Libertinagem da imprensa


Ricardo Kohn, Aprendiz de Filósofo.

Após os resultados das eleições de 2018, com a vitória popular a favor do livre mercado, observo que a imprensa poderosa – aquela financiada por propagandas do governo e de suas estatais –, perdeu a noção do que significou este notável sufrágio. Sobretudo, após esta mesma imprensa ter recebido polpudos proveitos econômicos durante os 14 anos do “desgovernoda quadrilha. Decerto, sentiu-se ameaçada em ter seus contratos suspensos. Saliento que, nesse mesmo período, a sociedade brasileira esteve submissa à devassidão governamental, a qual lhe foi imposta por uma longa série de corrupções ditatoriais, embora fantasiadas de “atos democráticos”.

No entanto, em fins de 2018, o povo acordou e, pelo voto livre, rompeu os grilhões da “grande patranha” que, desde de 2003, o acorrentava. Hoje, segundo pesquisa CNI/Ibope, 75% da população acredita que o presidente eleito – deputado Jair Bolsonaro – encontra-se no caminho certo para governar o país. Aliás, sem contar com campanhas de marketing, o “Capitão Bolsonaro” tornou-se mito para o povo brasileiro. Porém, mitos não podem ser criados; todos sabemos as consequências nefastas proporcionadas pelas ações de “mitos do passado recente“. Contudo, Bolsonaro tem afirmado que não é um mito, muito menos infalível; que poderá errar no curso de seu governo, mas que, neste caso, retomará o caminho correto pelo trabalho técnico de sua equipe ministerial.

A ser assim, a priori não tenho fatos para desacreditar  seu discurso. Ao contrário, como brasileiro decente é meu dever apostar no sucesso desta empreitada. Afinal, antes de ser eleito, superou diversas situações críticas. Dentre elas, uma facada no ventre disferida por um “assassino encomendado”, afora o sistemático bombardeio da “grande imprensa” – notícias, artigos, editoriais e, sobretudo entrevistas, quando jornalistas, de forma asquerosa, babavam seu ódio por Jair Bolsonaro. Chamo a isso “libertinagem da imprensa”, pela leviandade das empresas de comunicação onde trabalham seus jornalistas amestrados.

Circo de Pulgas

Circo de Pulgas ou de Profetas

Acredito que exista um propósito (monetário) para essa guerra gratuita que foi aberta contra Bolsonaro. Caso seja verdade, apostaram nos cavalos erradosmancos! Dentro de 10 dias, restará a essas empresas a opção de quitar as contas que penduraram pelos botecos do governo federal petralha – BNDES, Caixa e outros bancos estatais. Do contrário, poderão se tornar Circo de Pulgas ou, talvez, Circo de Profetas. De toda forma, senhores escroques, desejo-lhes plim-plim…

Eleições 2018: o pardieiro imoral


Ricardo Kohn, Eleitor.

Ricardo Kohn

Ricardo Kohn

Após os últimos 15 anos de delinquência institucional, instalada desde 2003, a política brasileira conseguiu eliminar todos os seus vestígios de racionalidade. Ou melhor, de suposta racionalidade, uma vez que cidadãos de até 25 anos nunca a conheceram ao vivo – a racionalidade pública. De fato, muitos jovens não perceberam que são partícipes na formulação da razão pública, fruto de sociedades educadas e pluralistas; livres e democráticas.

Mas o que se assiste neste ano de eleições gerais no Brasil? Vê-se a parafernália de 35 partidos políticos, cada um a conduzir sua matilha de candidatos (muitas hienas de estimação), na busca de mais tempo na TV. Foi assim que eclodiram absurdas coligações partidárias: antes eram inimigos mortais; agora, fieis amantes durante o curto período eleitoral. Tanto é fato que, apesar de serem 35 partidos, há somente 13 candidatos à presidência da República. Conseguiram travestir a deformação estrutural da política brasileira.

Qual nação do mundo suportou a ação simultânea de 35 facções políticas? Qual já teve 13 candidatos a “Chefe de Estado”, na mesma disputa eleitoral? A ganância pelo poder reside na vileza com que cada um deles se arma para “esquentar eleitores”.

No estágio em que se encontram, às vésperas do pleito, não há fórmula capaz de medir o desempenho eleitoral destes cidadãos. Afinal, segundo filósofos do direito, “salvo três deles, os dez restantes sequer possuem resquícios de razão pública”. São oportunistas, narcisos e, por estarem centrados em seus egos, sentem asco do “cheiro de povo requentado”.

Segue-se para outra seara: a dos tais “institutos de pesquisa” e suas “estimativas” de intenção de voto. Acredita-se que a prática da pesquisa haja nascido no ambiente acadêmico, quando estudiosos efetuavam levantamentos de dados, com vistas a provar (ou não) um fenômeno que consideravam possível. Em seguida, foram usadas para conhecer a opinião do mercado sobre um produto a ser lançado. Somente mais tarde – mantida a ótica da opinião do mercado – surgiram as “pesquisas políticas”. Nelas, políticos-candidatos são tratados como produtos, e não precisam ser novidade. Contudo, para conseguirem resultado nas pesquisas, haja modelagem matemática, haja algoritmo estocástico!

Mesmo diante dos óbvios desafios lógicos para predizer o comportamento de políticos-candidatos, “institutos de pesquisa” tornaram-se negócios lucrativos, sobretudo em ano de eleições gerais. Os chefes dessas empresas são pagos por um cliente para fazer uma pesquisa de intenção de voto. Em sigilo, é possível que lhe perguntem: ─ “O senhor deseja que as nossas estimativas favoreçam a quem”?

Após assinado o contrato, a equipe do instituto segue rumo ao Sacro-santo Salão da Magia. Realiza 2.471 telefonemas, preenche as cartelas de intenção de voto e consolida os números sob a ação de máquinas de torrar, triturar e liquefazer intenções. Bastam duas sessões de tortura de números que sai pronta a massa de modelar, sempre ao gosto do cliente. Estas são as notórias “estimativas invertebradas”: não ficam de pé sob a ação da crítica, pois são roupas penduradas em cabide. Por sinal, o fato mais extravagante é o caso do presidiário-candidato que consta em 1º lugar nas pesquisas (39%), enquanto 70% dos eleitores deseja que ele permaneça encarcerado. Isto não resultou de qualquer pesquisa, mas de um disparate entalhado no corpo da nação, a ferro e fogo!

Em suma, tem-se hoje a bagatela de 35 partidos políticos, com seus 13 presidenciáveis, além das estimativas de intenção de voto (todas invertebradas). Neste panelaço de barro, exposto ao calor extremo do fogo à lenha, falta o ingrediente que, em tese, cura o bolo eleitoral, que “dá pega”: trata-se da imprensa.

Em regimes de livre mercado a democracia requer liberdade de imprensa. Afinal, por exemplo, é através do livre debate que deve ser buscada a solução para problemas da gestão pública. No entanto, com vistas a manipular debates, certos profissionais usam a mídia para estimular lutas intestinas entre “direita e esquerda”. Desse modo, não acontece o imprescindível diálogo, mas apenas duelo entre monólogos surdos. Ao fim, sagra-se vencedor apenas o interesse de poderosos grupos de comunicação. Grupos que conduzem pseudodebates por meio da ação interventora de seus mediadores profissionais. Afora isso, também é notável o mal-uso sistemático da imprensa nas entrevistas de presidenciáveis. Considera-se esta “estratégia da inocência” ameaçadora à democracia, a qual, paradoxalmente, clama pela liberdade da imprensa.

Segue-se com o mistério das urnas eletrônicas que operam no Brasil. Desde as eleições de 2014 a credibilidade deste sistema de votação “foi para o espaço”, caiu por terra. Uma parcela considerável dos eleitores acredita que há “desvio de votos”. Até por que, os vencedores daquele pleito desviaram bilhões em dinheiro público! Mas esta parcela teve incremento expressivo, após um matusquela, presidente do TSE decidir – “gratuitamente” – que não havia dinheiro para implantar impressoras em todas as urnas eletrônicas do país. Desse modo, acontecerá mais uma eleição geral sem que seja possível a sociedade demonstrar a evidente prática do furto de votos.

Seria ótimo de fosse assim

Assim, com impressora, seria ótimo!

O voto não deve ser declarado. Até por que, não se trata de aposta no guichê do hipódromo, em cavalo que se espera vencedor. Voto é ato da cidadania, onde cada eleitor escolhe quem acredita ser digno, íntegro e competente para tirar o país do poço de lama em que se arrasta há 15 anos. Porém, vale lembrar, mesmo nas corridas de cavalo, há animais subestimados em que ninguém aposta. Por isso mesmo pagam prêmios elevados e, não raro, ganham corridas.

Nós, brasileiros, podemos obter magníficos resultados nas Eleições 2018. Basta sabermos apostar no cavalo certo! Do contrário, seremos obrigados a viver no pardieiro imoral em que nos hospedaram”.

Incidente versus Acidente


O lamentável acidente aéreo, do qual foram vítimas fatais um candidato à presidência da República e mais seis profissionais que o assessoravam, demonstra como os curiosos e, sobretudo a mídia, desinformam em seus relatos o que efetivamente ocorreu no evento. Este é o principal motivo deste artigo, na busca de esclarecer um pouco a terminologia arriscada utilizada por leigos.

Imagem da área após o acidente aéreo

Imagem da área após o acidente aéreo

Existem diversas normas de segurança – nacionais, britânicas e internacionais – que visam a formalizar e definir com devem ser conceituados incidente e acidente. O domínio desses conceitos nelas apresentados é essencial para qualquer emissor de informações.

O uso dessas duas expressões, sem o devido conhecimento da fonte da informação, pode até mesmo induzir a ações de terceiros – as chamadas “prontas-respostas” – divorciadas da realidade, consequência da não compreensão dos receptores dos informes.

Com base em metodologias existentes, com o uso apenas do bom senso, é possível explicar o real significado dessas expressões, sem o rigor formal das normas. Senão, vejamos.

Incidente é um evento de segurança em que não ocorrem perdas materiais e/ou humanas, ou seja, perda de vida, lesões e/ou de patrimônio e danos. Contudo, chama-se a atenção, deve ser interpretado como incidente todo evento que pode dar origem a um acidente ou que tinha o potencial de acarretar um acidente. Por esse motivo é tratado por muitos especialistas sendo um “quase-acidente”.

Por sua vez, acidente é um evento de segurança que resulta em morte ou dano ao patrimônio ou lesão nitidamente mais grave. Esse foi o quadro trágico da queda do jato executivo.

Obviamente, ambos são eventos não planejados que ocorrem em função de perigos e riscos associados a uma atividade, que pode ser humana ou decorrente da própria natureza, como ocorre nos violentos eventos geofísicos – terremotos, tufões e tsunamis, dentre outros.

Dessa forma, observa-se que perigos e riscos existem em decorrência do ambiente em que se realiza a atividade humana ou o evento geofísico.

Análise lógica de um leigo

No acidente aéreo considerado, o ambiente da atividade humana era formado basicamente por um jato executivo de última geração recém fabricado, um piloto e sua equipe de voo, as ações de controle de voo da torre do aeródromo de Santos, bem como a falta de visibilidade da pista, dadas as condições meteorológicas naquele momento. Ainda não existe qualquer informação mais segura sobre o ambiente de risco e perigo em que se deu o acidente. Apenas as frágeis e absurdas especulações da imprensa.

O ato de arremeter a aeronave não deve ser considerado um incidente, pois o modelo do jato acidentado possuía potência e equipamentos necessários para fazer face a essas situações. Arremeter é um procedimento normal para o Cesna Citation Excel, segundo aviadores mais experientes.

No entanto, foi bastante anormal que pessoas não capacitadas para uma perícia aeronáutica, que no Brasil é executada por profissionais normalmente formados pelo ITA [1], tenham ousado pegar nos fragmentos da aeronave, mudando as suas posições após o acidente. Há nesse ato inconsequente o risco de se alterarem evidências imprescindíveis para a análise das causas do evento.

Há que se ter muita calma e paciência para aguardar que as investigações forenses cheguem às conclusões finais. Ela é desenvolvida com tecnologia de ponta por peritos brasileiros. Seu objetivo é, através das causas descobertas, impedir que eventos dessa natureza tornem a acontecer.

Ao contrário do que muitos pensam, a investigação não é uma ordinária ação policialesca, que visa a trancafiar os culpados. Isso fica a cargo da imprensa divulgar, da forma que achar mais conveniente para a venda de publicidade.

[1] ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica.

Patacoada televisiva


Ricardo Kohn

A imprensa em geral deseja cumprir seu papel de informar às pessoas. Assim tem sido desde sua origem, na Suméria e na Mesopotâmia, há cerca de 38 séculos. Não existia papel e as informações eram eventuais, esculpidas em tábuas de cera e argila.

Com essa mesma finalidade, a informação somente passou a ser oferecida periodicamente durante o Império Romano, através da Acta Diurna (59 a.C.), com notícias gravadas em tábuas de pedra, afixadas no Fórum para informar ao público.

Muitos povos de diversas regiões contribuíram para a evolução da imprensa. Porém, destaco o criador da prensa móvel, Johannes Guttenberg, que em 1.440 construiu um abecedário de caracteres avulsos. Os textos eram gravados em placas de madeira ou chumbo, podiam ser multiplicados e distribuídos às pessoas. Esse foi o prenúncio da imprensa atual.

A partir de Guttenberg, a evolução foi notável. Diversas ferramentas foram criadas para disseminar informação de interesse público. Hoje têm-se impressoras operadas por terminais de computador, a fotocomposição que substituiu a linotipia e as tecnologias de telecomunicação, a agilizar sobremaneira a imprensa contemporânea.

Os meios de divulgação, dessa forma, foram bastante ampliados: jornais, revistas, televisão, internet e computadores pessoais estão disponíveis para bilhões de pessoas no mundo. Bateladas de informação podem chegar a essa “clientela” em questão de segundos.

Entretanto, se no passado a preocupação era criar ferramentas adequadas para a imprensa, hoje a ênfase se dá na qualidade da informação que é distribuída pelos diversos meios disponíveis ao público. Assim, está criada a indústria mundial da imprensa, que requer uma complexa organização para produzir seus veículos e conteúdos de qualidade.

Não tenho conhecimento de como deva ser organizada essa indústria. Porém, na qualidade de “consumidor das informações”, posso e devo analisar seus resultados, sobretudo para não sofrer intoxicações de seu conteúdo.

No período eleitoral que o Brasil está vivendo (sofrendo), as redes de televisão promovem uma série de entrevistas com candidatos a cargos do executivo – governador e presidente. Insinuam que são importantes para que os candidatos sejam igualmente conhecidos pelo público. Tenho sérias dúvidas quanto a isso.

Os resultados que tenho assistido, por sinal com muito interesse, são repórteres, jornalistas e “âncoras” espicaçando os entrevistados, a encurralá-los com questões secundárias, boatos e provocações sobre atos passados e esclarecidos. Martelam sobre as mesmas perguntas, inúmeras vezes já respondidas. Não se trata, pois, de uma entrevista, mas de uma inquisição.

Derrotados pela patacoada

Vítimas da patacoada

Enfim, atuam como se fossem promotores públicos, agridem-nos pelo prazer de tentar que o público televisivo acredite que têm mais poder que os próprios candidatos. Vejo a falta total de conteúdo. Uma bazófia descarada!

Raros são os jornalistas que vi questionarem um entrevistado sobre seu programa de governo. Mesmo assim, formulam perguntas que não têm como serem respondidas na etapa da candidatura:

─ “Caso o senhor seja eleito presidente, qual a medida que vai tomar para acabar com a inflação renitente?”

Ao receberem a resposta do candidato, prudentemente evasiva, mostram-se escandalizados e continuam o ataque:

─ “O senhor está dizendo que vai conter a inflaçãomelhorando expectativas’?!”

Em minha opinião, trata-se de uma estúpida patacoada televisiva. E o pior, depõe contra a ética da própria emissora, da qual são meros empregados e não dirigentes.

Considero que “programas de entrevistas” a candidatos podem ser muito bons para informar aos eleitores. Entretanto, os que tenho assistido são fracos, parciais e tendenciosos. São “pegadinhas” que estimulam a fuga de votos (abstenção, voto em branco e anulação). Isso não é o que o povo brasileiro deseja e clama.

Para melhorar os resultados desses programas, adotaria três medidas básicas:

  • Devem ter sua duração ampliada, para no mínimo ½ hora;
  • Cada candidato deve trazer sua equipe técnica. Somente ditadores dão ordens a seu superego baldio;
  • As gravações devem ser feitas simultaneamente, para que nenhum candidato copie as propostas dos demais.

De outro lado, creio que seria adequado realizar uma mesa de debates entre os candidatos após cada programa.

Tempo: encerro esse texto aqui, pois acabo de receber a triste notícia do acidente aéreo sofrido pelo candidato Eduardo Campos, em Santos, SP. Uma perda insubstituível para sua família e lamentável para a política. “Os bons morrem ao acaso, mas vivem impunes os que merecem esta desgraça”.

És escritor ou equilibrista?


A pena de escrever fez um bom casamento com a redação crítica. Dizem até que foi pensada para fazer isso. Assim, busque argumentos bem ponderados, mas sempre a A pena de escrevercolocar suas setas críticas no centro dos alvos.

Medo do quê? Não o tenha! Setas de palavras não matam, apenas desnudam e, às vezes, iluminam variadas imundícies. Por isso, são essenciais à liberdade de expressão.

No Brasil, algumas vezes escritores são confundidos com redatores. Resta explicar quais são suas diferenças essenciais.

Um escritor produz obras literárias ou técnico-científicas. Trabalha de forma independente, a criar textos de acordo com o que pensa e sabe. Em sua obra pode falar de tudo, da forma que desejar, pois se tiver coerência e lógica, não terá limites.

Por sua vez, um redator trabalha em periódicos, dos quais, no mais das vezes, não é sócio. Produz textos de notícias, reportagens e colunas, em função do interesse do editor-chefe, que repete as ordens dos proprietários dos veículos.

Há uma estória que satiriza o poder transferido para o editor-chefe. Diz assim: era início da Semana Santa e o editor mandou que um redator escrevesse uma boa reportagem sobre a vida de Jesus. Foi então que o redator iniciante, com voz de tenor dramático, cantou a plenos pulmões:

Senhor, quer um texto a favor ou contra?!

A maioria dos redatores é diplomada em jornalismo. Já os escritores, em criatividade. Porém, é normal que dentre jornalistas existam bons escritores. Por sinal, muitos aproveitam a correlação de suas atividades com a mente e a escrita, para buscar tornarem-se notórios nessa profissão. Alguns poucos o conseguem.

Contudo, acredita-se que periodistas em geral podem adquirir alguns vícios, típicos de quem trabalha em certos jornais. Por exemplo, dado que os mais experientes redigem bem e possuem capacidade na análise de cenários (sobretudo, dos políticos), às vezes são obrigados a atender às determinações dos proprietários do veículo. Dessa forma, suas notícias ficam limitadas à mera descrição dos acontecimentos e das obviedades deles derivadas. Não há opinião ou ela é ambígua, e incompleta.

Por analogia, parecem puros-sangues sofrendo o galope-sustentado (o cânter), contidos pelo cavaleiro que puxa firme o bridão, esgarçando a boca do animal. Quase empina o bicho, que derrama seu suor, porém, mal sai do lugar.

Nessa conjuntura, amarrada por interesses proprietários, duas coisas ocorrem. O redator torna-se um equilibrista, nunca escritor. Sem dúvida, tem muita fome de narrar, mas somente é pago para descrever a superfície dos fatos. No outro lado fica o leitor menos atento, que repete e enfatiza publicamente o que nada leu direito e engoliu calado.

Para redigir verdades não há limites

Para escrever verdades não há limites: equilibre-se!

A imprensa nas eleições de 2014


Pouca informação e comentários conflitantes.

Houve o tempo em que a Igreja detinha o poder quase absoluto do Estado. Todavia, somente em Estados autocráticos e não liberais, que eram a maioria dos então existentes. Mas isso aconteceu no passado longínquo das monarquias originais da Europa e acabou há muito.

É do fim do século 20 a nova visão de que nações liberais e democráticas possuem três principais agentes do poder: o Governo Central, as Forças Armadas, e o Mercado. Parece ser bastante razoável.

Já foi feita uma analogia desses poderes com um triângulo, onde cada lado representa um agente. Contudo, a partir do século 21, senão um pouco mais cedo, entrou em cena a Imprensa, em busca de conquistar o quarto poder principal. Tal desejo é compatível em nações sólidas, que tenham povo educado e Governo Central democrático. No entanto, não torna o triângulo em quadrado, mas em um novo corpo, que pode ser chamado de Poliedro do Poder.

O Poder, segundo Henfil

Queremos o Poder, por Henfil

Esse corpo (não geométrico) fica formado por quatro faces irregulares, com arestas, vértices e inteligências bem sensíveis e dinâmicas. Por isso a área de cada face é variável, de modo a que mantenham um conjunto de forças com balanço estabilizável, todavia, não equilibrado.

Ao considerar-se como exemplo uma “nação sólida, mas de classe média”, as faces desse Gigantesco Poliedro são assim descritas:

  • Face do Mercado – provida de bancos, indústrias, agropecuária, equipamentos de infraestrutura, universidades, comércio e serviços. Decerto é a mais ampla de todas as faces, dado que oferece à nação ciência, tecnologia, trabalho, riqueza e a maior parte do PIB nacional. Torna-se sustentável do ponto de vista econômico-financeiro, bem como é capaz de manter viáveis as demais faces.
  • Face das Forças Armadas – constitui o ambiente de defesa da nação, com recursos humanos treinados, máquinas e equipamentos suficientes para suprir as necessidades da Aeronáutica, do Exército e da Marinha nacionais. Trata-se de uma face dinâmica que precisa variar de acordo com as mudanças do nível de ameaças externas.
  • Face do Governo Central – envolve os poderes executivo, judiciário e legislativo, bem como exclusivamente instituições públicas imprescindíveis e de alta qualidade social, como universidades, escolas, hospitais, segurança e profissionais capacitados. Para que uma nação seja sólida e assim permaneça, esta precisa ser a menor face do Poliedro do Poder. Além disso, sob nenhuma hipótese, o Governo Central concorre com a Face do Mercado.
  • Face da Imprensa – é provida por organizações privadas de telecomunicação, companhias de televisão, empresas editoras de jornais e revistas. Muito embora faça parte da Face do Mercado, possui a missão singular de divulgar pública e criticamente o desempenho de todas as faces do Poliedro, sobretudo o seu próprio.

Dessa descrição, ainda que superficial, é possível tirar algumas conclusões acerca dos riscos adversos provenientes das variações das áreas de cada face. Senão, vejamos.

A Face do Mercado

O Poliedro somente existe em função do desempenho da Face do Mercado, sua maior face. Todos os seus componentes pertencem à iniciativa privada. Se ela decair em desempenho, o Poliedro é enfraquecido, com tendência a se estagnar.

A Face das Forças Armadas

Se essa face for desnecessariamente grande em relação às demais, há grave risco de a nação deixar de ser liberal e democrática. Nesse caso, toda a Teoria do Poliedro invariavelmente “vai para o espaço”.

Atenção similar deve ser dada ao enfraquecimento desta face, pois nações vizinhas e grupos radicais, diante de um cenário de nação desarmada, podem tentar ocupar espaços vitais e estratégicos de seu território.

A Face do Governo Central

Processo similar ocorre quando a Face do Governo Central cresce sem necessidade ou por “ditas demandas políticas”. Há casos em que nações tidas como liberais e democráticas, com relativa solidez, sofrem as consequências nefastas da falta de cultura política de seus povos. Pois elegem membros do executivo e do legislativo que não possuem os escrúpulos imprescindíveis para exercerem seus cargos. Criam dezenas de ministérios apenas para terem uma “base aliada” a seu favor. Na verdade, são gestores da inutilidade e acreditam que, como afirmou em Paris o absolutista Luís XIV, O Estado Sou Eu (L’État C’est Moi).

Mediante essa visão, tornam o cidadão da nação em escravo do Estado; competem de forma descarada com a Face do Mercado e, não raro, levam-na ao caos. Enfim, roubam, desviam verbas públicas, mandam assassinar os que não os apoiam, dão força a “companheiros” e, por fim, destroem totalmente a estrutura do Poliedro.

A Face da Imprensa

Esta face normalmente é pequena e bem diversificada em nações sólidas, inclusive nas mais ricas. Em geral, cumprem suas missões de informar ao público o desempenho de todas as faces do Poliedro com relativa qualidade, pois tem a seu favor a educação e cultura dos cidadãos.

O mesmo não acontece em algumas das chamadas nações emergentes. A Face da Imprensa pode pertencer ao Governo Central, o que é um risco elevado para o cumprimento de sua missão informativa; ou pode ser restrita a grande grupos econômicos, que compactuam com as ditas iniciativas da Face do Governo Central.

Veja-se o caso do Brasil, com eleições presidenciais marcada para este ano. Tendo um Governo Central Paquidérmico, o quarto poder, sonega informação de desempenho nas reportagens e notícias que traz. Apresenta reflexões conflitantes entre seus comentaristas, que às vezes extrapolam em maçantes redundâncias.

Porém, ainda que com raras exceções, é grave o fato de que inúmeros jornalistas diplomados não seguem “direto ao ponto”, não criticam como deveriam, dado que ficam a fazer firulas culturais que nada informam aos cidadãos da nação. Isto sem falar da “casta de chapas-brancas”, paga com dinheiro público para garantir a continuidade do desgoverno.

A NSA nos descobriu…


Vários fatos nos levam a pensar que, pelo menos há três meses, estamos a ser “inspecionados” por agentes da área de segurança do Estado Norte-Americano. Afinal, segundo a imprensa, eles sabem de tudo o que acontece no Brasil Político: todas as suas impurezas, macaquices e safadezas, se assim pode ser simplificado o plano de corrupção nacional, que há de ser cumprido, custe o que custar à sociedade.

Espionar os outros deixa-os sem calças

A espionagem do passado

Explicamos por quê

A visitação do blog por pessoas que residem nos EUA sempre foi função dos velhos amigos que se mudaram para este país. Ficávamos felizes em ter três visitas diárias, no máximo. Ao contrário do comportamento das visitas provindas de Portugal, que sempre cresceram desde que o blog foi lançado, em abril de 2012.

Todavia, quando consultamos as estatísticas do blog, foi verificado que a visitação norte-americana começou a aumentar de forma expressiva, sobretudo neste último trimestre (de julho a setembro): tivemos 1.389 visitas americanas ao blog no trimestre. Do eterno e maravilhoso público português, no mesmo período, recebemos 351 visitas, menos que 1/3 do que as norte-americanas.

Concordamos que esse súbito aumento visitação não é razão suficiente para que alguém afirme que a NSA e a CIA estejam-nos bisbilhotando. Mesmo que seja barato e não precisem usar seus satélites para capturar nossos dados e imagens.

Entretanto, o período em que se deu esse aumento, de julho e setembro de 2013, foi o mesmo em que os articulistas do blog deram mais ênfase à opinião política: sobre “os estranhos desvios da governança brasileira”, seus inumeráveis escândalos e processos penais, julgados em várias alçadas jurídicas. Uma verdadeira baderna desorganizada, onde todos roubam e, ao fim, livram-se da prisão. São os “companheiros unidos” e “eles sabem” muito bem.

Os motivos dessa ênfase política em nossos artigos são óbvios. A começar pelos movimentos populares contra a corrupção e a culminar com o ato ainda não inaugurado: o Movimento Contra o Analfabetismo Funcional, de propriedade da nação, sobretudo destinado a educar a maioria dos membros dos poderes executivo e legislativo. Afinal, tarde é nunca!

A debater o artigo

Fizemos uma videoconferência com os quatro articulistas do blog para discutir o teor deste texto e se deveríamos publicá-lo. Ajustamos o texto e, por consenso, firmamos dois pontos de convergência:

  • Por unanimidade, concordamos em publicá-lo; e
  • A probabilidade de nosso blog ter sido aberto por um órgão de segurança de qualquer Estado Nacional do planeta é, na prática, igual a zero. Não por falta de competência desses órgãos, mas por dominarem em muito mais detalhes o cheiro das matérias que distribuímos.

E se agentes secretos atuassem

Seriam agentes silenciosos, não fariam qualquer tipo de ruído, não estragariam arquivos, nem gerariam interferências com “Cavalos de Troia”. Tudo nos indica que, de alguma forma, achariam “interessantes” as informações políticas que publicamos no blog com assiduidade.

Mas, caso atuem, sirvam-se, a mesa está posta! Todas as informações que divulgamos são públicas, muito bem conhecidas, embora pairem diversas interpretações duvidosas pelo mundo.

O que nos difere delas é o fato de que nossa visão particular não impacta, de forma gratuita e adversa, a terceiros. Representa a voz uníssona e cidadã de nosso time social.

É obrigação da imprensa


Ricardo Kohn, Escritor.

Pesquisando acerca da origem do jornalismo, salvo engano das fontes consultadas, o jornal moderno e periódico nasceu na Inglaterra, em 1665, através do London Gazette, que se mantém até hoje como órgão de comunicação do governo britânico.

No entanto, em sua origem, os jornais davam mais ênfase a fatos negativos ocorridos em outros países, como guerras, derrotas militares e escândalos de governantes. Curioso que, desde o século 17, os donos dos jornais acreditavam que seus leitores os adquiriam motivados pelo “sangue derramado, crime, desgraça e escândalo político”. Parece que até hoje têm essa nefasta certeza.

Joseph Pulitzer, o jornalista que inventou a manchete

Joseph Pulitzer, o jornalista que criou as manchetes

De toda a forma, confirmando a relevância da difusão de informações ao público pelo jornalismo, a primeira lei protegendo a liberdade de imprensa é antiga, pois foi aprovada na Suécia um século depois, em 1766, há quase quatro séculos dos dias atuais.

Hoje, em 2013, verifico, através de notícias veiculadas por diversos meios da mídia, que jornalistas de todo o mundo vêm sofrendo agressões crescentes e em diversas intensidades. Desde ameaças à realização de seu trabalho essencial de informar com precisão, até a eliminação sumária de suas vidas. Trata-se de uma ameaça à liberdade da imprensa ou isso será uma ação gratuita, que nada tem a ver com as badernas públicas?

É óbvia a necessidade de saber quais são as causas verdadeiras desses fatos, caso contrário jornalistas e repórteres continuarão a sofrer ameaças e agressões violentas, sem que possam cumprir com a missão que lhes é intrínseca de informar cidadãos do mundo.

Em tese, o trabalho dos jornalistas pode ser sintetizado na seguinte sequência de ações: a descrição dos fatos ocorridos, os personagens envolvidos, quando aconteceram, em que locais, como e por quais motivos se sucederam. As quatro primeiras ações, em minha opinião, fazem apenas o jornalismo informativo. A quinta, que identifica os motivos dos fatos e os expõe claramente perante a opinião pública, constitui o jornalismo investigativo ou algo próximo dele, pois requer investigações mais profundas dos processos que subjazem aos fatos. Há quem designe esta quinta ação de “jornalismo opinativo” e eu concordo. O bom jornalismo precisa ser crítico, opinativo.

Porém, o trabalho das empresas de jornalismo prossegue com a seleção e organização das informações que serão veiculadas no produto final – jornal, revista, rádio e programa de tv, sempre obedecendo às diretrizes estratégicas formuladas por seus principais acionistas e executivos.

Em outras palavras, dentro de seus próprios escritórios existem profissionais de revisão e edição, tanto para textos, como imagens. Creio ser nesta etapa que pode ocorrer o descrédito de veículos de informação e, por falta da capacidade crítica de parte do público, criam “motivos para a agressão de jornalistas” que fazem coberturas de campo, que investigam e demonstram competência.

Nos manifestos de rua que estão a ocorrer no Brasil, sobretudo pelas imagens veiculadas em tempo real na tv, tenho notado que vários repórteres descrevem os quadros que todos nós assistimos e acompanhamos. No entanto, as palavras de alguns “deformam a realidade, contam estórias que não acontecem e empregam adjetivos absurdos para classificar manifestantes conscientes e plenos de razão“. Em suma, são deliberadamente tendenciosos e, às vezes, safados mentirosos. Será que acreditam que a “mentira jornalística” é uma forma digna para manter a liberdade da imprensa no Brasil?…

Será possível que os diretores responsáveis pelo jornalismo dessas emissoras concordam com tantas asneiras e mentiras?! Será que não entendem que os ouvintes não são surdos e cegos? Não lhes passa pela cabeça que estes fatos, ao final, se rebatem nas agressões de seus jornalistas de campo, que correm até mesmo risco de vida?

A continuar a falsidade televisiva, melhor não falar mais dos justos protestos sociais e programar filmes de Tom & Jerry para o mesmo horário. Será mais adequado do que sonegar a realidade ao público, que paga para assisti-la e tenta obter notícias honestas.