Só pra quem não gosta de ler…


Só pra quem não gosta de ler…

Dizem que os brasileiros são tão apressados que nunca têm tempo para ler. Dos jornais só leem as manchetes e os encostam na pilha ao lado… Revistas?! O que são revistas?… Passam os olhos sobre o índice, procuram desesperadamente uma entrevista (somente quando vão ao banheiro) e ficam com raiva do jornalista entrevistador, que tornou a conversa tendenciosa, dirigindo-a na direção que ele desejava. “… e andam” para o entrevistado e suas opiniões: “retrógradas”, ultrapassadas e por demais ortodoxas.

Só temos uma coisa a considerar. Não há qualquer motivo para a pressa. Ler não prejudica. Tanto é verdade que o baixinho da foto leu tanto que já fala até persa, e sabe diferenciar tranquilamente Tajiquistão, Uzbequistão, Turcomenistão e Azerbaijão, de Ondéquistão.

Minha cara pra quem não gosta de ler…

Os violentos impactos da mineração


Instaladas e operando no Brasil, têm-se diversas empresas de mineração: a Alumina do Norte do Brasil, a Anglo American do Brasil, a Açominas, a Ferrous Resources do Brasil, a MMX Mineração e a Vale SA, dentre outras. Os processos de exploração de lavras geram muitos empregos e via de regra apresentam lucros bastante elevados a seus acionistas. Por outro lado, causam graves impactos adversos ao ambiente, em especial em suas áreas de intervenção, as chamadas “áreas de impacto”. Conclui-se que o dito “desenvolvimento sustentável”, conforme a ONU teoriza, simplesmente não existe.

Mas fica-se apenas na exploração do minério de ferro, que se encontra na pauta da mídia neste momento, de propriedade da Anglo American[1], na Região da Mata mineira.

Lavra de minério de ferro em Conceição do Mato Dentro

Esta exploração de ferro é propriedade de “um dos maiores grupos de mineração e recursos naturais do mundo, com operações na África, Europa, América do Sul e do Norte, Austrália e Ásia, (…) e gerando cerca de 107 mil empregos em todo o planeta” (copiado do site da Anglo American do Brasil, com grifo nosso).

Para ter-se uma ideia do que esse grupo possui no Brasil citam-se dados incompletos do mesmo site:

  • Mina de minério de ferro e unidade de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, em Minas Gerais [Providencialmente, esqueceram-se de citar as barragens de rejeitos tóxicos e perigosos, sempre associadas às unidades de beneficiamento do ferro].
  • O maior mineroduto do mundo com 525 km de extensão, que atravessa 32 municípios mineiros e fluminenses”.
  • 49% do terminal de minério do Porto de Açu, em parceria com outra mineradora, localizado em São João de Barra, no Rio de Janeiro”.

A questão que se apresenta é a seguinte: o Brasil deve ou não explorar seus estoques de ferro e de petróleo (óleo e gás)? Deve-se fechar todas as mineradoras e petroleiras?

Sería pouco inteligentes (estúpidos) concordar em impedir a operação dessas empresas no território brasileiro. A economia, mesmo em sua atual fase de contração, depende muita destas empresas. A economia brasileira quebra sem a operação dessas e de outras milhares de empresas.

No entanto, será inteligente demonstrar ao governo brasileiro que precisa determinar que todas as indústrias extrativas que operam no país, possuam e implantem planos eficientes de gestão e controle ambiental de suas jazidas (em terra e no mar). Que emitam relatórios mensais de desempenho para o órgão ambiental fiscalizador. Vejam bem, somente um órgão (no caso, o Ibama) e não vinculado ao Ministério Público.

Seguem algumas das medidas que consideram-se essenciais para a implantação dessa proposta:

  • Consolidar um único processo formal de licenças ambientais para empreendimentos destas naturezas, com termos de referência objetivos, sem exageros acadêmicos.
  • Informatizar esse processo na internet, tornando-o transparente para toda a nação.
  • Treinar as equipes do órgão público responsável pela emissão das licenças.
  • Treinar as equipes de fiscalização das jazidas e análise dos relatórios de desempenho das empresas.
  • Tornar público esse processo de ações, sem cometer exageros publicitários.
  • Manter os órgãos ambientais públicos abertos às considerações de cidadãos brasileiros.
  • Determinar que o Ministério Público se restrinja à sua área de competência, ou seja, à análise e aprovação do Relatório de Conformidade Legal do projeto do empreendimento.
  • Não permitir que o Ministério Público possua equipe ambiental própria, casse licenças e modifiquem termos de referência de estudos ambientais, a menos do item de conformidade legal.

Todavia, estas medidas restringem-se à conservação da flora e da fauna silvestres. Isto significa que litosfera (rochas), hidrosfera (cursos d’água) e antroposfera (seres humanos) não foram contempladas. Qual seria o motivo desse esquecimento?

Simples: para reduzir o custo das mineradoras, as barragens de rejeitos são construídas com o próprio solo local, que é gratuito.

No entanto, não se deve esquecer que sua erosão é diária e constante; não há como interrompe-la. Aliás, a Engenharia de Minas demonstra o que fazer para que estas barragens não rompam, não causem tragédias desmedidas; sobretudo, quando existem cidades situadas a jusante das milhares de toneladas de rejeitos tóxicos que jorram de uma barragem rompida. Por óbvio, destroem a tudo, inclusive os cidadãos que estiverem em seu caminho.

Diz a engenharia: “Basta monitorar a barragem de rejeitos em tempo real, com o uso de sensores modernos que indicam movimentos do solo, bem como câmeras que transmitam imagens locais para a central de segurança da mineradora“. Obviamente, um programa sistemático de manutenção da barragem é fundamental.


[1] “Criada em 1917, com minas da África do Sul, a Anglo American possui operações nos cinco continentes, opera em mais de 20 idiomas e gera cerca de 107 mil empregos. O lucro operacional da Anglo American em 2009 foi de US$ 5.0 bilhões”. Fonte: Site da Anglo American.

Reconstrução


Pode ser uma de pequena casa de madeira, de um povoado ou de uma cidade inteira. De qualquer forma, reconstruir começa por uma completa vistoria técnica do objeto de interesse, uma grande folha de papel em branco sobre a prancheta e muito, muito planejamento. Nada de interesses pessoais ou políticos. Anexar pitadas de criatividade e  imaginação são sempre bem-vindas.

Delicadeza para reconstruir, por H. Hugh Miller

Talvez estejam documentados todos os esforços para a reconstrução das cidades europeias após a 2ª Guerra Mundial. Ou, na atualidade, das cidades japonesas destruídas por eventos ambientais violentos. Os resultados positivos a que chegaram os reconstrutores em ambos os casos deveram-se ao completo domínio das práticas de trabalho, à convergência de esforços entre os trabalhadores e à disciplina para atender aos alvos, nos prazos estabelecidos pelo plano de reconstrução.

Cidade destruída por terremoto e tsunami

A velocidade japonesa na reconstrução

Não há dúvida de que estes são casos extremos que foram superados. Mas, é exatamente sobre estes quadros que devemos refletir e questionar: o que falta na “reconstrução” da cidade do Rio de Janeiro?

Deixamos aos leitores a resposta a esta indagação, que permanecerá como chaga aberta em várias partes do corpo da cidade até 2016.