Enfim, o Relatório Final da Rio+20


Enfim, conseguimos (no “mercado negro”) o Relatório Final da Rio+20…

O “Futuro que Desejamos“, relatório final do evento da ONU (“The Future We Want”), subtitulado “Our Commom Vision”, pode ser lido na íntegra no link Relatório final da Rio+20. Clique duas vezes sobre esse arquivo pdf, sem timbre de qualquer entidade, e tome conhecimento do que foi consensuado e decidido pelos chefes-de-estado, bem como — e acima de tudo —,  do que sequer foi considerado pelos estadistas presentes a Rio+20.

A maior vítima da crise econômica mundial é o Ambiente do planeta. Após dispêndios relativamente elevados, a ONU aprova uma “carta cheia de boas intenções”. Plano de Ação, que é bom e todos nós realmente desejamos, ficou para ser bolado a partir de 2015. Pergunta-se: até lá quantos morrerão de fome, na miséria absoluta, e nas guerras que não param de tirar capital das prioridades mundiais?!

Prato vazio

Sistemas de Melhoria do Desempenho Ambiental – SMDA


Muitas das tecnologias adotadas nas organizações, desde a etapa de seus projetos de engenharia, são corporificadas através de sistemas destinados à melhoria do seu desempenho ambiental. Parte desses sistemas demanda investimentos em obras civis e parte constitui apenas processos e procedimentos.

Quando se tornam sistemas necessários à estabilidade do ambiente, os custos relativos à sua implantação, operação e manutenção, além de incrementarem o valor das organizações, certamente serão menores do que as despesas derivadas de suas ausências.

Em síntese, estes sistemas derivam do conjunto das diretrizes ambientais estratégicas de organizações, das quais podem decorrer as seguintes assertivas:

  • A organização tratará adequadamente todos os resíduos e efluentes que produz, observando as condições e as consequências de seus destinos;
  • A organização proporcionará condições para o reuso de recursos ambientais, observando quais os materiais são inservíveis e suas possíveis reutilizações;
  • A organização proporcionará condições adequadas para a reciclagem de materiais, produtos inutilizados e embalagens;
  • A organização otimizará todos os efeitos adversos que produz e que possam afetar a qualidade de vida em sua área de influência, sobretudo de sua vizinhança;
  • A organização minimizará ou eliminará interferências de ordem física nas atividades de sua vizinhança;
  • A organização capacitará recursos humanos e multiplicadores, tanto internos quanto externos, em temas de interesse ambiental;
  • A organização garantirá a segurança de seus processos construtivos e produtivos, bem como da operação de suas unidades constituintes;
  • A organização realizará controles e reabilitações ambientais dos ecossistemas de sua área de influência;
  • A organização divulgará exata e corretamente somente o que faz bem feito.

Para cada uma destas assertivas correspondem Sistemas de Melhoria do Desempenho Ambiental (SMDA). Os nomes e títulos não são relevantes neste momento. Assim foram nomeados para que o leitor tenha a exata compreensão dos exemplos de sistemas que impactam de maneira positiva cada uma das assertivas e, consequentemente, o desempenho da organização.

Nem todas as organizações produtivas e equipamentos urbanos necessitam possuir todos os SMDA apresentados. Contudo, alguns são básicos e necessários a qualquer organização. Mas, com certeza, o conjunto dos sistemas considerados é capaz de proporcionar economias expressivas e tem alavancado méritos e sucessos empresariais.

O Palácio de Cristal, em Curitiba, e diretrizes ambientais atendidas

O Palácio de Cristal, em Curitiba, e diretrizes ambientais atendidas

Todos os sistemas podem ser próprios ou terceirizados. O que importa não é a propriedade de quem os opera, mas a garantia de que seus efeitos sejam benéficos à qualidade ambiental da área de influência considerada e à qualidade do desempenho da organização que os implanta. Seguem exemplos de SMDA já implantados com em diversas organizações.

1. Resíduos e efluentes
Assertiva: Tratar adequadamente todos os resíduos e efluentes produzidos.

A maioria desses sistemas é comum nas maiores organizações, sobretudo os de água, esgotos, drenagem pluvial (sistemas públicos) e separação de óleo-água. A gestão de resíduos, escórias e descartes industriais e os processos de incineração, no mais das vezes são (parcial ou totalmente) terceirizados. Seguem exemplos desses sistemas.

  • Sistema de coleta, tratamento e esgotamento de efluentes líquidos;
  • Sistema de coleta e tratamento de efluentes gasosos;
  • Sistema de captação, tratamento e distribuição de água;
  • Sistema de coleta e drenagem de águas pluviais;
  • Sistema separador de óleo e água;
  • Sistema de gestão de resíduos sólidos;
  • Sistema de gestão de escórias e rejeitos (processos e procedimentos para descartes não reutilizáveis);
  • Sistema de incineração.

2. Reuso de recursos
Assertiva: Proporcionar condições para o reuso de recursos ambientais.

São sistemas que geram economias de recursos naturais e beneficiam processos produtivos. Em sua maior parte são sistemas próprios, integrados às unidades produtivas da organização, a saber:

  • Sistema de tratamento e reuso da água;
  • Sistema de geração de energia solar;
  • Sistema de geração de bioenergia;
  • Sistema de reuso de escórias e descartes.

3. Reciclagem
Assertiva: Proporcionar condições para reciclagem de descartes, escórias, resíduos, produtos inutilizados e embalagens.

Com exceção das organizações dedicadas a algum tipo de reciclagem, esses sistemas são terceirizados. Nas demais organizações existem apenas procedimentos de coleta seletiva e o envio do material para empresas de reciclagem.

  • Sistema de reciclagem de metais;
  • Sistema de reciclagem de plástico;
  • Sistema de reciclagem de papel;
  • Sistema de reciclagem de vidro;
  • Sistema de reciclagem de lâmpada fluorescente;
  • Sistema de reciclagem de material e sucata eletrônica;
  • Sistema de reciclagem de bateria (de lítio, níquel-cádmio e outras não recarregáveis).

4. Qualidade ambiental da vizinhança
Assertiva: Otimizar efeitos adversos à qualidade de vida da vizinhança da organização.

São sistemas dedicados à saúde no trabalho, que também beneficiam a qualidade de vida da vizinhança da organização. Normalmente não são terceirizados. Envolvem procedimentos e eventualmente projetos e obras de engenharia.

  • Sistema de monitoração e controle de ruídos e vibrações;
  • Sistema de monitoração e controle da geração de particulados;
  • Sistema de monitoração e controle da emissão de gases e odores;
  • Sistema de monitoração e controle da emissão de radiação e calor.

5. Redução de interferências
Assertiva: Reduzir interferências em atividades da vizinhança.

No mais das vezes são sistemas de procedimentos específicos, que envolvem a redução de ruídos, odores e dos efeitos da iluminação, bem como a melhoria do relacionamento com as pessoas e a sinalização para movimento de veículos, máquinas e equipamentos.

  • Sistema de controle de transporte e recebimento de carga;
  • Sistema de operação de máquinas e equipamentos;
  • Sistema de procedimentos para estacionamento de veículos em geral;
  • Sistema de sinalização;
  • Sistema de relacionamento com comunidades.

6. Capacitação de recursos humanos
Assertiva: Capacitar recursos humanos e multiplicadores em temas de interesse ambiental, de segurança e da saúde no trabalho.

Da mesma forma, são sistemas de procedimentos e processos de treinamento e capacitação de pessoas, atendendo a públicos internos e externos.

  • Sistema de treinamento de funcionários e subcontratados;
  • Sistema de treinamento externo;
  • Sistema de comunicação social.

7. Segurança
Assertiva: Garantir a segurança de unidades produtivas e de seus processos.

São sistemas de procedimentos, com finalidades de segurança e saúde no trabalho.

  • Sistema de manutenção de máquinas e equipamentos;
  • Sistema de calibração de máquinas e equipamentos;
  • Sistema de pronta-resposta a incidentes e acidentes;
  • Sistema de pronta-resposta a emergências.

8. Reabilitação ambiental
Assertiva: Realizar controles e reabilitações ambientais.

Estes sistemas são dedicados a organizações produtivas e unidades de infraestrutura que ocupam grandes áreas, tais como usinas hidrelétricas, rodovias, linhas de transmissão, polos petroquímicos, polos industriais, aeroportos, siderúrgicas e mineradoras, dentre outras.

Suas finalidades são os processos de monitoração das transformações ambientais ocorrentes, bem como a realização de controles, quando necessário e possível, e, por fim, executar intervenções para reabilitar áreas alteradas.

Seus instrumentos básicos são os seguintes:

  • O processo de monitoração das transformações ambientais ocorrentes;
  • A realização sistemática de controles ambientais; e
  • As intervenções físicas adequadas para reabilitar áreas alteradas.

Estes instrumentos constituem sistemas integrados de monitoração, controle e reabilitação de áreas alteradas.

9. Divulgação
Assertiva: Divulgar exata e corretamente somente o que faz bem feito.

Estes sistemas podem ser internos e/ou terceirizados. Sugere-se, sempre que possível, que sejam internos, com marketing e propaganda terceirizados. Mas toda a atenção é pouca a esta assertiva. É visível e notório que grande parte das publicidades, anúncios e propagandas não divulgam corretamente o produto ou serviço oferecido. Dubiedade e excessos não são posturas adequadas. “Divulgar exata e corretamente somente o que faz bem feito” talvez seja a mais estratégica das assertivas enunciadas. Precisa fazer parte da cultura organizacional para não se tornar apenas uma “ordinária maquiagem de desenvolvimento sustentável”.

  • Sistema de imprensa e marketing;
  • Sistema de relacionamento institucional.

A estrutura conformada pelas assertivas e seus respectivos sistemas é uma das possíveis estruturas dos SMDA. Cada organização decerto desenvolve e implanta a estrutura que lhe é peculiar. É isso o que importa exatamente: possuir e conhecer seus próprios sistemas, divulgando-os dentro e fora de sua organização. Mas, além disso, é fundamental possuir esta documentação pronta, atualizada e revisada, de sorte a responder a demandas ambientais do setor público.