Mineração na Idade do Bronze


Ricardo Kohn, Gestor do Ambiente.

A engenharia concebeu reservatórios e represas destinados a acumularem água e efluentes, tais como: (i) reservatórios de água tratada para distribuí-la à população; (ii) reservatórios de água in natura para geração de energia; (iii) reservatórios para tratamento de efluentes líquidos e pastosos [ETE – Estação de Tratamento de Efluentes]; e (iv) reservatórios de rejeitos da mineração [efluentes pastosos, não tratados].

Represas com estas finalidades têm funções distintas: três delas, para operarem da forma prevista, devem ter lâmina d’agua [ou de efluentes] elevada; enquanto as relativos à mineração, por questão de segurança hidráulica, precisam operar com volume limitado de efluentes [rejeitos, escórias pastosas].

Na ótica das pessoas minimamente civilizadas, observa-se que o saneamento básico e a geração de energia são os responsáveis pela qualidade da vida humana, por sua saúde e alimentação. Em outras palavras, água potável, efluentes tratados e geração de eletricidade são condições básicas para a sobrevivência do sapiens no planeta.

Todavia, qualquer reservatório precisa pelo menos de uma barragem para conter água ou efluentes. E a engenharia, com vista a alterar as forças do ambiente primitivo, constrói sólidas estruturas para armazenar matéria-prima [água] ou tratar os efluentes [domésticos e industriais].

No entanto, para que qualquer reservatório seja seguro – não se rompa com relativa frequência – são necessários complexos estudos de campo, de forma a garantir que, ao alterar as potentes forças do ambiente, suas barragens sejam projetadas em áreas geologicamente estáveis, ou seja: sobre rochas sólidas, sem acomodações do solo [sismos, induzidos ou naturais], capazes de suportar as barragens [engastadas em ombreiras].

Tragédia de Brumadinho, filha da incompetência amasiada com a corrupção

Todavia, em pleno século 21, as práticas da indústria minerária promoveram tragédias brutais no país. Os casos de Mariana e Brumadinho foram crimes repulsivos, com alta probabilidade de se repetirem em outras unidades da mineradora. A ser assim, pergunta-se: – “Onde foi parar a Engenharia de Minas brasileira”? – “Os engenheiros desta especialidade ainda aprendem a implantar medidas preventivas que reduzam seus altos riscos”?

Crê-se que não, com base nas tragédias citadas [crimes repulsivos], tudo indica que a Engenharia de Minas regrediu cerca de 5.000 anos, uma vez que adota processos e técnicas rudimentares, normalmente de elevado risco, típicos da Idade do Bronze.