Três raças da espécie humana


São elas: o Racionalo Otimista e o Pessimista.

Inicia o mês de fevereiro de 2015, com o Brasil sob o comando do dito “novo governo”. Mas o país não para de sofrer fortes terremotos econômicos e políticos, com intensidade e frequência crescentes. Por sinal, há muito que eram bem nítidos, mais claros do que evidências especulativas.

Em 2008, por força da “estratégia” de um governante idiota, diante da violenta crise mundial que então se iniciava, tratou-a de “marolinha” e conduziu-a segundo a ideologia particular de seu grupo. Boa parte da população ficou assustada com a maneira escolhida para tratar uma grave crise econômico-financeira mundial.

Hoje está provado que esse grupo, já então constituía uma exímia “quadrilha política”. Porém, o mesmo tratamento da “marolinha” continuou a ser adotado até 2014, conforme determina a ideologia da patranha.

Em outras palavras, a nação sofreu seis anos com efeitos maléficos das sucessivas asneiras cometidas pelo governo de quadrilheiros. Se assumir-se como base de cálculo o PIB de 2009, a economia do Brasil entrou em recessão desde 2010 e permanece até hoje a ser torturada pela mesma ideologia de quadrilha.

Investigações policiais

Todavia, em 2014 a Polícia Federal descobriu que, de fato, pela primeira vez na história do país (!), uma corrupção avassaladora invadira as vísceras da máquina do Estado, desde 2003. Concluiu que as asneiras federais foram apenas uma cortina de fumaça para ocupar a imprensa. Visavam, na verdade, a impedi-la de estimar o tamanho da corrupção bilionária – em dólares – ou, quem sabe, trilionária, em moeda brasileira.

Refinaria de Pasadena: “eu tenho a força!”

Refinaria de Pasadena: ferrugem comprada por 1 bilhão de dólares!

As reações a esse presépio de canalhices são curiosas, sobretudo, as publicadas em redes sociais. Pode-se classificar três gêneros de pessoas que comentam sobre o derretimento da economia brasileira: os racionais, que representam uma população pequena; os pessimistas, que causam desespero em quem os lê; e os otimistas, que não enxergam um palmo à frente do nariz, falam absurdos sem conexão com fatos e fazem ameaças genéricas, fruto do desespero.

Diante das decisões econômicas que entraram recentemente em vigor no país – aumento de tributos, elevação de tarifas públicas, arrocho nos programas sociais para idosos, etc. –, segue um trecho de publicação encontrada num pasquim:

─ “Medidas tributárias do ‘novo ministro’, com a finalidade de ‘reforçar os cofres do governo’, não significam, obrigatoriamente, o aumento da ‘vazão do propinoduto’, destinado a regar a conta bancária de companheiros corruptos[1]”.

Diante desse texto estranho, as reações da raça humana são variadas.

Reação do Racional

“O cenário político-econômico do país encontra-se bem abalado”, diz o racional. “É óbvio que me baseio na lógica dos números obtidos pelo governo e na ausência da razão na tomada de decisões públicas, decerto pensadas por esquizofrênicos”. Resultado, “a base de apoio ao governo encontra-se ‘desaliada’ e trará mais efeitos danosos para a sociedade civil. Contudo, os inúmeros erros cometidos ainda podem ser amenizados; em alguns casos, até mesmo saneados”.

E prossegue nas ponderações: “A questão essencial é que as medidas econômicas estão corretas. Porém, faltaram medidas políticas urgentes, com vistas a reduzir despesas absurdas com a monumental máquina do governo: 39 ministérios e milhares de cargos comissionados, afora o empreguismo nas estatais. Com a efetiva redução dessas despesas desnecessárias, a população brasileira sofreria ‘apenas’ durante o ano de 2015”.

Reação do Otimista

Tem-se impressão que o otimista gosta do governo por locupletar-se com os “esquemas da quadrilha organizada”. Afinal, suas reações são patéticas, confusas ou fora de contexto. Com certeza, são militantes ideológicos a serviço da quadrilha. Vejam algumas frases “cerebrais” do otimista:

  • Vocês fala’ [sic] muito sem ‘conhecê’ [sic] nada; nunca houve uma ‘presidenta’ [sic] do Brasil ‘que nem que ela’ [sic].
  • Vai lá’ [sic] no governo Fernando Henrique ‘pra vê’ [sic] a roubalheira ‘que foi’ [sic] na Petrobras.
  • Vocês não sabem do que somos capazes!”. Ah! E como sabemos…

Reação do Pessimista

Por fim, tem-se o pessimista, que deita falações acerca dos efeitos nefastos sobre a sociedade civil. No entanto, sempre a concluir com frases que provam sua completa omissão ou falta de visão. Mas, inevitavelmente, a causar revolta no cérebro dos racionais que ainda sobrevivem:

  • Não tem jeito mesmo, o cidadão brasileiro é um animal covarde por cruza.
  • Duvido que alguém se mexa para mudar qualquer coisa, esse povinho é corrupto mesmo.
  • Viu, quem mandou votar neles?!
  • Pode falar o que quiser, mas não vai conseguir mudar nada.
  • Não adianta reclamar, sempre foi assim.

Há cidadão brasileiros que, diante desse cenário de degradação ética, moral e cultural, acreditam que está a nascer uma quarta categoria da raça humana no Brasil: o revolucionário racional.

……….

[1] Mesmo com a ideologia instalada no governo – “ajude-nos a roubar muito; nós o premiaremos” –, realizar desvio de tributos diretamente da Receita Federal é quase impossível. No entanto, dizem que é tramado por meio de processos complexos. Pelos informes colhidos na imprensa, as atividades básicas seriam as seguintes: (1) criar e organizar uma grande quadrilha, bem treinada para esse fim; (2) semear no setor público inúmeros quadrilheiros especializados; (3) realizar muitas obras e serviços inúteis, mas sempre com preço final superfaturado e sem prazo para acabar; (4) montar uma cadeia de empresas fantasmas, on-shore e off-shore; e, por fim, (5) ter doleiros e amantes de total confiança. A propósito, corre o boato da existência de pelo menos um partido político brasileiro que produz, em larga escala, expertos internacionais nesta prática.

A estreita trilha da ideologia


Na cumeada da serra a trilha é estreita. Mal dá para passar uma pessoa. Há penhascos ameaçadores em ambas as vertentes”.

Sejam de quais ordens forem as ideologias – de direita, de centro ou de esquerda; reacionárias, conservadoras, “progressistas” ou revolucionárias; idealistas ou oportunistas; políticas ou religiosas –, quase todas são trilhas estreitas que, sem deixar qualquer espaço, vitrificam a reflexão humana. São plenas de dogmas e postulados, a se tornarem doutrinas medievais, mas às vezes ainda aplicadas no século XXI.

Montanhas com estreitas trilhas na cumeada

Montanhas com estreitas trilhas e penhascos

Tudo o que for dogmático torna estúpidos seus seguidores; ficam amestrados, cegos, obcecados. Perdem os motivos e os meios para raciocinar. São carris, escravos de trilhos de ferro por onde são obrigados a trafegar. Uma vez ideologizados, não podem mais escolher os próprios destinos, dado que não lhes é permitido pela seita ou facção política a que se submetem. São menos livres ainda os que já nascem dentro de uma facção, sem escolhas da reflexão.

Logo em seguida, será esta mesma facção a que obedecerão cegamente, tal como múmias empacotadas. Somente poderão falar o que reza o texto de seu amestramento.

A questão mais complexa é que certos indivíduos inescrupulosos, não raro sem formação e desprovidos de significado social, após amestrados em cartilhas sumárias da seita, criam suas doutrinas particulares. Formam o que chamamos de “ciclo ideológico”, tentando amestrar seus seguidores neófitos. Por que e como será trilhada a linha da cumeada, nenhum deles permite que seus seguidores saibam.

Motivação das ideologias

Observa-se que este ciclo ideológico é milenar, mas com inúmeras variações de significado, amplitude e intensidade. Vários estudiosos, em diversos momentos da história, categorizaram as ideologias existentes. Para nossa visão, na história do século XXI, todas são classificáveis em três categorias:

  • As filosóficas, que têm origem na Grécia Antiga, portanto são ideologias imateriais, e se referem às formas do pensamento dos grupos sociais que refletem por si mesmos;
  • As manipuladoras, que têm origem nos tempos pós-modernos, portanto materialistas, e visam a iludir grupos de pessoas para que deem apoio às intenções e vontades de um único grupo, que é dominador, oligárquico e, muitas vezes, criminoso;
  • As oportunistas, que têm origem no mundo contemporâneo, portanto são hiper-materialistas, e possuem retóricas descabidas que enganam grupos sociais, populações, enquanto seus líderes, “dignos e inocentes propagandistas”, apoderam-se dos tesouros públicos.

Os pensadores da Antiguidade e da Idade Média entendiam “ideologia” como o conjunto de ideias e opiniões de uma sociedade. Porém, em 1801, o filósofo francês, Antoine Louis Claude Destutt cunhou o termo ideólogie. Na sua visão, era a Ciência das Ideias e dos estados da consciência humana.

No entanto, a partir da segunda metade do século 19, os ciclos ideológicos passaram a ser realizados em “salas de aula”. Nelas se formaram dois gêneros de ideólogos: os meros seguidores e os multiplicadores. Os “seguidores formados” seguem a balir pelo mundo, tal ovelhas inconsequentes. Já os multiplicadores, também chamados manipuladores, esforçam-se para continuar a realizar novos ciclos. Fica nítido de que se trata da “pirâmide dialética da mentira”, a qual aparenta a pretensão de ser eterna.

Ideologias do pós-Guerra

Compraram tickets de entrada para a IIa Guerra Mundial as seguintes ideologias: nazista, monárquica, comunista, socialista, fascista e capitalista. Após seis anos de pancadaria, muita coisa se transformou no planeta. A monarquia britânica virou creme de barbear capitalista. A ideologia comunista foi mantida à força no leste europeu. As nazista e fascista foram riscadas do mapa, embora ainda restem algumas migalhas nos porões da vergonha. Por fim, a ideologia capitalista começou a dominar o mundo, gostemos ou não.

Em suma, seguiram para a segunda guerra seis ideologias, porém, somente duas retornaram vivas. Mesmo assim, apenas até 1990, quando foi concluído o desmonte do muro de Berlim, dando fim ao comunismo instalado na Alemanha Oriental.

Em fins de 1991, a doutrina comunista sofreu decisivo abalo, pois sua maior força estava na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), quando foi dissolvida. Desta forma, sua ideologia ficou desguarnecida sem a ditadura do Partido Único e de seu Politburo. Retornou ao quadro de quinze Estados independentes.

Hoje, até mesmo países comunistas de maior expressão tornaram-se Capitalistas de Estado, “embora ainda restem migalhas em seus porões da vergonha”.

Ideologias do futuro

Realizar a previsão de cenários futuros é sempre uma tarefa complexa e arriscada. Ainda mais se estivermos falando da ideologia que futuramente poderá envolver o mundo. Não dissemos “dominar o mundo”, por que é provável que ela seja classificada como uma Ideologia Filosófica, na linha dos antigos pensadores gregos. Podemos explicar.

Vivemos a Era da Comunicação. Ela nasce com a internet, em 1990. Mas somente no século XXI inicia sua adolescência. Em fins de 2011, segundo a ONU, já havia mais de duas bilhões de pessoas do mundo com acesso à internet.

As redes sociais são responsáveis por grandes saltos do número de interessados em debates da atualidade. Essas redes estão a criar um novo tipo de ideologia, não imposto por seitas e partidos políticos. Cada vez mais o domínio da informação é popular, é público. Resta aos humanos alcançarem um nível de conhecimento mútuo, onde cada pessoa do planeta conheça grande parte das demais. Somente então estará espontaneamente criada a Ideologia da Comunicação, fruto das relações naturais entre pessoas. Sem Estados, líderes de seitas ou partidos políticos envolvidos.

Todos estaremos com a “bunda de fora”, ou melhor, com a “bunda na janela”, visível para a população mundial da internet. Por óbvio, bundas deverão estar limpas para que iniciemos a Era da Ética.

A transição da Ideologia da Comunicação para a da Ética somente se completará quando as informações tiverem alcançado um nível elevado de verdade, de limpeza e factualidade. Quando mentira e falsidade houverem sido incineradas. Esse é endereço ético e moral desejado pela civilização moderna: quem mentir ficará com a “bunda suja na janela” e será excluído pelos demais.