Maduro, quase podre


Ricardo Kohn, Escritor.

Em 1961, o DSE (Departamento de Segurança do Estado), mais conhecido por G2, foi criado pela ditadura cubana. Sua finalidade era fazer “contraespionagem” e fomentar movimentos da esquerda na América Latina. A ideia era implantar a URSAL ou União das Repúblicas Socialistas da América Latina. Exemplos da ação cubana, com vistas a conduzir outras nações ao regime comunista, aconteceram no Chile (1970), na Nicarágua (1967) e em Porto Rico (1974), dentre outros. Grande quantidade de agentes foram infiltrados em vários países.

Cerca de 1500 cubanos, após serem recrutados para o G2, receberam cursos intensivos dados pela KGB, em Moscou. Inclusive Che Guevara e outros menos afamados pela comunidade internacional da esquerda. Eram cursos de “operações de inteligência”, segundo afirmava a propaganda soviética. Formavam e treinavam “Agentes de Contraespionagem”.

Escultura de David Cerny, feita para criticar a aproximação do governo tcheco com o Partido Comunista

Homenagem aos ditadores marxistas que ainda tiranizam seus povos, tal como Maduro.

Entretanto, com a extinção da URSS, em dezembro de 1991, Cuba perdeu o apoio monetário que recebia para manter e divulgar a “franquia do comunismo soviético”. Os agentes que ainda estavam vivos, aos poucos foram sendo congelados, pois Cuba perdeu a condição para mantê-los infiltrados no exterior.

Segundo a imprensa, assiste-se hoje uma espécie de invasão de cubanos em alguns países sul-americanos, com ênfase para a Venezuela, Bolívia e Brasil. É um fenômeno distinto da grande massa de cubanos que, no passado, seguiu para os EUA. Ou foram exilados por Fidel Castro ou tornaram-se fugitivos do regime ditatorial imposto pelo “revolucionário et caterva” àquele Estado.

A quadrilha de Fidel exilou mais de 2 milhões de cubanos. Outras centenas de milhares de cidadãos fugiram de Cuba em barcos antigos e vulneráveis, colocando a própria vida em risco. Estavam aterrorizados pelos quadrilheiros do comunismo arbitrário que criou o “Paredón”.

Há várias estimativas do número de cubanos que foram executados a mando do ditador, mas cerca de 20 mil vidas ceifadas pela quadrilha é a estimativa que mais persiste até hoje.

Um quadro inesperado

É do conhecimento mundial que a maioria dos atuais representantes cubanos (diplomatas?), senão todos, são “agentes infiltrados” nos países em que atuam, seguindo ordens expressas de “El Caballo” (codinome de Fidel, segundo “su pueblo” sobrevivente).

Contudo, em um dia que pode ser dentro em breve, todos serão sepultados: El Caballo, seus diplomatas e suas ordens expressas. Junto com eles, decerto naufragarão os “idiotas arbitrários” que governam países sul-americanos e insistem em seguir uma “variante obscena da ideologia castrista de Fidel [1]”.

─ “Por que é uma variante e por que é obscena?”

Sem entrar em detalhes, compara-se ao jogo de xadrez: chama-se variante de uma defesa à forma distinta de responder ao ataque das pedras brancas. Por exemplo, uma forma diversa da consagrada “Defesa Francesa”, todavia, com movimentos similares das pedras pretas. Assim, cria-se um novo padrão de defesa, ou seja, uma variante.

A quadrilha de Fidel atuou sempre em brutal ataque, sem adotar qualquer variante do modelo vermelho, jogado por bolcheviques em 1917. Cuba tornou-se Estado Comunista e o assunto foi definitivamente encerrado. Contudo, seu povo continua a viver em condições lastimáveis há mais de meio século.

Já alguns países sul-americanos adotaram uma variante, pois, de forma descarada, divulgam-se como Repúblicas Democráticas, ainda que sejam semelhantes a ditaduras castristas. Adotaram a “variante Antônio Gramsci”, onde a mentira continuada, defendida por jargões de baixo nível, torna-se verdade absoluta. Não há necessidade sequer de terem um Presidente. Basta ter um palhaço, um “Bobo-da-Corte”, de preferência descarado e analfabeto funcional.

Segue-se com a obscenidade ideológica. Na qualidade de ditador, Fidel liderou uma única quadrilha da ilha, verdade seja dita. Se por descuido houve alguém que haja tentado criar sua própria quadrilha, foi executado de forma sumária, junto com seus dedicados quadrilheiros. Vista por esse ângulo, a ditadura cubana, sob nenhuma hipótese, pode ser acusada de ser obscena. Apenas de patética.

Por outro lado, obscenos e patéticos são certos governantes da América do Sul. Alguns participam de várias quadrilhas de meliantes políticos, dado que “democratizaram os desvios do erário público”. O caso mais grave, motivo deste artigo, é o da Venezuela. Nicolas Maduro, o estranho sucessor de Hugo Chávez (ex-amante de Fidel), mais parece um motorista de caminhão desgovernado quando decide no governo daquele Estado. Basta constatar que nas prateleiras dos mercados não há alimentos suficientes para oferecer a seu povo. A inflação é crescente e falta energia. O eficiente Maduro amadureceu tanto que está a cair de podre. Considera-se um xamã, pois há poucos dias disse ter avistado a face de Hugo Chávez dentro de um túnel!

Segue-se para a Bolívia e seus 65 Presidentes, desde sua independência, em 1825. Em média, cada presidente “governou o país durante 2,7 anos”, embora eleitos para mandatos de 5 anos. Possui cerca de 10 milhões de habitantes e é multiétnico, com indígenas, mestiços, europeus, asiáticos e africanos habitando suas terras. Seu atual presidente, o indígena cocaleiro, Evo Morales, eleito em 2005, foi líder sindical dos produtores de coca.

Evo é outro fiel admirador de Fidel, dada sua oposição político-guerrilheira aos Estados Unidos. Obviamente não esteve envolvido em qualquer dos litígios de terras que, no passado, a Bolívia teve com Chile, Argentina, Brasil e Paraguai. No entanto, esse sindicalista cocaleiro, então na qualidade de Presidente da Bolívia, decretou em 2006 a nacionalização das reservas de óleo e gás exploradas pela Petrobras, Repsol, British Gas, British Petroleum e Total. Segundo a imprensa, a Petrobras teve suas instalações ocupadas por forças do exército boliviano. Posteriormente, foram estatizadas, talvez em troca de punhados de folha de coca.

Aliás, dizem que a única indústria que cresceu de forma expressiva na Bolívia foi a da cocaína, que entra pela fronteira brasileira, trafega pelo Brasil e segue para seus demais clientes, europeus e estadunidenses. Embora não haja certeza desse informe, é um caso que deveria interessar às autoridades policiais e da inteligência brasileira.

O populismo arraigado

Faz praticamente 11 anos que a ideologia do poder que governa o Brasil é populista, ou seja, tenta agradar a sulistas e nortistas, a pobres e ricos. No entanto, o populismo não constitui uma ideologia; na verdade é justamente fruto da falta dela. Além disso, o custo monetário de sua manutenção é muito elevado e não traz quaisquer resultados sociais, apenas vantagens pessoais para outros companheiros populistas.

Há quem chame o populismo de “ideologia de palanque”, onde um líder dito carismático, portando seu megafone, faz promessas ao povo que nunca cumpre. Nesta medida, Hitler foi o maior populista da História mundial.

Governantes populistas mentem a seus povos e aproveitam-se dos cargos que ocupam para usufruir as vantagens de verdadeiros monarcas. Todos ficam ricos, levam vida de luxo e fausto, são verdadeiros nababos. Alguns são lançados na eternidade pela propaganda que seus povos pagam.

Na América do Sul, há diversos deles em atuação. São filhotes mal ajambrados de Fidel Castro. O que deve ser observado são os resultados de seus governos em termos de educação, saúde, infraestrutura de transporte, saneamento básico, alimentação e capacidade de receber investimentos.

Hoje, Cuba e Venezuela são nações falidas. Bolívia e Brasil devem tomar cuidado, pois tudo leva a crer que estão a rolar ladeira abaixo, sem freios.


[1] A expressão “castrista de Fidel” não é uma redundância. Neste caso, castrista significa “que ou quem castra a liberdade e até mesmo o direito de pensar das pessoas”. Trata-se de um brutal castrador filosófico que, sempre quando achar necessário, executa sumariamente aquele que não concorda com suas ideias.