O labirinto de Minotauro


Por Simão-pescador, da Praia das Maçãs.

Simão-pescador

Simão-pescador

A legislação brasileira é complexa e paquidérmica. Isto porque, desde sempre foi elaborada para impedir que qualquer cidadão comum entenda os dizeres de seus diplomas legais [1]. E, o que é ainda mais grave, saber quantos e quais cuidados precisa tomar para seguir a lei, em todas as “burocracias” que assina diariamente, durante toda a porra de sua vida.

Embora nascido bem aqui, na beira d’águas piscosas portuguesas, não tenho dúvidas que essa é uma das dezenas de podres heranças do império lusitano, largadas na Terra de Vera Cruz, desde de 1500, em troca das montanhas de ouro roubadas.

Todavia, preciso salientar que, cá em Portugal, a produção de leis nefastas vem a decrescer nos últimos 50 anos. Ao contrário, na “colônia vitalícia“, no mesmo período, foram paridas toneladas de leis absurdas, que servem tão-somente para atrapalhar a vida do cidadão brasileiro, agora “colonizado por falsa ideologia populista”.

Os caminhos legais no Brasil são cavernosos e apresentam situações difusas. A dizer, mostra trilhas desconhecidas às pessoas, verdadeiros labirintos. E ai daquelas que ousarem optar por alguma sem antes consultar um “advogado a preços extorsivos”. Caso queira testar o que afirmo, promova uma guerra campal contra um banco comercial. Ao fim, mesmo se demonstrar sua razão perante ao juiz, irá à bancarrota por ter perdido todas as batalhas.

Inúmeros caminhos legais cavernosos e desconhecidos

Inúmeros caminhos legais, cavernosos e desconhecidos

Outro facto que precisa ser muito bem observado são as “leis determinantes”. Tratam-se de textos legais que trazem imposições ideológico-arbitrárias, implantadas por governantes populistas, exímios mentirosos e, não raro, ladrões públicos insaciáveis. Observo ainda que, caso hajam permanecido muito tempo no poder, acham-se insuperáveis e eternos; tornam-se “porca eparafuso falanteda ditadura” que almejam comandar.

O povo de Pindorama [2] está a viver o momento crucial de sua história: ou permanece perdido no labirinto escuro de Minotauro, disposto a ter seu crânio devorado pela fera, ou, qual Teseu, levanta-se contra as barbaridades políticas que conduziram Pindorama ao desastre.

O ódio de Minotauro

O ódio de Minotauro

Ao que se sabe através da mídia internacional, Minotauro roubou tanto o erário público que, desesperado, para se ver livre da penitenciária futura, blefa de forma descarada e ameaça ao povo com seu “exército de marginais“. Em meu entender, por força do carisma com que distribui suas patranhas, deveria ser considerado “grave ameaça à segurança nacional” e conduzido para a prisão preventiva. De preferência, em uma ação pública do FBI brasileiro, transmitida ao vivo para o mundo.

Encerro aqui essa narrativa. Creio piamente que Minotauro sempre foi mais uma lenda de Pindorama. Tudo o que blasfemou durante sua vida, e ainda tagarela na atualidade, não é honesto e, muito menos, verdadeiro.

Afinal, seu fim está próximo. Ainda tenho fé na visão e na consciência do povo brasileiro, que, dentro da lei, conseguirá estripar qualquer “exército de marginais” e respectivos comandantes.

……….

[1] A expressão “diploma legal” possui um aspecto paradoxal, contraditório. De um lado, autointitula-se de diploma, documento que recebem os indivíduos que completaram o nível superior; de outro, o facto de que boa parte dos parlamentares que propõem as leis, que as debatem e que votam sua aprovação, são literalmente analfabetos funcionais. Pelo menos, parece-me ser assim no Brasil.

[2] Pindorama significa “Terra das Palmeiras”, nome que os indígenas da etnia Tupi davam às suas terras, antes da chegada dos portugueses, em 1500.

Violenta erupção nos Três Poderes


Zik-Sênior, o Ermitão.

O desejo científico de geólogos e vulcanistas é descobrir como prever erupções vulcânicas com antecedência. Afinal, existem muitos povoados e mesmo cidades que ficam no sopé desses montes “vomitadores de lava”. Salvar pessoas é o principal objeto dessas previsões.

Um vomitador de lava em ação

O vomitador de lava em ação

Terremotos são ainda mais inescrutáveis para os cientistas da sísmica. É fácil afirmar que algum dia vão ocorrer em certas regiões da Terra, como no “Círculo de Fogo do Pacífico”. Mas ainda não há como determinar a data do evento, sua intensidade e muito menos onde será seu epicentro, bem com a que profundidade acontecerá. Só é sabido que os que ocorrem em menores profundidades causam maiores transformações no Ambiente. São as forças da natureza primordial a se manifestarem.

Todavia, há um “boato científico” no ar. Diz que certas espécies da fauna silvestre se evadem de áreas sensíveis, dias antes de terremotos e erupções vulcânicas ocorrerem. Acho ser boato porque nenhuma experiência realizada foi capaz de confirmar essa estória. Porém, assisti a uma “cerimônia” assaz curiosa: o serviço de xamãs andinos e seus pássaros-videntes, aprisionados em gaiolas. De posse desse “equipamento técnico”, os xamãs diziam ser capazes de prever eventos geológicos, aéreos e marinhos, com ocorrência aleatória no Ambiente da Terra, desde sua formação.

Assim, após uma sessão de cânticos rituais, cada vez que os pássaros sangravam contra as grades da gaiola, os “profetas espirituais” datavam e localizavam terremotos, maremotos, vulcanismos, tufões e tsunamis futuros. A verdade é que nenhum deles aconteceu, pelo menos conforme fora profetizado.

Mas é dessa maneira que os atuais xamãs políticos ganham a vida: através de “serviços” fornecidos por quadrilhas de profetas, a enganar o povo com seus “cânticos de palanque”. Mas há um detalhe que deduzi em minhas investigações. Eventos ambientais, que antes tinham origem estritamente geológica – erupções vulcânicas e terremotos –, ganharam também origem cidadã. Hoje podem ser marcados, datados e localizados com quase 100% de certeza. Por isso, dadas as severas fraturas morais promovidas pelo governo central, está marcada para outubro de 2018 uma grande erupção político-vulcânica que afetará a todas as “estruturas” do país. Seu horário de início está marcado para as 8:00 horas da manhã. Após esta erupção, acontecerá uma sequência de violentos terremotos, com epicentro em todas as capitais estaduais.

Por fim, ocorrerá o Terremoto Brasil, que irá sacudir de forma devastadora o planalto central do país. Porém, os cidadãos brasileiros conduzirão seu epicentro para cinco metros abaixo da Praça dos Três Poderes. Dessa forma, como é esperado, seus efeitos locais serão, por sorte, devastadores.

Lula decidiu ser padre


Por Ricardo Kohn, Escritor.

Ricardo KohnSeu nome era Luiz Luciano Alvorada mas, desde o nascimento, foi apelidado de Lulu, por obra de sua mãe, a arrogante Dona Lana [1].  Todos nós, antigos amigos de Lulu, detestávamos aquela megera, sempre a portar sua cabeleira negra, encorpada pelo laquê. Com ódio a brilhar em sua face, parecia usar o hediondo capacete da Gestapo. Não há dúvida, tínhamos uma enorme má vontade com ela.

Porém, ao fim, a pobre coitada morreu careca. O laquê especial que dizia importar da França era ácido, de tal forma que, com o passar do tempo, dissolveu suas melenas. Mas retorno ao assunto que mais interessa:

─ “Como Lulu transformou-se em Lula”?

No início da educação formal, todos fomos matriculados na mesma escola do bairro. Lulu só entrou para a escola no 3º ano primário. Nele havia duas turmas, cada uma com 60 alunos infernais. O grupo de amigos de Lulu, não chegava a dez crianças. Os demais não conhecíamos, nem de vista. Mas, como era de se esperar, já na primeira semana brincávamos no recreio como “velhos amigos de infância”.

No entanto, Lulu, talvez por ser o mais velho das turmas, não participava dos folguedos infantis matinais. Era estranho, mas aos 11 anos de idade, ele ficava a andar sozinho no pátio de recreio e a roer suas unhas. Parecia-me estar aflito com alguma coisa, talvez o fato de não ter conhecido o pai ou pior: tal como a mãe, sequer saber quem ele foi. Lulu seguiu assim até o dia que o inspetor-chefe da escola chamou-o, pelo microfone, para conversar:

─ “Lulu! Lulu, vamos conversar na minha sala!” A chamada ecoou pelos alto-falantes do pátio.

A partir de então muitas crianças atentaram para um possível teor de seu apelido e passaram a debochar dele. Diziam-lhe que Lulu era melhor como apelido para “cachorro de madame”. Hoje não tenho dúvida que foi a pose asquerosa de sua mãe, a viúva negra, que disparou a maldade inata daqueles meninos.

Após a conversa reservada com o inspetor, passaram-se cerca de dois anos sem que Lulu saísse da sala de aulas no horário do recreio. Mesmo nos intervalos entre as aulas, não conversava com colegas. Basta dizer que quase ninguém se lembrava mais do timbre de sua voz.

Entretanto, percebi que ainda roía as unhas, mas agora até sangrar o sabugo. Uma expressão diabólica parecia se formar em sua face. Confesso que fiquei assustado, sem saber se deveria dar algum tipo de apoio a ele. Mas, afinal, deveria fazer o quê?!, eu que tinha apenas 7 anos.

Foi então que meus pais foram convidados para uma “Reunião de Pais e Mestres”, num dia de sábado. Ao retornarem, papai me disse que o material de alunos estava a ser furtado nas salas de aula: coisas como lapiseira, régua, esquadro e até o caro compasso importado. Fiquei calado, mas confesso que cheguei a pensar nas pessoas humildes, que faziam os serviços da limpeza. Vejam que preconceito estúpido fui capaz de cometer, mesmo que em pensamento.

Com essa dúvida que atormentava, juntei-me a dois amigos, todos com “mania de detetive”, e resolvemos espreitar nas janelas da escola durante os intervalos do recreio. Queríamos descobrir quem furtava, pois não era o pessoal da limpeza, que trabalhava somente a noite.

A escola fora instalada num antigo casarão de dois andares, construído ao centro de um amplo terreno. O pátio de recreio ficava em sua área frontal. Dessa forma, assim que tocava a sineta, enquanto a criançada corria para brincar durante 15 minutos, nós três seguíamos silenciosos, pé ante pé, para investigar pelas vidraças laterais da escola o que acontecia nas salas do curso primário.

Não descobríamos coisa alguma. Até por que, após 10 minutos na espreita, sentíamos bater a fome e íamos direto para o refeitório, aos do fundo do casarão. Aos poucos, os corações desaceleravam e “sanduíche com suco de uva” tornava-se quitute, a ser devorado de forma rápida, “pouco educada”.

No entanto, notei que causávamos espanto aos alunos semi-internos, que almoçavam com calma na escola, pois tinham intervalo para almoço de 45 minutos. Dentre eles, sentado sozinho em mesa à parte, sempre estava Lulu, abatendo um prato de caminhoneiro. Seu olhar ficara esgazeado e atemorizava bastante aos mais jovens, inclusive a mim.

Três anos mais tarde, após o enterro de sua mãe, o comportamento de Lulu se agravou mais. Já cursávamos o início do ginásio e nele, no mais velho, cresciam manchas isoladas de barba, que deixava crescerem feito matagal. Era bem espessa para sua idade. Assim, o inspetor-chefe, sem qualquer educação, chamou sua atenção em público, a dizer-lhe bem alto:

─ “A partir de amanhã, você vai chegar aqui com esta cara limpa! Entendeu bem, Lulu?!”

No dia seguinte, Lulu chegou atrasado, porém com a barba feita. Observei que não trocara de roupa. Nem meias, sapatos e, quiçá, a cueca. E assim foi durante mais de duas semanas, até que sua calça e camisa já apresentavam nódoas de suor, sujeira e cheiro muito ruim.

Por outro lado, os furtos de material de desenho que haviam parado, voltaram a acontecer e com mais intensidade. Era provável que o gatuno precisasse “fazer dinheiro fácil”, pois em um único mês sumiram 113 compassos importados, a maioria cedida aos alunos pela própria escola.

Nos idos da década de 1950, quando esses furtos ocorreram, essa “besteira de material para educação” valia centenas de milhares de moedas, o suficiente para adquirir um bom carro de passeio. Não havia outro jeito, a diretora da escola acionou a polícia local. O chefe da delegacia era advogado, nascera no bairro e sua filha estudava na escola. As crianças em geral achavam graça, por ele ser um senhor baixinho, gorducho e tratado por Dr. Pombo, embora não voasse nem cagasse nos carros.

Numa segunda-feira, durante o recreio, duas caminhonetes da polícia estacionaram no portão de entrada da escola. A diretora, um tanto constrangida, foi receber o delegado Pombo e duas investigadoras, vestidas à paisana. Ainda estava aflita, sem saber como atender àquela situação, quando um jovem estranho adentrou ao pátio da escola. Estava trajado com rara elegância, sapatos de cromo alemão e usava óculos escuros.

Foi então que nós três, “detetives da escola”, exclamamos em uníssono: ­─ “É o Lulu!” Ele dirigiu-se a nós e corrigiu-nos com pouca delicadeza: ─ “Daqui pra frente me chamem de Lula!”.

Ficamos muito confusos, devo dizer. Várias coisas não tinham nexo. Se Lulu não trabalhava, nem tinha parentes vivos, como poderia estar tão bem vestido, com cabelos bem aparados e limpo? A mudança de nome foi para se livrar das nossas chacotas ou ele teria outros motivos? E o mais assustador: por que, já pela manhã, exalava cheiro forte de cachaça?

Nossa diretora assistia a tudo estupefata. Porém, o experiente delegado enviou “suas meninas” para acompanhar Lulu até o carro policial. Ou Lula, que seja! O recreio acabou mais cedo, cessou a alegria e as aulas do dia foram prejudicadas.

Hoje sabemos que as investigações da polícia provaram que Lulu era o ladrão da escola. E ele próprio confessou, disse “é um impulso natural, maior que eu“. Naquela época, foi recolhido em uma instituição para menores infratores – a Funabem – e lá deveria ter sido “reeducado” durante 4 anos. No entanto, agredia com violência física a todos que não aceitavam chamá-lo de Lula.

Como prêmio à sua boçalidade, Lula morreu enforcado pelos próprios “amigos”, justo quando jurava para os “psiquiatras da Funabem” que decidira tornar-se “padre”.

……….

[1] Em Portugal é usada a expressão “lana-caprina”. Significa “coisa de pouca importância, insignificante”.

‘Maravilha’


Por João de Moura Macedo, de Nazareth da Mata, PE.

Erasmo e Euzélia, pais de João de Moura Macedo

Erasmo e Euzélia, pais de João de Moura Macedo

Este breve relato é sobre uma nação muito pouco conhecida, mas que, em minha visão, é o “País da Maravilha“. Faço um resumo de tudo o que li acerca dessa inacreditável nação. Devo dizer que procurei selecionar seus aspectos de maior interesse.

Assim, tento mostrar a imensidão de seu território e a qualidade de seu ambiente; o terreno exclusivo que possui para acolher vegetação e fauna silvestre; e, bem assim, as linhas básicas de convivência de seus cidadãos, os dignos maravilhenses.

Nesse relato optei por seguir a sequência aceita como a história da formação do Ambiente da Terra, assim sintetizada:

  • Primeiro, aconteceram choques entre gigantescos blocos de rocha no espaço sideral, o que veio a dar origem a seu furioso Espaço físico: extremos tremores das rochas que se acomodavam, com fortes emissões de gases e lava, até tornar-se um colosso geológico;
  • Em seguida, após 2,5 bilhões de anos, encerrou-se o resfriamento da crosta colossal, bem como a formação de sua atmosfera. Assim emergiu a vida, o Espaço biótico, que teve origem em pequenas algas marinhas: as cianofíceas;
  • Por fim, estimados a partir da sua origem física, 5,5 bilhões de anos depois, emergiu a bravata do Espaço antropogênico, onde os humanos são os desastrados construtores.

Contudo, embora esta sequência também haja ocorrido na Maravilha, nela não aconteceram as deformações provocadas pelo homem. Seu ambiente ainda é o primitivo e, em grande parte, intocado.

Por isso, acredito que esse documento possa servir de parâmetro para avaliar a humanidade e a educação em mais de 160 países. Devo dizer, países ainda “repetentes no curso primário” promovido pelas Nações Unidas, desde 1945. Tenham a santa paciência, vão catar coquinhos, 70 anos de repetência é motivo para jubilação!

Espaço físico

A sorte geográfica desta nação foi absurda e, de certo modo, ingrata com a maioria dos países do globo. Imagine: seu território se estende por uma área de 8,5 milhões de km2! De norte a sul, o litoral maravilhense possui 9.200 km de extensão, com belezas cênicas inigualáveis.

Nele existem pequenas montanhas, falésias, planícies costeiras, milhares de enseadas, um estuário de mar aberto, dezenas de arquipélagos, centenas de manguezais e até regiões com o litoral rendilhado pelo artesanato da natureza.

O clima da Maravilha apresenta magníficas variações, do equatorial ao frio, com classes intermediárias bem definidas: tropical, subtropical, semiárido e temperado. Isso mesmo, condições de tempo que vão do clima tórrido até geadas e neve.

Na Maravilha não existem vulcões ativos. Todos são morrotes extintos há milênios. Em seu território e na sua costa marítima nunca ocorreram ventos fortes como tufões, ciclones ou furacões. Por outro lado, a Maravilha detém as maiores reservas mundiais de nióbio, vanádio e outros metais estratégicos, afora manchas das chamadas terras raras.

Afirmam pesquisadores do espaço físico que a Maravilha detém 12% da água doce do planeta. Pois, a caminhar terra adentro, é surpreendente o grandioso volume de água com que se depara. São rios, lagos, cachoeiras, riachos, corredeiras e lagunas marginais, todos a transbordar água mineral nativa, pura e potável. É incrível!

Por sua vez, seus solos são profundos em pelo menos ¾ de seu território. Além disso, possuem variados nutrientes, que não cabem ser enumerados aqui. Mas sua composição em nitrogênio, potássio e cálcio é de tal ordem estabilizada, que os torna aptos para a produção espontânea de vegetais e frutos comestíveis.

Essa é a síntese do que a Maravilha oferece como substrato físico à evolução de todas as espécies vivas nela ocorrentes.

Espaço biótico

Grandes manchas vegetacionais ocupam 85% do território maravilhense. Dado seu relevo “de suave a ondulado”, suas notórias vocações climáticas, mais o volume de água que se espraia por seu terreno e a notável qualidade de solos, as coberturas da flora possuem elevada biodiversidade, a apresentar biomas com grande extensão e complexas relações entre suas espécies – fitossociológicas.

Já a fauna ocorrente na Maravilha é soberba, tanto em sua abundância, quanto na extrema diversidade. Seus espécimes tentam encontrar na variedade de florestas, matas, savanas e campos existentes seus habitats ideais, feitos pelo acaso e sob medida.

No entanto, embora as regiões que são cobertas pela vegetação sejam de grande extensão, não é fácil para os incontáveis espécimes da fauna silvestre (mastofauna, avifauna, ictiofauna, primatas, herpetofauna, entomofauna, aracnofauna, malacofauna e anurofauna, dentre outras classes) permanecerem no mesmo “espaço domiciliar”, pois ocorrem os conflitos normais, por vezes, letais.

Mas, ao fim e ao cabo, é a seleção espontânea imposta pelo ambiente que desafia quais espécimes possuem habilidades para se adaptar, sobreviver e procriar.

Vale dizer, o povo maravilhense tem plena consciência da importância desse patrimônio ecológico e o mantém praticamente intacto, há séculos, sem necessidade de leis, polícias e ameaças. Procedem assim por que é um costume incorporado em cada cidadão, após 500 anos de democracia liberal.

Espaço antropogênico

A propósito, depois de criada a democracia ateniense, por volta de 2.700 anos atrás, com base nas propostas de dois pensadores gregos, Sólon e Clístenes, a Maravilha foi a primeira nação do mundo a constituir-se Estado Liberal Democrático, em 1515.

Desde então, nunca foi colônia de outro país, nem pensou em colonizar terras além mar. Sua única constituição federal está impressa em apenas uma folha de papel e até hoje não sofreu qualquer emenda. Por isso, os cidadãos maravilhenses recitam-na de cor, como o poema que mais lhes aprazem.

Na Maravilha não existem leis ou decretos públicos. Ela é regida conforme os costumes de seu povo que, desde sua origem, elegeu uma assembleia nacional para coordena-lo, sem a participação do que chamam grupelhos políticos. Essa instituição não possui um “mandato” e seus membros não recebem qualquer remuneração, apenas uma justa e pequena ajuda de custo.

Contudo, precisam ser substituídos por força da democracia liberal. Por exemplo, há saídas para resguardar intacta a missão assumida por alguém, que não a concluiu dentro do prazo. Há saídas espontâneas, pois qualquer membro sente-se eticamente motivado a substituir a si próprio, quando encontra um cidadão mais útil do que ele, que atenda melhor à sociedade maravilhense. E, por óbvio, acontecem as substituições por falecimento.

Desde seu nascimento como Estado, a constituição maravilhense (1515), redigida em praça pública, estabelece por consenso que serviços de educação e saúde são os pilares básicos de sua governança e evolução. E assim o é, até hoje.

Dessa maneira, não existe um único analfabeto perdido em seu território nacional. Todos os maravilhenses completaram, no mínimo, o ensino médio. E o que é mais notável: 95% deles possui pelo menos um título superior em Gestão do Ambiente, Medicina, Engenharia e Matemática Aplicada. Somente a graduação nessas áreas requer 8 anos de cursos intensivos, teóricos e práticos. A partir daí, formaram-se mestres e doutores, aos pelotões.

Para se ter uma medida, nas cidades maravilhenses existem mais bibliotecas do que lojas de loteria no Brasil inteiro! São instituições públicas, que recebem toneladas de livros de todas as nações cultas do mundo. Afinal, em média, o maravilhense sabe ler, escrever e falar com fluência pelo menos cinco idiomas, além da língua materna.

O hábito de ler, interpretar e aprender é uma tradição de cinco séculos naquela nação. Nas ruas e campos vê-se, diariamente, uma grande quantidade de pessoas a aprender com um livro às mãos. Por força de vários fatores, inclusive a bendita sorte, tornou-se uma epidemia nacional, sem condições de retorno à origem do homo sapiens, insipiente e destruidor agressivo.

Afinal, o que é a Maravilha?

É fruto da exuberante educação construída e distribuída a seus cidadãos, durante séculos. Os maravilhenses souberam organizar suas cidades em pequenas áreas, de forma a não destruírem seu santuário ambiental, tanto o físico, quanto o biótico. Saliento que sua divisão “geopolítica” possui somente dois níveis: o Estado maravilhense e suas cidades. Não existem os estados e os municípios.

Portanto, nunca houve governadores e prefeitos, deputados e vereadores. Eles eliminaram os gastos com o que chamam de “maldita máquina pública”. Para eles são apenas máquinas de produzir burocracia e confusão, enfim, “instrumentos da corrupção”.

As casas, equipamentos urbanos e serviços de uso público foram erigidos entre a vegetação nativa, de modo a mantê-la de pé. Por sinal, em cada cidade está instalado um viveiro de mudas de espécies nativas. São milhares de viveiros implantados na Maravilha. Assim foi criada uma de suas principais fontes de riqueza, pois exporta toneladas de mudas para países civilizados que desejam reflorestar seus territórios.

Os cidadãos maravilhenses são vegetarianos há séculos. Não há gado de corte no país. Em troca, cada cidade possui grandes hortas comunitárias, plantadas em harmonia com a mata. Se for feito um sobrevoo sobre a Maravilha, somente ressaltarão aos olhos do observador somente seus polos industriais, aeroportos e portos. Criará uma sensação curiosa: para que servem industrias e aeroportos se não existem pessoas?

A produção de energia elétrica do país adotou uma solução óbvia. Cada casa, unidade produtiva, unidade de serviço público produz a energia que consome. Há mais de século, cientistas maravilhenses desenvolveram fontes eólicas, solares e de biomassa, visando a consumidores de pequena e média envergadura. Portanto, não existem linhas de transmissão a atravessar o território da Maravilha.

Inversamente, a segurança pública possui uma solução antiquada, creio eu. Como a principal fonte de receita do país é o turista estrangeiro, que possui “costumes estrangeiros”, é o exército quem faz a segurança, pois lá não existem polícias. E ele mantém a tradição medieval da pena de morte para tudo o que a assembleia nacional considerar “crime contra a pátria“.

Não vou entrar no mérito dessa questão, mas há um benefício econômico para a nação: não existem penitenciárias, prisões, celas ou qualquer gênero de “armazém de criminosos”. Além disso, para desmotivar eventuais “intrusos”, todas as famílias do país possuem armas de fogo em casa. Entretanto, a taxa de criminalidade no país é zero e o tempo de vida útil do maravilhense é de 95 anos.

Concluo que essa foi a forma democrática e liberal que o povo do País das Maravilhas escolheu para viver, desde 1515. Suas comunidades são saudáveis, cultas, humildes e muito sociáveis. São capazes de criar soluções, simples ou complexas, que aumentem a produtividade de sua economia, bem como a qualidade de suas vidas. Dessa forma, deixo questões que não consigo responder:

─ “Por qual motivo os países associados às Nações Unidas não adotam essa forma digna de viver”? “Por que preferem se destruir e se corromper com extrema naturalidade“?

A Tapada Rousseff


Por Simão-pescador, da Praia das Maçãs.

Simão-pescador

Simão-pescador

Estive no mar por quase três semanas. A primeira pesca do ano foi produtiva, o novo barco ficou lotado. Após desembarcar no cais próximo de casa, salguei e pus no gelo alguns robalos e linguados. Depois, segui direto ao porto para comerciar o restante da pesca – cavalas, ruivos, bodiões, douradas, robalos e um merote (pequeno mero) de 125 kg.

Tive muita sorte, pois os grandes chefes de cozinha que sempre nos visitam, haviam acabado de chegar. E eles pagam ótimos preços por peixes frescos de qualidade. Ao chegar em casa à noite vi que, com meu trabalho no mar, arrecadara cerca de €$ 8 mil; uma fortuna para nós, pescadores. Podemos viver bem durante mais de um semestre com esse dinheiro.

Confesso que até hoje não sei narrar a sensação que sentimos ao peito, quando realizamos essa troca de confiança: peixe fresco de qualidade por moeda justahonesta por ambas as partes.

De volta à casa de pescador

Pela manhã, descansado, preparei meu café bem preto e fui ler os jornais empilhados. Mas as manchetes eram tão arrebatadoras, que me roubaram o equilíbrio físico; senti tonturas:

Afinal de contas, o que está a acontecer no Brasil? Enlouqueceram todos? Danaram-se?!

Sei que faço uma comparação estapafúrdia, mas, em setembro passado, o corrupto daqui foi direto para trás das grades. Isto, o janota do Sócrates, ex-Primeiro Ministro português, foi preso com a acusação de ter cometido “fraude fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro[1]“. Aqui o resultado é, simplesmente, cadeia.

Mas, segundo a imprensa internacional, junto com a patética “troca de tronos” nos ministérios, o Estado brasileiro encontra-se acéfalo e, por força da ação de “quadrilhas partidárias”, tornou-se o caso prioritário da Polícia Federal. Sei que é confuso, mas explico, à minha moda, o que pude ler.

Quase todos sabem que a “Soberana Tapada[2]” é surda e despótica. Sem consultar nada nem ninguém, manteve seus 39 ministérios. Mas, à exceção das pastas da economia e agricultura, nomeou incompetentes “agentes e asseclas” de partidos políticos, alguns desconhecidos do povo brasileiro e inimigos entre si.

A considerar seu desgoverno passado, creio que seria um grave erro político dar oportunidade a notórios gestores públicos. Afinal, como ficariam os planos da quadrilha política para o futuro e o resultado de seus homéricos “negócios públicos”?

No entanto, a “Tapada Rousseff” parece que passa por um período de, digamos, severa solidão mental. Sem conectar sequer dois neurônios, tomou decisões arbitrárias e deixou quebrada a “formação original da quadrilha”. Muitos parlamentares da tal “base aliada” estão a debandar. Até mesmo alguns idólatras tapados de seu próprio partido já lhe negaram apoio.

Diante deste quadro, após permanecer durante semanas em “estado de isolamento”, sem dar entrevistas ou satisfações à sociedade, a imprensa acaba de divulgar que, um tanto em desespero, a Tapada foi pedir conselhos a seu “Tapado Criador”. Fico perplexo com isto: um asno a aconselhar uma besta quadrada.

Poucos jornalistas comentaram, mas a Tapada Rousseff  também teria pedido a seu 40º ministro, o titular da pasta de “Mentira miraculosa”, a nova propaganda leviana que usará em futura retórica de asnices, a vomitar mais outra vez na cara repugnante de seu “povo amestrado”.

Por sinal, uma raça de povo que se reduz dia a dia, de forma expressiva. Segundo recente pesquisa publicada, os amestrados não chegam a 25% da população brasileira.

Finalizo

Os fantasmas da Sexta 13

Os fantasmas da Sexta 13

Muito embora a Polícia Federal ainda não haja atingido o clímax das investigações criminais, creio que o ocaso da petroleira já se encontra declarado pelo mercado financeiro internacional.

O mercado haverá de guardar por longo tempo o facto que a 4ª petroleira do mundo, Petrobras SA, foi retalhada sem piedade por artimanhas de quadrilheiros políticos.

Na qualidade de avô, bisavô e tataravô de brasileiros, peço licença a meus leitores para fazer uma sugestão a esta cambada de marginais, sobretudo, a seus líderes:

Porcos proxenetas! Enquanto ainda há tempo, peguem suas coisas, suas crias imundas, suas meretrizes, seus machos e sumam do planeta!

Nesta sexta-feira 13, pressinto que existe cheiro de sangue nas mãos de muitos brasileiros…

……….

[1] Pelo que sei, aqui em Portugal a instituição da prisão preventiva é usada para impedir que safados “apaguem provas” dos desvios cometidos e fujam do país. E este “filósofo da corrupção” parece possuir um apartamento em Paris, onde residiu durante o curso de Ciência Política que diz ter feito por lá. Porém, segundo as más línguas, o apartamento é propriedade do farsante e, por baixo, “vale €$ 3 milhões”! Como conseguiu adquiri-lo, ninguém quer explicar. Aí no Brasil há muitos casos de safados proprietários sem explicação.

[2] Não sei explicar por que, mas no passado, quando eu era criança, mulher tapada significava meretriz. Estranho pois, pelo que me consta, todas eram “destapadas”. A ser assim, quero deixar claro que uso adjetivo “tapada” para evidenciar, mormente, uma pessoa idiota.

Nós, o Povo


Por Ricardo Kohn, Escritor.

Seguir “do Caos à Ordem” é a visão oposta à de uma organização secreta secular, fundada na Europa pré-renascentista. Seus crentes beócios eram atemorizados por “sábios ancestrais” para crer, piamente, que o Universo caminhava “da Ordem ao Caos”. Em outras palavras, sempre rumo ao holocausto.

Para imprimir esta “filosofia” no cérebro baldio de seus seguidores, a entidade secreta realizava frequentes sessões retóricas, onde discorria sobre o alto risco de retorno à “idade das trevas” e a volta da “peste negra”. Seus castelos e templos ficavam lotados de beócios que, embora divididos em estratos sociais, carregavam a esperança de, algum dia, ouvirem os “segredos da salvação”. Mas isso nunca aconteceu.

A peste negra

Entretanto, os crentes apresentavam um traço psicológico comum: ansiavam tanto para serem aterrorizados que, ou pagavam quantias exorbitantes para receber as palavras dos “sábios oradores”, ou tornavam-se submissos àquela entidade secreta.

De fato, tornavam-se nobres escravos, pois doavam seus bens, as próprias economias e, sob as ordens de “áulicos sedentos”, erigiam grandes construções desnecessárias, sem receber em troca qualquer pagamento.

Poucos analistas de antanho deixaram à posteridade escritos sobre esse satânico fenômeno social. Por sinal, foram quase unânimes em concluir que se tratava do domínio opressivo da Igreja, um mero efeito da religiosidade italiana.

Embora não se tenha meios e documentos formais para duvidar de quem viveu àquela época, é importante ver seu cenário por outro prisma. Por exemplo, dizer que a causa do domínio do povo era um “efeito da religiosidade italiana” parece ser uma grave heresia.

Dominar um povo, sobretudo, analfabeto e ignorante, através de “práticas satânicas” do medo, era causado, sim, pela ganância e poder de soberanos. É célebre a frase atribuída a Luís XIV, o Rei Sol da França, “L’État c’est moi“. Após o período da Inquisição, a Igreja, para se manter rica e não vulnerável, ficou encarregada apenas do asqueroso “Teatro de Ameaça e Medo”. Era o “politicamente correto” da época.

Na era contemporânea, há evidências que o vírus das práticas satânicas e do L’État c’est moi evoluiu bastante e tornou-se uma ameaça pandêmica. Afinal, não parece haver dúvida que o Brasil está a viver na “idade da treva política” e bem enfraquecido, a sofrer “derrames cerebrais” por força da “peste negra da corrupção” que tem elegido.

Precisa-se fundar com urgência uma “fraternidade aberta”, a que se propõe chamar “Nós, o Povo”, mas sem qualquer participação de crentes e igrejas. Sua meta é um desafio: enfrentar a treva, a peste, além de extirpar o Caos implantado na nação brasileira, ainda em 2015.

Somente assim haverá chances de elevar o Brasil a um estágio de Ordem palpável, que seja visível a todos os cidadãos brasileiros. Portanto, o grito desta fraternidade, será uníssono e revolucionário: “Do Caos à Ordem!”.

Concessões públicas ‘definitivas’


Empresa privada e economia de livre mercado são termos inadmissíveis para o “altruísmo” de líderes socialistas e comunistas. São expressões insuportáveis para ideólogos cubanos, norte-coreanos, venezuelanos e russos, que impõem a seus povos, se necessário pela força das armas, o que ainda chamam “ditadura do proletariado”!

Em nenhuma hipótese, admitem que grupos de pessoas tenham liberdade para se organizar, produzir e comercializar os produtos de seu trabalho. Segundo eles, essa prática precisa ser erradicada da face da Terra. Somente o Estado possui esse direito, inalienável e intransferível. Por óbvio, sob seu poder centralizado, todo o povo deve sentir-se feliz por ser operário do Estado.

A sociedade organizada a trabalhar com liberdade

A sociedade organizada a trabalhar com liberdade

Contudo, mesmo submisso a essa filosofia de escravização, há exceções. É o caso da Rússia, onde existem os imperadores do petróleo, único produto que exporta, além dos armamentos bélicos produzidos pelo Estado.

Observa-se que as poucas nações comunistas, que conseguiram sobreviver à consolidação mundial da economia de livre mercado, encontram-se em processo de decadência ou até mesmo de autodestruição – Venezuela, Coreia do Norte e Cuba.

Mesmo assim, há líderes do 3º mundo que, embora “governem” democracias capitalistas, têm pretensões ditatoriais e, se houver espaço, de implantar o comunismo, ainda que travestido de “populismo interventor”. Argentina e Brasil são dois exemplos que se destacam pelo triste estágio de decadência moral, política e econômica a que já chegaram.

Ocaso brasileiro

O aumento de tributos, tarifas públicas e cortes orçamentários recém realizados, demonstram que a economia encontra-se “quebrada”, em forte recessão. Em síntese, o desgoverno federal precisa “fazer caixa” com a máxima urgência.

Porém, não se crê que as medidas econômicas adotadas sejam suficientes para esse fim, uma vez que a oferta e consumo de bens e serviços encontram-se em queda vertiginosa. A única ação inteligente é retirar das patas do governo as empresas estatais e bancos públicos.

É fácil justificar essa posição. Em 2014, o déficit primário brasileiro foi da ordem de US$ 18,5 bilhões. A compara-lo apenas com o escândalo da Petrobras, se a “superavaliação de ativos” da estatal foi da ordem de US$ 88 bilhões[1], quantos bilhões terão sido pagos de propina às quadrilhas do planalto central?

Agora, imagine quais serão os efeitos para o crédito internacional do Brasil com o escândalo que decorrerá da soma do Petrolão com eventuais propinas das obras realizadas nos setores elétrico, rodoviário, ferroviário, aeroviário, esportivo e do paquidérmico PAC.

Não é necessário sequer pensar em “malfeitos” que tenham sido cometidos através da Caixa Econômica e Banco do Brasil. Basta apenas não esquecer que sua gestão é pública e ambos pertencem ao mesmo desgoverno interventor.

Concessões públicas definitivas

Essa é a escolha que se faz com relação a empresas estatais e bancos públicos: licitar suas “concessões definitivas” para investidores privados. Na linguagem da economia do livre mercado, privatizar tudo o que não é propriedade adequada de um Estado nacional decente, muito menos do Estado-corrupção brasileiro.

Os frutos econômicos desta privatização “ampla, geral e irrestrita” trará vários benefícios ao país, mas destacam-se dois: (i) cobrir com folga o “rombo de caixa” existente; (ii) eliminar sumariamente os processos de corrupção continuada que assolam empresas e bancos “dominados” pelo governo.

Dessa forma, o Estado fica tão-somente com os encargos da governança pública, tais como: relações com a sociedade, estratégia pública, planejamento, saúde, segurança, macroeconomia, relações internacionais, defesa e, acima de tudo, educação de primeira qualidade. Caso contrário, manter as quadrilhas no poder, será como permitir que se instale uma doença maligna na “Evolução das Espécies”:

─ “Os bebês ao nascerem baterão a carteirado obstetra”.

……….

[1] Nota: para ler mais detalhes clique aqui.

Três raças da espécie humana


São elas: o Racionalo Otimista e o Pessimista.

Inicia o mês de fevereiro de 2015, com o Brasil sob o comando do dito “novo governo”. Mas o país não para de sofrer fortes terremotos econômicos e políticos, com intensidade e frequência crescentes. Por sinal, há muito que eram bem nítidos, mais claros do que evidências especulativas.

Em 2008, por força da “estratégia” de um governante idiota, diante da violenta crise mundial que então se iniciava, tratou-a de “marolinha” e conduziu-a segundo a ideologia particular de seu grupo. Boa parte da população ficou assustada com a maneira escolhida para tratar uma grave crise econômico-financeira mundial.

Hoje está provado que esse grupo, já então constituía uma exímia “quadrilha política”. Porém, o mesmo tratamento da “marolinha” continuou a ser adotado até 2014, conforme determina a ideologia da patranha.

Em outras palavras, a nação sofreu seis anos com efeitos maléficos das sucessivas asneiras cometidas pelo governo de quadrilheiros. Se assumir-se como base de cálculo o PIB de 2009, a economia do Brasil entrou em recessão desde 2010 e permanece até hoje a ser torturada pela mesma ideologia de quadrilha.

Investigações policiais

Todavia, em 2014 a Polícia Federal descobriu que, de fato, pela primeira vez na história do país (!), uma corrupção avassaladora invadira as vísceras da máquina do Estado, desde 2003. Concluiu que as asneiras federais foram apenas uma cortina de fumaça para ocupar a imprensa. Visavam, na verdade, a impedi-la de estimar o tamanho da corrupção bilionária – em dólares – ou, quem sabe, trilionária, em moeda brasileira.

Refinaria de Pasadena: “eu tenho a força!”

Refinaria de Pasadena: ferrugem comprada por 1 bilhão de dólares!

As reações a esse presépio de canalhices são curiosas, sobretudo, as publicadas em redes sociais. Pode-se classificar três gêneros de pessoas que comentam sobre o derretimento da economia brasileira: os racionais, que representam uma população pequena; os pessimistas, que causam desespero em quem os lê; e os otimistas, que não enxergam um palmo à frente do nariz, falam absurdos sem conexão com fatos e fazem ameaças genéricas, fruto do desespero.

Diante das decisões econômicas que entraram recentemente em vigor no país – aumento de tributos, elevação de tarifas públicas, arrocho nos programas sociais para idosos, etc. –, segue um trecho de publicação encontrada num pasquim:

─ “Medidas tributárias do ‘novo ministro’, com a finalidade de ‘reforçar os cofres do governo’, não significam, obrigatoriamente, o aumento da ‘vazão do propinoduto’, destinado a regar a conta bancária de companheiros corruptos[1]”.

Diante desse texto estranho, as reações da raça humana são variadas.

Reação do Racional

“O cenário político-econômico do país encontra-se bem abalado”, diz o racional. “É óbvio que me baseio na lógica dos números obtidos pelo governo e na ausência da razão na tomada de decisões públicas, decerto pensadas por esquizofrênicos”. Resultado, “a base de apoio ao governo encontra-se ‘desaliada’ e trará mais efeitos danosos para a sociedade civil. Contudo, os inúmeros erros cometidos ainda podem ser amenizados; em alguns casos, até mesmo saneados”.

E prossegue nas ponderações: “A questão essencial é que as medidas econômicas estão corretas. Porém, faltaram medidas políticas urgentes, com vistas a reduzir despesas absurdas com a monumental máquina do governo: 39 ministérios e milhares de cargos comissionados, afora o empreguismo nas estatais. Com a efetiva redução dessas despesas desnecessárias, a população brasileira sofreria ‘apenas’ durante o ano de 2015”.

Reação do Otimista

Tem-se impressão que o otimista gosta do governo por locupletar-se com os “esquemas da quadrilha organizada”. Afinal, suas reações são patéticas, confusas ou fora de contexto. Com certeza, são militantes ideológicos a serviço da quadrilha. Vejam algumas frases “cerebrais” do otimista:

  • Vocês fala’ [sic] muito sem ‘conhecê’ [sic] nada; nunca houve uma ‘presidenta’ [sic] do Brasil ‘que nem que ela’ [sic].
  • Vai lá’ [sic] no governo Fernando Henrique ‘pra vê’ [sic] a roubalheira ‘que foi’ [sic] na Petrobras.
  • Vocês não sabem do que somos capazes!”. Ah! E como sabemos…

Reação do Pessimista

Por fim, tem-se o pessimista, que deita falações acerca dos efeitos nefastos sobre a sociedade civil. No entanto, sempre a concluir com frases que provam sua completa omissão ou falta de visão. Mas, inevitavelmente, a causar revolta no cérebro dos racionais que ainda sobrevivem:

  • Não tem jeito mesmo, o cidadão brasileiro é um animal covarde por cruza.
  • Duvido que alguém se mexa para mudar qualquer coisa, esse povinho é corrupto mesmo.
  • Viu, quem mandou votar neles?!
  • Pode falar o que quiser, mas não vai conseguir mudar nada.
  • Não adianta reclamar, sempre foi assim.

Há cidadão brasileiros que, diante desse cenário de degradação ética, moral e cultural, acreditam que está a nascer uma quarta categoria da raça humana no Brasil: o revolucionário racional.

……….

[1] Mesmo com a ideologia instalada no governo – “ajude-nos a roubar muito; nós o premiaremos” –, realizar desvio de tributos diretamente da Receita Federal é quase impossível. No entanto, dizem que é tramado por meio de processos complexos. Pelos informes colhidos na imprensa, as atividades básicas seriam as seguintes: (1) criar e organizar uma grande quadrilha, bem treinada para esse fim; (2) semear no setor público inúmeros quadrilheiros especializados; (3) realizar muitas obras e serviços inúteis, mas sempre com preço final superfaturado e sem prazo para acabar; (4) montar uma cadeia de empresas fantasmas, on-shore e off-shore; e, por fim, (5) ter doleiros e amantes de total confiança. A propósito, corre o boato da existência de pelo menos um partido político brasileiro que produz, em larga escala, expertos internacionais nesta prática.

A privataria no Parque do Flamengo


Ricardo Kohn, Gestor do Ambiente.

Breve histórico

O Parque do Flamengo, que foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico NacionalIphan, em 1965 – e, mais tarde, também pelo governo do município, através de lei de 1995. Mas, desde de julho de 2012, é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco. Vejam a cópia da planta oficial de tombamento feita pelo Iphan.

Perímetro de tombamento do Parque do Flamengo

Perímetro de tombamento do Parque do Flamengo (1965)

A questão básica é a seguinte: ─ “Por quais motivos esse equipamento urbano foi tombado e premiado pela Unesco com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade?”

Para responder a essa questão é necessário entender a magnitude do problema urbano que existia na cidade e, sobretudo, no bairro do Flamengo, ao fim da década de 1950. A população se avolumara pelo intenso fluxo de migração interna para a então capital federal. No entanto, seu sistema viário e seu saneamento básico, eram extremamente precários. Esgotos in natura eram lançados na orla marítima da cidade, criando as chamadas “valas negras” em suas praias.

Vista da Praia do Flamengo, com o aeroporto Santos Dumont ao fundo

Vista da Praia do Flamengo, com o aeroporto Santos Dumont ao fundo

Várias áreas da cidade foram aterradas desde cedo. A começar pela região do porto, no fundo da Baía da Guanabara. O próprio aeroporto Santos Dumont foi construído sobre área de aterro. Boa parte da praia do Flamengo também sofreu o mesmo processo, mas foi em vão.

Somente em 1961, o governador do Estado da Guanabara, jornalista Carlos Lacerda, e seu Secretário de Viação e Obras, engenheiro sanitarista Enaldo Cravo Peixoto, receberam proposta da paisagista Lotha de Macedo Soares, que visava a criar um parque na praia do Flamengo. A proposta foi aprovada.

Para fazer frente a esse extremo desafio, foi criado um grupo de trabalho visando a planejar, projetar e gerir a construção e plantação da flora nativa no Parque do Flamengo. Notórios profissionais participaram deste grupo [1], que teve a frente o arquiteto Affonso Eduardo Reidy e a própria paisagista, Lotha de Macedo Soares.

Conforme projetado e finalizado, o Parque do Flamengo diferencia-se das belezas cênicas do Rio, todas elas herdadas da natureza, mero acaso das relações mantidas entre os sistemas ecológicos que nela se formaram, à revelia do ser humano.

Na verdade, o Parque do Flamengo a elas se integra sem perder suas funções urbanísticas vitais – mobilidade urbana, acessibilidade a pessoas com deficiência, educação, esportes, bem estar, laser, recreação e, acima de tudo, manter permanente seu enlace com os ecossistemas terrestres e marítimos da região.

Na visão de Reidy, obstinado pela equidade na ocupação do espaço urbano, o Parque do Flamengo, ao tornar-se um bem público, já justificava sua restrição plena como área non aedificandi. Infelizmente, Affonso Reidy faleceu jovem (54 anos, em 1964) e não acompanhou o processo de tombamento do Parque a que tanto se dedicou.

Vista aérea do Parque do Flamengo e suas vizinhanças

Vista aérea do Parque do Flamengo e suas vizinhanças

Manutenção do Parque

Desde quando foi inaugurado, nas festividades dos 400 anos da cidade, o Parque do Flamengo teve sua primeira manutenção realizada em 1999, feita pelo escritório do paisagista Roberto Burle Marx. Esses trabalhos envolveram o replantio da flora afetada, assim como a inspeção e eventuais obras civis nas passarelas do parque.

A poda de árvores e os cortes dos gramados sempre foram atividades sistemáticas realizadas por um órgão público chamado Parques e Jardins. No entanto, a prefeitura passou esta responsabilidade para a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). É evidente que esta empresa não é habilitada para realizar podas e replantios de vegetação, muito menos obras civis.

O descaso do atual prefeito com relação ao Parque do Flamengo é de tal ordem que, a pensar nas verbas para as obras destinadas aos Jogos Olímpicos de 2016, o Parque foi esquecido em estado lamentável.

Este é o estado das passarelas do Parque do Flamengo

Estado das passarelas do Parque do Flamengo, com ferragens aparentes…

Por sinal, caro Eduardo Paes, como andam as obras olímpicas nas cinco regiões de jogos que foram pactuadas com o Comitê Olímpico Internacional? Prometidas pela trinca de falcatruas: Lula, Sérgio Cabral e Paes, o inventor do tal “Porto Maravilha“.

Obra na enseada da Glória

Mas eis que surge uma “parceria público-privada”, obcecada em desconstruir um bem público, finalizado e tombado há 50 anos. Marqueteiros aliados ao poder público tiveram a desfaçatez de chama-la “Revitalização da Marina da Glória”.

Aos olhos do povo do Rio, com plena consciência de seus direitos humanos e legais, trata-se de “descarada negociata”. Tudo indica que sua realização conta com o conluio de instituições públicas – Iphan e prefeitura do Rio –, dado que permite a execução de um projeto ilegal, antes já rejeitado pelo próprio Iphan!

Um grupo de cidadãos brasileiros iniciou um movimento popular – clique em “Ocupa Marina da Glória” – visando a impedir a deformação urbanística do Parque do Flamengo. A finalidade desse movimento é simples: conservar um bem público tombado como área non aedificandi e impedir o desmatamento sumário da vegetação ocorrente na enseada da Glória, local da dita “revitalização da Marina”. Segundo informações públicas, cerca de 300 pés de árvores já foram decepados na área do canteiro de obras e suas imediações.

Signo do crime ambiental cometido pela Prefeitura do Rio

Signo do crime ambiental cometido pela Prefeitura do Rio

No entanto, a Secretaria Municipal de Ordem Pública, através de ameaças violentas por parte da Guarda Municipal, determinou a retirada de barracas, faixas e pessoas que protestam contra a invasão de seus direitos. Ressalta-se que esta violência já foi realizada contra os que participam do movimento “Ocupa o Golfe”, que ocorre na Barra da Tijuca.

É patético, mas na Barra pessoas foram agredidas e presas hoje, por expressarem seus direitos de cidadão e, sobretudo, seu dever de proteção da cidade do Rio de Janeiro. Afinal, a cidade, o estado e o país são nossa propriedade. Fomos nós que delegamos a prefeitos, governadores e presidentes a obrigação de geri-los da forma como definirmos. Precisa-se, com urgência, de um “recall de políticos“!

Eduardo Paes, espera-se que a “privataria” do Parque do Flamengo já o haja “beneficiado” bastante. Até por que, no Rio de Janeiro você jamais chefiará qualquer instituição pública, sequer uma equipe de safados da sua laia.

……….

[1] Membros do Grupo de Trabalho: Affonso Eduardo Reidy e Lotha de Macedo Soares (direção); Sérgio Wladimir Bernardes, Jorge Machado Moreira, Hélio Mamede, Maria Hanna Siedlikowski, Juan Derlis Scarpellini Ortega e Carlos Werneck de Carvalho (arquitetos); Berta Leitchic (engenheira); Luiz Emygdio de Mello Filho, Magú Costa Ribeiro e Flávio de Britto Pereira (botânicos); Ethel Bauzer Medeiros (especialista em recreação); Alexandre Wollner (programação visual); Roberto Burle Marx & Arquitetos Associados, com Fernando Tábora, John Stoddart, Júlio César Pessolani e Maurício Monte (paisagistas).