O triste caos


Por Simão-pescador, de Praia das Maçãs, próximo a Sintra.

Simão-Pescador

Simão-Pescador

Estou a receber aulas de “português brasileiro” e já domino um pouco de sua gíria. Escolhi o dialeto dos cariocas porque é filho do de Coimbra, como dizem linguistas de Portugal. Já sei usar alguns termos do carioquês, como “e ai, ô cara”, “fala figura”, “vamos à balada” e outros mais curiosos. Porém, não consegui perder meu sotaque lusitano original. Mas, ainda por causa do Brasil, também estou a estudar Ciência Política, muito embora ache que me seria mais proveitoso se mergulhasse na cadeira da Indecência Política para compreender-vos melhor.

Assisti pela internet a 28ª Jornada Mundial da Juventude inteira. Acho que comi e dormi menos do que o próprio Papa Francisco. A próxima jornada acontecerá em Kraków, na Polônia, e eu pretendo participar dela, na qualidade de voluntário luso-brasileiro!

Na jornada do Rio fiquei muito preocupado com a insegurança do Bispo de Roma. Ele é muito inquieto e, diria mesmo, bastante afoito. Explico os meus temores. Desde que Quincas me ensinou a usar o pequenino computador, acompanho dalém mar os protestos políticos da juventude carioca. Mas não tenho dúvida que parte destes protestadores participou da JMJ, como bem incentivou Francisco, o Revolucionário.

A chave do presídio, na cidade de Felizes, onde faltam os demais artistas

A chave do presídio, na cidade de Felizes, onde ainda faltam os “artistas do mensalão”

No entanto, se não estou equivocado, os manifestos de julho ficaram agressivos, violentos e destruíram patrimónios. Perderam a visão da reforma, da mudança e revolução dos costumes. Porém, nos dois últimos dias da Jornada, pequenos grupos de mascarados trajando roupa preta, a dizerem-se “anarquistas”, tentaram liderar passeatas de poucos com o nítido intuito de desmoralizar os movimentos essenciais e causar medo nos cidadãos de todas as idades. Fiquei assustado caso um desses idiotas infiltrados maltratasse o Papa ou até o agredisse!

Diante disso, reflito sobre fatos da cultura brasileira, atualmente bastante arrasada, mas que, a meu ver, poderá sofrer um verdadeiro terremoto cultural a partir das palavras de Francisco. Creio ser este o augúrio e desejo de mais de 80% dos brasileiros. Decerto, não haverá meios para contê-los.

Tenho lido e visto na internet que o gigante Brasil parece estar engasgado com as indecisões cometidas por inúmeros governantes espertos e toneladas de políticos ordinários. Segundo palavras de uma amiga no Feicibuque (a Sra. Luciana Raposo), com o retorno de Francisco a Roma “o país vai sofrer uma depressão pós-papa”. Esse retorno poderá gerar na nação um estrondoso vazio moral, o qual, na falta de melhor entendimento, chamarão de “saudade”.

Porém – cá entre nós –, acho que esta frase possui um significado bem mais amplo: o de uma nação em lento e doloroso sofrimento diante do caos conquistado por sucessivos governos incompetentes, coalhados de corrupção. Uma nação que clama nas ruas por seu renascimento a partir das cinzas de seu próprio caos.

Imagem mitológica da Fênix

Imagem mitológica do voo da Fênix, em homenagem a Bernard Etienne de Macedo, meu pai, falecido nesta madrugada.

Creio que essa visão mitológica, símbolo de esperança e solução desde 7.000 anos atrás, pode se tornar realidade neste país. Quem sabe, nalgum dia. Rogo que esteja próximo…