Espécies da fauna ameaçadas ou em extinção


Diz a legislação ambiental brasileira que espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção da fauna silvestre, devem ser tratadas de forma a serem protegidas das ações e atividades do homem. O mesmo é considerado para a flora, embora com menor quantidade de literatura técnica produzida, além de um belo banco de dados do Ministério do Ambiente, inacessível aos leigos como nós.

Segundo a Fundação Biodiversitas, em 2004, “o bioma Mata Atlântica é o que apresenta maior número de espécies ameaçadas ou extintas, com 383 táxons, seguido pelo Cerrado (112), Marinho (92), Campos Sulinos (60), Amazônia (58), Caatinga (43) e Pantanal (30). Isso significa que, em conjunto, Mata Atlântica e Cerrado respondem por mais de 78% das espécies da lista, ou seja, 495 táxons”.

Em 2008, o Ministério do Ambiente, com a coordenação técnica da Fundação Biodiversitas, Revisou e atualizou as listas de espécies da fauna ameaçadas no território brasileiro. Foram lançados dois volumes do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção” contendo as 627 espécies, discriminadas nos seguintes táxons: 16 anfíbios; 160 aves; 78 invertebrados aquáticos; 130 invertebrados terrestres, 69 mamíferos; 154 peixes; e 20 répteis. Os dois volumes somam 1420 páginas acerca do processo de classificação adotado, bem como caracterizam cada um dos 627 táxons faunísticos ameaçados ou extintos no Brasil.

Trata-se de um trabalho penoso e complexo, envolvendo uma grande quantidade de especialistas. Contudo, seu uso deve ser bem cuidadoso, pois técnicos de órgãos ambientais nem sempre conseguem diferenciar ameaças locais de ameaças em toda a área de distribuição da espécie, o que seria uma ameaça nacional, por assim dizer.

Para aqueles que desejarem possuir uma cópia do livro cliquem aqui. É público e, consequentemente, gratuito.

Pato-Mergulhão - Reprodução de Gambarini

Pato-Mergulhão – Reprodução de Gambarini 

Jacaré-de-papo-amarelo

Jacaré-de-papo-amarelo

Gato-Maracajá

Gato-Maracajá

A Catarse


Há meses (dez/2012) o Estadão publicou artigo de Arnaldo Jabor com o título “A Náusea”. Porém, somente hoje conhecemos seu teor integral (se desejar lê-lo, clique aqui).

O artigo é o sumário de uma catarse pessoal e inadiável, que choca o leitor ao demonstrar a destruição de princípios e valores universais que ocorrem até mesmo em fatos corriqueiros do cotidiano e são divulgados pela mídia em geral. Princípios e valores que, em passado não muito remoto, foram condizentes inclusive com os poucos grupos humanos civilizados dos países sempre em subdesenvolvimento. Países geridos de forma a retroagir, a andar para trás no tempo como eterna colônia de algum reino. Países impuros por origem e por cruza, qual rebanhos de bovinos falsos.

Seguindo a náusea de Jabor, estimamos que hoje, no início do século 21, o Brasil encontra-se retornado ao primeiro terço do século 19, quando então as disputas entre facções políticas do Império do Brasil levaram a rebeliões e a regência tornou-se instável e um tanto anárquica. Certas facções ameaçaram a regência com a proposta de independência de todas as províncias para se tornarem repúblicas autônomas. Assim sendo, Pedro II foi declarado prematuramente imperador, pois tinha apenas cinco anos quando herdou a responsabilidade.

Tal decisão, conhecida como o Golpe da Maioridade, foi tomada pela Casa de Bragança – dinastia que reinou Portugal e suas colônias durante quase três séculos. O fato é que essa decisão foi mais tarde uma ameaça à imagem do jovem Pedro II perante seus súditos, hoje chamados de “povo brasileiro”. Será que nos tornamos súditos de alguém novamente?

De qualquer modo, D. Pedro II reinou durante 49 anos. Agora imagine o Brasil, reino de um único “partido político” por quase meio século! Aconteceu de tudo durante os primeiros anos do reinado do jovem monarca, dizem várias notas históricas. A chamada “Facção Áulica”, formada por várias subfacções, o traiu e o manipulou de diversas maneiras.

Mas aqui se encerram as semelhanças com a atualidade da gestão pública do Brasil, pois não há como comparar os próximos anos do país com os do reinado de Pedro II. Ainda estamos vivenciando a etapa preliminar das traições e manipulações dos áulicos modernos, que se encontram na máquina pública e usam a falta de experiência de gestores empertigados, “dirigindo-os pelos caminhos mais interessantes”. Para quem?

Assistimos a um cenário político estranho e descontrolado, com facções que podem afetar a estabilidade política do país, interna e externamente. Parece constituir um processo de sabotagem gradativa do poder, antes estabelecido pela mentira sistemática, executado em formato de “fogo amigo”. Aquele que degola amigos, mas “nada pessoal, somente pela causa maior”.

Mais grave ainda foi a distribuição de um CD contendo dossiê difamatório sobre Yoani Sánchez, que envolve pelo menos um funcionário público do alto escalão: o senhor Ricardo Poppi Martins, coordenador-geral de Novas Mídias da Secretaria Geral da Presidência da República.

Vários meios da mídia impressa tiveram acesso ao CD. Alguns afirmaram que seu conteúdo é difamatório e para sua distribuição houve uma reunião coordenada pelo embaixador de Cuba, Carlos Zamora, contando com a assessoria do conselheiro político da embaixada, Rafael Hidalgo, junto com agremiações políticas brasileiras – PT, PCdoB e CUT. Teria como objetivo disseminar fatos supostamente negativos relacionados à blogueira, monitorá-la de forma ostensiva e criar o máximo de constrangimentos à sua pessoa.

O que causa estranheza é o senhor Poppi, segundo informação do órgão a que pertence, viajar para “participar de um seminário sobre redes sociais” em Cuba, país que não permite o acesso de seu povo a internet. Mas é possível, quem sabe, que esteja sendo projetada em Cuba uma radical mudança na política de acesso público à informação.

Na política interna foi aberto o mata-a -mata para a eleição presidencial de 2014. Aécio Neves, na tribuna do Senado, iniciou o tiroteio apresentando os 13 fracassos do PT durante dez anos no governo federal (2003-2012). Foi superficial. Por sua vez, o PT promoveu uma festa para comemorar seus 33 anos de fundação, contando com a presença e a eloquência de seus políticos condenados. Marina Silva está mais que disposta a criar o trigésimo primeiro partido político no Brasil – Rede Sustentabilidade – e mergulhar de cabeça no processo sucessório. Eduardo Campos gostou do crescimento de seu partido (PSB) nas eleições de 2012 e, animado, quer mais. A base aliada começa a se pulverizar; a oposição continua a ser feita apenas com um ou dois atletas em campo, jogando contra uma facção montanhosa de áulicos espertos.

Enquanto isso, 2013 surpreende com o incremento dos riscos do Brasil, no mais das vezes decorrentes da colcha de retalhos desconexos de sua política econômica, que não possui visão de médio e longo prazo. Resultados: inflação cresce; dólar oscila e decresce; exportações a cair; indústria a gritar, mas permanecendo em silêncio produtivo; e taxa de desemprego que se mantém temporariamente baixa, função dos setores da construção civil e do comércio, com oferta de empregos para a “nova classe média C e D”, com muita demanda, porém baixo poder aquisitivo e alto risco de inadimplência. Não será exagero supor que a economia brasileira poderá derreter como “manteiga” sendo exposta ao calor nacional e internacional.

Manteiga derretida

Manteiga derretida

Há inúmeros outros fatores pseudopolíticos e econômicos que deveriam constar desse artigo, até com maior relevância dos que os citados aqui. No entanto, já que fomos estimulados pelo artigo de Arnaldo Jabor, dando-lhe toda a licença poética, recomendamos sua leitura: A Náusea.

Brasil e Cuba


Sem considerar as águas marítimas controladas pelos dois países, tem-se 8.515.767 km² de território brasileiro contra 110.860 km² de território insular cubano. Cabem nas terras do Brasil mais de 70 Cubas.

De acordo com resultados dos censos de 2010, o Brasil possuía cerca de 190 milhões de habitantes e Cuba, 11 milhões, ou seja, em termos de população o Brasil equivale a 17,3 Cubas.

Entretanto, o Brasil ainda possui cerca de 30 milhões de analfabetos funcionais, muitos deles com destaque no atual cenário político. Já em Cuba, segundo seu governo, o analfabetismo foi erradicado há 47 anos (segundo informe da CIA – Central Intelligence Agency, 99,8% da população é alfabetizada). Sendo assim, no Brasil existe uma população equivalente à de quase três Cubas de analfabetos funcionais (brasileiros).

No setor da Saúde Pública, Cuba supera o Brasil em todos os indicadores, sem exceção. Embora o Brasil possua do maior sistema de saúde pública do mundo, o mesmo constitui um paquiderme incapaz de realizar a saúde preventiva e mesmo simples ações de tratamento de doentes. Em 2009, o Brasil tinha 1,72 médicos e 2,4 camas hospitalares para cada 1000 habitantes (informe da CIA), o que é uma triste proporção em termos da oferta de serviços de saúde pública dotada de qualidade básica.

A economia produtiva brasileira é bem diversificada, com setores específicos para indústria, agricultura, pecuária, extração mineral, óleo e gás, energia, aeronáutica, serviços e comércio, dentre outros. Inversamente, a economia cubana é precária, baseada em agricultura de cana-de-açúcar e, recentemente, em pequenos negócios particulares, decorrentes das imposições de seu regime ditatorial e do embargo norte-americano, desde 1962. No ano de 2007, seu PIB foi de US$ 51 bilhões, quando o PIB brasileiro atingira US$ 2,6 trilhões. Naquela oportunidade cabia em um só Brasil a economia de 50 Cubas.

Na questão relativa aos Direitos Humanos o regime ditatorial cubano também reflete efeitos devastadores. Segundo a organização Human Rights Watch, o sistema prisional de Cuba é um dos maiores da América Latina, com cerca de 70 penitenciárias (40 de segurança máxima) e mais de duzentos “campos de trabalho”, tudo destinado a confinar presos políticos (sem qualquer critério legal de julgamento) e criminosos em geral. Não se obteve informação segura sobre o tamanho da população carcerária cubana em 2013 e acerca das condições de humanidade das celas de encarceramento.

No Brasil o sistema prisional é precário em todos os sentidos, sobretudo a considerar a fuga sistemática de lotes de presos perigosos das poucas “prisões de segurança máxima”. Ainda não existem presos políticos no Brasil de 2013, embora haja vários políticos já condenados pela última instância do poder judiciário. Boa parte da sociedade alfabetizada aguarda ansiosa a execução das penas legalmente arbitradas, bem como respostas a dúvidas quanto a outros possíveis parceiros não aquinhoados pela Ação Penal conhecida pelo mundo por “Escândalo do Mensalão”.

Mesmo sob os efeitos da intensa carga de violência impingida pelo Estado Cubano aos seus cidadãos dissidentes, em sua maioria expatriados, presos ou mortos, Cuba encontrava-se classificada em 51º lugar segundo seu Índice de Desenvolvimento Humano[1] (IDH = 0,863) em 2007. Já o Brasil, em 2010, estava classificado em 73º lugar nesse mesmo ranking, com IDH igual a 0,699.

Maior IDH municipal do Brasil

São Caetano do Sul, SP – maior IDH municipal do Brasil, igual a 0,919.

Aqui reside um paradoxo mortal para qualquer nação: em Cuba, muitas prisões para poucos presos vigaristas; no Brasil, poucas prisões para muitos vigaristas soltos nas ruas.

Considerações

O investimento cubano em educação de Nível A se perde pela falta de liberdade de atuação do profissional em contribuir de forma privada para o desenvolvimento da nação. Por outro lado, o investimento brasileiro em educação de Nível D produz analfabetos amestrados, com total “liberdade para a ação”, embora sem capacidade de contribuir para o desenvolvimento da nação.

O Brasil segue melhor na fita, graças ao que seus recursos naturais lhe proporcionam. Mas, na realidade, a suposta “liberdade de expressão” parece ser virtual, pois a maior parte da população é educada para ser imediatista e não sabe como deve se posicionar, aliás, não sabe nem do que se trata uma posição política ou qual sua importância para a sociedade. Pensa que basta juntar matilhas de desordeiros para berrar palavras de ordem e comandos histéricos.

Tanto no Brasil quanto em Cuba há um desequilíbrio entre as reais necessidades da sociedade e a vontade do Estado, que vendo sendo aproveitador e interventor.

Cabe aos detentores da real educação e liberdade de pensar, lutar pela implantação no Brasil de um ensino Classe A, tal como o de Cuba, dado que não é esperado que esta ação parta do Estado. Deixamos claro desde já que, de forma alguma, aceitamos a “conveniência de uma ditadura ou de um Estado autocrata e intervencionista”.


[1] O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1990. É uma medida das condições básicas de vida de uma sociedade, com ênfase nos elementos que podem ser amplamente comparados para a maior parte das nações do mundo. O IDH não é um índice de qualidade de vida. Além disso, não considera o regime político e econômico vigente em qualquer nação.

Trata-se de um índice comparativo entre nações, que varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, melhores são as condições de saúde, conhecimento e padrão de vida, dentre outros itens. Quanto mais próximo de zero, piores são essas mesmas condições. A lista do IDH de 2010 é encabeçada pela Noruega (0,938), seguida de Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Irlanda. A última posição é ocupada por Zimbábue (0,140), superado por República Democrática do Congo, Níger, Burundi e Moçambique.

Discovery Corruption


Ricardo Kohn, Escritor.

É necessário ter calma e tolerância para enfrentar certas situações. Por exemplo, em uma conversa com vários conhecidos às vezes encontramos aquele que a cada minuto nos dá dedadas no ombro para chamar nossa atenção ou o outro que toda hora puxa-nos pela manga do paletó para que prestemos atenção a seus argumentos. Ambos são muito chatos.

Em uma roda de amigos isso definitivamente não acontece. No entanto, quanto maior for a roda, mais difícil se torna fazer comentários sobre o tema posto à mesa. Há os que falam sem parar, feito matracas; os que vão elevando a voz na medida em que seus argumentos se fragilizam e os que mudam o assunto quando é dada a vez de outro falar. Justamente, o que ficou calado até aquele instante, aguardando a chance para dar sua modesta opinião. Mas, mudaram o assunto. “ – Desce mais um chope, na pressão”!

Mário Quintana certa vez observou: “o maior chato é o chato perguntativo’; prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir enquanto se pensa em outra coisa”, que deve ser bem diversa.

Ah! Que todas as chatices decorressem de bate-papos. Seria uma maravilha. Porém, não é assim que acontece no dia-a-dia. Para quem tem a pretensão de se “manter informado”, as chateações via internet podem ser criadas a cada minuto; quem procura sempre as acha. Só vai depender da velocidade da banda larga adquirida, o que é mais uma chatice contratada e lenta, precificada no Brasil como se fosse velocíssima e feita de ouro puro.

Assiste-se ao jornal das dez, mas apenas na sua versão da meia-noite. O que é uma grossa asneira, pois tira o sono para o resto da noite. Seria mais razoável assisti-lo na versão das quatro da tarde, o que também seria uma bosta! Só traz os mais variados crimes cometidos no Brasil e no mundo. Quem torcer a televisão como a um pano de chão verá jorrar sangue sem parar. Além de cenas de assassinatos ao vivo, adora mostrar grandes incêndios, inundações e desabamentos, sempre com vítimas, e também o que chama de “catástrofe da natureza”. A propósito, a natureza não promove catástrofes, quem as realiza são os selvagens primatas humanos.

Todos esses “enganos jornalísticos” chateiam muito, em especial aos mais críticos de nascença. Mas há os enganos do noticiário político cometidos acintosamente pelos veículos da imprensa brasileira. Talvez preocupados em perder as contas de publicidade, nomeiam “comentaristas políticos” curiosos: há os ideologicamente vendidos, defensores do indefensável que carregam na lapela o distintivo do partido político que defendem de forma escancarada; há os gatos em cima de muros, mas com 90% do corpo do lado de lá; por fim, seguem os poucos independentes, que comentam apenas 10% da indecência política que é noticiada, se tanto. Assim mesmo, somente em veículos virtuais, onde a maioria dos analfabetos não têm acesso.

Lembrem-se que em 2009, o Senador Pedro Simon pediu da tribuna do Senado que o senhor José Sarney renunciasse à presidência da instituição parlamentar. Motivos? Todos sabem aos borbotões. E então, o senador Fernando Collor, então “único presidente da república que sofreu impeachment na história desse país”, armou-se em defesa de Sarney. Com as veias do pescoço e das têmporas dilatadas, xingou-o de parlapatão e ameaçou ir as vias de fato, agredi-lo fisicamente, dizendo-lhe que engoliria suas próprias palavras. Que doença política! Pena que não sofreu um enfarte fulminante naquele dia.

Diz-se que, no Brasil, parlapatão significa “quem tem o hábito de enganar, o mesmo que charlatão, impostor, trapaceiro e capadócio”. O trapaceiro Collor olhava-se no espelho quando agrediu a Pedro Simon. A violência do “impostor certificado” pela ABNT-ISO, torra a paciência dos humanos honestos.

Chega!!!

Chega!!!

Mesmo a assistir a tudo isso, talvez sejam poucas as coisas que realmente incomodam. Porém, infinitas e dolorosas são as “coisas ditas políticas”, que nos humilham e envergonham a cada segundo nesse país. Sendo assim, sugerimos que, para gerar emprego e renda com o carnaval do desgoverno, seja criado um novo canal a cabo: a Corruption Discovery. Será um show de audiência, sobretudo nesse retorno decenal aos anos de chumbo em que se vive, com elevada rentabilidade para investidores, ainda que a transferir alta propina aos parlapatões atuais, detentores adjuntos do poder.

Sob o título “Novela Cubana”


O artigo de Nelson Motta publicado hoje no jornal O Globo, por sinal graças à liberdade de pensamento e raciocínio, que não podem ser caçados, merece ser lido por quem gosta de refletir sobre verdades incontestáveis, lógicas e óbvias.

Diz Nelson no parágrafo de abertura: “Se os eficientíssimos serviços de repressão cubanos, que há anos espionam Yoani Sánchez dia e noite, tivessem descoberto a menor prova de suborno, a ‘agente milionária da CIA’ já estaria presa”.

Yoani Sánchez

Yoani Sánchez

Desde 1º de janeiro de 1959, há exatamente 54 anos, um mês e três semanas, que Cuba é regida pela mão de ferro de Fidel Castro, seu irmão e sua “base aliada”, esta na qualidade de executora e dedo-duro governamental. E desde então, há brasileiros que permanecem justificando as ações do castrismo pela derrubada de Fulgencio Batista, como se isso fosse um símbolo de intelectualidade e cultura permanente. É uma atitude que causa perplexidade, especialmente quando provinda de jovens com menos de 40 anos de idade.

O que parecia uma revolução necessária para derrubar o corrupto governante da ilha e seus asseclas, logo demonstrou ser uma “luta pela tomada do poder”, simples troca de corruptos, uma sandice. Todavia, 54 anos de insensatez popular é resultado de mera propaganda anacrônica do castrismo-leninismo. O povo cubano é lento, mesmo assim vem acordando há décadas, cada vez menos aterrorizado pelo risco de vida que corria (ou ainda corre) por discordar das ideias de Fidel. Melhor do que os cubanos que migraram para a América do Norte, além dos que perderam a vida tentando, Yoani é um exemplo prático deste fato, pois permaneceu em Cuba disposta a arregaçar as mangas e emitir sua opinião contrária.

O que ela não podia esperar foi a reação dos jovens leninistas brasileiros amestrados, como ocorreu no sertão baiano, onde “uma milícia de talibãs tropicais impediu a exibição do filme ‘Conexão Cuba-Honduras’, porque não queriam discutir nada, mas calar o opositor no grito. Quando conseguiu falar, Yoani disse que vive numa sociedade ‘onde opinião é traição’ e eles vaiaram”, observa Nelson Motta.

Comportamento lastimável no Brasil

Comportamento lastimável em São Paulo

Será muito proveitoso que as milícias de talibãs tropicais se mudem para Cuba. Quem sabe não poderão auxiliar aos “anjinhos no poder” a se manterem lá, por mais 54 anos? Façam isso com base em toda a sua força ideológica e ganharão remuneração mensal de US$ 30.00! Poderão comprar um novo nariz de palhaço…

Para quem desejar ler o artigo completo de Nelson Motta clique aqui.

Greenbuilding Brasil


Conferência Internacional e Exposição, em São Paulo. 

Greenbuilding Brasil

Greenbuilding Brasil

Eventos dessa envergadura precisam ser divulgados com grande antecedência.

Clique na imagem para obter mais informações.

O Beco do Mota


Por Joaquim Ribeiro Barbosa (1), de Rio Vermelho (MG)

A cultura, a tradição e a religiosidade diamantinenses tiveram de curvar-se por mais de dois séculos sob a sedução irresistível do mal afamado Beco do Mota, de saudosa, faceira e lendária história.

Não que ele fosse, em todos os tempos, refinada e glamorosa zona boêmia. E nem tão raras, belas e sensuais, as “damas da vida” que o povoavam. Mas aquele ambiente pobre, composto inteiramente de casas velhas e decadentes, exercia tal fascínio sobre os varões da cidade, que só a magia de um fatal encantamento para explicar.

Contemporâneo e vizinho da Velha Sé testemunhou-lhe a demolição, tristemente, com remorsos, talvez, pelas ovelhas que arrebatava ao seu rebanho. Calçado em pé de moleque, formado na verdade de duas vielas entrecortadas, o Beco do Mota projetava no coração de Diamantina uma grande e mal traçada cruz, prostrada, em sua impureza, nas sombras grandiosas da nova Catedral, cujo repicar de sinos soava como dobrados de exorcismos nas consciências das mulheres decaídas que lhe davam vida – (ou a própria vida), – ali expiando suas culpas na degradante subsistência do pecado de cada dia. Muitas, expulsas de casa pelos pais ainda mocinhas, “pois que se tinham perdido“, entregavam-se em suas alcovas a outros pais, de filhas tão outras quanto elas.

Curiosamente, só mesmo a rajada de ventos libertários dos costumes, inflada pelos truculentos “anos de chumbo” do final da década de sessenta, é que conseguiu varrer de vez a prostituição do Beco do Mota, numa limpeza moral que renitentes e aguerridas cruzadas do conservadorismo não lograram fazer através de séculos.

Vista atual do Beco do Mota, Diamantina

Vista atual do Beco do Mota, Diamantina

E, assim fechado, o Beco do Mota guardou longo tempo de purificação. Longe da coquetearia de outrora, do borboletear colorido de plumas e paetês das cortesãs, – gigolôs, amancebados, cafetinas – toda a fogueira de proibidas paixões se apagou na palidez da história. Calaram-se bandolins e violões, em muda contrição, a redimir-se na meiga pudicícia dos cordões das serenatas. E “Cajubi“, a bela índia com seu arco de guerra retesado, libertou-se do dancing a que emprestava o nome, e lá se foi, em graciosos passos do último e mais sensual dos tangos, reincorporar-se à lenda “puri da Acaiaca“.

Pouco a pouco, o Beco do Mota mudou a antiga face. Recebendo famílias, bares, restaurantes e outros serviços. Suas casas renovaram-se, a brancura das fachadas a cobrir-lhes os rubores do passado. Reabilitado pela sociedade, até as beatas, que antes desviavam os olhares de sua direção, já podem atravessá-lo, imaculadas, sem mesmo se persignarem. E as moçoilas de hoje, em ardências e inquietudes virginais, por lá se riem, divertidas, de ultrapassados pecados ancestrais.

Longe de querer diminuir a música com que Fernando Brant e Milton Nascimento tão inspiradamente choraram o fim do mais famoso dos becos, poderá alguém inovar-lhe a letra, cantando: “Diamantina é o Beco do Mota, mas Minas não é mais o Beco, e o Brasil não é mais o Beco, pois, simplesmente, o Beco nem zona mais é.”


(1) Joaquim Ribeiro Barbosa, conhecido por “Quincas“, nasceu em Rio Vermelho (MG), em 1º de outubro de 1941, porém é criado e residente em Diamantina, desde os quatro anos de idade.Muito jovem ainda, estudou no Caraça e no Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto, onde, porém, não chegou a concluir nem o segundo grau.

Quincas

Quincas

Já depois de casado, retomou os estudos, formando-se Técnico em Contabilidade, no Colégio Diamantinense. Comerciante por quase a vida inteira, é de apaixonado reconhecimento à cidade que o adotou e lapidou com espontânea generosidade.

Orgulhoso pela vivência simples e profunda do balcão de que por qualquer outra, em suas poesias e crônicas revela-se um observador que tanto se desmancha na ternura lírica de assumido bairrismo, como se indigna e se expõe de corpo e alma, através da força de impiedosa ironia, exaltando ou criticando os coadjuvantes e protagonistas que constroem, com suas vidas, o dia a dia de Diamantina.

Participou da fundação do GRUPO DE INCENTIVO E APOIO AO ESCRITOR DIAMANTINENSE, é membro da ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE DIAMANTINA, tendo como patrono a poetisa diamantinense Mariana Higina, compondo, ainda, a comissão por DIAMANTINA CIDADE PATRIMÔNIO CULTURAL DA HUMANIDADE.

Fazedor de nem tantas crônicas, atreve-se, às vezes, no gênero da poesia, na ousadia de antigos e quase desusados decassílabos, de rimas intercaladas e emparelhadas, traindo, assim, todo o saudosismo de uma geração contemporânea do passado, mas de pés no presente bem fincados, a ponto de, quem sabe, por mercê de Deus, alcançar o alto merecimento de alguma lembrança no futuro.

Telefonema do SUS


O telefone toca e a dona da casa atende:

‒ Alô!

‒ Sra. Silvia, por favor.

‒ É ela.

‒ Aqui é o Dr. Arruda, do Laboratório. Ontem, quando o médico enviou a biopsia do seu marido para o laboratório, uma biopsia de outro Senhor Silva chegou também. Agora não sabemos qual é a do seu marido e infelizmente, os resultados são ambos ruins…

‒ O que o senhor quer dizer?

‒ Um dos exames deu positivo para Alzheimer e o outro deu positivo para AIDS. Nós não sabemos qual é o do seu marido.

‒ Nossa! Vocês não podem repetir os exames?

‒ O SUS somente paga esses exames caros uma única vez por paciente.

‒ Bem, o Senhor me aconselha a fazer o quê?

‒ O SUS aconselha que a senhora leve seu marido para algum lugar bem longe da sua casa e o deixe por lá. Se ele conseguir achar o caminho de volta, não faça mais sexo com ele.

Sistema Único de Saúde: Foda-se. Não tem outro.

Foda-se. Não tem outro. Morra menos.

Indo além do trivial


Um pouco da história de Prados

O povoado que deu origem a Prados (MG), surgiu nos primórdios do século XVIII, por volta de 1704, quando dois irmãos bandeirantes, Manoel e Félix Mendes do Prado, chegaram à terra do ouro fácil com uma comitiva provinda de Taubaté. No entanto, a instalação do município de Prados data de 1981.

Vista do casario de Prados

Vista do casario de Prados

Matriz de Prados

Matriz de Prados

Seus principais produtos de exportação (nacional e internacional) são o artesanato e a cultura pradenses. Em Prados são produzidos “os mais variados tipos de artesanato, utilizando diversos materiais como: madeira, ferro, palha, linha, cerâmica, bambu, cabaça, papel machê, resíduos descartados, etc. Nas madeiras são entalhados animais como onças, tamanduás, jacarés, cavalos, bois, peixes e outros, além de frutas, legumes, flores e muito mais. Mas a peça mais tradicional trabalhada pelos artesãos pradenses é o Leão”.

“O Patrimônio Cultural de Prados é muito extenso. Suas manifestações vêm se realizando ao longo dos tempos e, até hoje, mantém muitas de suas tradições, conseguindo unir pradenses e turistas do Brasil e do exterior”.

Algumas das festividades da cidade são as seguintes: o Boi Mofado, o Carnaval, a Semana Santa, a Festa do Pradense Ausente (criada em 2005), o Passeio a Serra São José e o Festival de Música, dentre outros.

O Festival de Música de Prados merece destaque, com seus concertos já famosos. Ocorre na segunda quinzena de julho. Tendo a Lira Ceciliana (Sociedade dos Músicos de Prados) como organizadora, acontecem muitas apresentações pela cidade: no Teatro Municipal, na Igreja Matriz, na Capela do Rosário, na praça e em alguns bares. Trata-se de um Festival de Música organizado juntamente com a Prefeitura de Prados e a Universidade de São Paulo (USP), através da sua Escola de Comunicação e Artes. O festival teve início em 1977. São realizadas diversas oficinas com cursos intensivos de instrumentos de cordas, sopro, percussão, canto, coral, teatro, regência e composição.

É importante ressaltar que a mais antiga atividade ambiental do Brasil é o Passeio a Serra, que já possui mais de 150 anos. Desde sua origem, os interessados saiam de área com mata de cerrado, atravessavam campos rupestres e, seguindo por uma Estrada Real, entravam no Bioma de Mata Atlântica. Ainda hoje é assim, tanto para chegar ao delicioso Povoado do Bichinho, quanto à cidade de Tiradentes. E a Estrada Real encontra-se muito bem cuidada, com calçamento de pedra, defensas, pequenas pontes sobre córregos e “sistema de drenagem”. Tudo isso sem perder a magia da antiguidade da região.

Vista de parte da Serra São José

Vista de parte da Serra São José

Visitas a Prados durante 23 anos

Durante este carnaval, mais uma vez visitamos Prados. Lá vivem hoje cerca de 8.500 pessoas numa área municipal de 265 km2. Ou seja, afora o curto período dessa festa anual, nenhum cidadão vive empilhado sobre os demais, pois há espaço verde e espaço urbano muito bem cuidados, de sobra para todos, inclusive para “forasteiros”, sempre muito bem recebidos. Neste carnaval estiveram em Prados cerca de 20 mil pessoas, entre moradores e visitantes (estimativa nossa).

Além dos amigos que nos receberam – Ita e Uxy –, reencontramos muitos outros. Tivemos inúmeras surpresas agradáveis e observamos que havia, além de nós mesmos, mais quatro consultores ambientais em nosso grupo. E a geografia de Prados é um convite à prática da gestão ambiental, sobretudo para viciados na matéria como nós seis.

Seriam dias de solene descanso, mas deitamos falação, junto com boa cachaça. Por sinal, levamos duas garrafas da Magnífica, Reserva Soleira, para dar luz à criatividade do grupo e de seus descendentes interessados.

Em alguns fins de tarde debatemos acerca dos estudos ambientais que nem sempre são bem desenvolvidos no Brasil. Falamos da falta de outros estudos, tão ou mais importantes, que muito poucas empresas consultoras sabem executar. Concordamos que estudos ambientais somente são realizados por força da lei e não em função das necessidades do Ambiente, das inúmeras ciências que o explicam e, sobretudo, dos próprios investidores e dos retroimpactos sobre seus negócios.

Vista de um espaço conservado na Serra

Vista de um espaço conservado na Serra

Políticos, legisladores e juristas brasileiros acreditam pretensiosamente que o país possui a mais poderosa legislação ambiental do planeta. Afirmam que basta que sejam realizados os EIA/Rima para licenciamentos, as Auditorias Ambientais anuais de organizações produtivas, os Levantamentos de Passivos Ambientais de organizações, que sejam implantadas Medidas de Compensação Ambiental e, em casos especiais, assinados os quase nunca executados Termos de Ajuste de Conduta (TAC). Aliás, ficariam melhor titulados por “Meras Intenções de Ajuste de Conduta”, pois poucas organizações os cumprem e, mesmo assim, o fazem somente em parte.

São por meio desses frágeis procedimentos que os agentes públicos creem-se capazes de garantir e manter a estabilidade dos sistemas ecológicos ocorrentes no Brasil vis-à-vis as ameaças de devastação a que são submetidos diariamente. Balela e lorota! São pura burocracia caso não sejam acompanhados por outros estudos, às vezes até mais simples, porém essenciais à qualidade do Ambiente (Environment) e de seus ecossistemas constituintes.

Ecossistemas estabilizados

Ecossistemas estabilizados

Decerto, não são estudos de caráter político ou com formato legal. São estudos inteligentes, práticos e necessários para manter e garantir a Sustentabilidade do Ambiente (na região de interesse) e a Gestão Ambiental das organizações nele existentes. De outra forma, para serem executados aplicam várias das ciências que explicam o Ambiente, sem depender dos “preceitos legais vigentes”.

Em nossas conversas, sob as luzes da permanente Serra São José, concluímos acerca da necessidade de estudos ambientais que ainda não estão contemplados pela legislação do país. Dentre eles destacaram-se os seguintes, pela ordem:

  • Estudos da Transformação Ambiental – ETA;
  • Gestão de Atividades de Campo – GAC;
  • Formulação de Cenários Ambientais – FCA;
  • Avaliação de Impactos Ambientais (qualiquantitativa) AIAQ;
  • Elaboração de Plano Corporativo Ambiental – PCA;
  • Realização de Auditoria de Plano Corporativo Ambiental – APCA;
  • Estudos Preliminares de Viabilidade Ambiental – EPCA;
  • Elaboração de Plano Executivo para Gestão Ambiental de Obras – PGAO;
  • Elaboração de Plano para Gestão da Sustentabilidade Municipal – PGSM;
  • Organização da Função Ambiental – OFA.

Todos nós concordamos que estas dez práticas ambientais (1) sequer são consideradas pela maioria das empresas como meios vitais para sua existência produtiva. E o que é ainda pior: somente serão realizadas se forem obrigadas por lei específica.

Entretanto, também debatemos o caminho inverso da formulação legal brasileira, qual seja: produzir leis que, ao invés de impingir ônus e punições a empresários, premiem aqueles que procederem voluntariamente as práticas acima nos processos ambientais de suas empresas. Além de ser uma fórmula bem mais civilizada, reduz as oportunidades de “malfeitos”, comuns nos “países do futuro”.

Ainda longe da manguaça, mas já transformados em conselheiros ambientais do planeta, ugh…, decidimos criar um movimento mundial, via redes sociais, para solicitar (quem sabe, obrigar) ao Conselho Nacional do Ambiente a emissão de Resoluções Técnicas para cada uma das práticas acima listadas. Porém, sempre de forma civilizada e estimulante, tanto para investidores, quanto para o Ambiente. Assim, demos por encerrada a primeira sessão e nos dirigimos ao centro de Prados, que fica a exatos dois minutos de carro saindo do sítio onde estávamos situados.

Era hora de assistirmos ao desfile dos dois blocos tradicionais de Prados: de um lado, a UCA – União dos Consumidores de Álcool; de outro, seu arquirrival, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Gato Preto. Rival sim, mas não conquistou os dois carnavais a que assistimos!

Mais uma vitória da UCA!

Mais uma vitória da UCA!

Após passarmos cinco dias de sol na residência de Ita e Uxy, junto ao sopé da Serra São José, o retorno para o Rio de Janeiro é algo obrigatoriamente doloroso e cansativo. Foi como se perguntássemos assustados à brisa da manhã:

‒ E agora, o que faremos?!…

Segue o silêncio, pois não existe qualquer resposta além do silêncio. Restou seguirmos resignados pelas estradas rumo às ameaças diárias da “Cidade Maravilhosa” do Rio de Janeiro, em especial quando gerida por incompetentes públicos. Caso de gestão pública bem diversa da de Prados, segundo seus próprios cidadãos e em nossa humilde opinião.

Referências:


(1) À exceção do PGSM, todas as demais práticas acima, além de outras quinze, encontram-se detalhadas e demonstradas no livro A Arte da Sustentabilidade – Integrando a Organização ao Ambiente, com lançamento previsto para o próximo mês de março.

Trocando seis por meia dúzia


Trocando seis por meia dúzia

De Jansen Viana, publicado em Recanto das Letras.

‒ “Por favor, gostaria de fazer minha inscrição neste Congresso.”

‒ Pelo seu sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?

‒ “Sou de Maputo, Moçambique.”

Vista panorâmica de Maputo

Vista panorâmica de Maputo

‒ Da África, né?

‒ “Sim, sim, da África.”

‒ Aqui está cheio de africanos, vindo de toda parte do mundo.

‒ “O mundo está cheio de africanos.”

‒ É verdade.

‒ “Se pensarmos bem, veremos que todos são africanos, pois a África é o berço antropológico da humanidade…”

‒ Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito.

‒ “Desculpe-me, em qual sala?”

‒ Na meia oito.

‒ “Podes escrever?”

‒ Não sabe o que é meia oito, sessenta e oito? Assim, veja: 68.

‒ “Ah, entendi, meia é seis.”

‒ Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação: a organização do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material, DVD, apostilas, etc., gostaria de encomendar?

‒ “Quanto tenho que pagar?”

‒ Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam meia.

‒ “Hummm… Que bom. Ai está, são seis reais.”

‒ Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?

‒ “Pago meia? Só cinco? Meia é cinco?”

‒ Isso, meia é cinco.

‒ “Tá bom, meia é cinco.”

‒ Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.

– “Então já começou, são nove e vinte.”

– Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.

– “Você pode escrever aqui a hora que começa?”

– Nove e meia, assim, veja: 9 horas e 30 minutos.

– “Ah, entendi, meia é trinta.”

– Isso, mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas, o senhor já está hospedado?

– “Sim, já estou na casa de um amigo.”

– Em que bairro.

– “Nas trinta bocas.”

– Trinta bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza, não seria nas Seis Bocas?

– “Isso mesmo, no bairro meia boca.”

– Não é meia boca, é um bairro nobre.

– “Então deve ser cinco bocas.”

– Não, Seis bocas! Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso Seis Bocas. Entendeu?

– “E há quem possa entender?”…

Renan, o meteoro calheiros


Estamos assistindo ao asco furioso da sociedade brasileira dedicado ao recém “eleito” Presidente do Senado Federal, senhor Renan “Meteoro” Calheiros. Há movimentos que se sucedem de norte a sul do país, pedindo o impeachment deste político deletério.

Não há dúvida de que o senhor Renan jamais seria eleito caso o cargo que abocanhou, com ajuda safada da maioria de seus pares, somente fosse alcançado através do voto direto da população brasileira. É hora de pensar nessa alternativa, uma vez que corrupção pública é incontrolável.

Pelo voto direto perderia em todas as regiões do país. Se pragas rogadas surtissem efeito esse indivíduo há muito estaria abatido!

Meteoro na Rússia

Meteoro na Rússia

Caso o meteoro que caiu na região de Chelyabinsk (sexta-feira, 15), causando danos há cerca de 600 pessoas, houvesse desabado sobre o Senado Brasileiro, afora a tsunami de esterco que cobriria boa parte da capital federal – que qualquer jato d’água é capaz de limpar -, ainda que com algumas perdas lamentáveis, o país e sua população ficariam livres da pior matilha de senadores jamais eleita em toda a nossa história republicana.

A água do planeta


O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) criou esta visualização incrível: uma imagem que dá uma ideia perfeita de como há pouca água no planeta Terra, comparado aos materiais sólidos que formam seu volume.

A Água da Terra

A Água da Terra

A imagem mostra o tamanho de uma esfera que conteria toda a água da Terra, em comparação com o tamanho do planeta. Repare que estamos falando de volume, não de superfície: cerca de 70% da superfície terrestre está coberta por água, mas o volume de água em relação ao volume da Terra é irrisório.

A esfera azul em cima dos EUA tem um diâmetro de aproximadamente 1.385 km, com um volume de 1.386.000.000 km³. A esfera inclui toda a água dos oceanos, mares, geleiras, lagos e rios, além das águas subterrâneas, água atmosférica (no ar), e até mesmo a água dentro de você, do seu animal de estimação e dos tomates na sua geladeira.

Eis alguns números do USGS:

  • O volume de toda a água seria de aproximadamente 1,386 bilhão de quilômetros cúbicos (km³). Um quilômetro cúbico de água equivale a cerca de um trilhão de litros d’água.
  • Cerca de 12.900 km³ de água, a maior parte na forma de vapor d’água, está na atmosfera. Se toda ela precipitasse de uma vez, a Terra seria coberta por apenas 2,5 cm de água.
  • A cada dia, 1.170 km³ de água evapora ou transpira para a atmosfera.
  • Se toda a água do mundo fosse jorrada nos EUA, ela cobriria o território com uma profundidade de 145 km.
  • Da água doce na Terra, muito mais fica no subterrâneo do que em lagos e rios. Mais de 8.400.000 km³ de água doce estão armazenados na Terra, a maior parte a até 800 m da superfície. Mas se você realmente quer encontrar água doce, a maior parte está armazenada nos 29.200.000 km³ de geleiras e calotas de gelo, principalmente nas regiões polares e na Groenlândia.

E esta é a quantidade de água doce, comparada ao volume da Terra e à quantidade total de água:

Água total, água doce

Água total, água doce

Spheres showing:

(1)   All water (sphere over western U.S., 860 miles in diameter);

(2)   Fresh liquid water in the ground, lakes, swamps, and rivers (sphere over Kentucky, 169.5 miles in diameter); and

(3)   Fresh-water lakes and rivers (sphere over Georgia, 34.9 miles in diameter).

Credit: Howard Perlman, USGS; globe illustration by Jack Cook; Woods Hole Oceanographic Institution ©, Adam Nieman.

E o volume de água doce potável é ainda menor. Vá fechar suas torneiras

Departamento Federal da Corrupção


Ricardo Kohn, Escritor.

O projeto desse “Departamento” resultou após oito anos de trabalho, realizado entre 2001 e 2008, em Roma, na sede da Agência Internacional Contra Corrupção (Agência). Naquela oportunidade, era dirigida pelo diplomata Robert Clark Mac Andrews.

Dois cientistas sociais brasileiros receberam convite para participar dos trabalhos e estiveram presentes em todos os encontros da Agência. Participaram também cientistas provindos de 26 países, em sua maioria africanos e latino-americanos. Mas, havia seis europeus, dois canadenses, um francês e outro australiano, todos desavisados.

Ninguém obteve qualquer informação segura sobre quais eram os mantenedores da Agência. Mas, tinham certeza de que não era iniciativa das Nações Unidas, pois os convidados não representavam suas nações de origem.

As três primeiras reuniões foram mensais. Causaram espanto e curiosidade. Todos os 53 cientistas presentes tiveram suas passagens e estadias pagas. Além disso, cada um recebeu 25.000 Euros para “pensar, debater e propor soluções anticorrupção”, em cada evento.

A agenda foi objetiva desde o primeiro encontro:

  • Objetivo: Produzir meios, mecanismos e procedimentos para reduzir pela metade o PIB da Corrupção Pública Mundial.
  • Duração do Encontro: três dias de trabalho e um dia livre para passear em Roma.
  • Conclusão: Aprovar o Relatório Mensal do Encontro.

Ao fim de cada evento, cada um dos convidados confirmava se continuaria a participar do Grupo de Trabalho. Por sua vez, a Agência deixou claro que, sem criar constrangimentos, poderia comunicar quais cientistas não retornariam no próximo encontro.

Durante os 8 anos a agenda foi a mesma, só mudava sua periodicidade; passou a ser bimensal e, dois anos após, trimestral. Aconteceram apenas três substituições, durante o primeiro ano. Os que permaneceram nunca souberam se foram desistências  ou trocas determinadas pela Agência.

Tudo indicava que a Agência era uma entidade secreta, ligada a organismos de espionagem de alguma potência mundial. Sua sede situava-se em uma localidade pouco habitada e silenciosa, fora do centro de Roma, chamada San Lorenzo da Brindisi. Era num grande castelo, construído no cume de uma floresta, rodeado por uma antiga muralha romana, de aparência inexpugnável.

Vista do Castelo sede da Agência

Vista da misteriosa Agência

Desde a chegada de cada participante, o diretor Mac Andrews fazia questão de acompanha-lo até seus aposentos e retorná-lo ao salão principal, onde ocorriam todas as apresentações dos cientistas. Cada um tinha exatos dez minutos para se apresentar aos demais e justificar intelectualmente sua presença no Grupo de Trabalho da Agência. Depois era conduzido à grande mesa para saborear pães, queijos e vinhos, a comemorar o início dos trabalhos.

Contudo, a grande mesa não era propriamente uma “távola redonda”. Mac Andrews sempre ocupava a cabeceira para efetuar esclarecimentos formais. Por exemplo, antes do início do primeiro evento, formulava o conceito de Corrupção adotado pela Agência e que deveria ser perseguido pelo grupo de cientistas durante os trabalhos. Disse Mr. Mac:

─ “O conceito de corrupção é amplo, incluindo as práticas de suborno (propina), a fraude, a apropriação indébita ou qualquer outro desvio de recursos por parte de um funcionário público. Além disso, envolve casos de nepotismo, extorsão, tráfico de influência, utilização de informação privilegiada para fins pessoais e a compra e venda de sentenças judiciais, entre inúmeras outras práticas letais”.

Significava dizer que, na visão da Agência, para que ocorressem atos de Corrupção Pública, era imprescindível a atuação de pelo menos um Funcionário Público. Isso reforçou a ideia de que seus mantenedores só podiam ser grupos privados, que lutavam para ficarem livres de extorsões das quadrilhas de sanguessugas que governavam seus países. A fórmula que encontraram foi a criação de uma agência internacional privada, que reunisse cérebros notáveis para criar mecanismos inibidores da corrupção pública mundial.

O fato é que o primeiro relatório relevante dos encontros somente foi produzido em fins de 2004, quatro anos após o início dos trabalhos, mesmo contando com 53 notórios cientistas sociais. Trabalhar em grupo é arte para poucos.

Em síntese, o relatório considerava que os servidores públicos somente serão dissuadidos a não enveredar pelos “livres caminhos da corrupção”, quando pelo menos uma das situações abaixo ligar o “alerta vermelho”:

  • Alto lá! Não sou corrupto!
  • Não insista! Sou honrado, tenho moral!

Até aí, tudo bem, não ocorreria nenhum ato de corrupção. Mas há a situação em que precisa funcionar a sirene e o alerta vermelhos:

  • Espera aí, vamosdar um jeitinhomais seguro. Estamos com medo das leis anticorrupção de nosso país. Parece fala de cientista brasileiro…

Assim concluía o relatório de dezembro:

─ “Todos os corruptos públicos desconhecem o significado de honra, moral e ética. Consideram que são apenas vícios ou cacoetes de minorias; motivo de deboche durante as orgias que promovem para comemorar os brutais desvios de recursos públicos, lavados em redes digitais planetárias”.

Instituições internacionais, tal como o Banco Mundial, estimaram desesperadas em 2004, que o PIB da corrupção planetária estava em torno de US$ 1 trilhão de dólares por ano! Talvez estivessem próximas da realidade, mas apenas a considerar a corrupção explícita. Houve órgãos que estimaram mais de US$ 15 trilhões/ano a corrupção pública total!

De toda forma, Mac Andrews ficou satisfeito com o relatório e fez uma provocação ao grupo:

─ “Vocês acham que há um modelo, um padrão de comportamento para corruptos políticos, independentemente dos países em que atuam? O que acham de tentarmos identificar o perfil do comportamento de um corrupto político típico no mundo de hoje? Vamos a um breve intervalo para o café”.

Durante o café, todos os presentes concordaram que esse exercício seria esclarecedor, ferramenta fundamental para as polícias mundiais na perseguição e prisão sumárias daqueles criminosos. Tais como agentes secretos, organizaram-se em cinco equipes e começaram a trabalhar na construção do Perfil de Corrupto Político Típico (PCPT). Não possuíam a menor ideia do tempo e do volume de trabalho que seria necessário para concluir o Perfil. Após os dois seguintes encontros trimestrais perceberam que levariam pelo menos seis anos para produzir um Perfil consistente. Assim, sugeriram à Agência o seguinte:

─ “Para elaborarmos um perfil típico, propomos que nossos encontros voltem a ser mensais, com quatro dias de trabalho, sem qualquer dia livre no centro de Roma. É importante observar que existem corruptos públicos em diversos níveis, escalões e instâncias de poder. Portanto, consideramos que o PCPT adequado deva enfocar apenas os mais poderosos, sejam eleitos, nomeados ou indicados, nesta ordem. Os demais criminosos dacadeia sem comandosão meros efeitos fisiológicos, a serem eliminados por meio de folhas de papel higiênico”.

Mac Andrews recebeu a sugestão do grupo e logo a encaminhou ao Conselho Deliberativo da Agência, para obter a decisão final. Não sem antes postar sua própria assinatura no documento, concordando in totum com a evolução da proposta de trabalho. Por sua vez, o conselheiros da Agência a aprovaram por unanimidade.

Dotes do Corrupto Público

Cada uma das cinco equipes ocupava uma sala reservada do castelo. Pelas janelas entrava a brisa suave provinda da floresta que, afora os cantos dos corvos, permanecia imersa em silêncio absoluto.

O piado lúgubre do Corvo

O canto lúgubre do Corvo

Antes de reiniciarem os trabalhos em janeiro de 2005, surgiu uma dúvida. Era questão de causa e efeito:

─ São traços genéticos portadores do caráter que fazem crescer o corrupto público ou, será pelo fato de o indivíduo já nascer corrupto público que esses traços são  desenvolvidos e “melhorados” por ele, através do exercício diário da corrupção?

Neurologistas, psiquiatras, filósofos e iluministas presentes logo concordaram com a tese dos “corruptos natos”, que promovem e melhoram os próprios dotes essenciais da corrupção, através de práticas imorais e inclementes.

Ao fim de quatro dias intensos de trabalho, foi juntada a documentação digital produzida pelas equipes. Nela estavam listados 3.751 rasgos de caráter de políticos trapaceiros, típicos do primeiro escalão das instâncias de poder, em cada país do planeta. Teriam de ser filtrados e depurados, de modo a que só restassem “doze dotes fundamentais”. Era a decisão elementar da Agência.

Somente em fins de 2007 o Perfil de Corrupto Político Típico foi depurado. Mesmo assim, apenas o perfil dos funcionários públicos detentores de maior poder de corrupção. Ficou quase como uma tomografia de corpos gelatinosos e fedorentos. Argh!…

Muito embora, a contragosto, considerando os limites impostos pela Agência aos cientistas, foi possível filtrar pelo menos os seguintes dotes de corruptos públicos:

  1. Sorridentes, mas assassinos implacáveis.
  2. Imorais e aéticos.
  3. Mentirosos desafiadores e persistentes.
  4. Vaidosos, ordinários e eloquentes.
  5. Carismáticos, indecentes e ardilosos.
  6. Exploradores e pérfidos gananciosos.
  7. Desonrados e hipócritas.
  8. Desprovidos de traços culturais.
  9. Torpes e traidores.
  10. Medrosos e covardes.
  11. Trapaceiros e aproveitadores.
  12. Papa-hóstias e parasitas.

Concluir o relatório final dos trabalhos, após oito longos anos de dedicação, causou alguma tristeza a muitos dos participantes, pois não sabiam se estariam novamente reunidos. Contudo, a Agência lhes solicitou que encaminhassem o relatório final para os principais órgãos públicos de seus países e tentassem verificar quais seriam os efeitos daquela proposta anticorrupção.

Houve um país latino-americano que criou o Departamento Federal de Corrupção, o qual, mesmo inativo, é um verdadeiro cabide de emprego para corruptos. Os governantes desse país esperam transforma-lo em Ministério Executivo. Será conhecido pela sigla DEFECO,  tornando-se uma prosaica coincidência .