Enfim, chegou-se a 2019


Ricardo Kohn, Escritor.

Este artigo traz o sumário da saborosa “virada política brasileira”, ocorrida nas recentes eleições gerais – outubro de 2018. Sob a ótica das mudanças nacionais propostas, a economia, a segurança e a justiça parecem ter encontrado fortes vetores de suporte na estrutura ministerial do novo governo. Todavia, isto não é suficiente para que a nação brasileira se livre dos vícios da imoralidade pública, plantada sistematicamente desde há cerca de três décadas, em seu solo fértil. Os próximos 4 anos precisam ser dedicados à extinção desse plantio, além, sobretudo, de seus semeadores delinquentes.

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O Brasil entrou no século XXI sob intensa penumbra: opaco, escurecido, avermelhado e, sobretudo, difuso. Naquela oportunidade, sombras furtivas já rondavam espaços nebulosos da nação. Sombras que, desde o início de 2002, começaram a se mostrar ao povo com razoável nitidez. Por óbvio, alimentadas pela cobiça de controlarem cargos públicos nas eleições daquele ano. Em suma, sem detalhar fatos de sua [devassa] vida pregressa, o analfabeto carismático acabou eleito para presidir a República Federativa do Brasil.

A imoralidade vermelha no Alvorada

A imoralidade vermelha no Alvorada

Um de seus primeiros atos foi ordenar que flores fossem plantadas no jardim do palácio Alvorada, a formar a estrela vermelha, ícone de sua criminosa facção política. Com a arrogância de considerar-se o dono do Estado, o “abominável corrupto do semiárido” atendeu aos desejos de seus asseclas e vassalos [sócios variados e eternos escravos]. Porém, como era esperado, após 14 anos a comandar falcatruas em obras bilionárias, inclusive no exterior; a administrar o desvio de mais de R$ 1 trilhão dos cofres públicos, terminou condenado a 12 anos em regime fechado, por corrupção e lavagem de propina. No entanto, para o incontestável Rei da Corrupção Brasileira, 12 anos de prisão constituem um prêmio de Rei, uma regalia!

Acredita-se que a virada moral do povo foi motivada por dois fatores básicos: (i) as denúncias realizadas pelo MPF e (ii) o juízo condenatório de magistrados da 1ª instância, sempre com base em provas concretas, coletadas em operações da Polícia Federal. Segundo dados públicos[1], esta virada resultou no indiciamento de 346 sociopatas, que se tornaram réus; na condenação de 215 deles [muitos continuam soltos]; e na distribuição de 2.036 anos de penas para a canalha que infestava o executivo e o legislativo. Além, é claro, de penas severas para empresários ladrões que, em parceira com políticos condenados, roubavam descaradamente o erário público. Dado que esta corja ainda não recebeu as devidas penalidades [graças às leis criminais frouxas e manipuláveis], espera-se que estes números dobrem – ou tripliquem – durante o governo que ora se inicia, bem mais enxuto, com 22 ministérios. Talvez pudesse ser reduzido, com 15 pastas ministeriais.

Durante os governos da facção política [2003 a 2018], a nação chegou a ter 39 ministérios. Ou seja, um batalhão de ministros, no mais das vezes incompetentes, e vários exércitos de vagabundos comissionados. Nesse período assistiu-se às ações contínuas do “império da cleptocracia”. As turbas, instaladas no governo central, competiam entre si para baterem recordes da ladroagem pública. Foi assim que o Brasil se tornou notório campeão mundial de orgias sistemáticas com dinheiro público.

Chegou-se a 2019 com um novo governante eleito, justamente pela visão de medidas a serem executadas e interromper a corrupção que procriava, ao longo de 16 anos. Todavia, em apenas 18 dias de governo, Jair Bolsonaro continua a receber alfinetadas diárias, tanto por parte da imprensa que se acha dominante [esfomeada por contratos públicos], como pelos que ainda permanecem como fiéis asseclas do presidiário – o canalha subserviente a regimes totalitários. Deduz-se que estes personagens pretendem fazer o povo duvidar da capacidade de gestão do governo Bolsonaro. Mas isto é perda de tempo, pois foi ele próprio que o elegeu!

Chefe do GSI
Ministro Augusto Heleno GSI

Retorna-se aos vinte e dois ministros que acabaram de assumir seus cargos. Observa-se que quatro deles serão os pilares básicos para que o governo federal atinja às metas que beneficiarão ao povo que o elegeu. São eles: Paulo Guedes [Economia], Sérgio Moro [Justiça e Segurança Pública]), Augusto Heleno [Gabinete de Segurança Institucional] e Marcos Pontes [Ciência e Tecnologia]. De fato, para que o executivo federal atue com eficácia, os demais ministros deverão ser eficientes em suas decisões e ações. Porém, desde atuem dentro dos limites traçados pelos quatro pilares acima. Ou seja, sem cometerem audácias da inventividade.

Todavia, como a equipe ministerial nunca atuou junto, deve-se esperar deslizes por parte de certas pastas. Aliás, isto já se verifica na fala de alguns ministros. Cabe ao presidente Bolsonaro repreendê-los, fazer com que atuem dentro dos limites fixados. Porém, em caso de reincidência, precisa exonera-los imediatamente!

Presidente, a retórica de campanha encerrou-se. Agora resta-lhe a realidade dos fatos, a cumprir todas as propostas de governo que o elegeram. Trabalha-se pelo sucesso desta empreitada nacional.

Zum, Zaravalho!!!

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[1] Fonte: Ministério Público Federal.

Fiquei a saber…


Ricardo Kohn, Escritor.

Hoje fiquei a saber do seguinte boato: a lista dos “fregueses denunciados (54)” pelo juiz federal Sérgio Moro, enviada para a Ricardo KohnProcuradoria-geral da República, é bem mais completa do que a “listinha para investigações (28)” que acaba de ser encaminhada ao Supremo Tribunal Federal pelo excelentíssimo procurador-geral, Rodrigo Janot.

Isso leva-me a crer que a lista dos futuros “investigados” (nunca serão denunciados) antes teria sido “filtrada” com maestria por uma “insinuante comissão de asseclas”, extraídos da nata da quadrilha do Petrolão. Somente a partir disso, a lista foi rubricada e assinada pelo senhor procurador-geral. Aliás, disse ele que “passou um pente fino”, mas nada encontrou contra o “casal de morubixabas”. E ainda se felicitou por isso! É um acinte às esperanças do pobre cidadão brasileiro.

Hoje também fiquei a saber que existe no Chile um furioso estrato-vulcão, o Llullaillaco, com cratera a 6.740 metros de altitude. Segundo uma lenda atribuída aos índios mapuche[1], “es un volcán que expele mierda caliente y limpia”. Porém, pelo que conheci e pesquisei, os mapuche respeitam como deuses do fogo os 28 vulcões que emergem do solo chileno. Acho que parte desta história deve ser outro boato.

    O amanhecer de Llullaillaco, por Lion Hirth

O amanhecer de Llullaillaco, por Lion Hirth

Por fim, fiquei a saber hoje que no Brasil há um pequeno monte que emite ruídos desagradáveis e cheiro pungente de enxofre, o Llullapatranha. Tem a garganta profunda situada a 1,5 metro de altitude e suas explosões derramam-se sobre seu sopé, mesmo quando usa megafone.

Segundo a lenda inventada por seus patéticos adoradores, está prestes a entrar na grande erupção final. Mas, ao contrário do que nos querem fazer acreditar, vai diluir-se em filetes de “mierda caliente”, que se desvanecerão pelas fétidas redes de esgoto do país. Não deixará vestígios de sua existência. A ser assim, fiquei a saber que essa história é uma notável predição.

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[1] Mapuche ou “gente da terra” são o povo indígena que ainda habita nos Andes chilenos.