Que valha o voto!


Por Simão-pescador, Correspondente na Europa.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

Após viajar a Roma, a assombrar-me com os fatos que impuseram o fim do Império Romano, senti-me estressado. Precisava descansar a cabeça que ficara presa à antiguidade romana. Assim, achei que seria bom emendar outra viagem para mudar de ares.

Necessitava de sentir os prazeres do silêncio – coisa que me fora impossível em Roma, ao lado da gritaria dos romanos e dos pequeninos turistas japoneses. São ariscos e alegres demais, riem até de atropelamento por automóvel.

Por isso, implorava pela oportunidade de admirar o resplandecer de seculares e grandiosas paisagens, posto que são espaços que emitem luz própria. Mas desde que em absoluto silêncio. Afinal, não ter que falar nada com ninguém, além do básico à sobrevivência, refaz as ideias de qualquer pessoa.

Mas outro facto que contribuiu para elevar meu estresse foi a maldita Copa da Fifa. Assisti a alguns jogos do Brasil e todos de Portugal. Na equipa portuguesa, logo identifiquei o “lascarinho arrogante” de que falara. Não há dúvida, o puto “gosta de levar bolas na rede”. Na equipa brasileira…, bem, falo dela mais adiante.

Foi movido por estas circunstâncias que escolhi viajar ao sul da Inglaterra, mais propriamente ao condado de Wiltshire. Fiquei por dois dias a visitar “as ferraduras de pedra de Stonehenge. Ainda não conhecia aquela tranquila região. Porém, os mesmos turistas japoneses já lá estavam, sempre aos punhados. Mas achei que se tornaram calmos e silenciosos no ambiente britânico.

As pedras de Stonehenge, crédito a Simon Wakefield

As pedras de Stonehenge, crédito a Simon Wakefield

Stonehenge são círculos concêntricos formados por grandes pedras, dispostas em formato de “ferradura”, que datam da Idade do Bronze. Em função dessa discutível datação, há mitos e lendas acerca de sua formação. Há quem diga que foi construído por algum tipo de criatura inteligente que, inclusive, poderia ser o próprio ser humano. É muito confuso para meu entendimento.

Como não estudei paleontologia ou arqueologia, bem como não creio em “visitantes siderais” ou “deuses astronautas”, deitei-me na grama entre as pedras colossais, cada uma com peso de dezenas de toneladas e, silente, resguardei a paz que me assomava.

No terceiro dia, refeito, desci para casa, na Praia das Maçãs. No caminho sentia a alegre ânsia para ver de novo o imenso mar e minha biblioteca. O declínio e fim do Império Romano, assim como a Copa da Fifa no Brasil já não me causavam incômodos aos nervos.

Chegando à casa, assisti da varandinha alguns amigos a prepararem o barco e petrechos para saírem ao mar na madrugada. Estavam no estreito embarcadouro que sumia na escuridão da noite. Não falei com nenhum deles. Apenas sorri e agradeci em silêncio por ter de novo aquela bela imagem. Aos 97 anos, tive a certeza que retornara mais uma vez.

A equipa brasileira

Assisti aos quatro primeiros jogos do Brasil. Achei a equipa brasileira muito fraca, talvez a pior da história em termos táticos, técnicos e de conjunto. Por outro lado, a agravar este facto, afora a do México, suas demais adversárias pareceram-me bisonhas, abaixo da crítica – Croácia, Camarões e Colômbia. Ainda assim, chegou às quartas de final contando com pura sorte.

Recebi a notícia da surra acaçapante que o Brasil sofreu da Alemanha quando ainda estava em viagem. Não me impressionou, pois já esperava resultado bem parecido ou ainda pior. Afinal, a equipa alemã tem Técnico, sólida disciplina e é muito bem treinada. Joga conforme a música, além de possuir vários valores individuais de destaque. Bem ao contrário da brasileira, onde vi, no máximo, três bons jogadores em campo. Mesmo assim, nenhum que se compare aos excepcionais atletas do passado. Se contar apenas a partir de 1950, posso lembrar de duas centenas de jogadores brasileiros bem superiores aos da equipa atual.

Todavia, a pior e mais delinquente equipa brasileira “governa” o país há 12 anos. Como tenho quatro filhos e suas famílias, a morar no Brasil desde 1952, sinto-me obrigado a monitorar seus governantes. Sei que pouco posso fazer caso minha família seja ainda mais ameaçada. Mas tenho que ficar atento, pois filhos e netos têm seus negócios próprios no comércio brasileiro e reclamam da pesada carga de tributos que pagam, da inflação alta, dos exagerados encargos trabalhistas, da falta de profissionais capacitados no mercado, das mudanças disparatadas do contrato social, das patranhas do partido do governo, das sujeiras eleitorais que suas facções promovem, enfim, reclamam de tudo e mais um pouco.

Como meus filhos estão a viver no Brasil há 62 anos, fizeram muitas amizades sólidas e têm milhares de clientes cativos em seus negócios, pergunto-me: ─ Existe saída para estas armadilhas?

Uma saída seria venderem tudo que conseguiram construir e mudarem-se do país. Mas é muito complexo e com perdas irreparáveis. São quatro famílias de muitas pessoas – “dezoito netos, um monte de bisnetos, um putinho tataraneto e sei lá quantos primos” [1] –, crianças a cursar escolas, liceus e universidades, mais estreitas amizades de longa data. Perdas inaceitáveis.

Outra, é a que sempre argumento com os mais velhos:

─ “Vocês quatro têm dupla nacionalidade e direito ao voto no Brasil. Seus filhos e netos são cidadãos brasileiros, todos com idade para votar. A contar com esposas e noras, suas famílias somam mais de 100 eleitores. Então, escolham o mesmo candidato à Presidência da República e multipliquem-se”!

Muito embora eu não possa votar no Brasil, sei perfeitamente em quem votaria. Com minhas amizades mais antigas não seria difícil decuplicar meu voto. Somando meus clientes permanentes do porto, acho que obteria para meu candidato cerca de 3.000 votos. Sei que um bom voto se distribui tal como uma virose. Daí então, digo a meus filhos:

─ “Estou certo que as famílias de vocês podem conseguir de 600 a 800.000 votos para o candidato que escolherem. Pois, escolham o mais preparado, com experiência de estadista, um jovem dinâmico que saiba montar uma equipa pequeno e honesta, dotada de princípios éticos em suas ações”.

Assim, só me restará esbravejar: ─ “Que valha o voto honesto e viral de todos os brasileiros civilizados“!

……….

[1] Em “Carta aberta da Estremadura – Portugal”, de 02/07/2013.

Discurso da ‘Presidenta’ Anta Roskoff


Simão-pescador, Correspondente na Europa.

Recebi e-mail de um “anônimo“, onde estava anexado um estranho discurso político. Não gosto de anônimos e mesmo com a ajuda do serviço de telecomunicações de Portugal, não conseguimos localizar sua origem. Permaneceu na escuridão. Assim, passo a vocês para que identifiquem a “douta Roskoff“.

Discurso veemente e esclarecedor

“Companheiras e companheiros, camaradas e camarados [sic], estou muito feliz de estar com vocês por aqui hoje [sic] para fazer um comunicado pro meu futuro governo” [sic].

“No meu próximo governo, que eu quero deixar bem claro, que vai começar em 2015 [sic], eu vou mudar muita coisa, quer dizer, eu vou mudar tudo, tudo o que precisa ser mudado [sic]. Entenderam?! Farei as mudanças que vocês que sempre que me pediram [sic] e que eu nunca tive saco de fazer” [sic].

“Que eu vou acabar com as polícias, com todas as polícias do país. Mas que vou criar novas polícias para botar no lugar das polícias que eu acabei de acabar [sic], fui clara?! Vou contratar policiais mais insinuantes [sic], principalmente das milícias do MST, MTST, dos Black Blocs e do PCC, que agora também são nossos parceiros nessa empreitada” [sic].

“Que eu vou integrar ao corpo, quer dizer, ao do meu executivo [sic], os Mídia Ninja, que são muito úteis para a intensa comunicação do meu novo governo [sic]. O ninja beiçola, de cabelo grande e enrolado, vai ser meu ministro das comunicações, não há ninguém melhor” [sic].

“Aliás, resolvi demitir do cargo aquele careca requentado, que há de catar coquinhos na seca árida [sic], pelas entranhas do nordeste [sic]. O castigo dele é que ele vai vaquejar nas costas do jumento [sic], sobre um sol inclemente” [sic].

“Que sempre saibam vocês todos que eu sou uma competente revolucionária [sic], faço de tudo que se for preciso [sic]! Me entenderam bem?! Só que eu não faço ameaças, que eu só cumpro o que faço [sic]. Tenho certeza que vocês me compreendem a importância das minhas ideias reju,. rer-ju-ve-nes,… Das novas ideias, porra! ” [sic].

“Que eu não vou permitir que ninguém tasque essa minha proposta democrática de governo [sic], só se me matando [sic]. Mas isso nunca vai acontecer. Afinal, eu tenho as minhas forças pessoais, bem treinadas e muito parecidas com as da SS e da Gestapo [sic], que me garantem minha integritude” [sic, sic, sic].

“Para finalizar eu quero comunicar a vocês que vou abençoa-los em 2015, com minha grande paz de espírito e inteligência superior (!!!). Para continuar o desenvolvimento do país que iniciei, vou criar mais 40 ministérios; isso mesmo, vou ter mais quarenta ministros e suas equipes. Saibam que, a partir de hoje, todos vocês estão empregados com cargos de chefia nesses aparelhos, analfabetos ou não” [sic].

A esquerda e seus dinossauros confiáveis

A esquerda e seus dinossauros confiáveis

“Mas determino que tragam familiares e companheiros confiáveis para que uma das minhas assessorias monte o aparelho de cada um [sic]. Mas não me incomodem com mais chatices. Fiquem em casa vendo televisão, vão passear por aí [sic], esbanjem seus salários, comprem carros, geladeiras e bicicletas, pois vou criar a Política Nacional da Bicicleta, e só me apareçam pela frente em 2015” [sic].

“Sintam-se à vontade, podem me bater com muitas palmas de forma ordeira que eu sei que eu me mereço; sou sua Soberana Absoluta…” [sic, sic].