O idiota solitário


Ricardo Kohn, Escritor.

Desde o surgimento do sapiens moderno no planeta (há 10 mil anos), as agressões entre seus espécimes tornaram-se vitais à sobrevivência, sobretudo dos que se achavam mais poderosos. Matarem-se uns aos outros tornara-se o esporte favorito das tribos em conflito. Todavia, elas tinham chefe, o qual dava ordens à sua matilha de técnicos em matança.

O chefe-supremo era estratégico, por isso permanecia à distância, escondido nalguma caverna; os técnicos variavam a cada luta, mas somente faziam a ocupação tática do terreno, sem risco de serem pegos. Eram os operários que executavam a matança, cegos pela idolatria ao chefe. Por isso, tudo me leva a crer que o tal “lobo solitário” nunca existiu no planeta. Acho que por detrás de cada operário idiota, no mais das vezes abatido pelo inimigo, sempre houve uma quadrilha muito bem articulada.

Na Era Contemporânea, os casos de homicídio de pessoas públicas não são poucos. Destaco os de Abraham Lincoln e John Kennedy, quando foram presos apenas dois idiotas. Alguns investigadores, na tentativa de irem mais fundo, de descobrirem quem fora o chefe de cada quadrilha, só conseguiram criar a “Teoria da Conspiração”. Enfim, uma teoria que, diante do poderoso Estado Norte-americano, nada conseguiu elucidar.

A prisão do operário idiota

A prisão do operário idiota

Por outro lado, as tentativas de assassinato têm sido incontáveis, a ocorrer em várias nações. Mas vou me deter somente na de 6 de setembro passado. Em Juiz de Fora, o deputado Jair Bolsonaro estava nas ruas em campanha para a presidência, cercado por centenas de pessoas que o louvavam. Até que, inexplicavelmente, foi esfaqueado por um tal Adélio, a meu ver, um idiota amestrado por técnicos táticos, sob comando do chefe da seita vermelha. Por óbvio, o idiota foi preso em flagrante! Mas a Polícia Federal não sabe como encontrar os táticos e o chefe da seita assassina.

Creio que grande parte da população brasileira aposta que há um chefe que, com sua corja de corruptos, manobrou para executar este terrível atentado à vida. Todos precisam ser investigados, julgados e justiçados de forma exemplar. Sem dúvida, não se tratou da ação de “lobo solitário”, mas da submissão doidiota solitário” que, mesmo trancafiado, idolatra seu chefe-supremo. Resta a dúvida: ─ “Quantos inimigos este mesmo chefe já assassinou durante sua vida?”

Dólar na Cueca


Ricardo Kohn, Aprendiz de Filósofo.

Todos lembram de um assessor de deputado federal cearense, preso num aeroporto paulista, em 2012. Carregava R$ 209 mil em sua mala, além de US$ 100 mil espremidos no interior da cueca. O que me espantou, à época, foi a Polícia Federal não haver instalado uma severa “Operação Cueca”. Até por que, além do oprimido assessor, cumpridor de ordens, os reais protagonistas desse cenário eram dois políticos irmãos, presidentes PT do Ceará e do PT Nacional, uma empreiteira a sobrefaturar continuamente e o maleável Banco do Nordeste, notório pelas sucessivas corrupções de que participava.

Assim se vestia Mr. Cueca, o ladrão petista 

Assim se vestia Mr. Cueca, o ladrão petista

Após investigações superficiais do incidente da cueca, nenhum político foi preso pelo crime. Mas essa moda quase pegou, pois a cueca tornou-se meio de transporte especial de propina.

Veja, em 2018, numa estrada do município catarinense de Sombrio, um homem foi preso pela PRF quando foi constatado que carregava US$ 20 mil em uma pochete, presa à cueca. Foi conduzido à delegacia da PF de Criciúma, mas logo foi solto. Justificou que voltava do Uruguai e, como não havia achado atrativo o valor dos produtos à venda, permanecia com os dólares; vale observar, os dólares foram retidos pela Polícia Federal.

Todavia, dois eventos-cueca isolados – um, em 2012; outro, 2018 – não garantem que sejam a prática normal das quadrilhas de corruptos nacionais, ao contrário, podem ser coincidências. Neste invólucro ínfimo, por vezes malcheiroso, não cabem milhões de dólares. É pura questão de espaço, cueca não é carro-forte. Assim, por mera curiosidade, gostaria de saber qual foi o idiota que teve a estúpida ideia de usar a cueca-cofrinho para despesas pessoais – até US$ 100 mil.

A título de conselho, devo dizer-lhe: ─ Prezado idiota, com as enormes bundonas que há no Congresso, cada calcinha pode transportar, no mínimo, US$ 600 mil. Aposto que a PF nunca mandará uma parlamentar arriar a calcinha… Desse modo, você só precisa escolher o melhor partido de corruptos para realizar sua safadeza.

Lava-jato: ação de contra-ataque


Ricardo Kohn, Escritor.

Em 2008, o dono de uma indústria de Londrina denuncia que o ex-deputado federal pelo Paraná, José Janene, cometera crimes contra a administração pública, com ajuda do doleiro Alberto Youssef, o qual voltara a realizar esquemas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

No ano seguinte, a Polícia Federal fez investigações sobre uma suposta lavagem de dinheiro para o narcotráfico, realizada num posto de combustível de Brasília. Era o Posto da Torre, onde também operava uma casa de câmbio. Naquela ocasião não havia suspeita que políticos recebessem propina do narcotráfico. Contudo, no curso de 2013 foi deflagrada a operação Miqueias, destinada a tirar de circulação pessoas envolvidas com dinheiro do tráfico de drogas. A visão da PF, todavia, indicava que o Posto da Torre [codinome PT] poderia ser um antro de doleiros que recebiam percentuais do narcotráfico.

Posto da Torre, setor hoteleiro sul, área central de Brasília

Posto da Torre: “o ninho imundo da corrupção pública“, Brasília

Foi durante este período que a monitoração telefônica de Alberto Youssef confirmou a suspeita da PF. Quatro doleiros estavam envolvidos com facções criminosas, a aplicar tramoias para a evasão de divisas do país. Eram eles: o dono do PT [Posto da Torre], Carlos Chater; Nelson Kodama; Raul Srour; e o próprio Youssef. Além, é claro, do falecido (ou abatido?) José Janene, um dos incontáveis ladravazes políticos do país.

Afora isso, a Polícia Federal também descobriu que Alberto Youssef presenteara o então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, com uma Land Rover Evoque, zero quilômetro. Foi a partir desse fato que a PF deflagrou uma nova operação, no dia 17 de março de 2014. Decerto, uma óbvia consequência da operação Miqueias. Deve-se a delegada da PF de Curitiba, Erika Marena, o apelido desta operação – Lava-jato. Com base nas informações que dispunha, a delegada observou que, além de um posto de combustível, havia uma rede de lavanderias que constituíam a logística da quadrilha para movimentar valores do tráfico.

Todavia, uma questão óbvia remanesce na escuridão: ─ “A quadrilha de doleiros conseguiu envolver a Petrobras com o narcotráfico”?!

A nova operação

A primeira equipe de investigação da Lava-jato foi designada em 2014, no estado do Paraná. Era formada por Procuradores da República [coordenados por Deltan Dallagnol] em ação conjunta com agentes da Polícia Federal. Iniciou reduzida, uma vez que ainda era desconhecido o volume de dinheiro desviado pela quadrilha de doleiros. Contudo, em 2015, com a descoberta de indícios alarmantes, tornou-se necessário designar mais duas equipes: uma para atuar no Rio de Janeiro e outra, no estado de São Paulo. Embora houvesse outros instrumentos de investigação (dentre eles, a Receita Federal), acredito que estas três forças-tarefas [Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo] têm sido fundamentais. Isto por que, até 2017, conseguiram condenar várias quadrilhas de corruptos a um total de 1.861 anos de prisão[1]. Desse modo, no conjunto, espera-se que 188 condenados[2] passem quase 2 séculos enjaulados em “celas privilegiadas”. Na minha opinião, devem ser tratados como sucata moral, prontos para serem justiçados de acordo com as determinações da lei.

Justiça ordinária

Embora haja tantos condenados pela Lava-jato, em 1ª e 2ª instâncias, a maioria dos corruptos políticos permanece em liberdade. O principal motivo é a vigarice do “foro privilegiado”, o famigerado “foro especial por prerrogativa de função”. Esse foro tornou-se a vacina que cada corrupto recebe ao obter um cargo público que o declare como “autoridade”. Ele só pode ser julgado pelos tribunais superiores – STJ e STF. A ser assim, com base na lei brasileira, cerca de 55.000 pessoas que ocupam cargos públicos desfrutam descaradamente desta benesse que, sem dúvida, estupra a ética em sua expressão mais elementar. Ainda que o Artigo 5º da Constituição Federal determine justamente o contrário: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (…)”.

Não espero conhecer os estranhos dogmas e contradições da justiça brasileira. Todavia, consigo refletir com lógica sobre direitos e deveres dos réus. No mundo civilizado, ética e moral fazem parte da família de princípios que declara quais são os direitos e deveres do sapiens, seja ele um cidadão honesto ou um condenado por crime hediondo. A meu ver, corrupção pública é crime hediondo, muitas vezes associado ao tráfico de drogas.

Retorno no tempo para mostrar que a razão nunca é perversa. Ao recordar o processo da Ação Penal 470[3] [2005 a 2014], realizado no Supremo Tribunal Federal (Justiça superior), observo que o então Ministro-relator foi capaz de quebrar paradigmas seculares: pela primeira vez na sua História, o STF condenou 24 políticos e empresários corruptos, os quais outrora eram protegidos, na qualidade de “espertalhões imunes à lei”. Ressalto que, nos processos da Lava-jato, até hoje o STF não condenou sequer um corrupto público, mesmo a dispor de fartos indícios e provas.

Por outro lado, verifico que o fim do julgamento do Mensalão e o início da Lava-jato – com o Escândalo do Petrolão – estavam integrados: ambos ocorreram em 2014! Hoje é notório que a “Grande Quadrilha” nunca parou de roubar dinheiro público. Desse modo, logrou um contínuo e intenso processo de corrupção, cujo ataque ao Erário durou por volta de 14 anos. De acordo com “estimativas otimistas” de órgãos de controle, cerca de R$ 42,8 bilhões foram desviados do Tesouro Público. Creio em valores maiores, no mínimo duplicados, com desvios superiores a US$ 26 bilhões.  Todavia, vale observar, é provável que matilhas pequenas permaneçam a descascar o Erário, mesmo que em menor escala, a desviar de cofres públicos poucos milhões de dólares.

Em suma, o cara imoral, ao ocupar qualquer cargo dito privilegiado, torna-se capaz de tudo para enriquecer, da noite para o dia: assalta estatais, desvia dinheiro de fundos públicos, tortura “companheiros”, fuzila testemunhas de crimes, estimula a execução daqueles que possam “delatar seus esquemas”. Creio que, se for o caso, “suicidará a própria mulher”.

Justiça superior

Dia após dia, desde 2014, se agiganta a fila de corruptos públicos empilhados nas portas da Justiça Superior, a dar voltas na Praça dos Três Poderes. É provável que maioria “trabalhe” lá, ou melhor, “enriqueça lá”…

Desse modo, resta uma questão: ─ “Senhores ministros, a nação desesperada quer saber quando estes corruptos serão encarcerados”?

No âmbito do STF, é nítido que ocorre grave ameaça à justiça. Quase a metade daquele esquadrão de “doutos juízes” encontra-se ferreamente engastada na defesa de certos condenados. Além disso, ataca a justiça proclamada pelos demais. É dessa forma que a impunidade de corruptos públicos se multiplica, a despeito dos fatos incriminadores demonstrados por membros eméritos daquela Corte.

Por óbvio, vive-se um inenarrável processo de “suprema delinquência jurídica”. Impõem-se que medidas inadiáveis sejam aplicadas para impedir a continuidade deste cenário, que desmoraliza a justiça e, sobretudo, vai arrasar o país. Até por que, durante quatro governos do mesmo partido tiveram a audácia de “socializar a corrupção nacional”.

Violência urbana

As tramoias da “Grande Quadrilha” se irradiam barbaramente em certos antros criminosos da sociedade. Possuem extrema capilaridade, pois são exemplos notáveis da impunidade,  consagrada aos corruptos públicos que possuem o dito “foro privilegiado”. Diante desse fato, os agentes do narcotráfico intensificaram suas ações. Em pouco tempo o Brasil tornou-se o principal centro de distribuição de drogas para Europa e América do Norte. Nos maiores centros urbanos o crescimento da violência gratuita contra cidadãos já é considerado comum. Contudo, destaco a cidade do Rio, onde o cenário de crimes encontra-se insuportável: quem sai de casa para o trabalho tem sérias dúvidas se conseguirá retornar à sua família ou se tornará apenas mais uma “estatística fúnebre”.

Retorno ao início do texto. Considero razoável que a lavagem de dinheiro do narcotráfico esteja por detrás das quadrilhas de corruptos públicos. Afinal, a operação Miqueias foi deflagrada para identificar se havia doleiros a lavar o dinheiro de traficantes. Descobriram quatro deles, os mesmos que seguiram investigados, julgados e condenados pela operação Lava-jato.

Questiono-me de onde saiu tanto dinheiro para financiar o início das ações da “Grande Quadrilha”, fundada em 2003. Os cofres da Petrobras (e da Eletrobras) ainda não haviam sido roubados; por não ser estúpido, o “clube de empreiteiros” nunca realiza financiamentos a fundo perdido. Afora isso, a possibilidade de “extorsão consensual” parece-me remota. Só me resta pensar no impensável: ─ “Os chefes da Grande Quadrilha já estariam milionários com o dinheiro lavado do narcotráfico”.

_____

[1] Informação de 16 de junho de 2017, segundo o website do Ministério Público Federal.
[2] Dado do website do Ministério Público Federal, em 16 de junho de 2017.
[3] A Ação Penal 470 foi o notório “Escândalo do Mensalão”, com denúncias iniciadas no ano de 2005 e julgamento concluído em março de 2014.

Reino da Deprimência


Zik-Sênior, o Ermitão.

Zik Sênior

Zik Sênior

É tal como assistir a chuvas de meteoro durante a noite. Vê-se as centenas de ciscos de luz, verdadeiros traços afiados que cortam a atmosfera quase na velocidade da luz. O observador fica estupefato. Ao fim, talvez ele reflita: “Aonde caíram essas coisas”? “Algo foi destruído”? “Alguém morreu“?

De forma similar, o povo brasileiro assiste submisso ao bárbaro tsunami da corrupção. Rasga os espaços do país com navalhas de bilhões de dólares, desviados do tesouro público. Olhe para o céu à noite e, inerme, verá seus tributos a voar, feitos ciscos, para as contas bancárias dos mesmos quadrilheiros da década. Este tem sido o único “fenômeno espacial brasileiro”, que já dura quase duas décadas.

É fácil entender por que o povo está a caminho da depressão generalizada. Em meu entender, as ações da luta contra a corrupção ainda são poucas e não trouxeram efeitos concretos. Na imprensa, os jornalistas mais críticos são a “mesma dúzia de sempre”, com raras variações. Além disso, de que valem as enormes mobilizações de rua realizadas, se no máximo duram 8 horas de um dia, por mês?

De fato, diante dos milhões de brasileiros nas ruas, mesmo que só mensalmente, os políticos-chefe das quadrilhas guardam-se em silêncio para recontar a bilionária extorsão cometida nos cofres públicos. Decerto, aguardam o cansaço das vaias e das críticas. Têm certeza de sua eterna impunidade; aliás, um sinal que também deprime aos cidadãos comuns, aqueles sem qualquer interesse em extorquir o próximo.

Há um esforço da Polícia Federal para apurar os crimes cometidos no Petrolão. Da mesma forma atua a Justiça Federal do Paraná, com a prisão preventiva de empreiteiros, corruptores comprovados. No entanto, a suprema corte do país acaba de criar a “operação Solta a Jato”: por três votos a dois, decidiu libertar nove deles para cumprirem a reclusão em casa.

É um fato lastimável, mas foi assim que deixaram as jaulas da Polícia Federal no Paraná, onde deveriam permanecer justamente encarcerados, e seguiram faceiros para o aconchego do lar. Temo, mas creio que as ditas delações premiadas foram banidas por três juízes militantes da suprema corte.

Essa desfaçatez aparelhada entre os três poderes, culminando com as decisões finais do Supremo Tribunal Federal, é deplorável, um comportamento que causa a “Suprema Deprimência” na impotente sociedade brasileira.

O desemprego continua a crescer em todo o país. Após os mais de 50 mil casos ocorridos em 2014, a quantidade de latrocínios e assassinatos aumenta sem parar. Esta é a pena de morte brasileira que, embora não seja aceita pelo Estado, representa a omissão e incompetência do governo, sobretudo o federal que não protege nossas fronteiras do tráfico de drogas e armas. Acho mesmo que devem haver alguns interessados nos lucros dessa prática hedionda.

Escrever este artigo me deprime bastante, desgasta minha fluência verbal. Porém, ficar sem redigi-lo seria ainda mais sacrificante. Concluo que o cenário político-econômico que o PT e seus asseclas construíram no Brasil, tornou-o Reino da Deprimência.

Muito embora haja cientistas políticos brasileiros que afirmam ser a corrupção instalada uma consequência secundária; na escola de Coimbra em que conclui meu mestrado, sem dúvida é a causa principal desta depravação nacional.

A Tapada Rousseff


Por Simão-pescador, da Praia das Maçãs.

Simão-pescador

Simão-pescador

Estive no mar por quase três semanas. A primeira pesca do ano foi produtiva, o novo barco ficou lotado. Após desembarcar no cais próximo de casa, salguei e pus no gelo alguns robalos e linguados. Depois, segui direto ao porto para comerciar o restante da pesca – cavalas, ruivos, bodiões, douradas, robalos e um merote (pequeno mero) de 125 kg.

Tive muita sorte, pois os grandes chefes de cozinha que sempre nos visitam, haviam acabado de chegar. E eles pagam ótimos preços por peixes frescos de qualidade. Ao chegar em casa à noite vi que, com meu trabalho no mar, arrecadara cerca de €$ 8 mil; uma fortuna para nós, pescadores. Podemos viver bem durante mais de um semestre com esse dinheiro.

Confesso que até hoje não sei narrar a sensação que sentimos ao peito, quando realizamos essa troca de confiança: peixe fresco de qualidade por moeda justahonesta por ambas as partes.

De volta à casa de pescador

Pela manhã, descansado, preparei meu café bem preto e fui ler os jornais empilhados. Mas as manchetes eram tão arrebatadoras, que me roubaram o equilíbrio físico; senti tonturas:

Afinal de contas, o que está a acontecer no Brasil? Enlouqueceram todos? Danaram-se?!

Sei que faço uma comparação estapafúrdia, mas, em setembro passado, o corrupto daqui foi direto para trás das grades. Isto, o janota do Sócrates, ex-Primeiro Ministro português, foi preso com a acusação de ter cometido “fraude fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro[1]“. Aqui o resultado é, simplesmente, cadeia.

Mas, segundo a imprensa internacional, junto com a patética “troca de tronos” nos ministérios, o Estado brasileiro encontra-se acéfalo e, por força da ação de “quadrilhas partidárias”, tornou-se o caso prioritário da Polícia Federal. Sei que é confuso, mas explico, à minha moda, o que pude ler.

Quase todos sabem que a “Soberana Tapada[2]” é surda e despótica. Sem consultar nada nem ninguém, manteve seus 39 ministérios. Mas, à exceção das pastas da economia e agricultura, nomeou incompetentes “agentes e asseclas” de partidos políticos, alguns desconhecidos do povo brasileiro e inimigos entre si.

A considerar seu desgoverno passado, creio que seria um grave erro político dar oportunidade a notórios gestores públicos. Afinal, como ficariam os planos da quadrilha política para o futuro e o resultado de seus homéricos “negócios públicos”?

No entanto, a “Tapada Rousseff” parece que passa por um período de, digamos, severa solidão mental. Sem conectar sequer dois neurônios, tomou decisões arbitrárias e deixou quebrada a “formação original da quadrilha”. Muitos parlamentares da tal “base aliada” estão a debandar. Até mesmo alguns idólatras tapados de seu próprio partido já lhe negaram apoio.

Diante deste quadro, após permanecer durante semanas em “estado de isolamento”, sem dar entrevistas ou satisfações à sociedade, a imprensa acaba de divulgar que, um tanto em desespero, a Tapada foi pedir conselhos a seu “Tapado Criador”. Fico perplexo com isto: um asno a aconselhar uma besta quadrada.

Poucos jornalistas comentaram, mas a Tapada Rousseff  também teria pedido a seu 40º ministro, o titular da pasta de “Mentira miraculosa”, a nova propaganda leviana que usará em futura retórica de asnices, a vomitar mais outra vez na cara repugnante de seu “povo amestrado”.

Por sinal, uma raça de povo que se reduz dia a dia, de forma expressiva. Segundo recente pesquisa publicada, os amestrados não chegam a 25% da população brasileira.

Finalizo

Os fantasmas da Sexta 13

Os fantasmas da Sexta 13

Muito embora a Polícia Federal ainda não haja atingido o clímax das investigações criminais, creio que o ocaso da petroleira já se encontra declarado pelo mercado financeiro internacional.

O mercado haverá de guardar por longo tempo o facto que a 4ª petroleira do mundo, Petrobras SA, foi retalhada sem piedade por artimanhas de quadrilheiros políticos.

Na qualidade de avô, bisavô e tataravô de brasileiros, peço licença a meus leitores para fazer uma sugestão a esta cambada de marginais, sobretudo, a seus líderes:

Porcos proxenetas! Enquanto ainda há tempo, peguem suas coisas, suas crias imundas, suas meretrizes, seus machos e sumam do planeta!

Nesta sexta-feira 13, pressinto que existe cheiro de sangue nas mãos de muitos brasileiros…

……….

[1] Pelo que sei, aqui em Portugal a instituição da prisão preventiva é usada para impedir que safados “apaguem provas” dos desvios cometidos e fujam do país. E este “filósofo da corrupção” parece possuir um apartamento em Paris, onde residiu durante o curso de Ciência Política que diz ter feito por lá. Porém, segundo as más línguas, o apartamento é propriedade do farsante e, por baixo, “vale €$ 3 milhões”! Como conseguiu adquiri-lo, ninguém quer explicar. Aí no Brasil há muitos casos de safados proprietários sem explicação.

[2] Não sei explicar por que, mas no passado, quando eu era criança, mulher tapada significava meretriz. Estranho pois, pelo que me consta, todas eram “destapadas”. A ser assim, quero deixar claro que uso adjetivo “tapada” para evidenciar, mormente, uma pessoa idiota.

─ Não há uma prova sequer!


Em nações civilizadas, quando é descoberto um crime, tem início a sua investigação. A finalidade é óbvia: identificar quem o cometeu.Kohn - Sobre o Ambiente Mas o investigador precisa seguir um padrão lógico, tanto de raciocínio, quanto de ação, qual seja: identificar o que motivou o criminoso, com quais oportunidades ele se estimulou, e, por fim, como se beneficiou dos resultados que obteve. Desde há 400 anos, qualquer “xerife do Velho Oeste” já sabia fazer isso.

No escândalo do “Arrastão da Petrobras”, à primeira vista, os procedimentos da Polícia Federal, na histórica “Operação Lava Jato”, parecem manter essa mesma lógica. Apenas contam com o suporte de leis mais modernas e facilidades tecnológicas inexistentes no “Velho Oeste”.

Porém, vale destacar a atuação de instituições públicas autônomas, encarregadas de fazer a Justiça [1]. Embora seja a expressão do dever estabelecido, merece o agradecimento do cidadão brasileiro. Assim, até agora os resultados obtidos pelas investigações do “Arrastão da Petrobras” demonstram eficiência, sobretudo, graças à dedicação de agentes da Polícia Federal e à qualidade de juízes do Ministério Público Federal.

Há envolvidos neste “esquema” que já se encontram trancafiados: dois ex-diretores da Petrobras, diretores de grandes empreiteiras, um doleiro e um “carregador de mala”. São uma pequena amostra de dezenas de ladrões que ainda permanecem soltos.

Acontece que a Polícia Federal está no início da sua “operação de lavagem”; sequer entrou na etapa da centrifugação. No entanto, pelo que informa a imprensa livre, há indícios que, muito em breve, iniciará a bela “centrifugação de políticos imundos e respectivos partidos”, todos livres e impunes.

Todavia, já se escutam comentários de futuros centrifugáveis que confirmam a iminência dessa centrifugação. O fato mais aberrante foi a frase do Ministro-chefe da Secretaria Geral da República, ao deixar o cargo neste início de ano:

─ “Nós não somos ladrões”.

Declaração gratuita, tão esdrúxula quanto esta, é incomum na atual política brasileira. De fato, o ex-ministro entregou à boca do povo, na bandeja, “a essência do jogo sujo de sua equipe”.

Mas sempre há um outro emérito ladrão, que arma a defesa antecipada de seu “parceiro de negócios”. Imaginando livrar-se de possíveis conjecturas danosas, solta a frase lapidar:

─ “Não há uma prova sequer contra ele”.

Não precisa ser filósofo ou psiquiatra para entender o que subjaz a essa frase asquerosa. Afinal, dizer que não há prova de alguém haver cometido um crime, não nega ou prova que ele não o haja perpetrado. Trata-se sim, de prática prepotente e arrogante, que somente visa à blindagem de políticos ladrões.

Na última década assistiu-se a notórias quadrilhas de políticos contratando caríssimas bancas de advocacia. Era como se fossem enfrentar julgamentos passíveis da pena capital! Mas pasmem, só queriam inocentar seus membros pela corrupção frenética cometida. Uma vez liberados da justiça, a intenção sempre foi seguir pelo mesmo atalho. Afinal, o que sabem fazer na vida, além de desviar e distribuir dinheiro público para fortalecer sua camarilha?

A parcela do erário público roubada nos últimos 12 anos foi de tal ordem, que há incríveis milionários, verdadeiros nababos, a investir em fazendas, milhares de cabeças de gado, realizar de grandiosas construções, comprar apartamentos, lanchas e jatinhos de luxo. Investimentos que, definitivamente, nunca poderiam realizar com suas condições primitivas de trabalho.

Mas sempre haverá um “pentelho da camarilha” que se atreverá a afirmar que não há nenhuma prova contra eles. E será preciso mais o quê, diacho?! Na verdade, nada. Basta passar um pente fino nos fatos mundialmente conhecidos, confirmar a hierarquia das quadrilhas, enquadrá-los na lei e recolher seus membros à penitenciária mais segura.

……….

[1] Antes o xerife fazia tudo: investigava, produzia leis, aplicava-as e executava a justiça (na forca). No Brasil atual só há uma instituição que procede como xerife do Velho Oeste: o Tribunal Superior Eleitoral; sem a forca, é óbvio.

Arrastão na Petrobras


Simão-pescador, Praia das Maçãs.

Simão-pescador

Simão-pescador

Nasci de minha mãe, a atenta e sisuda Dona Joaquina, na cabina do barco de pesca de meu pai, o saudoso Januário. Guardo nalgum canto da memória a primeira visada que tive logo após ser parido: era uma rede de pesca presa à ponta dum gancho metálico, içada em forma de saco, cheia de pequenos peixes arfantes. “A se debaterem”, imagino hoje.

Aos seis anos de idade já ajudava meu pai a armar sua rede de arrasto. Ela sempre a usava à meia-água, evidente. A pesca que mantinha nossa família seguia de forma severa as regras do mar e dos peixes. Além disso, o pai não tinha condições de adquirir uma rede de asas para arrasto no fundo e muito menos uma embarcação para pesca volumosa. Afinal, mesmo que pudesse, Januário nunca admitiu quem fizesse o ataque, com rede de fundo, aos habitats do ambiente marinho. Sempre dizia aos pescadores mais próximos: Pescar não é ameaçar o sustento futuro de nossas famílias!

Mas já naquela ocasião, a contribuir com minha parte, aprendera a jogar pequenas tarrafas da beira da praia. Os pescadores diziam que isso era próprio para crianças, mas nunca explicaram o por quê. Decerto, a pesca em terra firme não trazia riscos para os putinhos, bem diferente de tarrafar em frágeis barcos de madeira, ao balanço dos ventos em mar aberto.

Até hoje, dentre as artes de pesca, dou preferência às redes de arrasto à meia-água. É o equipamento comum dos pescadores das Maçãs, igual à escova de dentes e xícara de chá: usamos todos os dias.

Agora, imaginem o que pensei quando li, há cerca duns 12 anos, uma notícia sobre o ‘arrastão nas praias’ do Rio de Janeiro. Não era feito com minhas redes de arrasto!

Perdi quase um mês para entender o que seria uma turba de delinquentes a invadir um local público e praticar assalto coletivo. Decerto, ‘estavam a pescar’. Mas fiquei perplexo quando vi na televisão as cenas desses ataques. São atos bárbaros e violentos; inacreditável que ocorram numa nação que já se acha civilizada.

Com o tempo li mais notícias que retratavam o fenômeno do ‘arrastão’ no Rio. Não ocorria somente nas praias. Avenidas, ruas no centro, fileiras de bares nas calçadas, cinemas, tudo mais já fora ‘arrastado’!

República do Arrastão

República do Arrastão

Quando se aproxima o fim do ano, em todo o país surgem também os ‘arrastões oficiais’. Chega a hora de ‘arrastar veículos’. Há uma instituição pública que guincha todos carros estacionados em ditos ‘locais proibidos’. Mas por que ocorrem mais em fins de ano?

Simples, os brasileiros que trabalham com carteira assinada têm direito a 13º salário; muitos tiram férias nessa época. Assim, os ‘arrastadores oficiais’ acham que no fim do ano todos têm dinheiro de sobra para ‘pagar’. Inclusive o conserto dos freios destroçados pela ‘guinchada oficial’.

Entrementes, o ‘arrastão oficial’ se sofisticou. Chegou a ser visto como ‘arrastão federal‘.

Na última década transformou-se em quadrilha organizada, com cargos e funções, sem necessidade de burocracia. Dizem estudiosos da matéria que, dada sua grandeza, deva ser apreciada como ‘governo da República do Arrastão’ ou, na sua forma coloquial, ‘o arrastão da república’.

Bem distinto de seus similares, o ‘arrastão da república’ é quase insondável. Ele não ataca vítimas, sequer as toca, mas se infiltra como um verme e promove a extorsão compactuada de um ente público, até que ele feneça. A Polícia Federal principiou a desvendar as ações da grande matilha que executava o Arrastão na Petrobras.

Há indícios que a mesma tramoia esteja a ser executada em pelo menos três setores públicos: ferroviário, elétrico e rodoviário. Há obras que nunca acabam e só fazem ter seus custos aumentados – a Ferrovia Norte-Sul e a Transposição do São Francisco são dois casos típicos da ‘super-fatura‘, da ação delinquente da rede de arrasto de fundo.

Bem, uma vez que o ‘arrastão federal’ tornou-se prática prioritária de comando, é hora de realiza-lo às avessas: faça-se um ‘arrastão’ no governo, nos partidos políticos e nas quadrilhas aliadas. Afinal, enquanto atuarem dessa forma, continuarão a roubar os impostos pagos por seu povo, povo escravo e trabalhador.

A ser assim, tomo a liberdade para fazer uma sugestão. “Passe-os pelo arrasto de minha rede de fundo. Os que foremrecolhidos e ensacadosserão assados ao alho, regados com sal e vinagre até estrebucharem no ponto“.

─ Por fim, basta seguir a sinalização: penitenciária com eles!

Por sorte, não é o super-homem


Antes de iniciar, devo esclarecer uma coisa: o texto a seguir nada tem a ver com a filosofia de Nietzsche, conforme proposta em sua obra e, sobretudo, em seu livro Assim falou Zaratustra. O Super-Homem aqui lembrado não é melhor, mais importante, nem está acima de qualquer outra espécie do Gênero Homo.

Contudo, é dotado de força descomunal, possui visão que atravessa até paredes de aço, tem corpo a prova de explosivos e exercita incríveis habilidades voadoras. Precisa-se de um que seja invulnerável à kriptonita.

Esse não serve

Esse não serve

Batendo um papo com o velho amigo Reinaldo Azevedo (que, por sinal, é outro), falávamos sobre os disparates diários que ocorrem no país. No entanto, não é possível sequer enumera-los. De toda forma, começamos a conversa com a seguinte visão:

─ “São centenas de milhares deles, que vão desde coisas de elementar civilização, como (i) estacionar caminhonete sobre a calçada enquanto aguarda a namorada e (ii) parar o carro na porta de garagens e ficar à espera do filho do patrão sair da escola, até, subindo na escala, (i) escutar as patranhas descaradas dos políticos e mandatários de ocasião, (ii) saber das “imundas maquiagens econômicas cometidas pelo governo” e depois, em estranha resposta, (iii) assistir aos ataques de silvícolas armados com lanças e flechas contra instituições e inomináveis figuras públicas”.

Isso é o resumo do Brasil de hoje, a mostrar os intestinos para o mundo e certos espécimes encravados no governo que, por sinal, já foram classificados pela Polícia Federal como da espécie homo larapius. Alguns poucos estão em penitenciárias.

É a repetição sistemática de quadros de baderna que angustia o povo brasileiro, pois é quase impossível dominá-los. Diante desses fantasmas, Reinaldo comentou, com o olhar distante:

A sorte deles é que eu não sou o super-homem? …

Pensei um pouco no que significaria ser super-homem naquela situação, mas logo Reinaldo tentou esclarecer:

Os hábitos dos brasileiros ficaram muito estranhos, perdeu-se a capacidade de ver que o outro existe. Por exemplo, volto do trabalho e sempre tem um carro estacionado na calçada do prédio. Um carrinho de compras ou de criança tem que ir pra rua, não há como ninguém passar.

─ “Mas Reina, o que isso tem a ver com super-homem”?

Simples, já pensou em esmigalhar cada carro e fazer lotes de tampas de Coca-Cola? Teria de ser um super-homem.

Dei asas à imaginação. A voar na velocidade da luz, avistei um super-homem carregando um enorme saco de políticos em direção à estratosfera. Largou-os perdidos no cosmos, atracados com bilhões de dólares desviados, se espancando de forma enlouquecida. Sequer notaram que já não mais habitavam o planeta.

Encerro o texto com a afirmação de Friedrich Nietzsche, plena de atualidade: “Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos.