Não estou a entender porra alguma


Simão-pescador, Praia das Maçãs.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

Desculpe-me as palavras, decerto inadequadas para algumas culturas. Mas, depois de receber em casa meu caro “Velho Sênior”, o melhor mal educado brasileiro que conheci na vida, percebi que, por vezes, devemos dar vazão até mesmo aos nossos piores impulsos subterrâneos.

Aliás, em minha opinião, trata-se de uma catarse essencial para pessoas da minha idade. Creio que todo ato espontâneo faz-nos viver poucos anos a mais. É como se fora um cálculo matemático, resultado de uma regra de três. A cada palavrão proferido vive-se por cerca de mais seis meses, como dizem daqui, os antigos pescadores das Maçãs.

Desde que o jovem Quincas instalou meu acesso à internet e ensinou-me a pesquisar sobre o Brasil – lembrem-se que tenho filhos que moram lá –, notei uma estranha mudança em meu comportamento. Sozinho na biblioteca, passei a falar palavrões em cada acesso que fazia às notícias brasileiras.

Aos poucos tenho notado as causas de minha mudança de humor. Nas revistas e jornais que fiz assinatura online, as principais notícias diárias são de extrema degradação: assaltos a bancos, assassinatos de pessoas, falência da segurança e da estrutura de ensino público, importação de 4000 médicos cubanos, precária infraestrutura na saúde pública e esquemas eleitoreiros desavergonhados.

Além disso, segundo as notícias da imprensa, governantes e políticos brasileiros cometem de tudo: desvio de verbas públicas, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, um tal de “crime de peculato”, “lavagem de dinheiro”, evasão de divisas e mais sei eu o quê. Trata-se de um degenerado salve-se quem puder.

Cá nas Maçãs, nós chamamos a todos esses delinquentes de ladrões, vagabundos ordinários que precisam habitar penitenciárias. Não perdemos nosso tempo a considerar sua família, procedência, partido político, nível de pobreza, poder de riqueza ou instituição em que fingem trabalhar. Vão todos diretos para a mesma prisão!

O quadro do mensalão, sem risco de dúvida, parece-me o que se pode chamar de “sorrateira ditadura progressiva”. E posso explicar: é um cenário onde indivíduos com graves patologias morais, desviaram os altos impostos pagos pela sociedade brasileira para “comprar e derrotar”, de maneira completamente absurda, qualquer resquício de democracia que ainda teimasse em existir no congresso brasileiro. Isso foi um crime de lesa pátria, crime hediondo contra a nação brasileira. Cadeia com eles!

Tenho assistido em “tempo real” o aparente processo final do julgamento dos mensaleiros. São onze juízes da Suprema Corte a debater recursos ditos legais pelo código penal brasileiro. Parece-me irreal quando vejo alguns juízes da própria corte a defender os acusados que já foram julgados e condenados, alguns por unanimidade! Por sinal, juízes de índole duvidosa para um leigo como eu. Juízes que deveriam, por questões éticas, considerarem-se impedidos de votar na ação penal 470. Mas não, votam e defendem descaradamente os condenados.

Devo dizer que, se piorar um pouco o quadro atual da justiça brasileira, notadamente em sua Alta Corte, o Brasil corre o risco de não condenar mais nenhum criminoso de colarinho-branco, fato que tem sido normal no Brasil. Ao contrário, no caso, todos os mensaleiros hão de receber bônus monetários pelo sucesso dos crimes que cometeram, através de “ladroagem em continuidade delitiva”.

2 pensamentos sobre “Não estou a entender porra alguma

  1. Está a parecer-me que a solução para que o político brasileiro melhore está na emasculação de toda a classe (pois não mais se reproduzirão). Vide sir ney, cabralia, os maia etc, nomes impróprios e por isto grafados em minúsculas.

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