Estou a ser atacado!


Zik Sênior, o eremita.

Zik Sênior

Zik Sênior

Desde que comprei o pequeno noutebuque, por recomendação do português – exato, do Simão-pescador –, que fui orientado a criar um e-mail pessoal para podermos conversar. Recebi aulas do filho de meu vizinho, tal como Simão, do Quincas. Fabuloso!

Simão e eu conversamos “por satélites” quase  diariamente. Eu daqui e ele lá das Maçãs. Sinto saudades daquele lugar. Tem a poesia do cheiro do mar, da força de suas falésias e do despertar matutino. E tudo isso cabe nas pétalas de uma flor praiana.

Vista panorâmica da Praia das Maçãs

Vista panorâmica da Praia das Maçãs

Imagem florida da Maçãs

Imagem florida da Praia das Maçãs

Creio que o uso da internet vicia a qualquer um, mesmo aos da minha idade (104). Desde que acordo ligo o computador para ver e-mails e passear pela rede. Já descobri um monte de coisas inimagináveis: revistas, jornais, lojas comerciais de tudo, bancos, saites políticos, previsão do tempo e muito mais. Existem até saites de sacanagem, os quais não visito. Mas acreditem, já fiz compra pela internet e recebi, aqui na porta de casa, o sofá que paguei a distância!

Todavia, desde fins de agosto que tenho notado em meu e-mail o início da invasão de Spam. Conversei com Simão a respeito e ele me disse que essa invasão iria piorar muito com as proximidades do Natal.

─ “Zik, se hoje tu estás a receber 40 Spam por dia, aguarde. Em novembro e dezembro vais receber mais de 300!”

Pensei, cá com meus botões, que a ideia de criar um espaço só para receber os Spam foi muito boa. Seria tenebroso caso se misturassem com e-mails normais na Caixa de Entrada. Depois fiquei sabendo que nos primórdios do e-mail (1992) era assim que funcionava: todos embolados na mesma Caixa.

Simão estava certo. Desde de fins de outubro comecei a receber cerca de 100 Spam diários. Todos para vender de alguma coisa com “desconto”. Parece até que estão combinados. E chamam desconto de Off; você que se contorça para entender o que significa “c/ 15% Off”.

Tentam vender de tudo, mas abordam muito mal os compradores. O resultado provável é que, de tanto incomodarem as pessoas, venderão nada e terão zero de faturamento. Seguem alguns exemplos de Spam que escolhi aleatoriamente. Vejam a burrice dessas comunicações comerciais:

  • Gigante-Natal: Kit Ferramentas | Nível a Laser | Luminária Led Braço Articulado Leitura | Fichário de Pôquer c/…
  • Vendas-Zanel: Feliz Natal e Próspero Ano Novo – Zanel EPI`s.
  • Parceiros-Centauro: Até 64% Off neste e-mail ou 15% Off nos Equipamentos. Acabe com o Estoque!
  • Mega Lipo: Agora você pode!
  • Compara Descontos: Tablets c/ 15% Off. Tv Led 42.

A meu ver, esses Spam só conseguem vender alguma coisa para pessoas providas de pouca inteligência. Além da completa falta de comunicação que é peculiar a todos, só de pensar na possibilidade terem links para saites com vírus, evidentemente fico apavorado. Abrir um e-mail desses e seguir o link é outra burrice.

Em minha opinião, na qualidade de “usuário imaturo da internet”, todas as empresas provedoras de e-mail deveriam criar uma função especial: a do bloqueio de e-mails. Sumiriam todos os Spam que tanto incomodam aos mais higiênicos virtuais e as “viroses” atacariam menos os computadores do planeta.

Hoje já recebi mais de 320 Spam. Trata-se de um ataque cerrado. Imagino qual será o tamanho da invasão de dezembro. Não sei como tantos conseguem descobrir o e-mail dos outros. Porém, bastaria existir apenas o um ícone de “Bloquear E-mail ”. Ao clicar nele diria-se adeus ao emitente da sujeira!

Tudo podre no Distrito Fede-mal


Por Zik Sênior e Simão-pescador.

Zik Sênior

Zik Sênior

Recebi um convite inesperado de Simão para nos conhecermos. Teria que viajar a Portugal e seguir até a Praia das Maçãs, onde fica sua casa. Respondi-lhe que não tinha meios para fazer a viagem. Mas ele insistiu e conseguiu-me uma viagem num navio cargueiro até Lisboa, de onde segui de automóvel.

Simão descobrira que eu existia em algum lugar do mundo, ao encontrar na internet o texto de minha autoria, “Conversa ao pé do telefone”, que um site publicou.

Durante a longa viagem de navio, mesmo que na qualidade de carga, pude observar o poder e a imensidão do Atlântico. Enquanto isso, refletia sobre o que se passava diante de meus olhos. Somente uma dúvida acompanhou-me durante todo o percurso oceânico:

─ Aonde estou a ir, para fazer o quê? …

Só me entendi depois de percorrermos de carro uns 50 ou 60 km, saindo de Lisboa, passando por Amadora e Sintra, até chegarmos à Praia da Maçãs.

Quem dirigiu o auto foi o Quincas, amigo de Simão. Talvez por sua tenra idade, o menino tratava-o como se fosse seu próprio bisavô.

Terminal de carga do Porto de Lisboa

Terminal de carga do Porto de Lisboa

Quando chegamos, lá estava Simão, sorridente, sempre pendurado em seu velho cachimbo com fumo apagado. Como ele só tem 96 anos, diante dos meus 105 chamou-me de Sênior e, por natureza, concordei, diacho!

Junto com dois amigos, também pescadores, Simão estava a assar uns belos peixes para me receber. Foi o que deduzi, diante do quadro pintado à beira do mar, com um pequeno cais, barcos à vela e pequenas terras ao fundo. Pena que não tinha uma boa câmera para fazer esse registro.

O mais próximo que pudemos encontrar

O mais próximo que pudemos fazer

Conforme disse, tenho dificuldades para descrever pensamentos. Mas sendo objetivo, Simão queria mais informes de brasileiros. Queria saber os pormenores do Brasil. Tudo bem, passei-lhe minhas impressões políticas da atualidade. Porém, não esqueci que estava a flanar, pela primeira vez liberto da solidão dos eremitas, se é que me entendem.

Durante cerca de dez dias pudemos conversar à vontade. Nada com hora marcada, mas sempre em função das notícias diárias que Simão obtinha a vasculhar na internet. Algumas escandalosas, como o mais incrível recorde brasileiro no campo da imoralidade nacional: ter o único deputado-presidiário do mundo! Eleito, empossado, preso na penitenciária da Papuda pelo desvio de 8,4 milhões de dinheiros e a despachar sobre projetos de lei na cela 595, seu novo “gabinete“.

─ “E mais, o gajo é hiperativo!”, comentou Simão.

Lá no Brasil o povo aguarda que outros parlamentares sigam o mesmo caminho, a criar a famosa “Bancada da Papuda“.

Ao fim de nosso mútuo reconhecimento, combinamos escrever à quatro mãos uma história de ficção, a qual vem a seguir.

O fétido ambiente do lugar perdido

O cheiro é tão ruim que é caso de calamidade pública, a demandar ação imediata da agência que faz a vigilância sanitária do Distrito Fede-mal. É necessário executar rapidamente um violento “arrastão de limpeza” em toda aquela zona, pois é tudo mal cheiroso: instituições públicas, governantes, parlamentares e juízes com “trejeitos de não me toques”.

Porém, aconteceram os imprevistos movimentos populares de junho, que eram todos contra a corrupção que reina nos templos de Fede-mal. Foi então que governantes e parlamentares “fedemalistas” logo se agitaram, apavorados com os primeiros ruídos provindos das ruas. Da noite para o dia já tinham soluções para corrigir, em no máximo uma semana, todos os desvios cometidos em dez anos de “Fede-malança”. Contudo, que nos expliquem seriamente: porque precisaram de gastar dez anos para jogar impunemente suas fedentinas na cara do povo?

No entanto, desde o início de agosto, tal como se fossem times de futebol, os movimentos populares trocaram de técnico, que lhes mudou a escalação. Muitos milhares de cidadãos que protestavam com razão, foram substituídos por poucas centenas de vândalos e criminosos, pagos para destruírem patrimônios e criar medo nos cidadãos. Isto está a cheirar muito mal e talvez se trate de mais uma provocação.

Acresça-se a isso a longa guerra civil na Síria e os relatos recentes, de fontes com alta credibilidade, sobre o uso de gases tóxicos venenosos pelas forças do ditador Bashar al-Assad contra seu próprio povo. O ocidente propõe punições e bombardeios cirúrgicos contra o animal sírio.

Diante desse cenário, decerto com consequências pouco previsíveis, o Distrito Fede-mal e seus poltrões podem tornarem-se caso secundário, com ínfima expressão planetária. E todos sabemos que a maior parte da imprensa estabelece prioridades em sua pauta de notícias. Até porque, gritar no meio do deserto do Saara de nada adianta, pois ninguém ouve. E tudo leva a crer que o mesmo acontece na aridez mental e cultural do Distrito.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

Surpresa da engenharia, por Simão-pescador

Um “paparazzo” filmou os primeiros testes de duas composições do Trem-Bala Brasileiro, que vai ligar os centros do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, ao custo módico de US$ 38 bilhões. O protótipo de uma delas foi construído em Cuba; o outro, na Venezuela. Uma beleza de tecnologia latino-americana. Parecem-me poderosas máquinas de levitação magnética.

O vídeo é imperdível, sobretudo quando um casal de galináceos atravessa os trilhos de ferro, qual um petardo balístico, à frente de uma composição silenciosa, que segue em velocidade máxima.

Ao que se sabe, estes protótipos custaram apenas US$ 12 bilhões. Quando desejar vê-los assista aqui.