Retrospectiva de 2013


Por Simão-pescador, Praia das Maçãs.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

De forma distinta da opinião publicada ao fim do ano passado (veja em Retrospectiva de 2012), neste ano ela atem-se apenas ao Império do Brasil. Até porque, a complexidade dos processos políticos e litígios mundiais transcende qualquer capacidade de análise, sobretudo quando se dispõe de pouco espaço para sintetizar a fartura de informações acumuladas no transcorrer de um ano.

Segue uma rápida retrospecção que registra factos peculiares da política praticada em 2013, herança do mesmo partido político no poder desde 2003: o incomparável Perda Total.

O sempre “Brasil do futuro”

Ao longo de 2013, o governo federal alardeou inúmeras vezes que continuava a construir um Brasil mais rico e igualitário, como já o fizera seu antecessor. Por óbvio, essa promessa temerária novamente não se concretizou. E teve dois bons motivos para “fazer água”:

  • O primeiro foi o erro de premissa, pois o antecessor nada fez de útil para a nação como um todo. Limitou-se a assumir condutas populistas e demagógicas, sempre centradas em sua total ignorância como gestor público máximo do Estado Brasileiro.
  • O segundo foi o facto de a Rainha permanecer entalada no mesmo atalho das políticas econômicas e sociais herdadas de seu Criador, atual Conselheiro. É sabido que através delas é impossível realizar o desenvolvimento de qualquer nação do mundo. Basta observar os casos (caos?) de Cuba e Venezuela, plenos de riqueza, igualdade social e democracia, nos quais se pautam os esdrúxulos governos do Perda Total.

Durante este ano, a nação viveu praticamente submissa a desgovernos sincronizados. O ano ainda não findou, mas já é possível falar no passado, pois nada mudará nos poucos dias que faltam para o Feliz Ano Novo.

Essa sincronia pode ser explicada por uma das alternativas: ou a total falta de competência em gerir a nação ou o estrito cumprimento das ordens emanadas pelo Conselheiro, visando a garantir o poder político eterno nas mãos do Perda Total ou então por, no mínimo, mais duas décadas [1].

Economia

Porém, considerando a evolução dos principais indicadores da economia brasileira neste ano pré-eleitoral, o Perda Total poderá ser bastante prejudicado em suas férteis ambições: déficit na balança comercial, pibinho fraco, inflação incrustrada no teto da meta, consumo de bens e serviços em retração, inadimplência em alta e tombo na produção industrial; enfim, tudo muito bem desgovernado e dotado de magnífica sincronia.

Mas restam questões objetivas: ─ Para onde o país seguirá com sua economia a despedaçar-se de forma continua? Continuará a realizar sua ‘contabilidade criativa’? E como ficará a política fiscal com a redução do teto do superávit primário? Agências de risco de crédito que lhes mordam!

Infraestrutura

Todos os itens da infraestrutura urbana e rural brasileira permaneceram abandonados desde 2003. O pouco que foi construído resultou em obras superfaturadas, instrumento para a corrupção passiva e ativa, envolvendo exércitos de executivos públicos e privados.

Em outras palavras, veículos da organização planejada e sistemática de quadrilhas de ladrões e canalhas, que enriquecem com projetos não realizados para educação, saúde, segurança, mobilidade urbana, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e etc.

Somente nos estertores de 2013 assiste-se a manobras eleitoreiras promovidas pela Rainha, visando a privatizar serviços públicos nunca adequados. É bastante provável que seu Criador e Conselheiro seja o decisor operacional de mais essa patranha nacional. Só resta saber quem realmente está por detrás desse Conselheiro. Tudo leva a crer de que se trata de um amigo íntimo, um eminente vigarista, que hoje talvez esteja a habitar nalgum presídio.

Política

Para fazer uma Política Nacional estável, no mínimo é necessário ter boas maneiras, ser educado e atencioso com as pessoas em geral. Mas, definitivamente, não é o caso da Rainha, pois parece ser muito grosseira e, segundo diz a imprensa, abusa do baixo calão, tanto no varejo quanto no atacado.

Como o sistema político brasileiro começou a caranguejar desde 2003, em 2013 ficou claro que o país anda para trás e se esconde assustado em tocas de areia.

Observa-se que o número de nações amigas foi bastante reduzido pela ideologia que reina no país. Somente é possível abrir os portos brasileiros para Bolívia, Venezuela e Cuba. Até mesmo o Irã, que foi muito bem recebido no governo do Conselheiro, agora está esquecido.

Os países africanos, mais próximos do Brasil por meio de financiamentos públicos – Angola, Moçambique e África do Sul –, tornaram-se propriedade negocial exclusiva do Conselheiro que, segundo o noticiário da imprensa europeia, é vendedor remunerado de obras para algumas empreiteiras.

A relações com a China são comerciais, promovidas basicamente por empresas privadas. O Brasil é, de certa forma, um Estado-colônia do Estado Chinês. Todavia, ainda não foi aventada a hipótese do Imperialismo Capitalista da China sobre o Brasil, que decerto não tarda.

O ponto culminante do isolamento do Brasil aconteceu após as denúncias de espionagem realizadas pela Agência de Segurança Nacional norte-americana. A Rainha sentiu-se pelada diante de um batalhão de sanguinários espiões americanos.

Programas sociais

Bolsa-Família, Luz para Todos, Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos, Universidade para Todos, Minha Casa Minha Vida e Mais Médicos [cubanos], são alguns dos programas criados e geridos pelo Perda Total nos últimos 10 anos. Decerto, alguns destes estão a ter resultado positivo para miseráveis e analfabetos. O que é um mérito a ser reconhecido.

Mas, não obstante, essa Cordilheira de Ações Sociais pode constituir um Himalaia de corrupção. Falta-lhe controles claros, padronizados e divulgação sistemática para a sociedade. Além disso, seus títulos são pura demagogia e suas justificativas encontram-se em leis que foram aprovadas por uma oligarquia parlamentar [produto do Mensalão], onde os principais beneficiários das ações não têm condição de entende-las a fundo.

Crê-se que o principal programa social para o Brasil ainda não foi sequer pensado pelos governantes do Perda Total. Trata-se de dotar os brasileiros de cultura apropriada ao empreendedorismo, extinguindo todas as burocracias inúteis que mantém o país no terceiro mundo, embora permaneça bastante maquiado.

Para ter uma ideia do que deve ser o teor deste Programa, assista pelo menos em parte ao excelente seminário, promovido pelo IFHC, com ex-alunos do ITA. Clique aqui: “A cultura empreendedora no Brasil: riscos e oportunidades”.

Cultura

Remanesce a ideia de que, nunca na história deste país, houve um conjunto de boçalidades tais, capaz de fazer com que dinheiro público se tornasse capital privado. Dinheiro público para pagar desfiles de modas em Paris. Cerca de 900 mil Euros!

Como diz um artigo publicado nesse blog em agosto deste ano (veja em “Tudo pela cultura”), “existe no Brasil uma tal de Lei Rouanet, que incentiva a ‘renúncia fiscal’ para que empresas e pessoas reduzam seus impostos a pagar, em troca de financiarem a cultura nacional. Mas, me pergunto: desfile de modas é cultura?”.

Desde quando? A sociedade não foi avisada desta visão revolucionária da ministra-sexóloga.

O que resta saber

─ Como transcorrerá o ano de 2014?

Às vezes é triste elaborar cenários, mesmo que com base em factos. Talvez o ano 2014 veja o país quase parando e a sofrer os efeitos danosos de muitos movimentos sociais e grevistas contra as políticas do governo.

Entrementes, deve-se pesar bem as consequências políticas e econômicas adversas dessas manifestações. Por sinal, sempre a recordar os resultados do histórico movimento anarquista italiano: ─ Avanti popolo, facciamo sciopero!

Tiranias fascistas muitas vezes são cunhadas e legitimadas a partir desses acontecimentos. Quem mais sofre é sempre a população desinformada sob o comando de violentos interventores.


[1] A real História Política Brasileira narra processos desastrados bem similares, ocorridos entre 1962 e 1964, que presentearam o país com posteriores “21 Anos de Chumbo”, de 1964 a 1985. Os principais irresponsáveis pela falência democrática do país foram os senhores Leonel Brizola e João Goulart, nesta ordem. Merecem palmas e louvas? De quem?…

4 pensamentos sobre “Retrospectiva de 2013

  1. Caro Ricardo
    Este Simão-pescador tem uma visão racional da política brasileira. Deve ser devido aos lugares bucólicos onde vive e pesca. Caso contrário, se vivesse no dissabor do cotidiano de um cidadão que vive de seu próprio trabalho, não teria a calma necessária para reflexões tão pontuais, atuais e verdadeiras. Mantenha vigilância sobre ele, pelo valor que ele tem.

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    • Estimado Professor Spencer,

      Conheci o Pescador-Simão por mero acaso. Ele tem filhos, netos e bisnetos que moram no Brasil há tempos. Justo por isso, como bom lusitano, está sempre preocupado com os destinos de seus familiares. E destinos são feitos pelas pessoas mas, no entanto, no caso do Brasil, disse-me Simão, ao completar 96 anos:

      — “Menino, nesta eterna colônia onde moras preocupa-me que o destino de seu povo dependa das patranhas dos políticos governantes”.

      E depois completou:

      — “Tenho que estudar a fundo as nojentas orgias políticas que grassam neste país há cerca de uma década, caso contrário não terei descendentes de minha cultura”.

      Caso tenha interesse em conhecer mais acerca das opiniões de Simão-pescador, sugiro que o pesquise no blog. Ele já redigiu mais de seis textos.

      Com carinho, um abraço apertado e solene do

      Ricardo Kohn.

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