Dicotomia e conflitos


Ricardo Kohn, Aprendiz de Filósofo.

Dicotomias são pontos-de-vista extremos e opostos, não raro, a motivar conflitos entre os atores. Porém, para a lógica, constituem a divisão da opinião sobre um dado assunto em Conflitoduas posições antagônicas. Dessa forma, embora pouco esclareçam em si mesmas, pelo menos mostram a envergadura dos conflitos, dado que focalizam o assunto através de seus cenários extremos. Desse modo, são opiniões em choque, formuladas nos limites em que o assunto pode variar. De outra forma, basta um ator dizer “sim” que o outro retruca, de pronto: “nunca”! Veja exemplos:

  • Vamos seguir “em frente” – Não; precisamos “voltar já”, imediatamente!
  • Sempre fui “conservador” – Sou um “furioso progressista”.
  • Julgo com base na “letra da lei” – Sempre julgo de acordo com meus “interesses particulares”.
  • Gosto da “economia de livre mercado” – Tenho certeza que o “comunismo” é muito melhor.
  • Voto com a “extrema direita”! – Luto pela “esquerda radical”!

Estes são os “falastrões dicotômicos”, ineptos para refletir e ponderar sobre qualquer coisa. Escutam apenas a si próprios, surdos a qualquer visão argumentada. Afinal, consideram-se proprietários exclusivos do que chamam “razão absoluta”.

Neste primeiro quarto de século, observa-se que esse fenômeno pode tornar-se global, a assumir proporções inacreditáveis nas esferas do poder em certos países. Há quem especule tratar-se de patologia grave, transmitida por “picadas de mosquito”. Decerto, não acontece assim. A transmissão ocorre pela ausência de valores básicos desses atores: ética, moral, respeito aos bens públicos e privados.

Todavia, no Brasil seu vírus maligno foi infestado por meio da espetacular corrupção pública e da total insegurança dela derivada. Esse cenário explica-se de forma evidente: provem do embate sistemático entre quadrilhas sofisticadas, tanto de políticos ladrões, quanto de traficantes de drogas. Ao centro, encontra-se a sociedade brasileira: humilhada, oprimida e quase subjugada. Mas acalmem-se, a desfaçatez do Carnaval começa amanhã!