Armadilhas


Ricardo Kohn, Escritor.

Já no primeiro mês do governo Bolsonaro, o presidente e seus ministros estão estupefatos com o que descobrem diariamente, sobretudo nas cavernas de instituições federais e em certas estatais imundas. Diante desse fato, todo cuidado tem sido pouco, pois, ao abrir a porta de qualquer sala vazia, há risco de receberem flechadas no peito ou, no primeiro passo à frente, cair-lhes sobre a cabeça um vaso de pedras. Acontece que o presidente, seus ministros e secretários não são suicidas. Ao contrário, estão a desarmar as armadilhas montadas e, com clareza, informar ao povo brasileiro o que sucedia nos governos que o antecederam.

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Embora a transição de governo haja sido, diga-se, “relativamente aceitável”, Temer não divulgou grande parte da plantação de armadilhas, muito menos as ações de sua danosa equipe de crápulas – herdados e nomeados. Afinal, ele sempre foi um primata covarde, inerte, incapaz de decidir. Portanto, abrir portas, entrar em salas vazias, nem pensar. Porém, ao contrário, dizem que estava ciente das armadilhas montadas, como funcionavam e como podiam ser manipuladas em benefício próprio, assim como atender à fúria monetária dos sequazes que herdara de governos anteriores.

De todo modo, para efeito deste artigo, classificam-se as armadilhas [montadas a partir de 2003] em quatro gêneros: (i) o aparelhamento total do Estado; (ii) os ataques desmedidos aos cofres públicos, que cresceram sistematicamente durante os últimos 16 anos; (iii) a compra imoral de parlamentares do Congresso , que resultou na implantação de uma estranha “democracia ditatorial”; por fim, (iv) a indicação de membros cínicos e ostensivos para atuarem nos tribunais superiores, com vistas a protegerem os titulares das quadrilhas instaladas nos poderes executivo e legislativo.

Acredita-se não ser relevante detalhar como se davam as operações destas quadrilhas e suas armadilhas. Até por que, os poucos veículos honestos da imprensa já tornaram claras e notórias as corrupções que foram cometidas por governantes que nunca governaram. Apenas se dedicaram a aumentar suas contas bancárias, multiplicar seus investimentos e enriquecerem com patrimônios bastardos.

Porém, além disso, as quadrilhas instaladas nunca tiveram qualquer plano de governo. Na verdade, possuíam um extenso programa arquitetado para roubar os bens da nação. O que é mais obsceno neste cenário, deve-se ao fato das quadrilhas terem conseguido realizar essa meta imoral. Como resultado internacional, após 16 anos de crimes sistemáticos, o Brasil deverá receber de uma instituição global um título que lhe será exclusivo, referido ao século 21: “Grande Império Mundial da Cleptocracia”. Ao longo dos próximos 81 anos que completarão este século, dificilmente será superado por governos corruptos de outras nações. No entender dos criminosos políticos brasileiros, trata-se de um prêmio de reconhecimento.

Armadilha para corruptos

Todavia, diante das sórdidas armadilhas já descobertas, a missão do governo Bolsonaro foi bastante ampliada. Quer dizer, além de cumprir à risca com seu plano e programas de governo, precisará, em curtíssimo prazo, realizar ações estratégicas destinadas a montar novas armadilhas; seu foco é encarcerar corruptos que, inexplicavelmente, ainda permanecem em liberdade, a “viver de renda”, bebendo água-de-coco pelas praias do país.