“Sucesso!”, um voto contraditório


É curioso, mas ‘sucesso’ têm significados ambíguos.

Fomos ensinados desde crianças (e hoje assim ensinamos às nossas) que, em certas ocasiões, é educado e polido desejar sucesso a uma pessoa da qual gostamos, tal como a nós mesmos. No Brasil, sucesso parece significar unicamente “êxito, glória, triunfo”. Mas, de fato, não é bem assim. Basta consultarmos um bom dicionário.

No entanto, em muitos países latino-americanos, inclusive no Brasil, também significa ganhar dinheiro fácil, a rodo, de preferência apenas movendo palhas de trigo entre os dedos. Esse é o sucesso buscado no ambiente escuso da política, um verdadeiro desastre que assistimos para suas sociedades.

Campos de trigo

Campos de trigo

Passamos boa parte da madrugada pesquisando os significados do substantivo masculino Sucesso. Ficamos surpresos com as incríveis variações que descobrimos, em países de língua portuguesa e até regionalmente. Em síntese, encontramos o seguinte:

1. Aquilo que sucede ou sucedeu; acidente, acontecimento, fato. 2. Resultado bom ou mau de um negócio. 3. Conclusão. 4. Êxito, resultado feliz, triunfo. 5. Reg. (Port.) O mesmo que parto. 6. Reg. (Bras. Nordeste e Minas Gerais) Desastre: Morreu de sucesso.”

É tão disparatada e ambígua a noção do que seja sucesso, que a Cia. Souza Cruz, nas décadas de 1970 e 80, fez uma campanha publicitária na televisão brasileira, intitulada “Isto é Hollywood, o Sucesso!”. Essa campanha ficou famosa, não pelas vendas do cigarro (desastre), mas pelo lançamento de inúmeras músicas norte-americanas que explodiram no Brasil. Como exemplo, ouçam While you see a chance. Os mais antigos haverão de lembrar.

A propósito, queremos registrar nossos mais sinceros agradecimentos aos inúmeros “votos de sucesso” que recebemos pelo lançamento do e-book. Demorou, mais saiu, como em um parto delicado. Porém, diante dos diversos significados contraditórios dessa palavra, inclusive morreu de sucesso, preferimos receber apenas votos de boa sorte; sem dúvida, são carinhos de mão única.

Enfim, saiu “A Arte da Sustentabilidade”!


E-book, em formato digital: técnico, fundamentado, útil para o aprendizado de metodologias ambientais, fácil de ser aplicado e com preço baixo no lançamento.

Precisei de três anos para redigir este livro. Desejava que fosse uma espécie de Romance para a Educação Técnica, acessível a universitários que desejam ingressar na Consultoria Ambiental.

No entanto, aos poucos fui verificando que o interesse nas questões do Ambiente cresce de maneira fantástica em todo o mundo. Assim, conclui que deveria ampliar os temas tratados no texto, sensibilizando uma boa gama de atores variados: professores e estudantes universitários; executivos de empresas; gestores de ambiente, segurança e saúde; consultores ambientais e de engenharia; especialistas ambientais; profissionais liberais de diversas áreas; e analistas ambientais de instituições públicas e estatais.

É percorrendo estradas sinuosas e íngremes que se criam sonhos

É percorrendo estradas sinuosas, áridas e íngremes que são encontrados os sonhos e as ideias – Estradas de los Caracoles, Chile.

Contudo, manteve-se com forte traço de Romance Técnico e um tanto autobiográfico. Despendi mais outros três anos a revisar o texto dos 18 capítulos – eram mais de 700 páginas A4. Em suma, dispus-me a ficar focado por longos 6 anos na Arte da Sustentabilidade.

Durante as revisões descobri alguns enganos de lógica e acredito havê-los corrigido. Entretanto, decerto escaparam erros de digitação nas 223.184 palavras contidas no texto. Embora isto não afete seu entendimento e a aplicação das 24 metodologias nele constantes, agradeço desde já aos leitores que nos enviarem as páginas onde encontrarem enganos.

Para os interessados em conhecer mais detalhes e até mesmo adquirirem um exemplar deste e-book, visitem o site www.rupta.wordpress.com e conheçam os detalhes. Para tranquilidade de todos, sua aquisição on line é totalmente segura.

Agradeço aos amigos que compartilharem esta notícia em suas redes sociais. Em tempo, votem nas “estrelinhas” da notícia.

Ricardo Kohn, Consultor em Gestão.

A difícil arte da fotografia


Os que sabem como fotografar coisas de qualquer gênero dizem ser um trabalho complexo de ser realizado, em especial quando utilizam as antigas ferramentas analógicas. Contudo, fotógrafos profissionais, mesmo os já adaptados às modernas máquinas digitais, quase sempre as usam com controle manual, como se fossem iguais a seus “velhos equipamentos mecânicos” da década de 1970.

Os desafios das configurações manuais são realizar em poucos segundos os seguintes aspectos básicos: (i) manusear o aparato tecnológico digital com sabedoria, (ii) ajustar a velocidade do obturador, (iii) definir a abertura do diafragma e (iv) estimar a profundidade de foco desejada, antes de dar o disparo no objeto de interesse. Justo por isso, muitas vezes fotógrafos amadores exclamam:

─ “Ih! O cara sumiu!” …

Pois é, mas essa é apenas a parte trivial da fotografia. Muito além dela, antes de realizar os ajustes na máquina, é essencial verificar a incidência e a quantidade de luz no local ou no espaço a ser fotografado, a posição da lente em relação à luz e, durante a tomada fotográfica, ajustar o melhor “corte” possível para o registro que se deseja memorizar.

Se alguém nos perguntar se respondendo a todas essas medidas seremos capazes de fazer fotos espetaculares, a resposta é única:

─ “Não, nunca! Continuarão a fotografar com telefones celulares ‘inteligentes’, como se fossem magos ancestrais, e reproduzindo porcarias”.

Enfim, sendo objetivos, apresentamos uma pequena sequência de fotos que exprime o que deve ser o produto de um fotógrafo profissional de primeira classe. Não há retoques nas fotos. Os registros que se seguem são propriedade de Ronaldo Kohn (com página no Facebook).

Belos contrastes panorâmicos

Belos contrastes panorâmicos com foco infinito

Newton Ricardo em primeiro plano, contraste e profundidade

Newton Ricardo fotografando em primeiro plano, contraste, foco e profundidade – Foto histórica

A imagem da incomum luz dourada no fim de tarde

A imagem da incomum da luz dourada no fim da tarde 

Luz no primeiro plano e nuvens difusas ao fundo

Luz no primeiro plano e nuvens difusas ao fundo, céu azul e forte contraste

Diante do que pudemos constatar, concluímos que enfrentar todos os desafios para ser um bom fotógrafo, em busca de uma remuneração honesta, é bem melhor do que viver em um país que sofre da irremediável crise de corrupto-neurastenia política, a qual em breve será fatal para a “classe dos políticos que se acham superiores”.

E, assim sendo, nada mais havendo a tratar, fixados nas densas nuvens postadas, lembramos das angústias do Mestre da Fotografia, Henri Cartier-Bresson:

─ “A gente olha e pensa: quando disparo? agora? agora? agora? … Entende? A emoção vai subindo e, de repente, pronto. É como um orgasmo, tem uma hora que eclode. Ou temos o instante certo ou o perdemos…e não há como recomeçar…”.

Zola, o ensinador


Após muito estudar e, de certa maneira, ensinar, tornou-se um vulto.

Desde a infância seu nome era o último na lista de chamada da sala no colégio. Sempre foi um menino um tanto inesperado. Enquanto os demais alunos da sala respondiam “presente” ao ouvirem os professores a declamar seus nomes na chamada de presença, ele respondia firme, em alto e bom som: Zola! (pronuncia-se Zolá). Parecia querer ecoar a fala do professor. Era apenas nesse momento – e que se repetia até cinco vezes pelas manhãs diárias – que Zola mostrava ser capaz de falar.

Zola, o vulto desconhecido

Zola, um simples vulto desconhecido

Durante os cursos do Primário e do Ginásio (1), Zola não era tido como um ser comunicativo ou crítico, ao contrário do escritor francês Émile Zola, com quem compartilhava o sobrenome. Nos intervalos entre as aulas conversava com poucos colegas de sala, mas somente quando se tratava de assunto relativo às matérias em estudo. Mesmo assim, apenas quando pediam suas opiniões. Era curto e objetivo com as palavras; talvez o silêncio já fosse então a “ânima” de seu intelecto. Durante os nove anos dos estudos do primeiro grau, Zola não teve nenhuma nota inferior à máxima. E isso ocorreu em todas as matérias que o liceu oferecia.

Nos três anos do curso Científico, quando todas as turmas tinham alunos com 14 anos ou mais, ao recebermos a grade de aulas anual, ficávamos felizes ao descobrir as chamadas “horas vagas”. Nelas podíamos ir para as quadras de esporte e jogar futebol de salão ou vôlei, durante cerca de 50 minutos. Lembro-me que no primeiro ano tínhamos três horas vagas por semana, além de duas aulas de Educação Física aos sábados, nas mesmas quadras. A primeira era trabalho físico pesado. Após, a segunda era sempre dedicada ao salão ou ao vôlei. Dependia da votação dos interessados.

Porém, havia exceções. Eram aqueles que preferiam, no mínimo três vezes por semana, se empanturrarem no Bob’s ao invés de praticar algum esporte. Bem, o peso desses colegas era bastante elevado e alguns menos amigos, provocativamente, o declinavam em toneladas. No início de cada ano, eles entregavam na secretaria do liceu atestados médicos carimbados que os impediam de fazer quaisquer exercícios e, em consequência, participar de todo o tipo de educação física.

Zola não era um desses. Afinal, tinha pequena estatura, era magro, com pele de pouco sol e portava um óculos para miopia com cerca de 8 graus em cada lente. Eram dois fundos de garrafa apoiados sobre o nariz. Sendo assim, durante as horas vagas permanecia na sala de aula, absorto em sua carteira, a dar soluções para problemas de matemática e de física até então nunca resolvidos. Durante os três anos do curso científico Zola decerto solucionou milhares de problemas não resolvidos, impressos em volumosos livros ingleses. Sempre tinha um deles a mão. Nunca qualquer colega do liceu sequer ousou tocar nos livros de Zola. Bastava passar ao largo de sua carteira e ver as figuras que acompanhavam os problemas de física e matemática: eram simplesmente aterradoras, difíceis de serem interpretadas por leigos como nós.

Física e Matemática

As expressões amedrontadoras da Física e da Matemática

Tivemos a sorte de fazer o terceiro ano científico integrado ao curso pré-vestibular. Todos os professores eram magníficos e, sem exagero, em 1967 eram considerados os melhores do Brasil. Devo citar alguns nomes e apelidos que me foram essenciais em termos da lógica do pensamento: Bahiense, Saules, Gitirana, Nótrega, Pardal, Romagnolo, Orelhinha, Bazarella e Manta foram alguns deles. Todos inesquecíveis e incomensuráveis em sua razão.

Muitos já tinham longa experiência na formação de candidatos à universidade. Mas todos ficaram impressionados com a inteligência e criatividade de Zola, que continuava a resolver problemas esquisitos dentro de sala e a tirar nota 10 em todas as provas.

Zola fez três vestibulares, no ITA, IME e Nacional de Química. Passou nos três em primeiro lugar. Foi notícia em jornais do país durante uma semana. Decerto não as leu e continuou imerso em seu silêncio, cultivando suas habilidades para solucionar problemas.

Os caminhos de Zola

Perdemos o paradeiro desse gênio por cerca de mais de duas décadas. Hoje o chamariam de Nerd, mas sem saber que o Gênio é, no mínimo, um amplo degrau acima de qualquer Nerd. Todavia, um de nós ficou sabendo que Zola tornara-se chefe de um Laboratório Técnico-científico nos EUA, que ainda hoje é encarregado de criar soluções para problemas que, supostamente, sequer existem.

Em minha visão particular considero Zola Lenz César um mestre “ensinador”, não por meio de aulas e demonstração de teorias e teoremas, que certamente nunca fez. Mas, sobretudo, por seu comportamento silencioso, dedicado, humilde e extremamente focado no que precisava aprender para continuar a inovar.

É um grande vulto das inovações mundiais, tanto para atender a pedidos on demand, quanto para alimentar suas próprias habilidades.


(1) No Brasil, durante as décadas de 1950 e 1960 os cursos colegiais eram divididos em Pré-primário, Primário, Admissão, Ginásio e Científico ou Clássico, totalizando 12 anos de educação colegial (1º e 2º Graus). Depois de fazer um curso especial e prestar as provas do vestibular, os alunos aprovados seguiam para realizar os cursos universitários (3º Grau) – Graduação, Mestrado e Doutorado, podendo totalizar de 11 a 13 anos de educação universitária.

O ambiente é arbitrário…


O ambiente apresenta vários humores, como se fora bipolar.

Ao que se sabe, o planeta Terra constitui o maior Ambiente compatível para a evolução de seres vivos. As Ciências do Homem dizem conhece-lo, muito embora apenas parcialmente. Merece ser observado, no entanto, que estes humanos, segundo hipóteses antropológicas, já o habitam a cerca de 200 mil anos.

No entanto, do Homo sapiens arcaico até o atual Homo (dito) sapiens, milhares de séculos foram gastos tão-somente para cumprir a “tarefa da própria evolução”, da qual nada sabiam. Mas talvez já ensaiasse algum “gênero de inteligência”. Contudo, crê-se que somente visava permanecer vivo e procriar, mesmo diante das ações implacáveis dos elementos naturais, sempre espontâneas e bipolares.

Migrando pelo planeta – o Homo é um eterno viajante curioso desde sua origem –, conseguiu superar as violentas variações do clima, o calor intenso, o gelo das neves, chuvas torrenciais, inundações, o fogo das rochas, vulcanismos furiosos, terremotos e mares enraivecidos, entre outros.

Talvez seja por isso que, das sete espécies primitivas do Gênero Homo, identificadas por notórios cientistas, seis hajam sido extintas pelo arbítrio desenfreado do ambiente planetário. Ou seja, nessa partida, que já dura 400.000 anos, o placar em 2013 é Ambiente Terráqueo 6 x 1 Gênero Homo.

O técnico do Gênero Homo já entendeu que não há como vencer o jogo, mesmo que dure mais 300 mil anos! O Acaso, técnico do Ambiente Terráqueo, não tem qualquer problema com tempo e placar. Está tranquilo com as arbitrariedades cometidas e a cometer. Até por que o time do Gênero Homo joga estupidamente contra si próprio, como se quisesse ser fragorosamente derrotado por 7 x 0.

O belo da natureza é assustador e enigmático.

Quais forças do Acaso são capazes de pintar quadros sucessivos, com duração mínima? Cenários que se criam e se desfazem sem que o observador seja capaz de entende-los. Pinturas com potencial de se transformarem rapidamente em um novo desconhecido: chuva torrencial ao fundo; nuvens trazendo chuvas; o arco-íris situado a 100 metros do observador; vegetação, seres vivos e luz vespertina no primeiro plano; por fim, o fotógrafo profissional que captura extasiado estes instantâneos.

Foto de Ronaldo Kohn

Foto de Ronaldo Kohn

Uma fração segundo depois...

Uma fração de segundo depois…

Você sabe gerir uma fazenda?


Fomos convidados para analisar uma fazenda situada no município de Rio Preto, em Minas Gerais – Fazenda Água Comprida. Com cerca de 100 hectares, ela fica quase no meio da bacia leiteira de Minas, e seu proprietário (Wilson) deseja realizar uma estratégia para seu uso. Significa dizer que ele sabe como quer organizar suas terras em termos de seu aproveitamento ambiental.

Basicamente, sua ideia é ampliar as manchas da Mata Atlântica existente (40% da área total), plantar pequenos pastos para alguns equinos e bovinos, ampliar a casa da fazenda, reformar a casa dos caseiros – Lauro e Vânia – plantar uma horta com muitos canteiros, fazer trilhas cobertas com pedra ou brita e melhorar as margens do açude. Decerto haverá outras coisas a manejar, mas ainda as desconhecemos.

Vista interna da fazenda e sua provável profundidade

Vista interna da fazenda e sua provável profundidade

De início, a intenção de Wilson era a de criar gado leiteiro. Mas, no momento, o produtor de leite em pequena escala não consegue obter retorno sequer para cobrir seus próprios custos de produção – naquela região o preço do litro de leite está a valer, em média, R$ 0,90. E, para nossa surpresa, sua proposta de vida é mudar-se do Rio e ir morar definitivamente na fazenda. Parece estar decidido a monitorar a evolução das terras, pessoal e diariamente!

Em nosso grupo de visitantes havia um Gestor Ambiental (Ricardo), um Engenheiro Florestal (Itamar), um Geógrafo Junior (Raphael) e uma trainee em Engenharia Florestal (Elisa). Sem dúvida, ficamos felizes pelo desafio de sermos convidados para propor um projeto que garanta a sustentabilidade do ambiente da “Água Comprida“.

Aproveitando as duas grandes áreas de Floresta Estacional Semi-decidual, Wilson (e seus filhos, André e Júlia) deseja recriá-la com feição similar à sua expressão primitiva, de forma a garantir usos compatíveis para a família, os amigos e, no futuro, quem sabe, pessoas que gostem de ar puro, águas claras e ambiente campestre.

A visita matutina

Ainda pela manhã iniciamos a visita pelas bordas da fazenda, junto à estrada de terra batida que lhe dá acesso. De início, há um morro coberto por Mata Atlântica na sua vertente a oeste e quase sem vegetação, na vertente a leste.

Vertente a leste do morro, quase sem vegetação

Vertente a leste do morro, quase sem vegetação

Logo depois, além de uma via vicinal (picada de terra), há outro morro um pouco menor, todo recoberto pela vegetação estacional. Descemos dos carros e Wilson nos mostrou os primeiros limites de suas terras. No entanto, na base deste segundo morro chamou-nos a atenção a densidade da vegetação arbustiva, com predominância de pés de samambaiaçu.

Nesta hora, Itamar fazia anotações em sua caderneta acerca da qualidade do solo sob as samambaias: “Solo ácido que precisa ser tratado com calagem e adubação. Mas, não sem antes retirar os espécimes invasores e conter sua rebrota”. Por fim, pensou em voz alta: ─ “Novas mudas de espécies típicas da Mata Atlântica podem ser aplicadas ali, mas só depois de corrigirmos esse solo”.

Retornamos para a estrada de terra batida rumo à porteira de entrada da fazenda. Tornamos a estacionar para termos a primeira ideia de suas visíveis dimensões. Sabíamos que estávamos em seu interior, porém não compreendemos muito bem em que ponto ela findava, mesmo com as explicações gentis e detalhadas feitas por Wilson.

Vista da casa, do açude e da profundidade do terreno

Vista da casa, do açude e da profundidade do terreno

Há três nascentes nas terras da fazenda e a maior delas alimenta o açude. Mas o que também verificamos foi uma grande quantidade de eucaliptos, plantados em épocas distintas. Wilson nos informou que há pelo menos 30 mil pés de eucalipto, distribuídos em várias áreas da fazenda. Ele os usa apenas para alimentar fogões a lenha. Observamos que deverá dar outros usos para esta madeira e lembramos-lhe uma possibilidade que julgamos interessante:

─ “Wilson, certamente a venda da madeira proveniente do corte dos eucaliptos poderá ser revertida em benefícios expressivos para a infraestrutura da fazenda e o pagamento da mão-de-obra necessária”.

Mancha de eucalipto e Mata Atlântica ao fundo

Mancha de eucalipto e Mata Atlântica ao fundo

Durante o delicioso almoço, feito por Dona Vânia no fogão a lenha, conversamos sobre como elaborar um “modelo digital do terreno”, georreferenciado e planialtimétrico, a partir de imagens orbitais. Nele será possível lançar e individualizar todas as manchas de vegetação existentes (primevas e introduzidas), as nascentes e corpos d’água, as áreas com solo exposto, os caminhos de serviços da fazenda e as construções, incluindo o açude.

Trata-se de uma espécie de diagnóstico mapeado da fazenda, que permite ser atualizado na medida em que o projeto de Wilson for executado passo-a-passo. Os resultados que essa tecnologia oferece são sucessivos mapas do terreno da fazenda, demonstrando sua evolução, desde o cenário hoje existente, até o esperado pela família.

A propósito, têm-se hoje vários satélites com alta resolução de imagens, favorecendo à planificação e à correção de ações sobre qualquer terreno. Possuem elevada precisão métrica.

A rápida visita vespertina

Durante parte da tarde seguimos subindo por uma trilha usada pelo gado. Wilson nos mostrou o local em que existe uma pequena queda d’água, com cerca de dois metros de altura, consequência da segunda nascente. No total silêncio da fazenda era possível ouvir o rumor das águas, mesmo estando a cerca de 800 metros de distância. A verdadeira poesia da natureza.

Na linha de drenagem entre as elevações há uma queda d’água

Na linha de drenagem, entre as elevações, há uma queda d’água

Saímos da Fazenda Água Comprida por volta das três da tarde. Itamar, Raphael e Elisa seguiram diretos para “Prados de Minas”. Wilson levou Júlia, sua filha, até a porta de casa, em Itaipava. Em seguida, descemos para o Rio e, quase às sete da noite, deixou-me em casa felizardo.

Algumas considerações

Pode parecer que esse texto lembre um relatório de viagem de campo: algo técnico e objetivo. Porém, na verdade, constitui a emoção de nossa equipe de visitantes; não pela propriedade que nos foi dado o direito de conhecer e até opinar sobre seu futuro, mas, sobretudo, pelas largas experiências inesperadas em apenas um dia. Não temos dúvida que, por acaso e necessidade, conseguimos fazer parte e, ao mesmo tempo, organizar um belo grupo de humanistas.

Assim, rogamos à nossa materialidade para que tenhamos muito tempo de repetir várias vezes esse grande encontro e refazê-lo sempre maior.

Porém, além disso, todos somos extremamente gratos ao amigo Pedro Celestino por nos propiciar esse encontro!

As eleições para outubro 2014


O palco antecipado que se abre à sociedade brasileira. Mão não há artistas…

Pode-se afirmar que a luta pelo domínio do poder do Estado brasileiro é descomunal e abominável. Tudo o que vem ocorrendo desde janeiro faz-nos crer que o ambiente político, conforme foi construído na última década, é um espaço para dementes, na exata acepção da palavra. Em sua maioria os candidatos são despreparados para assumir cargos públicos, além de serem temerários. Acreditam que nunca serão cobrados pelo que prometem aos cidadãos em suas campanhas políticas, como se fossem deuses de um enorme hospício.

Eleições explosivas no Paquistão

Eleições explosivas no Paquistão. Ainda não há risco similar no Brasil.

Hoje, no início de 2013, já temos pelo menos quatro candidatos que se articulam para assumir o governo federal em 2015. E, para surpresa de todos, esse número deverá crescer e talvez chegue a uma dúzia deles. Isso assusta a qualquer humano civilizado. Muitos sabem que não é provável ou sequer razoável, que haja no Brasil tanta gente com capacidade para gerir a complexidade social, econômica, política e ambiental de seu território.

No entanto, a pequena oferta de gestores nacionais competentes também é nítida na maioria dos países latino-americanos e africanos, como em parte da Ásia e Oriente Médio. Há quem afirme que essa lacuna não será resolvida através dos atores ortodoxos, sejam eles dirigentes públicos, acadêmicos ou intelectuais. Há necessidade de que sejam criados novos meios e instrumentos para conversas e debates amistosos, formar novas visões e, a partir daí, produzir a cultura necessária para os Estadistas do Século 21. Afinal, eles não caem do céu.

Uma aventura intelectual

A Edge Foundation, uma entidade sem qualquer fim lucrativo, reúne acadêmicos, cientistas, escritores e profissionais liberais respeitados, visando à criação de soluções práticas para os conflitos do mundo contemporâneo. Há vários anos sua equipe, liderada por John Brockman, contando com cerca de 50 colaboradores voluntários, discute temas de interesse mundial. No website da Fundação anualmente é feita uma única pergunta que estimula a respostas variadas. Em 2013, a pergunta formulada pela Edge foi a seguinte: “Com o que deveríamos estar preocupados?[1]. Seguem três respostas que consideramos vinculadas ao tema deste artigo.

O psicólogo norte-americano, Douglas Kenrick, sintetizou em seu texto: A idiocracia está bem próxima. Em outras palavras, segundo Kenrick, devemos esperar para breve que vários países do mundo sejam governados por plêiades de renomados idiotas. Contudo, achamos o psicólogo um tanto otimista. Pelo menos na América do Sul ela já chegou há algum tempo.

Confirmando a mesma linha de raciocínio, Eduardo Salcedo-Albarán, um reconhecido filósofo colombiano, pontuou: Deveríamos nos preocupar com vários Estados “modernos” que, na prática, são moldados pelo crime. Estados onde as leis são promulgadas por criminosos e, ainda pior, legitimadas através da democracia formal e legal.

É provável que Albarán considere que “democracias dessa natureza” resultam da educação pública negligente, que, em nossa visão, os idiotas governados são amestrados para continuar apostando nos idiotas que elegeram.

Já a neurocientista inglesa, Sarah-Jayne Blakemore, observa essa ausência da educação básica por um ângulo que parece ser óbvio e simples: Preocupo-me com a oportunidade perdida por negar aos adolescentes o acesso ao mundo da educação. No entanto, cremos que, na visão da neurocientista, “mundo da educação” é bem mais amplo do que apenas escolas e universidades. Não é óbvio e simples.

Sem dúvida, a prática das provocações, conversas, debates e opiniões criada pela Fundação é uma aventura intelectual de rara inteligência. A mídia mundial a divulga sistematicamente. Até mesmo no Brasil o jornal Estado de São Paulo já publicou notas sobre essa iniciativa.

De retorno às eleições de 2014

Nesse instante, o candidato em mais evidência é o “diretor geral do hospício”. O CEO de seu partido clama pela pureza e virgindade de seus amigos, velhos mensaleiros. Ex-aliados, que almejam formar a Oposição 2, ainda se “borram nas calças” para dizer de qual lado estão; falam por vias transversas, sem liderança definida. A Oposição 1 permanece quase calada.

No Congresso temos propostas de emendas constitucionais e projetos de lei que, segundo juristas experientes, são inconstitucionais. Servem como “paredões” de fumaça para “nublar façanhas políticas” de inimigos que, neste instante, estão aliados. Tudo é questão do instante, a depender das conveniências e interesses particulares de cada facção.

O Supremo Tribunal Federal, por fim, publicou em abril o acórdão da Ação Penal 470. Vai iniciar o julgamento dos “embargos declaratórios” que, na verdade, são “infringentes”. Têm-se dois tipos de confusão armados. O primeiro é interno ao próprio STF; o segundo, vem sendo parido no Congresso, com apoio do Planalto. Ambos têm como finalidade criar a necessidade de um novo julgamento e poupar os réus julgados e apenados de terem que residir por algum tempo no projeto Minha Jaula, Minha Cela, recebendo auxílio do maravilhoso programa Esmola-Família.

De resto, respondendo a Edge Foundation, devemos nos preocupar cada vez mais com o abismo educacional e cultural que se alarga e separa o Brasil do resto do mundo civilizado.


[1] Recebeu 154 respostas de convidados oriundos de diversos países, com óticas e focos variados. Todas estão publicadas em www.edge.org, na seção Annual Question. Vale a pena consulta-las.

Burguesia, um conceito abastardado


Sobre o ambiente da Burguesia

Na Idade Média o termo “burguês” referia-se aos moradores de um burgo, que eram povoados protegidos por muradas onde habitava a chamada burguesia (do francês, Bourgeoisie). Os burgos eram povoados pobres que circundavam os castelos medievais da nobreza e a Igreja.

Os burgueses eram indivíduos incultos e rústicos que começaram a produzir roupas, especiarias, artefatos artesanais, bem como prestar serviços em geral. Portanto, ao buscarem alguma independência, não foram benquistos pela nobreza que, suportada pela Igreja, era a efetiva detentora do poder no Reino.

Sendo assim, a burguesia teve origem em grupos de vassalos do poder medieval (séculos 11 e 12). Alguns deles, para não permanecerem submissos ao poder vigente e por terem iniciativa própria, dedicaram-se a atividades comerciais, criando uma fórmula real de produção que, séculos mais tarde, serviu como base para a escola do livre mercado.

As feiras livres eram os "shoppings" dos burgueses

As feiras livres eram”shopping” dos burgueses

Em suma, os burgueses já eram a “classe média” de outrora. Sem eles, a nobreza não poderia realizar seus gastos, às vezes inexplicáveis tal como os atuais. Mas foi justamente usando o trabalho dos burgueses que a nobreza encontrou os meios para repor seu capital, através da “cobrança ostensiva de taxas para manter os dispêndios do Reino”.

Por fim, cabe ressaltar que as escolas da Idade Média eram todas de propriedade da Igreja e somente ensinavam a “devoção aos preceitos religiosos e nobres”. Foram os burgueses que criaram as primeiras escolas livres do poder do clero. Foram eles que ensinaram, construíram e divulgaram os conhecimentos ocidentais. Também foram os “burgueses classe média” que comandaram as necessárias revoluções, culminando com a Queda da Bastilha (Revolução Francesa), datada de 14 julho de 1.789, que veio a inaugurar a Idade Contemporânea.

Sobre o ambiente da Nobreza

Na Europa medieval a nobreza teve origem, essencialmente, na estrutura feudal ou senhorial dos Estados. A camada social superior era constituída pelos detentores da riqueza, sobretudo a fundiária, e do poderio militar. Durante todo esse período, os nobres mantiveram-se na condição de classe superior por seu poder econômico-político, ao lado do clero, que a este juntava “seu poder espiritual”, que alimenta a ignorância.

Cardeal Richelieu, o clero da nobreza francesa

Cardeal Richelieu, o clero na nobreza francesa

Desde o século 12, a nobreza dividia-se em “ricos-homens e fidalgos”, desfrutando todos de privilégios especiais, tais como a representação nas Cortes, a exclusiva dependência do rei, isenção tributária, imunidades especiais, etc. Contudo, a nobreza não constituía propriamente uma classe fechada, visto que o acesso a títulos nobiliárquicos era possível a um burguês que fosse detentor de grandes riquezas, mas somente após obter a concessão real (do rei). Em outras palavras, era mais fácil perder todas as riquezas que acumulara do que se tornar um nobre titulado.

Rei Luís XVI, líder da nobreza francesa

Rei Luís XVI, líder da nobreza da França

Mantendo-se unidos por laços de “fidelidade e amizade recíprocas“, bem como de vassalagem, quando fosse o caso, os nobres asseguravam a continuidade do poder de suas famílias, transmitindo seu patrimônio e poder ao filho primogênito.

Na Idade Contemporânea a nobreza começou a definhar, em especial a partir da Revolução Industrial. Atualmente são poucos os países ocidentais que possuem dinastias e monarcas ativos. Mesmo assim, quase todos adaptados ao modo de vida capitalista, com liberdade para investir, trabalhar, produzir e gerir a nação de forma democrática.

Entretanto, a partir de século 20, no lugar de reis e monarcas elevaram-se alguns ditadores, e a tomada do poder deu-se, sobretudo, através de forças revolucionárias e guerras civis. Até agora seus resultados foram duas guerras mundiais, crimes contra a Humanidade, tensões geopolíticas crescentes, “primaveras” violentas visando à troca de ditadores, risco de mais guerras civis e regionais, disparidades econômicas, ameaça de extinção da “classe média” e povos vivendo em absoluta miséria.

Conclusões do blog

Nos dias de hoje, é um engano razoável, senão grave, importar conceitos do século 19 para julgar pessoas e comportamentos livres no século 21. Tentar manter a dicotomia “burguesia versus proletariado” é simplesmente ridículo. Por sinal, o filósofo Karl Marx provinha de família relativamente abastada, que lhe deixou boa herança patrimonial e meios de trabalho privado.

Portanto, segundo sua própria teoria (seita), pertencia à “burguesia capitalista” de sua época, mas optou por ser crítico, fundando-se na defesa de políticas socialistas e comunistas, propondo a luta de classes sangrenta e, tal como um idealista utópico, criar um mundo ideal, “limpo de classes sociais“.

Os burgueses, desde a Idade Média e através dos tempos, são os principais responsáveis pela libertação do cidadão ocidental, tanto do jugo da antiga nobreza, como de seus atuais similares políticos – ditadores, autocratas, populistas e apaniguados. Outro comportamento cidadão que deve ser atribuído às ações primitivas da burguesia, refere-se a formação e ampliação da cultura ocidental, as inovações tecnológicas ligadas à transparência da informação e a cultura do enfrentamento de ditadores-populistas, presentes em todo o planeta.

Eternos amigos do passado: os críticos


Amigos críticos sim, mas, acima deles, há os críticos “fundamentalistas”. Três críticos foram nossos professores entre 1969 e 1971. Algumas vezes foram considerados ofensivos por quem sofria sua ação. Quando chamavam a atenção de um aluno, para seguir pelo caminho que julgavam mais correto, não sabiam aconselhar com frases adocicadas. Até porque para eles não havia alternativas de rumo na vida. Eram superlativos, absolutos e bastante sintéticos. Sempre nos pareceram matemáticos em suas afirmações: “donde se conclui que o caminho é este”! Tinham certeza do que e como ensinavam.

A Certeza não tem idade

A certeza não tem idade

Por motivos óbvios, não apresentamos seus nomes completos, mas apenas os “apelidos” com que eram tratados: Simon, Fred e Maul. Qualquer dos três, se nos ler, saberá do que estamos a falar.

Simon é o mais antigo. Na época, era chefe de departamento na faculdade que cursávamos. Por isso, de início era o mais fechado dos três. Levamos algum tempo para termos uma aproximação extracurricular. E foi através da literatura sul-americana que, enfim, ficamos mais próximos. Sabedor de que gostávamos de redigir contos, Simon indicou-nos alguns autores que considerava especiais – Julio Cortázar, Gabriel Garcia Márquez e Jorge Luis Borges foram os primeiros. Foi uma loucura (para nós, os rebeldes) descobrir escritores demolidores como Cortázar e Márquez, bem como com a maravilhosa cultura dos mistérios de Borges. Crítica, sátira, ironia, surrealismo e non sense se entrelaçam nas obras dos três. A partir daí descobrimos inúmeros escritores de outros continentes e países.

Fred e Maul eram professores contratados pelo departamento chefiado por Simon. Tinham perfis profissionais bastante semelhantes em termos de competência, domínio científico, destreza na sala de aula, capacidade de transferência de conhecimentos e, acima de tudo, atenção às pessoas em geral.

Fred é uma pessoa tão atenta que é capaz de memorizar que roupa você usava na última vez em que o encontrou, sobre o que conversaram e em que ano e local aconteceu o encontro. A propósito, nosso último encontro foi em Belo Horizonte, MG, na festa de aniversário de um grande amigo, comemorada no sábado 16 de março deste ano.

Contudo, seus perfis pessoais eram relativamente distintos. Sem dúvida, ambos educados. Porém, a educação de Maul somente existia nas “Condições Normais de Temperatura e Pressão”. Tinha “pavio muito curto”, embora nunca tenhamos vivido qualquer situação contra ele. Porém, podemos afirmar com certeza, Maul tinha “pavio muitíssimo curto com moleques e folgados”. Há casos memoráveis ocorridos bem mais tarde em Brasília que, por questões de força maior, não os declinaremos nesse texto. Cremos mesmo que se Fred estivesse junto com Maul, na sauna mista do antigo Clube da Telebrás, em Brasília, dada as ofensas chulas feitas a duas jovens senhoras por dois moleques, não teria desapartado a pancadaria; ao contrário.

Muito embora os três também tenham atuado em consultorias, segundo a nossa visão era na Academia que mais se destacavam, como cientistas, pesquisadores e professores. A saída de Maul do Rio e da área universitária – passou em concurso público para trabalhar em Brasília –, aos olhos dos alunos, contribuiu para fragilizar a unidade do grupo.

Simon e Fred continuam trabalhando no crescimento de cabeças. Maul faleceu na década de 1990, em Belém, PA, numa viagem de trabalho.

Uma curiosidade

Maul é o nome genérico dos grandes martelos usados pelos guerreiros da era medieval: (i) o Martelo de Guerra, quase sempre associado ao uso de longos arcos e flechas; (ii) um tipo de marreta demolidora, com pontas de ferro salientes; ou (iii) uma arma pesada capaz de rachar qualquer objeto, a conjunção de machado e martelo integrados no mesmo cabo. Enfim, diríamos, uma ferramenta da crítica fundamentada.

Gravura de um Maul usado no Medievo

Gravura de um Maul usado no Medievo

Ficamos pensando como agiria o nosso querido Maul nos dias atuais. Decerto tentaria abordoar com Martelo de Guerra a testa dos corruptos predadores da sociedade brasileira.

Simon, Fred e Maul deixaram marcas profundas no caráter de escritores, gestores e executivos de empresas. Por sinal, com partes de suas assinaturas morais e éticas.

Ataques ‘do Lula’ de Humboldt


Apesar da grande variedade de espécies de lula já identificadas nos mares do planeta, restringimo-nos apenas a três delas, que provavelmente constituem o maior desafio para as ciências do mar e de seus habitantes: a Colossal, a Gigante e a de Humboldt.

A Lula Colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni) é a maior espécie de lula conhecida e única espécie do gênero Mesonychoteuthis. Até agora é o maior invertebrado conhecido do planeta, podendo chegar a 25 metros de comprimento, segundo estimativas de pesquisadores e cientistas que a estudam desde 1925. As lulas colossais vivem em águas geladas e especialistas estimam que habitam na coluna d’água a mais de 2.000 metros de profundidade.

Lula Colossal
Lula Colossal na bancada para análise de cientistas

A lula colossal é predada por cachalotes, mas deixam marcas profundas no predador, através das garras contidas em seus tentáculos e de seus bicos demolidores.

Tem-se conhecimento de apenas quatro ocorrências – em 1925, 1970, 2003 e 2007. Em todos os casos a Colossal morreu ao ser capturada ou já estava morta. A lula capturada por acaso no ano de 2007, por pescadores neozelandeses, foi digna de recorde: pesava cerca de uma tonelada e meia.

A Lula Gigante (Architeuthis spp.) é um cefalópode da ordem Teuthida, sendo o segundo maior invertebrado existente na Terra. As oito espécies do gênero Architeuthis habitam as profundezas dos oceanos e podem atingir comprimentos de 10 metros para os machos e 13 metros para as fêmeas, medido desde a barbatana caudal à ponta dos tentáculos.

Lula Gigante um tanto retotocada
Lula Gigante (retocada)

A sua existência foi considerada um mito por muito tempo, mas a descoberta de corpos e juvenis no estado larval veio mostrar que a lula gigante existe. Somente em setembro de 2004, a equipe do pesquisador japonês, Tsunemi Kubodera, do Museu Nacional Científico de Tóquio, e Kyoichi Mori, da Associação de Observação das Baleias Ogasawara, conseguiu fotografar pela primeira vez na história um exemplar vivo no Pacífico norte, perto das ilhas Ogasawara. O animal de oito metros de comprimento agarrou-se a uma isca, presa a um cabo lançado a 900 metros de profundidade. O espécime lutou por quatro horas para se libertar, amputando um dos tentáculos. O tentáculo media cerca de 5,5 metros e foi resgatado pelos cientistas, ainda se movendo. As centenas de fotos obtidas foram divulgadas apenas um ano depois, em uma revista científica.

Oito anos após, em julho de 2012, cientistas japoneses filmaram pela primeira vez uma lula gigante viva no seu habitat, a centenas de metros de profundidade, num projeto de parceria entre o Discovery Channel e o Museu Nacional da Ciência e Natureza do Japão. O espécime foi localizado a 630 metros de profundidade, a partir de um submersível com três tripulantes, ao largo da ilha de Chichijima, quase 1.000 quilômetros ao sul de Tóquio.

A Lula de Humboldt (Dosidicus gigas) é uma espécie que vive em águas profundas no leste do Pacífico – costa do México, dos EUA e em parte da costa canadense. É adaptada a águas temperadas, bem menor e mais leve do que suas primas. Atinge a mais de 1,5 metro de comprimento, com cerca de 50 quilos de peso. Possui bico afiado e tentáculos providos com garras cortantes, sendo um carnívoro agressivo, dotado de incrível propulsão e de meios imprevisíveis de mobilidade.

As agressivas lulas de Humboldt
A selvagem e agressiva Lula de Humboldt

As Humboldt, diferentemente da Colossal e da Gigante, sempre caçam em bandos. E esses bandos crescem rapidamente em função da quantidade de presas disponível. O que não chega a ser propriamente uma alegria, pois elas atacam e se alimentam de quase tudo que se mexe. Além disso, sua capacidade de reprodução é elevada e sua adaptação ao ambiente também. O que está comprovado é que há duas ou três décadas as Humboldt ocorriam apenas na costa mexicana e da parte da Califórnia. Hoje chegam em quantidade até a costa canadense, atacando e consumindo a fauna marinha de interesse alimentar humano.

As lulas de Humboldt apresentam capacidade de mimetismo bastante elevada, mudando as cores de seu corpo – tentáculos, cabeça e manto – de acordo com a dinâmica do ambiente em que se encontram. Usam essa camuflagem para surpreender suas presas e mesmo nos encontros com humanos, quando estes podem sofrer elevados danos físicos.

Há poucos vídeos mostrando a ação dessas lulas. Consideramos que este parece ser o mais informativo: “Lula de Humboldt”.

Visão do site

As ações sistemáticas dessas Quadrilhas do Lula‘ põem em risco a pesca e o comércio de peixes na costa californiana. Consideramos uma saída razoável a resposta dos restaurantes, colocando vários pratos de Humboldt em seus cardápios. Consumi-las é melhor do que atura-las em seus ataques selvagens e destrutivos.

Teoria e prática da gestão


Por Antônio Caire e Ricardo Kohn.

Nos países com maior desenvolvimento educacional e cultural, decerto haverá maiores chances de terem seus territórios desenvolvidos econômica e socialmente. Mas isso é óbvio para qualquer cidadão? Infelizmente, ainda não.

Para tentar analisar o que é e como se realiza a Gestão, consideramos como verdadeira a seguinte equação:

Educação + Cultura + Disciplina = Civilização + Produção.

Todavia, nos países desenvolvidos há sempre um catalisador positivo que constitui a essência e o acelerador da equação acima. Chamam-no simplesmente por Gestão, tanto na teoria, quanto na prática. E, por possuírem forte visão estratégica, desenvolvem a gestão nas universidades e aplicam-na nos mercados, especialmente no da consultoria, também chamado Mercado da Inteligência.

Há diversas abordagens para realizar a Gestão, com focos distintos e integráveis, tais como: de Projetos, de Obras, do Ambiente, da Produção, da Logística, da Manutenção, de Pessoas, de Conflitos e de Risco, entre outras. Todas essas linhas da gestão constituem suportes essenciais para a solução dos principais problemas vividos no mundo moderno.

Onde há Gestão há luz!

Onde há gestão há luz

O que chamamos Gestão

Sempre temos pelo menos um sujeito ou um objeto a ser “orientado” (gerido). Pode ser um projeto de engenharia, um ecossistema, a construção de um condomínio de prédios ou uma linha de produção industrial. O processo da gestão envolve atividades sequenciais a serem realizadas sobre este objeto, que consolidam a sua gestão. São elas:

  • Conhecer as linhas gerais básicas do objeto.
  • Diagnosticar em detalhes o objeto da gestão.
  • Prognosticar suas tendências de comportamento futuro.
  • Identificar as potencialidades e vulnerabilidades do objeto.
  • Planificar alvos a serem alcançados e ações a serem realizadas para que o objeto realize seu melhor comportamento futuro.
  • Monitorar o comportamento real do objeto em andamento.
  • Se necessário, replanificar alvos e ações.

Essas sete macroatividades básicas constituem o processo da gestão, qualquer que seja o objeto a ser gerido – de um vaso de plantas até uma grande metrópole.

Nossa proposta para a Escola Superior de Gestão

Em síntese, nossa proposta é, através da Academia, formar profissionais para o mercado da gestão, recebendo a carga teórica em sala de aula e praticando-a no “campo” durante sua formação. Algo como, por exemplo, dividir o tempo do aprendizado com 35% de habilitação teórica e 65% de atuação profissional e prática.

Será bastante oportuno que uma Instituição de Ensino Superior abrace esta ideia. De um lado ela oferecerá os cursos para o aprendizado da gestão. De outro, cria uma unidade própria de consultoria em gestão, operando no mercado público e privado, onde seus alunos poderão atuar como trainees, engajados nas práticas da gestão que recebem através da teoria acadêmica.

A melhor teoria, a mais fundamentada, é a que permite sua aplicação prática imediata, na íntegra.