Sapiens: a 6ª parte do Ambiente


Por Ricardo Kohn, Escritor.

Ao observar o planeta Terra chega-se à conclusão que cada palmo do que é avistado faz parte do ambiente[1] planetário. Pois, que assim seja: coloque sua mão sobre o teclado do computador e meça um palmo. Saiba que você acaba de se apoiar sobre uma pequena parte do ambiente.

Agora, siga para mais longe. De posse de um bom binóculo, vasculhe as montanhas perdidas no horizonte. Com certeza, poderá encontrar rochas e matas que fazem parte do ambiente biofísico da Terra.

Durante um voo de avião tudo o que se vê e respira são partes do ambiente da Terra: oceanos e bacias hidrográficas, rochas e solos, florestas, faunas associadas, cidades, áreas rurais e o oxigênio da atmosfera são os elementos básicos que formam o Ambiente em que vivemos.

Dizem pesquisadores e cientistas que o ambiente da Terra começou a ser criado a cerca de 13 bilhões de anos atrás. Segundo eles, através de uma teoria inacreditável, tudo o que se observa no Cosmos (estrelas, planetas, satélites, cometas, etc) estava concentrado em um único núcleo de matéria e energia, que caberia na palma da mão de uma pessoa. Porém, com o aumento da pressão e temperatura, esse núcleo explodiu para formar o Universo, sempre em expansão há bilhões de anos. Aonde deverá parar, quais serão suas fronteiras?…

As imagens do Hubble são indecifráveis e assustadoras

As imagens do Hubble são indecifráveis e assustadoras

Esse núcleo era como uma pesadíssima bola de gude, impossível de ser transportada, mesmo que se utilizasse os mais potentes guindastes e congêneres existentes do mundo. Por volta de 1929, esta teoria foi intitulada por cosmólogos de “Teoria do Big Bang”, a qual ainda tenta explicar a criação do Universo.

Contudo, há dois aspectos que o “Big Bang” não responde de forma clara:

  • Em que local se encontrava esse núcleo de matéria e energia confinada, prestes a explodir por nada, sem ter vizinhos? Afinal, o Cosmos sequer existia.
  • Quais foram as causas concretas do aumento da pressão e temperatura deste núcleo nanico, a ponto de causar uma espetacular explosão e criar o Universo?

Por outra ótica, não menos científica, estudiosos dizem que o Universo sempre existiu e, dentro dele, a Terra imersa em seu ambiente, que é formado pelas relações estáveis mantidas entre Ar, Água, Solo, Flora, Fauna e Homem. Esses são os componentes sistêmicos que criam e recriam sua estrutura, também chamados por fatores ambientais básicos, formadores de seus sistemas ecológicos primitivos.

Não há dúvida, é mais simples admitir que a Terra sempre existiu, a orbitar o Sol. Que nada tão complexo ocorreu para que ela tivesse um início, bem como nada será capaz de ocasionar sua derrocada. Essa visão dá mais tranquilidade aos seres humanos menos fantasiosos.

Mas, a propósito, gostar-se-ia de saber o que a confirmação da hipótese do Big Bang mudaria para os seres vivos do planeta? Talvez nada de relevante, pois, caso contrário, não existiriam os contadores de história que alardeiam a hipótese do “Big Bang”, hoje travestida de “Global Warming”.

Anotações de campo

Seriam necessárias muitas páginas para redigir décadas de anotações acerca da dinâmica evolutiva do ambiente planetário, em especial a ocorrida nas regiões que já se conheceu pessoalmente. Assim, atem-se a algumas questões pouco debatidas. Senão vejamos:

─ “A evolução do ambiente planetário tem o mesmo significado com que o homo sapiens trata sua própria evolução” ou a seus olhos constituiria uma involução do ambiente?

─ “A ‘milenar evoluçãodo homo sapiens tem sido ou não compatível com a manutenção da estabilidade do ambiente da Terra”?

─ “O Homos sapiens realmente é o único fator ambiental pensante ou as demais espécies da Flora e da Fauna possuem uma lógica de raciocínio que lhes é peculiar e, sobretudo, mais adequada a criar a estabilidade do ambiente”?

─ “Será que a Flora e a Fauna têm alguma noção sensitiva que, para formarem o Ambiente, contribuem com 1/3 da estabilidade do ambiente planetário”?

─ “Por outro lado, o homo sapiens tem ideia de que sua contribuição positiva proporciona, no máximo, 1/6 da estabilidade do mesmo espaço”?

Entrega-se aos leitores a análise dessas questões. Mas, desde já, garante-se que são simples e, algumas vezes, indubitáveis.

Relato de campo

Eventos ambientais de ordem física acontecem no planeta a todo instante. Estima-se, por exemplo, que a média de terremotos diários está entre 10 a 15 abalos sísmicos. Porém, com frequência menor, ocorrem eventos mais poderosos, como os que acabam de acontecer no Nepal, região de Katmandu.

Na verdade, do ponto de vista do ambiente, é como se a Terra “espanasse a poeira do corpo” para realinhar suas placas tectônicas. Contudo, na visão do Sapiens, trata-se de uma tragédia, um desastre causado pela brutal incompetência do ambiente.

O homo sapiens se esquece que, em inúmeros locais do planeta, ele habita áreas de extremo risco ambiental. Portanto, fica vulnerável a eventos ambientais naturais, todas as vezes que o ambiente da Terra estremece ou é varrido por tufões, ciclones e tsunamis.

Chama-se atenção que dos seis fatores ambientais básicos que se relacionam para conformar os ecossistemas do planeta, apenas o Homem atua a destruir a todos: polui o Ar, contamina a Água, erode o Solo, desmata a Flora, extingue a Fauna e assassina a si próprio. É curioso, mas alguns cientistas o classificam como “primata inteligente“.

……….

[1] A legislação ambiental brasileira trata ambiente por “meio ambiente”. Tudo leva a crer que é uma herança colonial. Da mesma forma, a língua espanhola trata-o de “Medio Ambiente”. É um equívoco indiscutível. Dentre outros significados, Meio significa Ambiente ou Metade. Como portugueses e espanhóis não costumam ser redundantes na linguagem, então Meio Ambiente significa Metade do Ambiente. Ou seja, o que restou do Ambiente primitivo após a “galera ibérica” perder suas colônias na América Latina.