Flashes jornalísticos sobre a Rio+20
Encerramento da Conferência da ONU, a Rio+20
Notícias e artigos dos jornais e sites de hoje (23/06) trazem inúmeras visões da Conferência da ONU, finalizada ontem com muita “pompa e circunstância”. Passamos a apresentar alguns trechos das observações e comentários recolhidos na mídia.
Site do Terra
“Os líderes mundiais encerram a cúpula de desenvolvimento da ONU Rio+20 nesta sexta-feira com pouco a mostrar além de um acordo considerado fraco, deixando muitos participantes convencidos de que indivíduos e empresas, e não governos, devem liderar esforços para salvar o (…) ambiente.”
Site do Correio do Estado
Sob a manchete Documento final da ataca a mercantilização da vida, o site traz as seguintes considerações:
“A declaração final da Cúpula dos Povos – sintetizada em um documento de quatro páginas e 20 parágrafos – ataca a mercantilização da vida e faz a defesa dos bens comuns e da justiça social e ambiental. A cúpula reuniu durante oito dias representantes da sociedade civil em atividades paralelas à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20”.
“O documento divulgado hoje (22) critica as instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8 e G20, a captura corporativa das Nações Unidas e a maioria dos governos, por demonstrarem irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta”.
Greenpeace, na visão do Estadão
Para o Greenpeace Internacional o ‘desespero’ do Brasil diminuiu importância da Rio+20. E acrescenta algumas críticas:
“O ‘fracasso’ da Rio+20 não pode ser atribuído exclusivamente ao Brasil nem à ONU. Mas a posição ‘desesperada’ do Brasil de ‘fechar um documento a qualquer custo’ colocou a conferência no rumo do ‘menor denominador comum’, na opinião do sul-africano Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional.”
“Desde a quarta-feira, chefes de Estado ou representantes de alto nível dos 193 países-membros da ONU se revezaram num pódio do Riocentro, um após o outro, para discursar sobre o que o seu país pensa do desenvolvimento sustentável.”
“Na maioria dos casos, eles falaram para uma plateia quase vazia, discursando apenas para a televisão e para os registros dos arquivos da ONU. Como o documento final da Rio+20 já está fechado desde a terça-feira, a conferência ficou quase sem nada para resolver nos últimos três dias.”
“Os líderes chegam aqui para uma cúpula de três dias, com um texto sobre a mesa que não tem ambição nenhuma, e não passam nem uma hora que seja discutindo o documento, criticou Naidoo, lembrando que as viagens das comitivas são pagas com dinheiro público.”
BBC do Brasil
A Rio+20 foi encerrada sem grandes percalços, mas sofreu com falhas na infraestrutura de transportes do Rio e expôs setores que pedem melhorias para os megaeventos enfileirados até a Olimpíada de 2016.
Os engarrafamentos que se agravaram sobretudo às vésperas do evento foram aliviados pelo ponto facultativo decretado durante os três dias principais da conferência da ONU, de quarta a sexta-feira.
Mesmo nos feriados, manifestações de ONGs e grupos da sociedade civil fizeram a cidade parar em alguns momentos.
‘Os feriados melhoraram a situação, mas acho que esta não pode ser uma solução para a Copa e a Olimpíada. Como o Rio vai fazer, decretar um mês de férias?’, questionou a jornalista japonesa Ayako Sasa, que veio para a cobertura do evento e levou três horas para chegar do aeroporto ao centro de convenções que sediou a conferência, na Barra.
O reforço ao policiamento na cidade era visível. O esquema de segurança coordenado pelo Ministério da Defesa contou com 8 mil soldados e mais de 7 mil policiais, integrando o trabalho de vários órgãos, como ressalta o ministro Celso Amorim.
‘Acho que transcorreu tudo com muito tranquilidade, as pessoas se sentiram seguras mas ao mesmo tempo sem se sentir excessivamente restringidas. Eu acho que assim que deve ser’, avalia ele.
Embora o esquema de segurança tenha funcionado, tanto nessa conferência como em grandes eventos anteriores na cidade, especialistas dizem que um planejamento ainda mais completo será necessário para a Copa e a Olimpíada.
O analista de riscos e segurança (…), Ricardo Yagi, diz que há muitas tecnologias novas, principalmente de identificação biométrica, que poderiam ser usadas nos megaeventos, desde que haja pessoal preparado para isso. ‘É essencial que o governo faça um planejamento integrado, que leve em conta e combine tanto recursos tecnológicos como humanos. Um não funciona sem o outro.’
O Riocentro foi convertido em território da ONU durante a conferência e recebeu cerca de 45 mil pessoas até o encerramento na sexta-feira.
Lá, pequenos problemas mostraram que o Brasil ainda pode avançar na organização de eventos de alto nível – desde a lentidão no processo de distribuição de credenciais para os participantes aos altos preços cobrados no pavilhão de alimentação do local, passando pelas temperaturas descontroladas do ar-condicionado.
‘Meu nariz vai cair. Esse frio todo não é sustentável, não tem sentido gastar toda essa energia’, reclamava a jornalista espanhola Miren Gutierrez.
Mais de quatro mil jornalistas trabalharam na cobertura do evento. O Riocentro estava coberto por uma rede de internet sem fio com capacidade para mais de 30 mil acessos simultâneos.
De acordo com Wilton Mota, diretor de operações do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), órgão responsável por planejar a cobertura digital do evento, a rede foi o suficiente e o consumo de banda durante o evento não passou de 25% da capacidade.
Alguns jornalistas, porém, reclamaram de lentidão em horários de pico e da qualidade dos serviços de telefonia móvel. Mota afirma que o comportamento durante todo a conferência será estudado para verificar o que causou a lentidão e o que pode ser aprimorado.
Do ponto de vista da segurança, Mota destaca que o sistema desenhado pelo Serpro para o evento foi bem-sucedido. O órgão foi responsável pelo site do evento – que passou por tentativas de ataques de hackers diariamente desde o último dia 15, afirma.
‘Esse foi o primeiro evento de proporções mundiais de que participamos. O grupo que participou agora está preparado para atender outros megaeventos’, afirma.