Japuíra ou Xexéo


O Japuíra

Uma ave chamada Japuíra; ou Xexéo

Pássaro comum na parte norte do Pantanal. Contudo, na região de Miranda ocorre outra ave relativamente parecida aos olhos dos leigos: o japuguaçu.

Japuguaçu

Mas, o japuíra é bem menor do que ela e seus voos e pousos noturnos, entre maio e julho, são realizados por bandos de japuíra, na escala de muitas dezenas. Ave inconfundível por sua mescla de negro e amarelo na plumagem.

O japuíra e seu território

Os machos são maiores do que as fêmeas em cerca de um terço. Durante o período de reprodução (julho a janeiro), cada macho estabelece algumas folhas de bocaiuva como seu território e canta seguidamente. Quando as fêmeas se aproximam aumenta a excitação do macho, que arqueia o corpo e eriça as penas amarelas das costas. Nos adultos os olhos são azuis piscina, enquanto as aves juvenis possuem olhos marrons e saem dos ninhos com plumagem cinza escuro.

A dinâmica de nidificação é igual à do japuguaçu, com os machos iniciando a trama de amarração do ninho, enquanto as fêmeas fazem a maior parte do trabalho de tecer o ninho-bolsa com fibras de palmeira. O macho segue-a na busca pelas fibras, voando e cantando seguidamente. A construção dos ninhos e a postura ocorrem desde julho até princípios de dezembro, permitindo ao macho estabelecer o seu harém sem problemas.

Árvore cheia de ninhos de japuíra

Possuem um canto próprio, com notas dobradas e assobios. No entanto, imitam um sem-número de outras aves. Cada macho possui seu próprio repertório de imitações e as usa seguidamente, desde o clarear até o escurecer, cantando no alto da folha de bocaiuva onde está alojado o seu harém. Ninhos novos possuem a palha esverdeada e, à medida que secam, ficam amarelados.

Suas colônias são feitas no meio das matas ciliares e matas secas, embora procurem ativamente locais próximos a casas para nidificar. As colônias chegam a ter uma centena de ninhos ativos, com um intenso vai-e-vem das aves trazendo material ou alimentação para os filhotes.

Apesar do número, não se defendem mutuamente dos predadores e um tucano saqueia com tranquilidade os ninhos, enfiando o bico nos buracos ou rasgando as palhas, sem que as japuíras o ataquem em grupo.

Após a reprodução, torna-se uma ave de difícil detecção durante o dia, movimentando-se por grandes áreas em busca de invertebrados, frutos e flores, onde apanha néctar com o longo bico.

Opinião sobre os resultados da Rio+20


Analisar a qualidade de uma cúpula envolvendo representantes de 188 países (informe da mídia), debatendo sobre um mesmo tema, durante dez dias, é diferente de analisa-la após seu término, quando saem seus resultados finais, documentados.

Muitos falam dos resultados frágeis, dos retrocessos, das eternas condicionantes adotadas a título de precauções, da falta de comprometimento (consensuada pelos países presentes), enfim, das várias medidas de relevo para o desenvolvimento dito sustentável que não foram contempladas pelo relatório final: “O futuro que queremos”.

Para sermos sinceros, não encontramos meios de obter este relatório e acreditamos que muitos dos críticos, publicados pela mídia, também o desconhecem. É certo que em algum momento ele irá aparecer na internet. Mas, pelo menos já fomos informados que ele possuiria 44 páginas e 288 parágrafos (informe da mídia). De seu conteúdo específico conhecemos muito pouco.

Lemos críticas fortes ao documento final. Por exemplo, Maurice Strong, que foi Secretário-Geral da Rio 92, afirmou que “parte do texto final da Rio+20 poderia ser impressa em papel higiênico”. Isso, certamente, não foi uma posição diplomática…

Lemos também outras duras críticas, com as quais concordamos, que independem do conteúdo do relatório final da Rio+20, mas constituem adiamentos inaceitáveis da decisão pública:

  • Adiar a definição dos “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, com formulação passando para 2013 e implantação a partir de 2015. Ou seja, não sabiam quais objetivos globais deveriam propor no evento, nem representantes, muito menos os chefes-de-estado.
  • Adiar a discussão sobre o “financiamento de iniciativas para atingir esses objetivos, a qual foi delegada a um comitê intergovernamental, cujos trabalhos devem se encerrar em 2014”.

Em nossa opinião, os chefes-de-estado têm consenso somente sobre adiar tudo o que puderem para “futuros próximos”, inclusive os elementos fundamentais da conferência, quais sejam: o quê fazer, com quais finalidades, quem fará, como fará, quanto custará e como será pago.

De outra forma, parecem concordar que o evento da ONU apenas serviu para serem turistas no Rio, rever os velhos amigos e descansar um pouco das tarefas que têm em seus países. Vimos, por exemplo, um representante do Gabão, dentre outros representantes de Estado, comprando muita alegria dos camelôs na praia de Copacabana. Mas a desculpa é sempre a mesma: “estamos passando por uma grave crise econômica, temos que adiar todos os nossos gastos e compromissos”. Experimente argumentar assim com o gerente do banco na hora de pagar seu empréstimo. E é nesta linha que fazemos algumas considerações.

O quê nos pareceu ser bom na Rio+20: (i) os eventos paralelos da sociedade civil e suas manifestações passíveis de serem realizadas; (ii) o encontro dos prefeitos das C40 (as 40 maiores metrópoles do planeta), compartilhando ideias e soluções para seus munícipes; e (iii) os empresários privados sérios a oferecer ideias e contribuições concretas para o desempenho ambiental de suas empresas, bem como para a sustentabilidade do ambiente que ocupam e, potencialmente, o afetam de forma adversa.

O quê nos pareceu ser ruim na Rio+20: (i) além das delegações dos Estados presentes, calcadas em dogmas púbicos; (ii) a postura de parte da sociedade civil que só reclamou de seus desejos não realizados; reclamou que não sabem ou não querem resolver.

Infelizmente, este segmento social é mundial – com ênfase na América Latina e na África, onde é bem expressivo. Anseia por ações lideradas e pagas por um Estado paternal-populista, que as recolonizem ad eternum, agindo como babá de governos. Aliás, para este segmento social não há ONU capaz de alimentá-lo.

Há que se mudar o paradigma da gestão do planeta, retirando dos Estados-Nação funções que não se coadunam com a democracia que se deseja. Há que se transferir para empresas e sociedades civis capacitadas os meios que as tornem mais sólidas para gerarem e distribuírem renda e riqueza, desde que com sólidos compromissos formais com a sustentabilidade do planeta. Essa mudança visará a silenciar as economias dos desperdícios e dos excessos, beneficiando o ambiente do planeta.

Sólido como o paradigma do ambiente

Flashes jornalísticos sobre a Rio+20


Flashes jornalísticos sobre a Rio+20

Encerramento da Conferência da ONU, a Rio+20

Notícias e artigos dos jornais e sites de hoje (23/06) trazem inúmeras visões da Conferência da ONU, finalizada ontem com muita “pompa e circunstância”. Passamos a apresentar alguns trechos das observações e comentários recolhidos na mídia.

Site do Terra

“Os líderes mundiais encerram a cúpula de desenvolvimento da ONU Rio+20 nesta sexta-feira com pouco a mostrar além de um acordo considerado fraco, deixando muitos participantes convencidos de que indivíduos e empresas, e não governos, devem liderar esforços para salvar o (…) ambiente.”

Site do Correio do Estado

Sob a manchete Documento final da ataca a mercantilização da vida, o site traz as seguintes considerações:

“A declaração final da Cúpula dos Povos – sintetizada em um documento de quatro páginas e 20 parágrafos – ataca a mercantilização da vida e faz a defesa dos bens comuns e da justiça social e ambiental. A cúpula reuniu durante oito dias representantes da sociedade civil em atividades paralelas à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20”.

“O documento divulgado hoje (22) critica as instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8 e G20, a captura corporativa das Nações Unidas e a maioria dos governos, por demonstrarem irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta”.

Greenpeace, na visão do Estadão

Para o Greenpeace Internacional o ‘desespero’ do Brasil diminuiu importância da Rio+20. E acrescenta algumas críticas:

“O ‘fracasso’ da Rio+20 não pode ser atribuído exclusivamente ao Brasil nem à ONU. Mas a posição ‘desesperada’ do Brasil de ‘fechar um documento a qualquer custo’ colocou a conferência no rumo do ‘menor denominador comum’, na opinião do sul-africano Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional.”

“Desde a quarta-feira, chefes de Estado ou representantes de alto nível dos 193 países-membros da ONU se revezaram num pódio do Riocentro, um após o outro, para discursar sobre o que o seu país pensa do desenvolvimento sustentável.”

“Na maioria dos casos, eles falaram para uma plateia quase vazia, discursando apenas para a televisão e para os registros dos arquivos da ONU. Como o documento final da Rio+20 já está fechado desde a terça-feira, a conferência ficou quase sem nada para resolver nos últimos três dias.”

“Os líderes chegam aqui para uma cúpula de três dias, com um texto sobre a mesa que não tem ambição nenhuma, e não passam nem uma hora que seja discutindo o documento, criticou Naidoo, lembrando que as viagens das comitivas são pagas com dinheiro público.”

BBC do Brasil

A Rio+20 foi encerrada sem grandes percalços, mas sofreu com falhas na infraestrutura de transportes do Rio e expôs setores que pedem melhorias para os megaeventos enfileirados até a Olimpíada de 2016.

Os engarrafamentos que se agravaram sobretudo às vésperas do evento foram aliviados pelo ponto facultativo decretado durante os três dias principais da conferência da ONU, de quarta a sexta-feira.

Mesmo nos feriados, manifestações de ONGs e grupos da sociedade civil fizeram a cidade parar em alguns momentos.

‘Os feriados melhoraram a situação, mas acho que esta não pode ser uma solução para a Copa e a Olimpíada. Como o Rio vai fazer, decretar um mês de férias?’, questionou a jornalista japonesa Ayako Sasa, que veio para a cobertura do evento e levou três horas para chegar do aeroporto ao centro de convenções que sediou a conferência, na Barra.

O reforço ao policiamento na cidade era visível. O esquema de segurança coordenado pelo Ministério da Defesa contou com 8 mil soldados e mais de 7 mil policiais, integrando o trabalho de vários órgãos, como ressalta o ministro Celso Amorim.

‘Acho que transcorreu tudo com muito tranquilidade, as pessoas se sentiram seguras mas ao mesmo tempo sem se sentir excessivamente restringidas. Eu acho que assim que deve ser’, avalia ele.

Embora o esquema de segurança tenha funcionado, tanto nessa conferência como em grandes eventos anteriores na cidade, especialistas dizem que um planejamento ainda mais completo será necessário para a Copa e a Olimpíada.

O analista de riscos e segurança (…), Ricardo Yagi, diz que há muitas tecnologias novas, principalmente de identificação biométrica, que poderiam ser usadas nos megaeventos, desde que haja pessoal preparado para isso. ‘É essencial que o governo faça um planejamento integrado, que leve em conta e combine tanto recursos tecnológicos como humanos. Um não funciona sem o outro.’

O Riocentro foi convertido em território da ONU durante a conferência e recebeu cerca de 45 mil pessoas até o encerramento na sexta-feira.

Lá, pequenos problemas mostraram que o Brasil ainda pode avançar na organização de eventos de alto nível – desde a lentidão no processo de distribuição de credenciais para os participantes aos altos preços cobrados no pavilhão de alimentação do local, passando pelas temperaturas descontroladas do ar-condicionado.

‘Meu nariz vai cair. Esse frio todo não é sustentável, não tem sentido gastar toda essa energia’, reclamava a jornalista espanhola Miren Gutierrez.

Mais de quatro mil jornalistas trabalharam na cobertura do evento. O Riocentro estava coberto por uma rede de internet sem fio com capacidade para mais de 30 mil acessos simultâneos.

De acordo com Wilton Mota, diretor de operações do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), órgão responsável por planejar a cobertura digital do evento, a rede foi o suficiente e o consumo de banda durante o evento não passou de 25% da capacidade.

Alguns jornalistas, porém, reclamaram de lentidão em horários de pico e da qualidade dos serviços de telefonia móvel. Mota afirma que o comportamento durante todo a conferência será estudado para verificar o que causou a lentidão e o que pode ser aprimorado.

Do ponto de vista da segurança, Mota destaca que o sistema desenhado pelo Serpro para o evento foi bem-sucedido. O órgão foi responsável pelo site do evento – que passou por tentativas de ataques de hackers diariamente desde o último dia 15, afirma.

‘Esse foi o primeiro evento de proporções mundiais de que participamos. O grupo que participou agora está preparado para atender outros megaeventos’, afirma.