Cortinas de fumaça para crises estruturais


Há um axioma [1] da matemática que diz: “todo e qualquer o número A elevado a zero é igual a um, mas somente se A for diferente de zero”, ou seja → A0 = 1, se, e somente se, A 0.

Este é o axioma que permite uma série de cálculos e a manutenção da lógica quantitativa. Diríamos mesmo, a manutenção da História e da Filosofia Matemática. ─ Mas, pensem bem, existem axiomas políticos?

Cremos que há milhares de bilhões desses axiomas, pois há muitos milênios que as cabeças de políticos estupidamente sufragados os produzem diária e estoicamente, de acordo com seus interesses íntimos e particulares. Olhe, estamos a falar de incontáveis milênios!

De toda a feita, para nós basta apenas um axioma, criado pela sociedade mundial, o qual diz: “caso se tratem de políticos populistas, todos aqueles que ocuparem cargos eletivos são incompetentes e corruptos” ou seja, por analogia, → 0 + 0 = 0, com certeza política. Não valem que seja diferente de zero.

Vamos imaginar agora que sofremos com as ações de um Governo Populista, coalhado de Partidos ou Quadrilhas de Políticos da mesma laia, produzindo inúmeros novos axiomas, a que chamam de “propostas de emendas à constituição”, “projetos de lei” e “medidas provisórias”. Analistas de Ciência Política mostram que, em boa parte, são “axiomas” para suprir ganâncias pessoais e atender aos grupos que os financiam.

A primeira decisão populista deu-se com o surgimento do Programa Bolsa Família. Foi a mais estrondosa cortina de fumaça nacional nos últimos dez anos, aspergida sobre parte da população de brasileiros miseráveis. Vale dizer, constitui uma cópia mentalmente aleijada do projeto Bolsa Escola, criado pelo governo anterior.

O Bolsa Escola visava a manter crianças e jovens carentes nas escolas e estimular sua alfabetização, bem como aumentando as chances de sua posterior entrada no mercado de trabalho. Portanto, não era um “projeto eterno”. Havia uma boa estrutura de gestão implantada que permitia ao governo ter controle de todos os que eram beneficiados.

Já o Bolsa Família, da forma com que vem sendo utilizado, visa a garantir “votos de cabresto dos beneficiados” e, por falta de competência governamental, retira-os do mercado produtivo.

Há um caso que circula na internet desde 2010. Diz-se que o Governo do Ceará propôs ao Sindicato da Indústria Têxtil dar um curso para formação de 400 costureiras. O setor têxtil é forte na economia daquele estado. Mas havia apenas um detalhe. Todas as participantes do curso haveriam de estar recebendo o Bolsa Família. Coube ao SENAI realizar o curso. As indústrias confirmaram as contratações. O curso foi finalizado e as indústrias têxteis do Ceará, conforme haviam acordado, ofereceram trabalho e carteira assinada. Todas as 400 novas profissionais não aceitaram a proposta para não perderem o Bolsa Família. Queriam ser “pagas por fora”, pois o programa do governo federal é, segundo elas, “pra sempre”.

Integrando os dois axiomas

Essa integração é bastante simples. Senão, vejamos: Seja GP um Governo Populista; QP, uma Quadrilha de Populistas; e PP, um Político Populista. Como todos os três são incompetentes na gestão pública e muitos deles são corruptos, deduz-se naturalmente que de nada valem e são idênticos, ou seja, GP = QP = PP = 0.

Axiomaticamente A0 = 1, se A ≠ 0, substituindo A por qualquer um dos três, conclui-se que: GP0 = 0; QP0 = 0 e PP0 = 0.

Em outras palavras, não temos governos, não temos legislativos, mas sofremos graves ameaças à qualidade do Judiciário, com o elevado risco de absolvição de boa parte dos condenados e apenados no processo do Mensalão.

Lideranças de QP reunidas

Algumas lideranças de QP reunidas. Fato raro de ser fotografado.

Cortinas de fumaça

Convivemos com sucessivas enganações do povo através de “cortinas de fumaça” populistas. Foram tantas que não temos memória para listar nem mesmo as ocorridas nos últimos dez anos. No entanto, é possível citar algumas “cortinas”.

A espionagem americana sobre países da América do Sul, com ênfase no Brasil: a ideia é fingir uma retórica firme contra o Governo Obama, fazer reuniões dos líderes sul-americanos “furiosos” e divulgar “ameaças” contra as agências de informação norte-americanas. E tudo isso não passa de retórica fraca, de “papo-furado”, pois são várias as potências mundiais que espionam as nações que as interessam, pelo menos desde que suas agências de inteligência foram criadas. Possíveis casos são Alemanha, Reino Unido, França, EUA, Rússia e China. Motivo: desviar a atenção dos milhões de manifestantes que seguem pelas ruas e praças do país pedindo reformas estruturais capazes de superar a crise econômica brasileira.

O famoso e falido plebiscito imposto pelo Governo Central à nação brasileira: além de um plebiscito totalmente fora de hora e propósito, o governo federal sugeriu cinco temas curiosos, achando que são suficientes – (i) o financiamento público ou privado das campanhas eleitorais, (ii) o voto proporcional ou distrital, (iii) a continuidade ou não do voto secreto no Congresso Nacional, (iv) o fim da suplência para senador e (v) o fim das coligações partidárias em eleições proporcionais (de vereador e de deputado). Qualquer cidadão brasileiro sabe muito bem as respostas para essas questões. E também sabe que elas não respondem aos protestos dos manifestantes autônomos. Motivo: o mesmo!, desviar a atenção dos milhões de manifestantes que pedem urgentes reformas públicas estruturais. Os temas “sugeridos” para o plebiscito chegam a ser patéticos diante das justas montanhas das demandas populares.

A necessidade de importar médicos cubanos e outros: a inteligência do governo federal diz que o quadro da saúde pública brasileira precisa de “investir” em mais médicos. E, segundo os “especialistas” do seu Ministério da Saúde, as faculdades brasileiras de medicina oferecem poucos médicos que, além disso, são médicos que não querem trabalhar no SUS. Uma boa mentira. Esta não é a realidade. O Sistema Único de Saúde encontra-se em estado lastimável, quase à beira da falência. Falta-lhe tudo – mais hospitais, sólidas instalações, mais espaço físico em suas unidades, todos os equipamentos essenciais, remédios, higiene e até mesmo gases para curativos. Com certeza, não serão milhares de “médicos importados”, mesmo que todos detivessem o Prêmio Nobel, que modificarão a péssima qualidade da saúde pública no Brasil. Motivo: justificar mais um particular “favorzinho monetário e pessoal” aos Irmãos Castro. Porém, como sempre, às custas dos impostos pagos por nossa gente.

A CPI do Cachoeira: iniciada em maio de 2012, decorrente da operação Monte Carlos, da Polícia Federal, tentava revelar “as íntimas relações do bicheiro Carlos Cachoeira com influentes políticos do Centro-Oeste, tanto da oposição como da base aliada”, bem como com o proprietário da empreiteira Delta, o Sr. Fernando Cavendish, dono do maior número de obras do “PAC – Plano de Aceleração do Crescimento”, governo federal. No entanto, esta CPI foi um tiro de canhão no pé de quem a “armou”. Em dezembro de 2012, o seu resultado foi um fiasco, pois o relatório final do relator foi rejeitado pelos participantes da comissão. Motivo: concordamos em parte com o que disse um jornalista em seu blog – “a CPI [do Cachoeira] que o PT criou para melar o processo do mensalão, para ‘pegar’ a imprensa, o STF, o procurador-geral e ministros do STF”. Em nossa opinião não foi uma iniciativa do PT, mas de uma de suas facções, radical e energúmena. E a questão não era apenas “melar o processo do mensalão”, iniciado em agosto de 2012, mas escondê-lo da sociedade brasileira. Contudo, perguntamo-nos: escondê-lo no buraco de quem, e qual seria o tamanho desta escavação?…

Agradecemos aos leitores que quiserem enviar para este blog outras “Cortinas de Fumaça” que estejam em sua lembrança.


[1] Na matemática, um axioma é uma verdade inicial da qual outros enunciados são logicamente derivados. Pode ser uma sentença, uma proposição, um enunciado ou uma regra que permite a construção de um sistema de equações formais. Axiomas não são derivados de princípios de dedução e nem demonstráveis por derivações formais, simplesmente porque constituem as “certezas básicas da lógica”.