as limitações impostas por seus próprios cérebros. Assim, esquecem-se de outras pessoas ou até mesmo anulam-nas, sobretudo aquelas que foram figurantes secundários em sua vida. Afinal, o cérebro é bastante seletivo, em especial quando registra coisas que considere “sem utilidade”. Guarda-as no fundo escuro de seu arquivo morto.

Entretanto, ainda que sofram da doença do esquecimento, recordarão dos principais fatos que marcaram o caminho e as trilhas de suas vidas, bem como das pessoas que nele estiveram presentes. Tanto as que auxiliaram na realização de bons resultados, quanto ao contrário. Aquelas que tão-somente foram figurantes inativos, sequer serão recordadas mais tarde. Mas isso não é perda de memória, é apenas seleção de utilidade.

É sobre essa dicotomia de fatos e pessoas que concorrem para bons e maus resultados, que pretendo criar uma hipótese e refletir sobre ela. Porém, desde já informo que, por se tratar de um ensaio informal, não tem uma estrutura sólida de reflexões; creio, inclusive, que todas as falas do texto são meras especulações. De toda forma, espero que possam conduzir leitores a reflexões pessoais sobre o direito de esquecer.

O objeto deste ensaio não é provar uma hipótese, mas apenas tecer conjecturas a respeito dela. Optei por criar uma hipótese extrema, a saber:

─ “O sem-cérebro sempre segue por trilhas tão extras e ordinárias que esquece a si próprio”.

Afinal, não existe ser humano vivo sem cérebro! Contudo, há muitos que, diuturnamente, se comportam como se seus cérebros houvessem sido extirpados despercebidamente.

Para facilitar a formulação de conjecturas, este texto dá vida ao “ser humano sem cérebro”, através do apelido Trombeta. De outra maneira, um ser que vive a trombetear suas vantagens burlescas. Que, aliás, julga serem oferendas divinas que o capacitam para debates sobre temas globais.

Trombeta foi filho de mãe solteira e nasceu nas veredas do agreste. Teve dez irmãos mais novos, dos quais sempre soube muito pouco. Um mês após seu falecimento, um jornalista pouco conhecido deu a seguinte nota no jornaleco do município:

─ “Trombeta foi um personagem de baixa estatura, analfabeto, de comportamento ambíguo e estranhas ideias. Embora falasse muito, opinasse sobre tudo, nunca respondia a perguntas. Tenho dezenas de perguntas que gostaria que ele respondesse. Mas, de antemão, desejaria saber onde foi parido e como foi sua parição? O que Trombeta fez na infância, como foi criado, quem o criou, quem eram as pessoas com que conviveu em sua morada? Estudou? Aprendeu? Onde estudou e o que aprendeu? O que foi capaz de ensinar e a quem ensinou? Onde trabalhou, por quanto tempo e fazendo o quê? Por onde enveredou e o que mais estava a querer? A quem convenceu, a quem enganou e a quem mais desejava convencer ou enganar? Aonde queria chegar e o que era capaz de fazer para isso? Tinha algum limite pessoal ou o vale-tudo era a sua métrica? Tenho mais uma lotada de perguntas, mas sequer me animo a faze-las, pelo menos agora”.

Sobre Trombeta sei muito pouco, apenas alguns detalhes. Sei que cresceu em um povoado pobre, sem esgotos tratados, sem eletricidade e com pouca água. Dizem seus contemporâneos que sempre foi muito falante, que se metia em tudo. Dizem que só falava asneira, mas enganava a todos com suas “promessas de solução”. Em suma, comentavam que foi um parafuso sem rosca, uma raposa anoréxica, uma catapulta de asnices.

Mesmo assim, ainda existia muita gente que morreria por Trombeta. Quase foi enterrado como mártir. Assim, ou foi um fenômeno da história – o líder apedeuta da seita que criou –, ou era a prova viva de uma sociedade ética e moralmente atordoada.

Desde a infância, Trombeta teve um foco na vida: queria ter poder para mudar as coisas a seu gosto, com simples gestos de mão. Era persistente e treinava todo dia. O problema foram as escolhas das coisas a mudar. Com gestos curiosos, seguidos de uma espécie de urros de fúria, tentava matar as galinhas de sua mãe que, com galhardia, continuavam livres a correr pela poeira da caatinga. Queria fazer e acontecer, mas as desgraçadas não morriam!

Somente ao completar 18 anos, já com a barba desgrenhada na face, se apercebeu que era pouco provável que conseguisse realizar esse tipo de poder. Comemorou seu aniversário no boteco do Geraldino que, pelas trilhas que fizera na mata à cata de galináceos, ficava em outro município, a 4 km do casebre em que morava.

Sua mãe até cedeu quatro galinhas esquálidas para o almoço do aniversariante, mas sob uma condição: que ele começasse logo a trabalhar, pelo menos para obter seu próprio sustento.

─ “Tome rumo na vida e para de assustar minhas galinhas, cabra preguiçoso!”, disse ela naquela ocasião. E tinha razão, até porque “mãinha” manteve os dez filhos a bordar renda, 18 horas por dia. Morreu bordando a própria morte, sozinha na secura de sua morada.

Trombeta considerou que realmente precisava “fazer dinheiro”, pois não aguentava mais conviver com a “mediocridade do povoado”. Pôs-se a matutar e, pela primeira vez na vida, esqueceu-se das galinhas invencíveis. Pensou até mesmo em se engajar no exército, mas sua indolência sem disciplina aconselhou-lhe a não cometer tal ato de bravura.

Por fim, entendeu que precisava deixar o povoado, ir para a cidade grande e, quem sabe, ser um emérito negociador de ideias. Esse passou a ser seu foco, tornar-se o Grande Negociador. Todavia, sem qualquer centavo no bolso, não tinha como viajar para a capital do estado, que se situava a mais de 400 quilômetros.

Tornou a pensar noutra maneira de “fazer dinheiro fácil“. Porém, dado que não sabia fazer absolutamente nada, “roubar os miseráveis do povoado” foi a opção mais normal que saiu de seu pequeno cérebro. Assim, sem qualquer cerimônia, na madrugada furtou a féria semanal do boteco do Geraldino e, como disseram, sumiu da face da Terra.

Quase 20 anos depois, os frequentadores do bar do Geraldino tiveram notícias de Trombeta pelo pasquim do município. Nele estava publicada uma foto de Trombeta preso numa delegacia, acusado de liderar arruaças nos portões de fábricas e fomentar greves de operários, a que chamava, segundo a notícia, de “classe proletária”.

Ninguém no povoado entendeu muito bem a nota, além reconhece-lo como o presidiário estampado na foto. Apenas o mais velho do povoado imaginava o que seria classe proletária e movimentos grevistas.

Passaram-se mais cinco anos e o povoado inteiro ficou sabendo que Trombeta havia fundado uma seita ideológica, da qual era presidente, mas sem a menor ideia do que se tratava e qual seria sua finalidade. Todos ficaram assustados com a informação incompleta e mais ainda porque mãinha enfartara.

No povoado fez-se um silêncio de décadas sobre a vida de Trombeta. Até que um dia, no bar de Geraldino Filho, chegou a notícia que ele se tornara presidente da CNP – Confederação Nacional dos Prostíbulos, o cargo máximo “daquela nação”, Supremo Cafetão Nacional.

Reflexões

Trombeta nasceu paupérrimo: no interior dum casebre, com teto forrado de sapê; em um mísero povoado, sem quaisquer condições sanitárias; sem escola e hospital públicos; sem receber a educação de base. Não há dúvida, a sorte lhe foi muito ingrata, pois a mais famosa instituição do povoado em que nasceu era o boteco do Geraldino, onde, sem pagar, ele bebia a cachaça local e comia carne seca de bode, na companhia de pessoas sem trabalho.

Os frequentadores do bar eram bem mais velhos do que ele e nunca tiveram um trabalho digno. Eram todos muito franzinos, ressecados pelo clima tórrido dos canaviais. Viviam de trabalhos temporários em engenhos de cana da região. Eram resignados com a própria sorte e sabiam que não conseguiriam mudar o mundo. Porém, entre eles, partilhavam pequenos momentos de alegria.

Ao contrário de Trombeta, que acreditava ser capaz de mudar qualquer coisa a seu gosto, “oferecer promessas de solução” e negocia-las com os mais incautos. Entendera pelas “aulas da TV” que assistira no boteco do Geraldino, que negociar era fazer barulho, ir para as ruas e fazer comícios, falar berrando, mentir com certeza e enganar inocentes.

Pelo menos desde a adolescência, Trombeta já apresentava os traços típicos da egolatria, com gestos individualistas, pouca sociabilidade e extremo egoísmo. Somente estendia sua mão esquerda quando era para receber dinheiro ou tomar algo de alguém. Mesmo assim, soltava urros de fúria, como se fora sua assinatura de vitória.

Não é exagero afirmar que Trombeta já nasceu tomado pelos “germes da sociopatia”, se é que me entendem. Pode parecer uma incongruência alguém ter o desejo de ser um Grande Negociador e, ao mesmo tempo, odiar o gênero humano. Mas este foi o caso do trombeteiro. Vejamos:

  • Roubou os pobres amigos de sua mãe e covardemente sumiu do povoado.
  • Às cegas aderiu à trilha do comunismo, fez arruaças políticas e foi preso durante o regime militar.
  • Fundou e presidiu uma seita ideológica baseada em seus valores medievais.
  • Abandonou a tudo que jurara seguir para se eleger presidente da Confederação Nacional dos Prostíbulos. Este foi o auge de sua carreira, quando já era um completo sociopata.

Esses quatro processos da vida do trombeteiro têm em comum o fato de que as pessoas que estavam presentes, ou foram usadas por ele, ou sequer existiam em sua cabeça esquecida. De outra forma, Trombeta só pensava em si mesmo e nos ganhos que haveria de realizar.

Assim, ficou bilionário em menos de dez anos. Mas, em compensação, os milhões de funcionários dos prostíbulos nacionais receberam um “cala-boca”. Foram abençoados pelo trombeteiro com o Programa Bolsa-Prostíbulo, no valor de 80 reais por mês, sem terem a necessidade de “suar a camisa”.

Diz a hipótese que “o sem-cérebro sempre segue por trilhas tão extras e ordinárias que esquece a si próprio”. Parece ser o caso terminal do trombeteiro. Encontrava-se dissociado da realidade, com visível incoerência mental (esquizofrenia). Sempre que se manifestava, demonstrava um contínuo retrocesso cerebral (oligofrenia). Ao fim, tudo indica que esqueceu de si próprio para admirar apenas a própria imagem refletida, que ainda acreditava existir.

Parafraseando um filósofo das massas, “nunca na história desse Prostíbulo houve tantas trilhas extras e ordinárias para serem seguidas pelos séquitos do líder máximo”.

P.S.: Recomendo a leitura do texto “A variedade de bestas seriais“. É uma crônica de ficção que mostra o elenco de assessores dos trombeteiros.

A continuidade dos tempos


O Brasil deve ser o país com o maior número de feriados e “pontos facultativos” do mundo. Desse mesmo gênero, têm-se eventos nacionais, estaduais e municipais, todos criados por leis específicas, o que é um fato no mínimo estranho.

Afinal, o que é um “ponto facultativo”? Existe algo similar em algum lugar do mundo moderno e civilizado? Se o Estado brasileiro é laico, porque a quantidade de feriados religiosos é tão grande?

Quando feriados ou pontos facultativos (“Paradas”) caem em quartas ou quintas-feiras, o brasileiro “enforca” os dias úteis para “engatar com o fim de semana”. Muitas instituições públicas (e algumas empresas privadas) concordam com essa invenção e a praticam. A vagabundagem legalizada é forte evidência do desejo parlamentar de reduzir ainda mais a produtividade de todos os legislativos do país.

“Paradas” estaduais

Somente Espírito Santo e Goiás não possuem feriados estaduais. Mesmo assim, em Goiás não há expediente nas repartições e serviços públicos nos dias 26 de julho, consagrado à fundação da cidade de Goiás, e 24 de outubro, dia comemorativo do lançamento da pedra fundamental de Goiânia; além, é claro, do dia do funcionário público, que acontece em 28 de outubro. Semana perdida pelos engates

Por outro lado, mostrando ser uma inegável potência produtiva, o Acre criou cinco feriados estaduais:

  • 23 de janeiro, Dia do Evangélico (?).
  • 8 de março, Dia Internacional da Mulher (?).
  • 15 de junho, Aniversário do Acre.
  • 5 de setembro, Dia da Amazônia (?).
  • 17 de novembro, Assinatura do Tratado de Petrópolis (?).

Curiosamente, São Paulo só possui um feriado estadual, referido à sua data magna, conforme prescreve uma lei federal de 1995 [1]. Trata-se do notório dia de 9 de julho, a comemorar a Revolução Constitucionalista de 1932.

“Paradas” nacionais

Em 2013, sem contar com o próximo dia de Natal, o Brasil teve 27 “paradas” nacionais! Para o ano de 2014 o quadro que se anuncia é ainda mais espantoso. O país sofrerá a Copa do Mundo de Futebol (de 12 de junho a 13 de julho) e as eleições para presidente, governadores e parlamentares nacionais. Junte-se a isso o Carnaval (no mínimo 5 dias, embora somente a terça-feira seja feriado oficial) e a Semana Santa (com 5 dias, podendo chegar a 9, com o engate no fim de semana que a sucede).

Trabalhar para quê? Profissionais liberais que se virem! Na melhor das hipóteses, em 2014 é bem provável que o país só tenha 210 dias úteis. Seus demais 155 dias serão inúteis e sem produção e serviços em quase todos os setores econômicos.

Cenário para 2014: sem “rogar praga”

Com o andar das carruagens políticas, tracionadas por mulas e antas há mais de 10 anos, as tendências para o cenário futuro do país podem ser estimadas com alguma precisão. Seguem os principais acontecimentos que têm boa chance de ocorrerem em 2014:

  • As chuvas de janeiro a março poderão causar estragos em inúmeros municípios, com maior ênfase para a cidade do Rio de Janeiro, seus vizinhos metropolitanos e a Região Serrana (redundância).
  • Em muitas oportunidades a Via Binário vai se transformar em “Via Urinário”. E seus novos túneis, em duas “Cloacas Profundas”. Não será fácil a drenagem daquela área, sobretudo quando a maré for de sizígia (maiores marés altas que barram os fluxos de água dos dutos e canais de drenagem, a causar inundações urbanas).
Olha a Via Binário aí, gente!

Olha a Via Binário aí, gente! (reprodução da Agência Globo)

  • Em todo o país haverá uma enorme oferta de vagas de trabalho para o “cargo de militantes aloprados”. A remuneração das diversas “gangues de aloprados” ficará a cargo da sociedade brasileira, através de montagens feitas pelos exímios aparelhos públicos.
  • A corrupção continuará a crescer no Brasil, embora venha a tornar-se quase invisível para pancrácios. Estima-se que já haja políticos da base aliada a pensar no Projeto de Lei Auxílio-Corrupção. Assim, uma vez legalizada, removerá todos os obstáculos que ainda existam.
  • Prevê-se que durante 2014 ocorrerão apenas quatro grandes escândalos, políticos e financeiros.
  • Além da total falta de vergonha no exagero construtivo, não são esperados graves acidentes nos 12 estádios de futebol que servirão a FIFA durante a Copa do Mundo. Afinal, muitas dessas ditas arenas, por falta de uso, tenderão a ser transformadas em suntuosos presídios de luxo, hospitais e escolas públicas.
  • O pibinho brasileiro deverá diminuir ainda mais e ficar no entorno de 1%, para mais ou para menos (desculpem outra redundância). Não há como elevá-lo dispondo de um ano em que 42,7% de seus dias serão inúteis.
  • Deve ser esperada a construção da primeira Fábrica de Dossiês latino-americana. Poderá vir a ser órgão oficial do governo, dada a demanda elevada de alguns partidos e as possibilidades de exportação desse nobre produto para vários países do mundo. Ajudará o pibinho.
  • Para fortalecer este grande êxito industrial, também deve ser aguardada a fundação do primeiro escritório técnico especializado em Formulação de Mentiras e Promessas, sob a sigla ETFMP-Bras. Esse escritório poderá ser transformado mais tarde em outro Ministério do Poder Executivo, junto com o futuro Ministério da Propaganda.
  • Há evidências cada vez mais fortes de que aconteçam desdobramentos da Ação Penal 470, com prováveis descobertas e acusações de novos mensaleiros e mensalistas.

Continuidade dos tempos

Mas o tempo segue incólume, apesar de tudo. Aliás, desconhece o que seja “tudo”, pois nada o afeta. Se a Terra derretesse, o Sol explodisse, a Via Láctea fosse pulverizada, ainda assim o tempo continuaria em sua andança: reto, silencioso e infindável.

Resta ao cidadão brasileiro consciente, no tempo que lhe resta, auxiliar a repor o Ambiente do Brasil em caminhos mais sustentáveis: sinuosos, silenciosos e estabilizados.


[1] A lei nº 9.093, de 12 de setembro de 1995, incluiu entre os feriados civis,  apenas os declarados em lei federal, a data magna do Estado fixada em lei estadual. Todavia alguns estados instituem mais de um feriado, alguns dos quais, de carácter religioso.

Sou humanista


Claudia Reis, Designer.

Está nas redes sociais uma petição pública que pede a “reposição das perdas de aposentados e pensionistas do INSS”. Não tenho dúvida de que, em sã consciência, qualquer cidadão concorda com essa medida elementar. Agravada pelo fato que neste ano, até novembro de 2013, o povo brasileiro já pagou mais de 1 trilhão e meio de Reais em tributos e não teve o devido retorno em serviços públicos de qualidade.

Entretanto, a dita petição, que assinei e distribui na rede, está pessimamente justificada. Seu autor usou de “malícia política” para estimular assinaturas. Devo dizer, contudo, que recebi diversas mensagens de volta, provindas de pessoas que assinaram a petição. Pessoas com distintos matizes partidários e de todas as gerações.

União de gerações

União de gerações

Entretanto, chamou-me a atenção a mensagem que recebi de uma jovem, a quem muito prezo. Com certeza, por seu interesse, leu o longo e confuso texto que motiva a petição e, com elegância, demonstrou não concordar com as acusações políticas que dela constam. Sem dúvida, desnecessárias.

Por se tratar de assunto tão relevante, o questionamento desta jovem motivou-me a publicar neste blog o texto abaixo.

Querida amiga,

Também não acho que os problemas da nação sejam culpa exclusiva do PT, mas sim da própria sociedade brasileira, que é individualista e não consegue ter a fundamental visão de longo prazo, das consequências do caminho que está a trilhar. Pode ficar tranquila, pois tenho certeza que não discordamos. Não sou de esquerda ou de direita e, muito menos, fico “em cima do muro“.

Posso afirmar, sou “Humanista“. O ódio entre classes sociais, políticas e culturais, que se instala no Brasil, faz-me muito mal. Ver pessoas se digladiando como se estivessem no Coliseu, causa-me tristeza.

Como não redigi a dita petição, confesso que não dei bola para as agressões ao PT, pois há muito convivo com vários idosos. Mais de perto, com duas tias pelas quais sou responsável (94 e 90 anos). Sinto na pele como essa faixa etária é negligenciada pelo Estado Brasileiro e pela sociedade. E esse sentimento fala muito mais alto do que qualquer disputa partidária.

Ver uma pessoa com 94 anos ser intimada todos os anos pela Receita Federal para provar suas despesas médicas declaradas no IR é duro de aceitar. Se já é ruim o suficiente alguém saber que está no final da vida, vendo amigos e entes queridos a partir, imagine ainda ficar preocupada em como pagar pelos remédios de que precisa; pagar pelo atendimento médico que não lhe é disponibilizado; e, ainda por cima, saber que trabalhou e contribuiu por tanto tempo para uma nação que não lhe dá valor ou qualquer assistência. No mínimo, assistência emocional.

Para finalizar, pelo fato deste blog ter cunho humanista, entendo que cada cidadão deva refletir sobre quais são as metas da gestão pública: serão as práticas partidárias imediatistas ou o atendimento das necessidades sociais básicas (educação, saúde e segurança) de todas as classes de sua população?

É por isso, minha amiga, que o cunho político-partidário no meio desta petição não me chamou atenção. Meu sentimento é tão forte que, diante deste cenário secular de descasos, que se agrava a cada ano, já até pensei em estabelecer o limite de minha própria vida. Sem suicídio, que fique claro.

Espero que todos os leitores do blog possam refletir sobre essa posição.

Um beijo sincero para você.

Black Friday no Brasil


No início da década de 1960 o comércio de varejo norte-americano criou um evento para estimular suas vendas de fim de ano: o Black Friday. Acontece sempre na última sexta-feira de novembro, após o Thanksgiving Day, que é uma espécie de dia de ação de graças ou Dia do Agradecer. Ambos estão em pleno acordo com a cultura do país.

Dessa forma, essa sexta de novembro tornou-se a largada do maior páreo dos consumistas de que se tem notícia, abrindo um período de compras compulsivas que, em tese, somente terminam após o Natal. Mas, pelo menos nos grandes centros urbanos, os consumidores americanos são relativamente educados.

Black Friday nos USA

Uma imagem do Black Friday nos USA

Um pouco de história

O Thanksgiving Day é bem mais antigo do que o Black Friday, pois é comemorado naquele país desde 1621. Trata-se de data considerada religiosa, mas que, desde sua origem, tem cunho econômico. Afinal, era destinado “a agradecer as boas colheitas obtidas no ano” e, claro, ao dinheiro que entrava no bolso dos “agradecidos”. Todavia, não sabemos a quem, de fato, destinavam-se esses agradecimentos. Daí seu caráter imaterial, de uma espécie de religião agrícola.

Temos que levar em consideração de que o Thanksgiving Day foi criado quase no meio da Idade Moderna. O mundo ocidental de então funcionava mais ou menos assim: muito trabalho árduo para buscar a melhoria da qualidade de vida das pessoas comuns (ordinary people). Porém, nada caía do céu para elas, que tinham de “ralar” muito para chegar ao Dia do Agradecer. Naquela época, somente a Igreja e a Aristocracia possuíam esse Direito Divino, herdado de seus antepassados.

Assim, acreditamos que não há como separar o Black Friday do Thanksgiving Day. O BF é filho legítimo e temporão do TD.

Black Friday em outros países

Austrália, Canadá, Inglaterra, Portugal, Paraguai e até mesmo o Brasil, adotaram essa prática comercial estadunidense. Deve ocorrer em outros países, mas desconhecemos. Em países de língua inglesa já era de se esperar essa iniciativa, pois suas culturas eram e são compatíveis.

Em Portugal essa moda chegou, mas de forma discreta. Poucas são as lojas do comércio que fazem espalhafato com suas mercadorias.

No entanto, na América do Sul talvez haja ocorrido mais um desvio cultural, em especial nos países que desejam se manter como eternas colônias de outras nações. Sobre o último Black Friday no Paraguai, nada sabemos. Todavia, no do Brasil, ocorrido ontem, temos algumas informações.

Aconteceu a loucura generalizada em shoppings, mega-stores, magazines e supermarkets. A língua falada e impressa nesses ambientes foi o inglês-americano. Cartazes de Sales Tudo e Off Alguma Coisa foram o fundamento da desordem comercial. As maiores ofertas recaíram sobre produtos eletrônicos Made in China.

O organizado Black Friday no Brasil

Imagem do organizado Black Friday no Brasil

A frase de um quase freguês do Brazilian Black Friday sintetiza a armadilha que lhe foi armada:

─ “Semana passada as lojas dobraram os preços de todas as mercadorias em estoque. Hoje oferecem-nas com cartazes de até 40% Off”.

Os mais apressados foram literalmente entubados por essa estranha modalidade comercial, nacionalizada no Brasil como “Black Fuck”. Resta dizer que já está conhecida no país como “Trepada na Escuridão”.

Reflexões

Temos dúvida de onde surgiu a iniciativa de “importar” esse tipo de comércio americano para o Brasil. Sabemos que famílias mais abastadas viajam constantemente para fazer compras em Nova York, Miami, Califórnia, etc. Em 2013, mesmo sem o pérfido controle do câmbio, os gastos ocorridos nessas viagens atingiram a vários bilhões de dólares, chegando a afetar nossa frágil balança comercial.

Em outras palavras, há uma boa demanda reprimida no país e nossa indústria, por falta de políticas governamentais adequadas, está forçada a encolher e a tornar-se incapaz de atender aos anseios de parte da sociedade brasileira. Justamente aquela que pode gerar uma economia produtiva.

O neurônio político


Por Zik Sênior, o Ermitão.

Zik Sênior

Zik Sênior

Tenho acompanhado nos jornais os acontecimentos políticos mundiais, com ênfase para os que ocorrem no Brasil. Aos 104 anos de idade tenho todo o tempo do mundo para ler e fazer pesquisas pela internet.

Foi assim que descobri um espaço digital que só trata de conversas e falações de políticos. Em cada texto o jornalista faz comentários quase sempre cômicos sobre o autor. Trata-se do Sanatório Geral, que é uma seção do blog de Augusto Nunes. Não sei quantos prédios, alas e salas tem este Sanatório, mas decerto é gigantesco, pois a quantidade de pacientes e das besteiras proferidas é muito grande e diária. Uma solenidade de asnices sem fim.

Ontem fiquei durante mais de 12 horas estupefato ao ler as falações políticas proferidas, bem como as chacotas provocantes de Augusto. Imaginem, compilei, mesmo com bastante seletividade, cerca de 13 páginas de asneiras monumentais!

Como seus autores são muito variados, assim como as circunstâncias e temas sobre o que falaram, optei por apresentar apenas um autor, que se destaca sobremaneira na sua forma inteligente de fazer política.

Transcrevo a seguir, como mais um registro de minha passagem neste planeta, algumas falas da Sra. Dilma Rousseff, candidata à reeleição para a Presidência da República. Todas têm um título, a data em que foi proferida e as considerações do Sanatório. Saliento o fato de que não consegui descobrir quem é um tal de “Celso Arnaldo”, sempre citado pelo Sanatório. Acho que só pode ser um diretor executivo da instituição.

A esperar a licença do jornalista Augusto Nunes e equipe, mas com respeito, e obviamente sem cerimônia, reproduzo uma pequena parcela de seu rico material informativo. A sátira é ancestral e verdadeira. Portanto, receba meus parabéns pela criatividade do que é capaz de nos apresentar, com base em fatos corriqueiros da nossa putrefata democracia.

Seguem, grafados em bege, discursos, verborreias e textos da “presidenta”.

Neurônio em parafuso, em 07/08/2013

“E é essa a forma pela qual um país vira uma grande nação, porque uma coisa é um grande país, outra coisa é uma grande nação. Uma grande nação é grande porque a sua população é grande. E nós só podemos ser de fato um país desenvolvido, não é se o nosso PIB crescesse – é também –, não é só se nós descobrimos mais riquezas, é também, mas é, sobretudo, se nós mudarmos radicalmente a qualidade da educação prestada às crianças e aos jovens deste país, e também aos adultos, porque também adulto não pode pará (sic) de estudar, não”.

Hoje, na cerimônia de inauguração do campus avançado da Universidade Federal de Alfenas, internada por Celso Arnaldo ao dar um exemplo extraordinário de adulto que parou de estudar e chegou à Presidência da República.

Neurônio espacial, em 18/07/2013

“Se a gente for olhar essas manifestações de junho, nós vamos ver que elas foram feitas por quê? Por que elas foram feitas? Por causa do seguinte: uma característica do ser humano nos distingue e nos transforma em capazes de fazer, de sair da idade do bronze e colocar um voo na lua. Qual é essa característica? É querer mais, é cada vez querer mais, como aquele pessoal que você tentava e tentava”.

Nesta quinta-feira, durante inauguração de estações do metrô de Fortaleza, internada por Celso Arnaldo ao revelar que os manifestantes de junho pararam o Brasil porque agora querem ir da Idade da Pedra a Marte.

Antecipando o antecipado, em 04/06/2013

“Mas hoje eu queria antecipar – até porque eu falei disso ontem – algumas, praticamente uma questão, que engloba tudo o que eu vou antecipar”.

Na cerimônia de lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014, internada por Celso Arnaldo ao antecipar o que já foi antecipado antes de ser antecipado novamente.

Neurônio atrapalhado, em 15/05/2013

“Porém esse processo está sub judice, e a MP que define essa parte, essa parte dos royalties que é royalties, participações… essa parte da lei, aliás royalties, participações especiais e os recursos do pré-sal, destina à educação… essa lei, ela está parada porque ela está sub judice. O Supremo Tribunal está avaliando essa questão, se é ou não é inconstitucional ou não”.

Tentando dizer alguma coisa sobre royalties numa variação do dilmês ainda não catalogada por Celso Arnaldo.

Neurônio de porre, em 11/05/2013

“E hoje aqui eu aproveito a posse do ministro para mais uma vez – eu fiz esse anúncio, ali quando eu compareci em São Paulo à posse da Associação Comercial de São Paulo e do presidente da Federação de Associações Comerciais do Estado de São Paulo – eu fiz um anúncio que foi que nós estamos reduzindo os juros desses empréstimos de 8% para 5%, portanto juro zero”.

Na posse de Guilherme Afif Domingos, revelando em dilmês de botequim que, para o neurônio solitário, 5% é igual a zero.

Neurônio ministeriável, em 10/05/2013

“E por que um novo ministério? No Brasil nós temos de ter e de reconhecer que é necessário um processo de expansão para depois abrir um processo de redução e assinamento”.

Na cerimônia de posse de Guilherme Afif Domingos, titular da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, o 39º ministério de seu governo, internada por Celso Arnaldo ao insinuar que, antes de se saber o que é “assinamento”, vamos chegar fácil aos 50º.

[Neurônio] Não entendeu, em 07/05/2013

“Mas voltando desse parêntese, a destinação dos royalties do petróleo. Ela não é trivial. Eu enviei para o Congresso quando vetei a medida, aliás, vetei parte da Lei dos Portos, dos Portos não, dos Royalties, e era do Petróleo, que mudava os contratos para trás, em uma afirmação que o Brasil tem que respeitar contratos gostando dos contratos ou não, não é uma questão de vontade, é uma questão de respeito à lei. Porém esse processo está sub judice, e a MP que define essa parte, essa parte dos royalties que é royalties, participações… essa parte da lei, aliás royalties, participações especiais e os recursos do pré-sal, destina à educação… essa lei, ela está parada porque ela está sub judice. O Supremo Tribunal está avaliando essa questão, se é ou não é inconstitucional ou não”.

Na posse da nova diretoria da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, internada por Celso Arnaldo ao insinuar aos empresários presentes que a lei dos royalties ainda está sub judice no Supremo porque nenhum ministro entendeu o que a presidente quis dizer e persiste a dúvida se é ela inconstitucional ou não ou vice-versa.

Como é que é?, em 05/05/2013

“E nós, agora, estamos fazendo por um método brasileiro. Me desculpem… Não, não vou falar isso, não, porque é uma dó. É um método brasileiro que é o seguinte. Nós, agora, construímos e já beneficiamos… a gente não constrói… por exemplo, nós construímos um trecho e entregamos, e ele já dá água. Aí construímos outro e entregamos, e ele continua dando água, porque antes você construía o primeiro e o terceiro, e aí você não tinha um intermediário. Agora nós construímos por módulos. Eu chamo de sistema brasileiro para não chamar sistema de outro país. Eu não posso falar o outro país. Mas é… o sistema nosso agora é um sistema brasileiro, bem inteligente. Ficou bem inteligente o nosso sistema”.

Ao tentar explicar como é o novo e revolucionário sistema brasileiro de combate à seca, deixando claro que, se depender do neurônio solitário, o Nordeste inteiro vai morrer de sede.

Neurônio criativo, em 27/04/2013

“Por exemplo, eu vou dar um exemplo, morreu muita criação. Morreu muita galinha, morreu cabra, morreu boi, morreu criação. Então, nós vamos ter de retomar. Nós vamos criar um programa para retomar a criação. Justamente o bovino, tem de recuperar a criação. A mesma coisa com semente. Nós perdemos todas as sementes. E nós vamos voltar a distribuir”.

Diretamente do Portal do Planalto, avisando que, assim que chover no Nordeste, o governo vai semear bovinos, colher galinhas, criar sementes e plantar cabras.

Neurônio doentio, em 23/04/2013

“Nós colocamos à disposição das pessoas, nas farmácias populares, nas farmácias populares que se chamam Aqui Tem Farmácia Popular, são as privadas, coloca à disposição tanto remédios para hipertensão como remédio para insulina”.

Na coletiva de hoje no Palácio do Planalto, internada por Celso Arnaldo ao anunciar uma boa nova: a partir de agora, as farmácias populares, também conhecidas como as privadas, passarão a oferecer remédios para essa doença ameaçadora chamada insulina.

Neurônio comprometido, em 03/04/2013

“Eu queria dizer para vocês, nesta noite, aqui no Ceará, em Fortaleza e nessa escola, o compromisso forte, o compromisso que é um compromisso que eu diria o maior compromisso do meu governo. Porque é que o compromisso com a educação tem que ser o maior compromisso de um governo”.

Na cerimônia de inauguração de uma escola de educação profissional em Fortaleza, internada por Celso Arnaldo ao deixar bem claro que tem compromisso com o compromisso.

Para os que tiverem interesse na leitura dos absurdos proferidos por todos os “artistas políticos” brasileiros e sul-americanos, cliquem em Sanatório Geral.

A variedade de bestas-seriais


Simão-pescador, Praia das Maçãs.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

De que se tenha notícia, os primeiros criminosos urbanos da era moderna viveram em países de língua inglesa. Não sei se na Grã-Bretanha ou Estados Unidos da América, mas isto não importa nesta estória. Se não estou enganado, foi durante o século 20 que ganharam o título de “serial killers”.

No Brasil só recordo de um caso de criminoso serial: foi o do tal “bandido da luz vermelha”, creio que durante a década de 1960. A imprensa logo tratou de usar a desgraça de suas vítimas como meio de venda de certos jornais da época. Recebi dois exemplares dum deles aqui em Portugal. Se nós os torcêssemos com as mãos, pingavam litros de sangue. Incinerei-os a todos e não mais olhei para qualquer edição que por aqui chegasse.

Na atualidade, pelas informações de que disponho, serial killers somente ainda ocorrem à larga nos USA. Parece-me um fenômeno social difícil de ser explicado. Deveria ser motivo de uma Assembleia Especial da ONU. Porém, importa que todos os presos ou receberam prisão perpétua ou pena de morte. É justo para penalizar seus crimes hediondos.

Por outro lado, na América Latina algumas nações convivem com uma série de estranhos tipos que também são bestas seriais. Normalmente, não matam as vítimas com as próprias mãos, mas com suas políticas de Estado. O caso mais comum é o do “mentiroso serial” (em inglês, serial liar). Tão típico entre os latinos, que virou troça na Europa.

Os mais notórios mentirosos seriais latino-americanos surgem do nada e elegem-se como governantes e líderes políticos que, com grande desfaçatez, mentem sempre para a nação. E, creiam, são incansáveis, pois têm fortes desejos de serem poderosos, mentirosos insuperáveis em todos os países do planeta. Poucos o conseguem, mas os que atingem às cumeadas da mentira, tornam-se motivo de troças internacionais. São motivo de, como direi…, dichotes diplomáticos. Tenho e impressão de que os brasileiros chamam a estes chistes de piadas, ao invés de dichotes, como nós, cá na terra.

Saliento, entrementes, que, por natureza, mentirosos seriais são bons padreadores e matrizes. Procriam, adotam e educam filhotes que em breve também serão seriais, só que com mais foco e especialidades. De tal maneira que, quando juntos, conformam magníficas quadrilhas de seriais, capazes de destruírem qualquer nação que já dominem. E gostam muito de manter o poder nas próprias mãos por décadas, inda mais se não possuírem opositores violentos.

Vulto de uma besta-serial

Vulto de uma besta-serial

Seriais para todo gosto

A retórica de um mentiroso serial líder é sempre poderosa e convincente. Em campanha para eleições, mal vestido, sujo e trepado em um simples caixote de ripas de madeira, em poucos minutos de fala analfabeta e desconexa, a gritar e a gesticular tal um desmiolado, pode arrastar e convencer multidões de idiotas. O que direi quando estiver asseado e usar um palanque público melhor engendrado?!

São nesses momentos que o mentiroso mostra ausência de escrúpulos e muita audácia. Neles tem início a “educação dos novos filhotes”. É através desses instantes que são capturados, por meio de promessas populistas, os futuros alunos da Escola Superior de Criminosos Seriais do Estado, onde o “Mentiroso Máximo” é automaticamente empossado Reitor Absoluto.

Esta Escola possui seis cursos superiores-intensivos, com duração de 2.400 horas, em 4 anos. Os alunos nela formados saem Mestres em sete especialidades de “políticos seriais”. No entanto, é-me difícil descrevê-las. Todavia, há cerca de dois anos recebi de um amigo um longo estudo psiquiátrico que coordenou após entrevistar cerca de 890 “seriais” de várias espécies, diagnosticadas no mundo ocidental. Como não sei descrever perfis de pessoas, transcrevo um sumário da parte em que sua equipa apresenta as “categorias genéricas de seriais”. Caem bem neste artigo.

  • Perfil do Mentiroso Serial: é capaz de contar sequências infindáveis de mentiras absurdas sem a menor vergonha, algumas com verossimilhança para convencer pobres incautos. Possui uma notável habilidade para a cegueira de fatos e total surdez de assuntos que podem ameaçar seu status quo. É indolente, preguiçoso e apresenta traços de vícios animais, como coçar os testículos em público, buliçosamente. Sempre será o líder aparente dos demais. Porém, de fato, tratar-se-á de uma espécie de ‘Bobo da Corte‘ do Corruptor Serial. No mais, não serve para nada. Além de patranheiro, é idiota e narcisista”.
  • Perfil do Corruptor Serial: trata-se do verdadeiro líder da quadrilha formada pela Escola, mas é escorregadio no trato, sempre atento e muito vingativo. Sua fraqueza é prestar atenção nas conversas de terceiros que falam sobre dinheiro. Fica a imaginar planos de ação para tomar parte ou todo o valor da transação. É um projetista nato, o designer da corrupção serial. Para ele a vida é uma sequência permanente dos atos de corrupção, os quais engendra e coordena. Usa os demais da forma que achar necessária e não sente remorso. É egocêntrico e sociopata”.
  • Perfil do Estúpido Serial: trata-se de indivíduo com graves falhas neuronais e que as demonstra a todo o momento, em suas ações e também na própria fala. Não raro suas decisões são conflitantes, sobretudo quando observadas ao longo do tempo. Sempre será um grave risco permitir que indivíduos deste gênero atuem em cargos e processos públicos. Mesmo quando as consequências forem danosas, os estúpidos seriais manterão os processos que as causaram. São ditatoriais. São sociopatas, caso de internação psiquiátrica urgente”.
  • Perfil do Revoltado Serial: trata-se de indivíduo que apresenta elevado ódio quando uma pessoa discorda de sua opinião sobre qualquer coisa. Porém, além disso, busca a luta sem necessidade para provar que está correto, inclusive a pugna física. É violento contra si próprio e traz elevada carência pessoal. Precisa de um líder e, quando acha que o encontrou, submete-se com total alienação à sua vontade. É masoquista, idiota e esquizofrênico”.
  • Perfil do Lavador Serial: elegante, alegre, a priori evasivo no trato mais íntimo, mas sempre a pensar como procederá para “esquentar moedas escusas”, recebidas em troca de malfeitos. Gerir a lavagem de dinheiro sujo é sua prática favorita. Constitui a alma executora do Corruptor Serial. É narcisista, sociopata, a indicar forte tendência à homossexualidade“.
  • Perfil do Safado Serial: trata-se dos oportunista que se aproxima de quadros em que poderá ganhar algum troco. É vulgar em suas atitudes, insolente em seu comportamento e vive a pedir desculpas a terceiros, sempre sorridente sem qualquer motivo. Contudo, é de grande utilidade em formular planos escusos, acrescentando ao Corruptor Serial mais esta faceta. É amoral, aético e portador de variadas debilidades mentais”.
  • Perfil do Assassino Serial: também um ser vulgar, com baixo nível de socialização, formação inferior e solitário. Não faz parte direta da quadrilha, mas aceita executar os serviços mais escabrosos sempre que chamado. Deveria ser sumariamente executado. É frio, assassino, sadomasoquista e psicopata”.

Esse cenário dos políticos seriais parece-me uma luva de pelica para cobrir a mão da América Latina, com ênfase para a América do Sul atual. Esses personagens são encontrados na maioria de seus países.

Gostaria de estender esta estória, mas já são 5 horas da madrugada em Portugal e confesso que preciso descansar. Para os que estão acordados convido-os a analisar quais países sul-americanos carregam esta tralha em seus governos.

Saudações a meus leitores e até breve!
Simão-pescador.

Isótopo de Homem


Os átomos de um mesmo elemento químico podem ter massas diferentes (número de massa), dado que elas variam em função do número de nêutrons encontrados em seu núcleo. Mesmo apresentando a mesma massa atômica, esses átomos são denominados isótopos de um dado elemento químico.

Os isótopos possuem comportamento físico e propriedades distintas do elemento do qual se originaram. Hidrogênio, carbono, oxigênio, nitrogênio e enxofre são alguns dos elementos químicos que possuem isótopos.

Desta forma, qualquer substância que contenha um ou mais átomos desses elementos terá as mesmas propriedades químicas, porém, propriedades físicas distintas, que criam variados comportamentos diante de certos fatos ambientais, como a evaporação, a cristalização mineral ou a fotossíntese, dentre outros. Esses comportamentos distintos derivam das conhecidas relações isotópicas.

Por exemplo, o átomo de carbono possui três isótopos, grafados “carbono-12, carbono-13 e carbono-14”, com números de massa igual a 12, 13 e 14. Assim, suas relações isotópicas são diferenciadas e produzem resultados distintos nas relações físicas que fazem com outros elementos e substâncias.

Selecione a melhor ave com o uso de isótopos de carbono e nitrogênio

Selecione a melhor ave com o uso de isótopos de carbono e nitrogênio

O Homem

Visto de forma geral, o Homem é um elemento ou uma “substância complexa”, pois reúne diversos elementos químicos entrelaçados e reagentes. Majoritariamente, é feito de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, enxofre, potássio, sódio, cloro e magnésio, com energia suficiente para reproduzir suas células humanas.

Fazendo uma analogia com os meios da física, química e da biologia, dois fatos demonstram a complexidade desta substância:

  • Existem no planeta, segundo a ONU, cerca de 7,2 bilhões de Homens que são distintos entre si, ou seja, em sua maioria absoluta são isótopos do Homem. Isto significa que o fenômeno da isotopia pode acontecer com o “elemento Homem”, isto é, Homens com o mesmo “número atômico”, mas com diferentes “números de massa cinzenta”.
  • Além disso, um único Homem pode ter vários isótopos, de acordo com suas relações isotópicas de cunho físico, químico, biológico, social, político, econômico, etc.

Quando se conversa pela primeira vez com um dos 7,2 bilhões, temos certeza de que não sabemos com quem estamos a falar. Quando conversamos várias vezes como o mesmo Homem, é provável que levemos algum tempo para descobrir qual o isótopo que temos a nossa frente. Será o físico, o químico, o biológico, o social, o político ou o econômico?

Embora todos os isótopos dos espaços físico, químico, biológico, econômico, político e social pertençam ao Ambiente, poucos deles possuem essa visão teórica. Portanto, é melhor trata-los com muito cuidado, sempre de acordo com a cultura que apresentam.

“O Político” e seus isótopos

O Brasil teve um passado (não muito distante) repleto com políticos de primeira grandeza. A sociedade que os elegeu chamava a cada um de “O Político”. Eram nativos da classe política, dignos, educados, muito cultos, com formação superior, nem sempre calmos nos apartes em plenário, mas, sobretudo, com visão dos prazos em que precisavam atuar para amenizar as carências da população brasileira. Carências básicas Conheciam-nas todas.

Fizeram o que foi possível para assegurar algum desenvolvimento do nosso país, então mero satélite da economia do Novo Mundo. Hoje, com o auxílio de lupa e pinça, ainda é possível identificar alguns poucos com aquele calibre. Os restantes não são nativos da classe, mas “isótopos artificiais”, produtos de laboratórios para negociatas.

Por isso, isótopos políticos não se permitem variar de comportamento. Somente estabelecem relações político-isotópicas. São mentirosos, grosseiros, obsessivos e gananciosos. Degradam a História da Política Brasileira, tanto nos governos que ocupam no país, quanto nos plenários onde furtam a nação.

Não estou a entender porra alguma


Simão-pescador, Praia das Maçãs.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

Desculpe-me as palavras, decerto inadequadas para algumas culturas. Mas, depois de receber em casa meu caro “Velho Sênior”, o melhor mal educado brasileiro que conheci na vida, percebi que, por vezes, devemos dar vazão até mesmo aos nossos piores impulsos subterrâneos.

Aliás, em minha opinião, trata-se de uma catarse essencial para pessoas da minha idade. Creio que todo ato espontâneo faz-nos viver poucos anos a mais. É como se fora um cálculo matemático, resultado de uma regra de três. A cada palavrão proferido vive-se por cerca de mais seis meses, como dizem daqui, os antigos pescadores das Maçãs.

Desde que o jovem Quincas instalou meu acesso à internet e ensinou-me a pesquisar sobre o Brasil – lembrem-se que tenho filhos que moram lá –, notei uma estranha mudança em meu comportamento. Sozinho na biblioteca, passei a falar palavrões em cada acesso que fazia às notícias brasileiras.

Aos poucos tenho notado as causas de minha mudança de humor. Nas revistas e jornais que fiz assinatura online, as principais notícias diárias são de extrema degradação: assaltos a bancos, assassinatos de pessoas, falência da segurança e da estrutura de ensino público, importação de 4000 médicos cubanos, precária infraestrutura na saúde pública e esquemas eleitoreiros desavergonhados.

Além disso, segundo as notícias da imprensa, governantes e políticos brasileiros cometem de tudo: desvio de verbas públicas, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, um tal de “crime de peculato”, “lavagem de dinheiro”, evasão de divisas e mais sei eu o quê. Trata-se de um degenerado salve-se quem puder.

Cá nas Maçãs, nós chamamos a todos esses delinquentes de ladrões, vagabundos ordinários que precisam habitar penitenciárias. Não perdemos nosso tempo a considerar sua família, procedência, partido político, nível de pobreza, poder de riqueza ou instituição em que fingem trabalhar. Vão todos diretos para a mesma prisão!

O quadro do mensalão, sem risco de dúvida, parece-me o que se pode chamar de “sorrateira ditadura progressiva”. E posso explicar: é um cenário onde indivíduos com graves patologias morais, desviaram os altos impostos pagos pela sociedade brasileira para “comprar e derrotar”, de maneira completamente absurda, qualquer resquício de democracia que ainda teimasse em existir no congresso brasileiro. Isso foi um crime de lesa pátria, crime hediondo contra a nação brasileira. Cadeia com eles!

Tenho assistido em “tempo real” o aparente processo final do julgamento dos mensaleiros. São onze juízes da Suprema Corte a debater recursos ditos legais pelo código penal brasileiro. Parece-me irreal quando vejo alguns juízes da própria corte a defender os acusados que já foram julgados e condenados, alguns por unanimidade! Por sinal, juízes de índole duvidosa para um leigo como eu. Juízes que deveriam, por questões éticas, considerarem-se impedidos de votar na ação penal 470. Mas não, votam e defendem descaradamente os condenados.

Devo dizer que, se piorar um pouco o quadro atual da justiça brasileira, notadamente em sua Alta Corte, o Brasil corre o risco de não condenar mais nenhum criminoso de colarinho-branco, fato que tem sido normal no Brasil. Ao contrário, no caso, todos os mensaleiros hão de receber bônus monetários pelo sucesso dos crimes que cometeram, através de “ladroagem em continuidade delitiva”.

Agora o lixo é a lei


A cidade do Rio nasceu do ouro e terminou cunhada pelo lixo.

É triste, mas é verdadeira essa afirmação. Não falo de seu nascimento há 448 anos, quando Estácio de Sá fundou a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro – 1º de março de 1565. O lixo daquela época eram as forças invasoras francesas. Porém, sem qualquer cerimônia, foram “varridas” definitivamente pelos portugueses.

Na verdade, falo do Rio a partir de meados do século 19, quando a cidade acreditava que poderia tonar-se uma Paris Tropical. Falo da cidade no início do século 20, mesmo com a demolição de prédios históricos realizada pelo prefeito Francisco Pereira Passos (de 1902 a 1906), muito bem documentada no livro “O Rio de Janeiro do Bota-abaixo” – fotos de Augusto Malta, textos de Marques Rebelo e Antônio Bulhões.

Nos quatro anos do mandato de Pereira Passos o centro da cidade virou “uma verdadeira lixeira de obras”. Parecida com a que vemos hoje em vários de seus bairros. No entanto, naquela oportunidade, muitas obras resultaram na valorização dos equipamentos públicos do Rio e na manutenção de sua limpeza urbana no período pós-obras. As fotos que se seguem permitem conferir esse fato: a Paris Tropical e sua então urbanidade.

Theatro Municipal, 1905 a 1909, Foto de Marc Ferrez

Theatro Municipal, construído de 1905 a 1909 – Foto de Marc Ferrez

A Biblioteca Nacional, em estilos art noveau e neoclássico, construída entre 1905 e 1910, foto de Augusto Malta

Ao lado direito da Cinelândia, a Biblioteca Nacional, em estilos art noveau e neoclássico, construída entre 1905 e 1910 – Foto de Augusto Malta

Palácio Monroe, inaugurado em 1906 como pavilhão de exposições. Tornou-se depois sede do Senado - Foto de Augusto Malta

Palácio Monroe, inaugurado em 1906 como pavilhão destinado a exposições. Tornou-se depois sede do Senado Federal. Ao fim, por falta de inteligência, foi demolido para passagem de uma linha do metrô – Foto de Augusto Malta

O estilo francês do Theatro Municipal e da Escola Nacional de Belas Artes - Foto de Augusto Malta

O estilo francês do Theatro Municipal e da Escola Nacional de Belas Artes – Foto de Augusto Malta

Essa urbanidade, ou civilidade, como queiram, prosseguiu a existir durante muitas décadas. Lembro-me que na gestão de Gastão Henrique Sengès e sua equipe, criando e dirigindo a Companhia Municipal de Limpeza Urbana – Comlurb, de 1975 a 1979, a cidade do Rio era limpa.

Avenida Gastão Sengés

Avenida Gastão Sengès – a placa esta mal redigida

Gastão Sengès e seu sucessor, Fernando Botafogo, ambos engenheiros civis e sanitaristas, conheciam a fundo toda a cidade do Rio e a cultura dos cariocas. O que mudou depois deles? Foi a Comlurb que perdeu a qualidade de seus serviços públicos ou foi o Rio que ganhou “novos pseudo-cariocas”?

─ “Que raios me partam, o que aconteceu com a cidade?”

Prefeitos do Município do Rio

Desde de 1889, o Rio já teve 55 prefeituras (nomeadas e eleitas) e, durante a transferência da capital para Brasília, teve cinco governadores.

Acho que é possível entender o lixo nas ruas da cidade em função da capacidade pública de seus prefeitos. Interessam-nos apenas os titulares a partir de 1975.

Marcos Tamoio e Israel Klabin foram prefeitos do Rio durante as gestões de Sengès e Botafogo à frente da Comlurb. Por sinal, mesmo que nomeados pelo governo do estado, suas gestões “não sujaram a cidade”. Ao contrário, foram bons prefeitos, dignos de nota. Eram democratas na expressão da palavra e souberam gerir com competência as instituições municipais que coordenavam.

No entanto, a partir de 1980, não podemos garantir a mesma habilidade para os sucessivos prefeitos que pretenderam ordenar a cidade: Júlio Coutinho, Jamil Haddad, Marcello Alencar, Saturnino Braga, César Maia, Luiz Paulo Conde e, finalmente, Eduardo Paes. As cores distintas grafadas nos nomes representam minha opinião acerca da principal habilidade pública de cada um. Deduzam à vontade…

Nas suas gestões municipais a cidade do Rio foi ficando cada vez mais suja e a cultura da sociedade perde desde então sua gradação de urbanidade. Ser limpo e civilizado deixou de ser um valor da sociedade carioca. A ponto de estimular o atual gestor público, senhor Eduardo Paes, promover uma desordem legal para punir cidadãos com baixo nível de civilização.

A “lei do lixo”

De início devo dizer que, dada a brutal tonelagem e odores da sujeira jogada diariamente nas avenidas, ruas e praças da cidade, não vejo outra medida cabível que não seja a da dura repressão legal. No entanto, o ato de baixar uma lei punitiva cheia de inconsistências e absurdos, é tão criminoso quanto jogar lixo no chão da cidade. Tenho algumas questões e gostaria de receber suas respostas, senhor Prefeito:

  • Porque as latas de lixo foram reduzidas de tamanho? O senhor tem certeza que dentro delas cabe todo o lixo que perambula pelas ruas da cidade?
  • Porque a localização dessas latas não é padronizada, por exemplo, nas esquinas de todas as vias da cidade?
  • O senhor sabe que os garis são, desde há muito, respeitados pelos cariocas. Contudo, sua lei os coloca como “dedos-duros” da população, compondo uma trinca com um guarda municipal e um policial militar. Gostaria de saber se o senhor não acha que os está a constranger?
  • Por acaso, a prefeitura vai aumentar o salário dos garis por esta nova função que lhes foi imposta?
  • Sobre sua guarda municipal, todos sabem que ela gosta de propina. Será que os garis são colocados ao lado deles para vigia-los?
  • Qual a real função dos garis e dos guardas municipais nesta posição? Por acaso os garis serão certificadores do lixo?
  • Ou os garis viraram os agentes policiais da sua corrupta guarda municipal?
  • Pelos acompanhantes e suas histórias policialescas, os garis vão correr graves riscos sem receber um incremento na remuneração ou vão ganhar participações nas multas aplicadas? O seu sistema público chama a isso de “aumento de produtividade”?
  • Imagine que eu tenha jogado um palito de fósforo ou uma guimba de cigarro na calçada. A trinca me multa e afirma que é um flagrante! Pergunto: tem foto ou vídeo para provar materialmente que fui eu que joguei o palito?
  • E se, para “aumentar a produtividade”, a trinca resolver multar vários indivíduos, sem que tenham jogado qualquer lixo na rua?
  • Uma criança de 9 a 12 anos, caminha sozinha para a escola e, distraída, joga uma folha amassada na rua. O que a trinca fará diante dessa situação?  A criança não tem CPF e não pode ser levada para uma delegacia policial. Será conduzida para um “reformatório-escola”? Ou a trinca baterá um pênalti na bunda da criança?

    Ataque de Rottweiler amigo

    O Rottweiler amigo

Poderia fazer muitas outras perguntas, em especial sobre como a trinca abordará e multará um “cidadão lixento, forte e violento“, que sempre traz com ele um Rottwailer amigo, conduzido por uma frágil guia e coleira.

Já imaginou, senhor Prefeito rosinha, quando cair sobre a cabeça da trinca um envelope de papel higiênico usado? Acho que vai ser jogado do décimo andar, num edifício de 200 apartamentos. O que farão? A quem multarão?

Minha última questão é para saber se a prefeitura do Rio já calculou quantos PM, Guardas Municipais e Garis haverá de soltar pelas ruas da cidade para fazer valer a “lei do lixo“.

Outro risco, que hoje se encontra vulgarizado, é a divulgação pública do número do Cadastro de Pessoa Física (CPF) de qualquer cidadão. Trata-se de documento que precisa ser sigiloso, pois é usado em operações financeiras. E, por sinal, nada tem a ver com jogar lixo na rua.

Cortinas de fumaça para crises estruturais


Há um axioma [1] da matemática que diz: “todo e qualquer o número A elevado a zero é igual a um, mas somente se A for diferente de zero”, ou seja → A0 = 1, se, e somente se, A 0.

Este é o axioma que permite uma série de cálculos e a manutenção da lógica quantitativa. Diríamos mesmo, a manutenção da História e da Filosofia Matemática. ─ Mas, pensem bem, existem axiomas políticos?

Cremos que há milhares de bilhões desses axiomas, pois há muitos milênios que as cabeças de políticos estupidamente sufragados os produzem diária e estoicamente, de acordo com seus interesses íntimos e particulares. Olhe, estamos a falar de incontáveis milênios!

De toda a feita, para nós basta apenas um axioma, criado pela sociedade mundial, o qual diz: “caso se tratem de políticos populistas, todos aqueles que ocuparem cargos eletivos são incompetentes e corruptos” ou seja, por analogia, → 0 + 0 = 0, com certeza política. Não valem que seja diferente de zero.

Vamos imaginar agora que sofremos com as ações de um Governo Populista, coalhado de Partidos ou Quadrilhas de Políticos da mesma laia, produzindo inúmeros novos axiomas, a que chamam de “propostas de emendas à constituição”, “projetos de lei” e “medidas provisórias”. Analistas de Ciência Política mostram que, em boa parte, são “axiomas” para suprir ganâncias pessoais e atender aos grupos que os financiam.

A primeira decisão populista deu-se com o surgimento do Programa Bolsa Família. Foi a mais estrondosa cortina de fumaça nacional nos últimos dez anos, aspergida sobre parte da população de brasileiros miseráveis. Vale dizer, constitui uma cópia mentalmente aleijada do projeto Bolsa Escola, criado pelo governo anterior.

O Bolsa Escola visava a manter crianças e jovens carentes nas escolas e estimular sua alfabetização, bem como aumentando as chances de sua posterior entrada no mercado de trabalho. Portanto, não era um “projeto eterno”. Havia uma boa estrutura de gestão implantada que permitia ao governo ter controle de todos os que eram beneficiados.

Já o Bolsa Família, da forma com que vem sendo utilizado, visa a garantir “votos de cabresto dos beneficiados” e, por falta de competência governamental, retira-os do mercado produtivo.

Há um caso que circula na internet desde 2010. Diz-se que o Governo do Ceará propôs ao Sindicato da Indústria Têxtil dar um curso para formação de 400 costureiras. O setor têxtil é forte na economia daquele estado. Mas havia apenas um detalhe. Todas as participantes do curso haveriam de estar recebendo o Bolsa Família. Coube ao SENAI realizar o curso. As indústrias confirmaram as contratações. O curso foi finalizado e as indústrias têxteis do Ceará, conforme haviam acordado, ofereceram trabalho e carteira assinada. Todas as 400 novas profissionais não aceitaram a proposta para não perderem o Bolsa Família. Queriam ser “pagas por fora”, pois o programa do governo federal é, segundo elas, “pra sempre”.

Integrando os dois axiomas

Essa integração é bastante simples. Senão, vejamos: Seja GP um Governo Populista; QP, uma Quadrilha de Populistas; e PP, um Político Populista. Como todos os três são incompetentes na gestão pública e muitos deles são corruptos, deduz-se naturalmente que de nada valem e são idênticos, ou seja, GP = QP = PP = 0.

Axiomaticamente A0 = 1, se A ≠ 0, substituindo A por qualquer um dos três, conclui-se que: GP0 = 0; QP0 = 0 e PP0 = 0.

Em outras palavras, não temos governos, não temos legislativos, mas sofremos graves ameaças à qualidade do Judiciário, com o elevado risco de absolvição de boa parte dos condenados e apenados no processo do Mensalão.

Lideranças de QP reunidas

Algumas lideranças de QP reunidas. Fato raro de ser fotografado.

Cortinas de fumaça

Convivemos com sucessivas enganações do povo através de “cortinas de fumaça” populistas. Foram tantas que não temos memória para listar nem mesmo as ocorridas nos últimos dez anos. No entanto, é possível citar algumas “cortinas”.

A espionagem americana sobre países da América do Sul, com ênfase no Brasil: a ideia é fingir uma retórica firme contra o Governo Obama, fazer reuniões dos líderes sul-americanos “furiosos” e divulgar “ameaças” contra as agências de informação norte-americanas. E tudo isso não passa de retórica fraca, de “papo-furado”, pois são várias as potências mundiais que espionam as nações que as interessam, pelo menos desde que suas agências de inteligência foram criadas. Possíveis casos são Alemanha, Reino Unido, França, EUA, Rússia e China. Motivo: desviar a atenção dos milhões de manifestantes que seguem pelas ruas e praças do país pedindo reformas estruturais capazes de superar a crise econômica brasileira.

O famoso e falido plebiscito imposto pelo Governo Central à nação brasileira: além de um plebiscito totalmente fora de hora e propósito, o governo federal sugeriu cinco temas curiosos, achando que são suficientes – (i) o financiamento público ou privado das campanhas eleitorais, (ii) o voto proporcional ou distrital, (iii) a continuidade ou não do voto secreto no Congresso Nacional, (iv) o fim da suplência para senador e (v) o fim das coligações partidárias em eleições proporcionais (de vereador e de deputado). Qualquer cidadão brasileiro sabe muito bem as respostas para essas questões. E também sabe que elas não respondem aos protestos dos manifestantes autônomos. Motivo: o mesmo!, desviar a atenção dos milhões de manifestantes que pedem urgentes reformas públicas estruturais. Os temas “sugeridos” para o plebiscito chegam a ser patéticos diante das justas montanhas das demandas populares.

A necessidade de importar médicos cubanos e outros: a inteligência do governo federal diz que o quadro da saúde pública brasileira precisa de “investir” em mais médicos. E, segundo os “especialistas” do seu Ministério da Saúde, as faculdades brasileiras de medicina oferecem poucos médicos que, além disso, são médicos que não querem trabalhar no SUS. Uma boa mentira. Esta não é a realidade. O Sistema Único de Saúde encontra-se em estado lastimável, quase à beira da falência. Falta-lhe tudo – mais hospitais, sólidas instalações, mais espaço físico em suas unidades, todos os equipamentos essenciais, remédios, higiene e até mesmo gases para curativos. Com certeza, não serão milhares de “médicos importados”, mesmo que todos detivessem o Prêmio Nobel, que modificarão a péssima qualidade da saúde pública no Brasil. Motivo: justificar mais um particular “favorzinho monetário e pessoal” aos Irmãos Castro. Porém, como sempre, às custas dos impostos pagos por nossa gente.

A CPI do Cachoeira: iniciada em maio de 2012, decorrente da operação Monte Carlos, da Polícia Federal, tentava revelar “as íntimas relações do bicheiro Carlos Cachoeira com influentes políticos do Centro-Oeste, tanto da oposição como da base aliada”, bem como com o proprietário da empreiteira Delta, o Sr. Fernando Cavendish, dono do maior número de obras do “PAC – Plano de Aceleração do Crescimento”, governo federal. No entanto, esta CPI foi um tiro de canhão no pé de quem a “armou”. Em dezembro de 2012, o seu resultado foi um fiasco, pois o relatório final do relator foi rejeitado pelos participantes da comissão. Motivo: concordamos em parte com o que disse um jornalista em seu blog – “a CPI [do Cachoeira] que o PT criou para melar o processo do mensalão, para ‘pegar’ a imprensa, o STF, o procurador-geral e ministros do STF”. Em nossa opinião não foi uma iniciativa do PT, mas de uma de suas facções, radical e energúmena. E a questão não era apenas “melar o processo do mensalão”, iniciado em agosto de 2012, mas escondê-lo da sociedade brasileira. Contudo, perguntamo-nos: escondê-lo no buraco de quem, e qual seria o tamanho desta escavação?…

Agradecemos aos leitores que quiserem enviar para este blog outras “Cortinas de Fumaça” que estejam em sua lembrança.


[1] Na matemática, um axioma é uma verdade inicial da qual outros enunciados são logicamente derivados. Pode ser uma sentença, uma proposição, um enunciado ou uma regra que permite a construção de um sistema de equações formais. Axiomas não são derivados de princípios de dedução e nem demonstráveis por derivações formais, simplesmente porque constituem as “certezas básicas da lógica”.