Ricardo Kohn, Gestor do Ambiente.
Há anos observamos a insistência de alguns autores de trabalhos técnicos sobre o Ambiente (Environment) utilizando o conceito da Sustentabilidade, quando fazem suas análises e desenvolvem projetos. Costumam converter este conceito no adjetivo “sustentável”, sem qualquer cerimônia. E o fazem porque possuem uma premissa conceitual que, a nosso ver, é um engano. A partir dai desenvolvem suas propostas, onde tudo se torna sustentável, como num passe de mágica – empresas, veículos, casas, bairros, cidades, construções, shows e eventos tornam-se coisas sustentáveis.
Em nossa visão teórica conceituamos: “Ambiente é qualquer porção da biosfera que resulta de relações físicas, químicas, biológicas, sociais e econômicas [relações ambientais], catalisadas pela energia solar, mantidas pelos fatores ambientais que a constituem (Ar, Água, Solo, Flora, Fauna e Homem). Todas as porções da biosfera são compostas por distintos ecossistemas, que podem ser aéreos, aquáticos e terrestres, bem como podem ser observados segundo seus elementos físicos, bióticos e antropogênicos”.
Desta forma, qualquer empresa, a partir do momento em que é criada, passa a fazer parte do Ambiente que impacta, na qualidade de elemento do seu espaço antropogênico. O que se deve esperar desta empresa é que ela possua o melhor “Desempenho Ambiental”. E, para isso, será gerida com base em diretrizes que visem a minimizar seus impactos adversos sobre o Ambiente. Porém, ela nunca deverá ser chamada de “empresa sustentável” ou empresa com sustentabilidade, mas empresa com desempenho ambiental adequado.
A Sustentabilidade é um atributo próprio do Ambiente. E ele se mantém sustentável desde que as empresas e outras atividades humanas nele residentes apresentem desempenho ambiental adequado e controlado. Lembrem-se de que o Homem foi o último dos fatores ambientais a surgir no planeta e que o Ambiente ainda mantinha a posse de sua sustentabilidade nativa, original.
Agora precisamos introduzir mais um elemento básico nesta discussão: os recursos naturais não renováveis. São retirados do Ambiente pelas empresas que geram produtos e os oferecem aos clientes, através do mercado consumidor. Todos esses recursos são finitos e têm dia e hora precisos para serem extintos no planeta – petróleo, metais, terras raras e algumas classes de solos, por exemplo, que são os fundamentos da produção de empresas humanas, deixarão de existir. E todas elas, então impedidas de continuarem a produzir, haverão de mudar suas missões e atividades, precisarão “trocar de ramo” nos seus negócios. Como fazer para adiar este fato irrevogável?
Exploração de Terras Raras
Assim, entram em cena os governos das nações. Mais do que simplesmente redigirem políticas, precisarão implanta-las: (i) política de redução de suas demandas por recursos naturais; (ii) política para redução de seus tamanhos, que acarretam tributos e encargos exagerados para poderem ser mantidos; (iii) política de responsabilidade empresarial que, uma vez atendida, reduza ainda mais impostos e encargos incidentes; e (iv) política séria e abrangente para a educação e a saúde.
Esses temas deveriam estar sendo negociados na Rio+20 a partir de conceitos adequados e passíveis de criar processos de gestão realizáveis. Chamamos ao contexto acima apresentado de reeducação do capitalismo planetário, diverso do que temos visto até então, impresso na consciência do ser humano desde o seu nascimento.
É preciso reeducar o capitalismo