O labirinto de Minotauro


Por Simão-pescador, da Praia das Maçãs.

Simão-pescador

Simão-pescador

A legislação brasileira é complexa e paquidérmica. Isto porque, desde sempre foi elaborada para impedir que qualquer cidadão comum entenda os dizeres de seus diplomas legais [1]. E, o que é ainda mais grave, saber quantos e quais cuidados precisa tomar para seguir a lei, em todas as “burocracias” que assina diariamente, durante toda a porra de sua vida.

Embora nascido bem aqui, na beira d’águas piscosas portuguesas, não tenho dúvidas que essa é uma das dezenas de podres heranças do império lusitano, largadas na Terra de Vera Cruz, desde de 1500, em troca das montanhas de ouro roubadas.

Todavia, preciso salientar que, cá em Portugal, a produção de leis nefastas vem a decrescer nos últimos 50 anos. Ao contrário, na “colônia vitalícia“, no mesmo período, foram paridas toneladas de leis absurdas, que servem tão-somente para atrapalhar a vida do cidadão brasileiro, agora “colonizado por falsa ideologia populista”.

Os caminhos legais no Brasil são cavernosos e apresentam situações difusas. A dizer, mostra trilhas desconhecidas às pessoas, verdadeiros labirintos. E ai daquelas que ousarem optar por alguma sem antes consultar um “advogado a preços extorsivos”. Caso queira testar o que afirmo, promova uma guerra campal contra um banco comercial. Ao fim, mesmo se demonstrar sua razão perante ao juiz, irá à bancarrota por ter perdido todas as batalhas.

Inúmeros caminhos legais cavernosos e desconhecidos

Inúmeros caminhos legais, cavernosos e desconhecidos

Outro facto que precisa ser muito bem observado são as “leis determinantes”. Tratam-se de textos legais que trazem imposições ideológico-arbitrárias, implantadas por governantes populistas, exímios mentirosos e, não raro, ladrões públicos insaciáveis. Observo ainda que, caso hajam permanecido muito tempo no poder, acham-se insuperáveis e eternos; tornam-se “porca eparafuso falanteda ditadura” que almejam comandar.

O povo de Pindorama [2] está a viver o momento crucial de sua história: ou permanece perdido no labirinto escuro de Minotauro, disposto a ter seu crânio devorado pela fera, ou, qual Teseu, levanta-se contra as barbaridades políticas que conduziram Pindorama ao desastre.

O ódio de Minotauro

O ódio de Minotauro

Ao que se sabe através da mídia internacional, Minotauro roubou tanto o erário público que, desesperado, para se ver livre da penitenciária futura, blefa de forma descarada e ameaça ao povo com seu “exército de marginais“. Em meu entender, por força do carisma com que distribui suas patranhas, deveria ser considerado “grave ameaça à segurança nacional” e conduzido para a prisão preventiva. De preferência, em uma ação pública do FBI brasileiro, transmitida ao vivo para o mundo.

Encerro aqui essa narrativa. Creio piamente que Minotauro sempre foi mais uma lenda de Pindorama. Tudo o que blasfemou durante sua vida, e ainda tagarela na atualidade, não é honesto e, muito menos, verdadeiro.

Afinal, seu fim está próximo. Ainda tenho fé na visão e na consciência do povo brasileiro, que, dentro da lei, conseguirá estripar qualquer “exército de marginais” e respectivos comandantes.

……….

[1] A expressão “diploma legal” possui um aspecto paradoxal, contraditório. De um lado, autointitula-se de diploma, documento que recebem os indivíduos que completaram o nível superior; de outro, o facto de que boa parte dos parlamentares que propõem as leis, que as debatem e que votam sua aprovação, são literalmente analfabetos funcionais. Pelo menos, parece-me ser assim no Brasil.

[2] Pindorama significa “Terra das Palmeiras”, nome que os indígenas da etnia Tupi davam às suas terras, antes da chegada dos portugueses, em 1500.

Feliz Século para todos!


Está-se a enfrentar a despedida de mais um ano, o Réveillon 2014-2015. Assim, é normal que se deseje Feliz Ano Novo ou Feliz 2015 a amigos e seus familiares.

No entanto, após deglutir o áspero e amargo 2014, este desejo, assim lançado ao ar, graças apenas a uma data, parece uma obrigação formal. Não contém o calor de um abraço. Soa ser, até mesmo, um ato de hipocrisia.

Pelo que a nação brasileira assistiu durante o ano de 2014, com surpreendentes processos de corrupção descobertos sucessivas vezes, “Feliz Retalhão 2014-2015” é mais compatível, embora retalhos sejam sobras. Mas não parece haver dúvida que o retalhão causará fortes tempestades em 2015.

Tempestades

Tempestades

De toda forma, a equipe deste blog deseja deixar Esperança de Felicidade a seus amigos e familiares. A maneira que encontra de crescer esta esperança é desejar Feliz Século a todos!

Ao longo de 100 anos, acredita-se que será possível sanear a ética e a moral brasileira, de forma definitiva.

Faça sua parte, trabalhe duro e acredite que você é parte da mudança

Faça sua parte, trabalhe duro e acredite que você é parte da mudança

Esse é o desejo de Zik Sênior, Simão-pescador, Cláudia Reis e Ricardo Kohn.

Chama de ‘sustentável’ que vende!


Virou anarquia, tudo ganhou o apelido de ‘sustentável’. A matraca dos mercadores, visando a valorizar os produtos que põem à venda, repete de forma incessante, feito gralha estridente:

─ “Se é economicamente viável, se é justo do ponto de vista social eecologicamente correto’, então, com certeza, é sustentável”. Será que é?

Dê bom-dia a qualquer um deles e sempre receberá de volta este desorganizado cardume de palavras. São treinados para isso.

Esta ilustração é anômala perante qualquer teoria

Esta ilustração é anômala perante qualquer teoria

Apenas para fins ilustrativos ocorrem estas ‘interseções’ entre ecológico, social e econômico. No mais das vezes, como argumento falacioso para vender qualquer coisa. No entanto, certos cursos ‘compraram’ essa ilustração para revende-la como técnica factível, em especial a pessoas que não conhecem os conceitos elementares de Ecologia, Economia e Sociologia. Todavia, foi dessa forma – a tratar verossímil como sinônimo de verdadeiro – que se criou no Brasil o supermercado do ‘Sustentável’ [1].

Esses ‘negócios‘ tornaram-se uma endemia em várias metrópoles do país. São Paulo e Rio lideram as ‘ofertas’, sobretudo, no setor imobiliário. O lançamento de prédios e casas em ‘condomínios sustentáveis’ chega a ser pândego, caçoa da inteligência das pessoas.

Ao chegar, o comprador (e sua família) vê um belo terreno terraplenado, sem obras, mas com um estande sofisticado para lançamento do condomínio. As maquetes são excelentes. Para insuflar a imaginação do comprador, há um apartamento com estrutura de gesso, finamente mobiliado e decorado. Afinal, gosto não se discute.

Apartamento de gesso e aflição

Apartamento de gesso e aflição

Mas sempre falta calor humano, por melhor que esteja montada a recepção de venda. Então, entra em cena, conforme ensaiado, a elegante corretora, cheia de calorias para mostrar as ‘coisas sustentáveis’. Do condomínio El Dorado, é claro.

Cria nobres imagens de ‘responsabilidade ambiental e social’ na cabeça do comprador, dá-lhe a sensação de poder, a chance única de adquirir um ‘imóvel sustentável’, construído sob medida para sua família. Isso é perfeito para o nouveau riche. Os machos dessa espécie chegam a ter ereções quando assinam o cheque da entrada do imóvel.

Por fim, a corretora afirma que o investimento tem excelente retorno e apenas ‘de início’ parece ser mais caro. “O que isso significa?”, pensa o comprador. E, a fingir que entendeu, responde surpreendido:

É verdade senhorita, de início, só parece…”.

……….

[1] Observe que as interseções intermediárias – suportável, equitativo e viável – estão com significados desconexos. Não respondem às pretensões do ‘ilustrador’.

Realmente, um fenômeno


Simão-pescador, Praia das Maçãs.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

Minhas preocupações com os descaminhos do Brasil avolumaram-se neste mês agosto. Estava eu entretido na biblioteca, lendo seriamente livros que narram como se deve tratar o Ambiente, quando, sobressaltado, recebi de chofre a notícia do acidente fatal que tragou a vida do jovem Eduardo Campos.

Pensei em escrever minha análise sobre os possíveis desdobramentos desse facto, dessa fatídica obra do acaso. Se é que assim ocorreu o acidente, ao acaso. Respirei fundo e segui caminhando pela praia até o mar. Precisava desanuviar meus pensamentos. Mas no momento em que molhei os pés na imensidão oceânica, bateu-me uma pergunta:

─ “Serei capaz de explicar o ocorrido através de uma teoria ambiental”? Conclui que sim. Ora pois, segue o texto que dedico a leitores mais críticos.

……….

Dizem certos expertos em Gestão do Ambiente que diversos fenômenos se manifestam e realizam seus impactos em função da ocorrência de pelo menos uma alteração no ambiente. Esta, por sua vez, no mínimo é fruto de uma intervenção direta sobre o ambiente. Da forma inversa, esses eventos são assim ordenados por essa teoria:

  • Uma Intervenção → gera Alterações → das quais decorrem Fenômenos.

Torna-se mais fácil entender essa sequência de eventos através de um exemplo. Têm-se um parque eólico em operação. Dentre suas intervenções, estão as torres, sistemas e pás que geram energia – os aerogeradores. Além da geração de energia limpa, uma alteração que decorre do giro das pás são os ruídos. E um dos fenômenos que é fruto dessa alteração é a evasão das aves silvestres mais sensíveis ao barulho.

Um parque eólico espanhol, erguido no século passado

Um parque eólico espanhol, erguido no século passado

A análise desse cenário conclui que as aves se afastam do parque por força do ruído dos aerogeradores (ou turbinas eólicas) e disso pode resultar a ocorrência de outros fenômenos no ambiente, além da evasão de aves. Exemplos: a variação de habitats preferenciais, a variação da competição entre espécies de aves, a atração de aves mais resistentes a ruídos, a atração de aves predadoras, a variação na cadeia trófica, etc.

Todas essas transformações que ocorrem no ambiente produzem impactos que se manifestam em cadeia, numa espécie de “rede de impactos” negativos e positivos. Resta ao bom analista averiguar, através de cálculos específicos, se é necessário tomar medidas para minorar os impactos negativos. Por exemplo, “eleger um gestor ambiental preparado para a direção colegiada do parque eólico“.

O facto é que esta teoria pode ser aplicada em diversos setores, em vários ambientes, inclusive no “ambiente político”. Em suma, ela possui capacidade para construir explicações sobre como se dá um processo de mudança, em vários assuntos do interesse das pessoas.

Embora no ambiente político os impactos sejam difusos e possam ser intangíveis, é possível identificar as relações de causa e efeito entre seus eventos geradores – intervenções, alterações e fenômenos, todos de natureza política.

Segue minha análise, ainda que superficial, da mudança do ambiente político brasileiro ocasionada pela queda do jato que, ceifou a vida de Eduardo Campos, de forma trágica.

A impactar a política brasileira

A primeira tarefa dessa análise é classificar o evento “queda do jato”: é uma intervenção, uma alteração ou fenômeno?

Parece-me que não constitui uma intervenção, pois nada acrescentou de concreto ao ambiente. Aliás retirou muito da ética e da moral do ambiente político. De outra feita, em meu entender, resulta de precárias e vergonhosas intervenções políticas efetuadas pelo governo central, durante os últimos 12 anos, com destaque para os quatro mais recentes (2010-2014).

Portanto, trata-se de uma alteração. Um manejo dramático do ambiente político do país, que acarretou fenômenos surpreendentes. Tal como se fora a descarga contínua de lodos políticos in natura na cabeça da sociedade civil brasileira, a degradar seu intelecto.

Em analogia aos exemplos relativos às aves, da queda do jato decorreram a atração de políticos predadores e intensas variações de sua cadeia trófica. A fome pelo poder é de tal ordem que o predador que emergiu da sombra não tem limites em seus discursos e sequer coerência com seu recente passado. Vislumbro uma pessoa agressiva, arrogante, inepta e inconsequente em suas “promessas palanqueiras”. E o mais grave, no palanque transfigura-se em vítima, e mesmo com ar de seriedade, a atora quase implora para que todos acreditem ser a única capaz de dirigir o país. É um ato enganoso, hediondo.

É este o quadro patético de sua representação teatral, pois, caso eleita, receberá o país em lastimável estado de recessão; como “nunca antes na história…”, já dizia o irresponsável. Não saberá o que fazer e continuará a discursar engôdos, sem qualquer resultado efetivo para a população e o Estado brasileiro.

Parece-me que o povo brasileiro ainda não se apercebeu que seus partidos políticos foram extintos no século XXI. Faz tempo que perderam sua utilidade imprescindível. Esse povo precisa votar em pessoas preparadas e não em partidos. Mas, acima de tudo, que sejam brasileiros com notória experiência em governança pública e realmente possam tirar o país da vala suja em que se viu atolado nos últimos 4 anos.

Todavia, quando tomei conhecimento das últimas pesquisas de votos fiquei assombrado, a ver fantasmas. Votar em qualquer uma das candidatas que lideram a pesquisa, a meu ver será loucura. Uma delas quer reeleger-se para fazer mais do que sempre fez: tudo errado. A outra nunca realizou algo de produtivo para o país, nem governou qualquer coisa. Votar em uma delas é equivalente a jogar roleta russa e apertar o gatilho do revólver até estourar os próprios miolos.

─ “Do you know how to play russian roulette?”

─ “No, I don’t

Pois este é o maior problema: votar com total ignorância da realidade, por impulso, por um átimo de emoção que desaparecerá no verão de 2015. Depois restará apenas o próprio sentimento de culpa, de ter auxiliado a eleger um enigma da irresponsabilidade pública. Realmente, é o fenômeno da burrice que se manifesta com intenso ardor…

Porrete e porretada


Zik Sênior, o eremita.

Zik Sênior

Zik Sênior

Fiquei espiritualmente abatido após retornar de Portugal, na minha estada com Simão e seus velhos amigos pescadores: Antonino, Nelo, Joaquim e pelo menos uns quatro Manuel.

Por outro lado, aos 104 anos de idade, sinto-me hoje rejuvenescido, pois creio que a mudança da paisagem, a amizade de leais amigos e os assados de peixe à beira da praia me fizeram bem à saúde. Preciso preserva-la com cuidado.

Ah! O mar a amanhecer um pouco cinzento, a brisa leve a pairar em volta de nós e o nascer do sol, são inescrutáveis em boas companhias. Deles resultam a tão sonhada eternidade.

Por fim, e sobretudo, ao ver-me liberto do Brasil, ainda que por pouco tempo, e a poder falar quase o mesmo dialeto de Portugal, a felicidade foi-me dupla. De um lado, fiz-me esquecer da corrupção lulo-petralha que presenciava no Brasil e, ao mesmo tempo, mergulhei no tempo das antigas praias portuguesas. Em verdade, a que me encontrava nem era antiga ou sequer portuguesa. Apenas uma praia do mundo, hoje situada naquele país. Se é que me entendem…

Ao acordar na manhã de retorno

Cheguei de navio ao porto do Rio, despachado como carga. Andei até o ponto de táxi mais próximo. Estava inebriado com a viagem oceânica de retorno e a bela manhã que se descortinava na cidade. Era ante véspera da primavera e o calor já se manifestava a afagar as matas. Foi a melhor recepção de flores futuras que alguém poderia receber.

Ao chegar em casa, minha caverna preferida, a viagem e os acontecidos não me saíam da cabeça. Em especial pela curiosa forma de falar de meus amigos portugueses. Por exemplo, quando queriam se referir ao ato de bater em algum lugar com uma ferramenta, falavam “passa cá o porrete, vou dar uma porretada aqui”.

Desfiz a mala, preparei um café forte e, ato contínuo, liguei a televisão. Sou do tempo da TV Tupi, a primeira do país, iniciada em 1950 e que hoje sequer existe. Naquela época era um meio criado para dar informações às pessoas. Hoje, com centos canais à cabo, é usada, sobretudo, para amestrar idiotas. Deixei-a ligada em fogo brando, mas optei pela pilha de jornais que encontrara à porta.

Folheei alguns e li certas manchetes. Só falavam sobre corrupção e outros crimes hediondos cometidos por políticos brasileiros. Logo me esqueci da Praia das Maçãs e das alegrias que vivi naquelas paragens. Tudo foi-me enfurecendo, a descontinuidade dos caminhos dos governos, os ultrajes da mentira deslavada e a impossibilidade de pegar um navio cargueiro e retornar às origens. Estava novamente aprisionado ao silêncio do fim da vida.

PorreteEscrevi uma carta para Simão, a pedir socorro, e convidei-o a vir ao Brasil. Vou aguardar a resposta. Enquanto isso, seleciono uns pedaços de pau-ferro no terreno dos fundos. Vou dar porrada na cabeça dos que concordam com a miséria em que meu país se transformou.

Tornei-me o justiceiro tardio, se é que me entendem.

A estreita trilha da ideologia


Na cumeada da serra a trilha é estreita. Mal dá para passar uma pessoa. Há penhascos ameaçadores em ambas as vertentes”.

Sejam de quais ordens forem as ideologias – de direita, de centro ou de esquerda; reacionárias, conservadoras, “progressistas” ou revolucionárias; idealistas ou oportunistas; políticas ou religiosas –, quase todas são trilhas estreitas que, sem deixar qualquer espaço, vitrificam a reflexão humana. São plenas de dogmas e postulados, a se tornarem doutrinas medievais, mas às vezes ainda aplicadas no século XXI.

Montanhas com estreitas trilhas na cumeada

Montanhas com estreitas trilhas e penhascos

Tudo o que for dogmático torna estúpidos seus seguidores; ficam amestrados, cegos, obcecados. Perdem os motivos e os meios para raciocinar. São carris, escravos de trilhos de ferro por onde são obrigados a trafegar. Uma vez ideologizados, não podem mais escolher os próprios destinos, dado que não lhes é permitido pela seita ou facção política a que se submetem. São menos livres ainda os que já nascem dentro de uma facção, sem escolhas da reflexão.

Logo em seguida, será esta mesma facção a que obedecerão cegamente, tal como múmias empacotadas. Somente poderão falar o que reza o texto de seu amestramento.

A questão mais complexa é que certos indivíduos inescrupulosos, não raro sem formação e desprovidos de significado social, após amestrados em cartilhas sumárias da seita, criam suas doutrinas particulares. Formam o que chamamos de “ciclo ideológico”, tentando amestrar seus seguidores neófitos. Por que e como será trilhada a linha da cumeada, nenhum deles permite que seus seguidores saibam.

Motivação das ideologias

Observa-se que este ciclo ideológico é milenar, mas com inúmeras variações de significado, amplitude e intensidade. Vários estudiosos, em diversos momentos da história, categorizaram as ideologias existentes. Para nossa visão, na história do século XXI, todas são classificáveis em três categorias:

  • As filosóficas, que têm origem na Grécia Antiga, portanto são ideologias imateriais, e se referem às formas do pensamento dos grupos sociais que refletem por si mesmos;
  • As manipuladoras, que têm origem nos tempos pós-modernos, portanto materialistas, e visam a iludir grupos de pessoas para que deem apoio às intenções e vontades de um único grupo, que é dominador, oligárquico e, muitas vezes, criminoso;
  • As oportunistas, que têm origem no mundo contemporâneo, portanto são hiper-materialistas, e possuem retóricas descabidas que enganam grupos sociais, populações, enquanto seus líderes, “dignos e inocentes propagandistas”, apoderam-se dos tesouros públicos.

Os pensadores da Antiguidade e da Idade Média entendiam “ideologia” como o conjunto de ideias e opiniões de uma sociedade. Porém, em 1801, o filósofo francês, Antoine Louis Claude Destutt cunhou o termo ideólogie. Na sua visão, era a Ciência das Ideias e dos estados da consciência humana.

No entanto, a partir da segunda metade do século 19, os ciclos ideológicos passaram a ser realizados em “salas de aula”. Nelas se formaram dois gêneros de ideólogos: os meros seguidores e os multiplicadores. Os “seguidores formados” seguem a balir pelo mundo, tal ovelhas inconsequentes. Já os multiplicadores, também chamados manipuladores, esforçam-se para continuar a realizar novos ciclos. Fica nítido de que se trata da “pirâmide dialética da mentira”, a qual aparenta a pretensão de ser eterna.

Ideologias do pós-Guerra

Compraram tickets de entrada para a IIa Guerra Mundial as seguintes ideologias: nazista, monárquica, comunista, socialista, fascista e capitalista. Após seis anos de pancadaria, muita coisa se transformou no planeta. A monarquia britânica virou creme de barbear capitalista. A ideologia comunista foi mantida à força no leste europeu. As nazista e fascista foram riscadas do mapa, embora ainda restem algumas migalhas nos porões da vergonha. Por fim, a ideologia capitalista começou a dominar o mundo, gostemos ou não.

Em suma, seguiram para a segunda guerra seis ideologias, porém, somente duas retornaram vivas. Mesmo assim, apenas até 1990, quando foi concluído o desmonte do muro de Berlim, dando fim ao comunismo instalado na Alemanha Oriental.

Em fins de 1991, a doutrina comunista sofreu decisivo abalo, pois sua maior força estava na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), quando foi dissolvida. Desta forma, sua ideologia ficou desguarnecida sem a ditadura do Partido Único e de seu Politburo. Retornou ao quadro de quinze Estados independentes.

Hoje, até mesmo países comunistas de maior expressão tornaram-se Capitalistas de Estado, “embora ainda restem migalhas em seus porões da vergonha”.

Ideologias do futuro

Realizar a previsão de cenários futuros é sempre uma tarefa complexa e arriscada. Ainda mais se estivermos falando da ideologia que futuramente poderá envolver o mundo. Não dissemos “dominar o mundo”, por que é provável que ela seja classificada como uma Ideologia Filosófica, na linha dos antigos pensadores gregos. Podemos explicar.

Vivemos a Era da Comunicação. Ela nasce com a internet, em 1990. Mas somente no século XXI inicia sua adolescência. Em fins de 2011, segundo a ONU, já havia mais de duas bilhões de pessoas do mundo com acesso à internet.

As redes sociais são responsáveis por grandes saltos do número de interessados em debates da atualidade. Essas redes estão a criar um novo tipo de ideologia, não imposto por seitas e partidos políticos. Cada vez mais o domínio da informação é popular, é público. Resta aos humanos alcançarem um nível de conhecimento mútuo, onde cada pessoa do planeta conheça grande parte das demais. Somente então estará espontaneamente criada a Ideologia da Comunicação, fruto das relações naturais entre pessoas. Sem Estados, líderes de seitas ou partidos políticos envolvidos.

Todos estaremos com a “bunda de fora”, ou melhor, com a “bunda na janela”, visível para a população mundial da internet. Por óbvio, bundas deverão estar limpas para que iniciemos a Era da Ética.

A transição da Ideologia da Comunicação para a da Ética somente se completará quando as informações tiverem alcançado um nível elevado de verdade, de limpeza e factualidade. Quando mentira e falsidade houverem sido incineradas. Esse é endereço ético e moral desejado pela civilização moderna: quem mentir ficará com a “bunda suja na janela” e será excluído pelos demais.